domingo, abril 28, 2024

Crítica | ‘Shazam! Fúria dos Deuses’ perde em ‘coração’, mas ganha muita diversão

Há quatro anos, o primeiro filme do Shazam! chegava aos cinemas sem contar com uma base de fãs tão bem consolidada pelo mundo quanto outros medalhões da DC, como o Batman e o Superman. Além disso, o pobre do filme foi lançado no intervalo de dois longas da rival Marvel, sendo um deles “apenas” Vingadores: Ultimato, que arrecadou mais de três bilhões de dólares mundialmente. Isso refletiu diretamente na bilheteria do filme, que foi muito abaixo do que realmente poderia ter ganho, não fazendo justiça à qualidade da aventura. Por outro lado, a crítica especializada caiu de amores pela história do jovem órfão que ganha poderes mágicos após ser escolhido pelo Mago Shazam (Djimon Hounsou) para ser seu Campeão e herdar os poderes dos maiores deuses gregos. Na época, um elogia comum a praticamente todas as críticas era dizer que o filme tinha “coração” ao desenvolver a trama do garotinho que buscava seu lugar no mundo, enquanto tentava resolver traumas do passado. E de fato, o trabalho da equipe criativa conseguiu trazer essa visão infantil para um mundo sombrio e teoricamente adulto da DC.

Então, mesmo não tendo uma bilheteria expressiva, Shazam garantiu uma sequência para expandir sua mitologia, agora acompanhado de seus irmãos adotivos, todos superpoderosos, formando a Família Shazam. E agora, nesta quinta (16), todos poderão enfim conferir nos cinemas do Brasil Shazam! Fúria dos Deuses. Mantendo o elenco do primeiro filme, a história acompanha a molecada crescendo, mas agora tendo habilidades especiais. Nesse contexto, a Família Shazam tenta se firmar na Filadélfia como os protetores da região, o que não dá exatamente muito certo. Para complicar mais as coisas, uma trinca de entidades gregas ressurge misteriosamente e estão revoltadas, pois reivindicam os poderes de seu pai, o deus Atlas, que foi absorvido e dado para o campeão do Mago, para reconstruírem seu lar. Agora, Billy Batson e seus irmãos precisam impedir que as deusas irritadas conquistem seu plano, enquanto tentam sobreviver aos seus ataques.

Trazendo de volta o time que fez o primeiro ser um sucesso de crítica, Fúria dos Deuses é uma aventura genérica de super-heróis à moda antiga. Não que isso seja ruim, porque em tempos em que tudo parece ser resolvido com Multiverso, ter uma aventura focada na diversão cheia de exageros e caricaturas chega a ser um sopro de ar fresco. Sim, é um filme ainda mais descompromissado que o primeiro, focando exclusivamente em proporcionar o máximo de diversão possível. Então, pode esperar um plano super manjado das vilãs, pelo menos três piadocas por segundo, dragões e outras criaturas mágicas tocando o terror por aí e uma série de referência à própria mitologia no herói nas diferentes mídias. Há momentos em que os fãs dos quadrinhos vão abrir um largo sorriso, os fãs do antigo seriado de TV também terão um afago e até mesmo os fãs do primeiro filme vão se amarrar nas trapalhadas de Billy e sua família.

No entanto, se agora a diversão aumentou consideravelmente, o drama pessoal de Billy (Asher Angel) teve uma grande perda. No filme original, ele tinha toda a questão de querer saber quem é a mãe e de se sentir aceito ou não em seu novo lar adotivo. Com isso resolvido, a direção tentar sugar um pouco mais da questão da aceitação de seus novos pais, mas é algo tão superficial que chega a soar forçado. Isso porque Billy está claramente adaptado a sua vida atual e os pequenos conflitos com a mãe chegam a ser incômodos quando se resolvem. Outro ponto interessante que poderia ter sido melhor explorado é a crise da vida adulta começando a bater à porta do garoto. Ele está apavorado com a chegada dos 18 anos e o medo de ter que se virar sozinho, só que essa situação tem pouquíssimo tempo de tela e fica bastante jogada. Esse carinho em desenvolver as questões de seus protagonistas, não apenas o Billy, mas também o Freddy (Jack Dylan Grazer), foram fundamentais no “coração” do primeiro filme, e aqui abrem mão em prol da diversão. É um filme definitivamente maior em todos os sentidos, mas não chega a ser melhor que o primeiro, que é mais sólido. Isso não quer dizer que é ruim, só não é tão fantástico quanto.

Quanto às atuações, Jack rouba a cena em mais um excelente trabalho. Esse garoto é muito promissor e bastante versátil, como visto em seus últimos trabalhos. Olho nele, Hollywood! Já Zachary Levi segue com seu humor pastelão, com caras e bocas caricatas e a total falta de seriedade que fizeram seus fãs se apaixonarem por ele desde os tempos da série Chuck. Alguns podem dizer que ele está forçado, mas a proposta do filme é justamente essa caricatura, então ele se encaixa perfeitamente naquilo que a direção quer mostrar dele.

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Do outro lado da bússola moral, a trinca de vilões é interessante, mas também contam com zero desenvolvimento, apesar de representarem três tipos de “mal” diferentes. A personagem de Rachel Zegler quer retomar seu lar, mas gosta dos humanos; a de Helen Mirren quer apenas refazer seu lar, mesmo que possa ferir alguns humanos, enquanto a vilã de Lucy Liu quer reconstruir seu lar com a certeza do extermínio humano. Então, com esse conflito de interesses, rolam uns momentos de debate e reflexão que em nada acrescentam à história e destoam bastante do ritmo frenético do filme. Talvez incomode alguns, mas não são tão longos assim.

Por fim, o visual do filme é muito interessante. A coloração lembra bastante as produções lançadas entre 2007 e 2010, o que pode remeter alguns ao filme do Adão Negro (2022), mas com mais personalidade e melhor acabamento. Falando no vilão, não acontece nenhuma referência a ele, mas é legal destacar que o filme faz questão de já se situar nesse novo Universo DC, mostrando que marcará presença no capítulo comandando por James Gunn e Peter Safran, inclusive já almejando voos maiores. Ah, tem duas pós-créditos, sendo uma fantástica para quem terminar a história já doidinho pela próxima aventura do Shazam.

Shazam! Fúria dos Deuses estreia no dia 16 de março de 2023.

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Pedro Sobreirohttp://cinepop.com.br/
Jornalista apaixonado por entretenimento, com passagens por sites, revistas e emissoras como repórter, crítico e produtor.

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Nota: 8,5Crítica | ‘Shazam! Fúria dos Deuses’ perde em ‘coração’, mas ganha muita diversão