segunda-feira, abril 15, 2024

Crítica | Speak no Evil: Terror dinamarquês é uma visceral e satírica crítica à misantropia

Filme assistido durante o Festival de Sundance 2022

O subgênero de terror slasher naturalmente nos convida para a subversão humana, sempre a partir de momentos sangrentos e dilacerados. Mas Speak no Evil transgride o seu próprio formato em diversos momentos, proporcionando o epicentro da originalidade para os amantes de sustos. De origem dinamarquesa, o longa – que mistura thriller, sátira e mistério – não é nada do que você espera, mas é exatamente aquilo que tanto buscamos em um bom horror: ser surpreendidos muito além dos famosos jumpscares.

Christian Tafdrup convida a audiência para uma jornada inicialmente inofensiva e emocionalmente fatigante e angustiante. Nos promete um início clássico, onde a serenidade e a leveza entre os personagens assenta na mente da audiência que – obviamente – tenta permanecer vigilante, por saber que se trata de um filme de terror. Mas a calmaria logo dá espaço para uma sessão de tortura psicológica que desafiará os sentidos de todos, audiência e personagens.

Aqui, duas famílias de origens distintas se conhecem durante as férias e rapidamente desenvolvem uma dinâmica enérgica e leve. O que poderia ser apenas uma amizade aleatória de férias evolui para um convite de fim de semana na casa de campo de um dos casais. E é sob um cenário europeu, bucólico e gélido que uma espiral alucinante se desenvolve diante dos olhos do público. Entre comportamentos peculiares, choques culturais e uma constante tensão entre pais e filhos, Speak no Evil cresce pelas beiradas, sempre ao som de uma trilha sonora conflitante e antagônica.

Constantemente nos “enganando” com sua trilha intensa e horripilante, o diretor Tafdrup transforma até os momentos mais serenos e leves em instantes de pura tensão em angústia. Mesmo nas cenas mais solares sua atmosfera musical nos leva em direção a uma jornada sensorial apavorante, onde ficamos sempre em estado de alerta – à espera do pior.

Essa trilha que parece estar deslocada, mas na verdade é um artifício proposital, faz emergir na audiência um pavor psicológico. E ainda que muito do terror dos dois primeiros atos permaneça nas entrelinhas, na linguagem corporal dos personagens e na inquietação que cria um “climão”, aqui corpo e mente são arrebatados pelo medo. O diretor e elenco trabalham em sincronia em cada tomada, com a garantia de invadir nossa percepção humana e proporcionar um frio na espinha.

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Sempre à espera de que algo terrível aconteça, ficamos relutantes a cada movimento dos nossos protagonistas, como quem não apenas espera o pior, mas como quem sabe que eventualmente será genuinamente recompensado com um terceiro ato que desafia nossa compreensão de perversidade. Aqui, Christian Tafdrup faz uma sátira assustadora à misantropia e expõe este ódio pela humanidade de forma brutal e crua, escalando sua trama de maneira inesperada e sangrenta.

Nos empurrando ladeira abaixo em um redemoinho de pavor, tensão e medo constantes, o cineasta nos surpreende e uma vez mais subverte o subgênero slasher com um horror grotesco que se priva do direito de explicar sua subversão. Um banquete para os fãs do formato, Speak no Evil dilacera nossos sentidos e nos deixa exaustos. Impecável e autêntico, o filme é um perfeito conto macabro sobre o quão pavorosa a humanidade pode ser pelo puro prazer do sofrimento.

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