quinta-feira , 21 novembro , 2024

Crítica | Vai Que Cola 2: O Começo – Comédia funciona, mesmo sem Paulo Gustavo

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Na época da saída de Paulo Gustavo da série do canal Multishow, pairava no ar uma sensação de “será que vai colar?”. A saída de Valdomiro podia soar como a saída de Rick Grimes de “The Walking Dead”, Eric Forman de “That ’70s Show” ou de Marisa Cooper de “The OC”. Muito exagero da minha parte? Talvez, mas o comparativo é para ficar mais fácil entender onde quero chegar: a série poderia seguir dando muito certo, ou dar muito errado, com a saída de seu “leading character”.

Passaram-se os anos, e o tempo provou que a série pôde oferecer mais do que Valdomiro, sobreviver a essa baixa e se transformar em um celeiro para novos talentos e produtos. Paulo Gustavo seguiu com outros projetos, deixando Marcos Majella com seu Ferdinando como ponto focal. Mas mesmo este já começa a construir sua carreira fora da série.



Neste contexto, chega a segunda incursão da turma do Morro do Cerol, com a missão de apresentar “as origens“ da pensão. Em resumo, a história acompanha como cada um dos integrantes do grupo chegou ao local e como Dona Jô converteu sua casa em uma pensão. No decorrer da história, somos apresentados a alguns elementos que fazem parte do imaginário da série, como o tesouro do Tiziu… e o próprio Tiziu, finalmente, ganha corpo (interpretado por Fábio Lago).

Essa abordagem de “prequel” exigiu que o elenco, na medida do possível, se despisse de certos cacoetes de seus personagens e apostasse em uma leitura mais “inocente” ou “doce” deles. Alguns foram bem sucedidos, outros, nem tanto. Falarei disso mais na frente. O essencial é que a trama não se trai, e exporta, mais uma vez, o formato que a tornou um dos produtos mais bem sucedidos da leva de comédias globais que tomou a TV a cabo na ultima década.

A metalinguagem que o formato de palco da série permite fica mais nas pinceladas, e a também a fantasia – em especial de Ferdinando, que tem uma cena ÓBVIA no meio. Um ótimo devaneio junto com Emiliano D’Avila, daquelas que se não fosse inserida seria um desperdício de elenco, e por isso, ponto para o roteiro – ganha asas, e se expressa de forma bem visual. Quem gosta da série, sabe o que vai encontrar no filme. Não há surpresas, mas isso não é, de forma alguma, um demérito. A direção de César Rodrigues continua segura, como a de quem sabe o que que tem nas mãos e o que o público espera. Não há nenhum espaço para inovações, pirotecnias ou qualquer coisa que fuja da trama. Tem uma piada esperta aqui, outra sátira ali (como uma brincadeira com “O Rei Leão”).

Agora entramos na parte não tão divertida. Ainda que a trama procure dar um certo equilíbrio de tempo de tela para os personagens, há uma evidente desarmonia em sua relevância da trama como um todo. Se por um lado, Terezinha (Cacau Protásio) com o tesouro de Tiziu é a catalisadora da trama que une essa turma, personagens como Maicol (Emiliano d’Avila), Jéssica (Samantha Schmutz) e Lacraia (Silvio Guindane) parecem meio jogados na aqui, enrolados em um arco que não faz mais que “reapresentar” o trio e suas desventuras amorosas. Catarina Abdala tem em Dona Jô uma personagem que funcionaria como uma “cola” para as situações, mas no geral, acaba relegada a escada. E nesse jogo, Fiorella Mattheis seria a mais beneficiada do grupo, por fazer da sua golpista, Maria Aparecida de Cascadura, quase uma espiã, brincando ainda mais com os disfarces “antes” da Velna… se não tivesse sido tão pouco explorada no roteiro.

No fim das contas, o filme transporta o protagonismo que antes pertencia a Valdomiro (Paulo Gustavo) para Ferdinando (Marcus Majella). Ainda que o personagem quase que caia de paraquedas (e não estou falando do Sanderson de Marcelo Médici) na história, ele é quem conduz as piadas, os momentos mais surreais e interessantes. Ele dá a liga, dá estofo a piadas que, na boca de outro personagem passariam reto.

Mesmo solidificando sua emancipação em relação a Paulo Gustavo, “Vai que Cola 2 – O Começo” não se atreve a ir muito além do universo já estabelecido pela série e aposta em uma trama que fala sobre si mesma. A leveza do texto permite que qualquer pessoa assista sem compromisso. Para os fãs do estilo, será um deleite, para os fãs da série, um presente. Mas não avança, nem a trama, nem esse mundo criado no coração do Morro do Cerol, o que vai exigir uma boa dose de imaginação para um terceiro filme, que não terá muito “passado” para o qual olhar. Então fica a pergunta, que futuro será que eles poderiam explorar?

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Passaram-se os anos, e o tempo provou que a série pôde oferecer mais do que Valdomiro, sobreviver a essa baixa e se transformar em um celeiro para novos talentos e produtos. Paulo Gustavo seguiu com outros projetos, deixando Marcos Majella com seu Ferdinando como ponto focal. Mas mesmo este já começa a construir sua carreira fora da série.

Neste contexto, chega a segunda incursão da turma do Morro do Cerol, com a missão de apresentar “as origens“ da pensão. Em resumo, a história acompanha como cada um dos integrantes do grupo chegou ao local e como Dona Jô converteu sua casa em uma pensão. No decorrer da história, somos apresentados a alguns elementos que fazem parte do imaginário da série, como o tesouro do Tiziu… e o próprio Tiziu, finalmente, ganha corpo (interpretado por Fábio Lago).

Essa abordagem de “prequel” exigiu que o elenco, na medida do possível, se despisse de certos cacoetes de seus personagens e apostasse em uma leitura mais “inocente” ou “doce” deles. Alguns foram bem sucedidos, outros, nem tanto. Falarei disso mais na frente. O essencial é que a trama não se trai, e exporta, mais uma vez, o formato que a tornou um dos produtos mais bem sucedidos da leva de comédias globais que tomou a TV a cabo na ultima década.

A metalinguagem que o formato de palco da série permite fica mais nas pinceladas, e a também a fantasia – em especial de Ferdinando, que tem uma cena ÓBVIA no meio. Um ótimo devaneio junto com Emiliano D’Avila, daquelas que se não fosse inserida seria um desperdício de elenco, e por isso, ponto para o roteiro – ganha asas, e se expressa de forma bem visual. Quem gosta da série, sabe o que vai encontrar no filme. Não há surpresas, mas isso não é, de forma alguma, um demérito. A direção de César Rodrigues continua segura, como a de quem sabe o que que tem nas mãos e o que o público espera. Não há nenhum espaço para inovações, pirotecnias ou qualquer coisa que fuja da trama. Tem uma piada esperta aqui, outra sátira ali (como uma brincadeira com “O Rei Leão”).

Agora entramos na parte não tão divertida. Ainda que a trama procure dar um certo equilíbrio de tempo de tela para os personagens, há uma evidente desarmonia em sua relevância da trama como um todo. Se por um lado, Terezinha (Cacau Protásio) com o tesouro de Tiziu é a catalisadora da trama que une essa turma, personagens como Maicol (Emiliano d’Avila), Jéssica (Samantha Schmutz) e Lacraia (Silvio Guindane) parecem meio jogados na aqui, enrolados em um arco que não faz mais que “reapresentar” o trio e suas desventuras amorosas. Catarina Abdala tem em Dona Jô uma personagem que funcionaria como uma “cola” para as situações, mas no geral, acaba relegada a escada. E nesse jogo, Fiorella Mattheis seria a mais beneficiada do grupo, por fazer da sua golpista, Maria Aparecida de Cascadura, quase uma espiã, brincando ainda mais com os disfarces “antes” da Velna… se não tivesse sido tão pouco explorada no roteiro.

No fim das contas, o filme transporta o protagonismo que antes pertencia a Valdomiro (Paulo Gustavo) para Ferdinando (Marcus Majella). Ainda que o personagem quase que caia de paraquedas (e não estou falando do Sanderson de Marcelo Médici) na história, ele é quem conduz as piadas, os momentos mais surreais e interessantes. Ele dá a liga, dá estofo a piadas que, na boca de outro personagem passariam reto.

Mesmo solidificando sua emancipação em relação a Paulo Gustavo, “Vai que Cola 2 – O Começo” não se atreve a ir muito além do universo já estabelecido pela série e aposta em uma trama que fala sobre si mesma. A leveza do texto permite que qualquer pessoa assista sem compromisso. Para os fãs do estilo, será um deleite, para os fãs da série, um presente. Mas não avança, nem a trama, nem esse mundo criado no coração do Morro do Cerol, o que vai exigir uma boa dose de imaginação para um terceiro filme, que não terá muito “passado” para o qual olhar. Então fica a pergunta, que futuro será que eles poderiam explorar?

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