domingo , 22 dezembro , 2024

Festival de Cannes 2021 | Quais são os Filmes Imperdíveis deste ano?

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Após um ano de jejum, o Festival de Cannes será realizado entre os dias 6 e 17 de julho, no sul da França. Nesta 74ª edição, o CinePOP marca presença para contar detalhes, curiosidades e novidades direto da Croisette. Durante a próxima semana, portanto, vamos apresentar diariamente notícias sobre os filmes das mais diversas mostras do evento e encontros com atores, diretores e produtores.

Vale lembrar que o Festival de Cannes é o maior festival de cinema do mundo, berço de filmes como Parasita (2019), Azul é a Cor Mais Quente (2013), Dançando no Escuro (2000), Pulp Fiction (1994) e Apocalipse Now (1979), apenas para citar alguns. Este ano, o júri da Competição Oficial é presidido por Spike Lee (Infiltrado na Klan) e conta com cinco mulheres e três homens de cinco continentes diferentes, entre eles Maggie Gyllenhaal (da série The Deuce), Mélanie Laurent (Oxigênio), Song Kang-ho (Parasita) e o cineasta brasileiro Kleber Mendonça Filho, ganhador do Prêmio do Júri com Bacurau, em 2019. 



Além desse um júri estelar, o evento conta com encontros, ou seja, masterclass com Jodie Foster, a qual receberá um prêmio de honra do festival; Matt Damon (StillWater), Isabelle Huppert (Elle), Marco Bellocchio (Vincere) e Steve McQueen (Viúvas). A rainha da festa, no entanto, parece ser Léa Seydoux, ganhadora da Palme d’Or em 2013, por Azul é a Cor Mais Quente. A atriz francesa está presente em três filmes da seleção oficial e mais outro fora da competição: The French Dispatch, de Wes Anderson; France, de Bruno Dumont; L’Histoire de ma femme, da húngara Ildikó Enyedi; e por fora Tromperie, de Arnaud Desplechin, adaptação do romance Deception de Philip Roth.

Fizemos uma eleição curiosa de 14 títulos entre os mais de 100 presentes na Seleção Oficial, composta por 24 filmes, e as mostras paralelas, como Cannes Premières, Sessões Especiais, Un Certain Regard e Quinzaines des Réalisateurs. Acompanhe as nossas dicas e não esqueça de comentar quais você gostaria de ver aqui no site e/ou no nosso canal no YouTube

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Annette, de Leos Carax

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Após nove anos de ter causado encanto e estranheza no Festival de Cannes 2012 com Holy Motors, Leos Carax volta à Croisette para inaugurar a edição mais esperada dos últimos tempos. Escrito pelos irmãos Ron & Russell Mael, da banda de pop-rock Sparks, Annette tem todos os elementos de um deleite visual, musical e sensorial (isso apenas pelo trailer). Esta é a história do casamento entre um comediante (Adam Driver) e uma cantora de Ópera (Marion Cotillard). O nascimento da filha Annette muda completamente a vida de ambos, já que a menina parece possuir um misterioso poder. O enredo todo é como uma ópera e o bebê é uma marionete. Soa estranho e, óbvio, interessantíssimo. 

Medusa, de Anita Rocha da Silveira

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Este é o segundo longa-metragem da diretora carioca de 36 anos Anita Rocha da Silveira. Seu primeiro filme, Mate-me por favor (2015), foi uma gigante surpresa de dominação do timing entre o suspense e a transição da adolescência feminina. Em Medusa, a diretora e roteirista já declarou buscar uma ponte entre os mitos gregos e a realidade do Brasil atual. Ou seja, a ascensão do neopentecostalismo, da extrema direita e dos discursos de ódio. De acordo com a sinopse, o filme faz um paralelo entre o mito da Medusa, impiedosamente punida por Atena, a deusa virgem, por cometer uma falta e a jovem Mariana (Mariana Oliveira). Ela pertence a um mundo onde deve fazer todo o possível para manter a aparência de uma mulher perfeita, isto é, não cair em tentação e controlar-se todo o tempo. Mariana torna-se uma bomba relógio e o clima de horror tenta captar esse momento de explosão. 

Leia também: Conheça 8 Diretoras Brasileiras de Filmes de TERROR

A hero, de Asghar Farhadi

Já premiado com dois Oscars (A Separação, em 2011, e O Apartamento, em 2016), o suspense do diretor iraniano Asghar Farhadi é altamente aguardado por espectadores de todo o mundo. Como de costume, o cineasta promete tensão e embate na nossa mente a partir da sinopse. No filme, Rahim (Amir Jadidi) está na prisão por causa de uma dívida que não conseguiu pagar. Durante uma licença de dois dias, ele tenta convencer seu credor a retirar sua reclamação contra o pagamento de parte da quantia. Mas as coisas não saem como planejado…

Leia também: Do Pior ao Melhor | Ganhadores do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro do Século XXI

Tout s’est bien passé, de François Ozon

Pela sexta vez ao Festival de Cannes, François Ozon marca presença com a adaptação do livro homônimo de Emmanuèle Bernheim, falecida em 2017. Se no ano passado, o cineasta francês esteve selecionado por um romance juvenil dos 1980 (Verão de 85), este ano ele debruça-se sobre uma história na terceira idade, mas com o mesmo elemento em comum: a pulsão de morte. Aos 85 anos, o pai de Emmanuèle (Sophie Marceau) é hospitalizado após um derrame. Ao acordar, deprimido e dependente, ele (André Dussollier), que sempre fora apaixonado pela vida, pede à filha que o ajude a morrer. O elenco conta ainda com Charlotte Rampling (45 Anos). 

Leia também: Crítica | Verão de 85 – François Ozon apresenta pulsões de amor e morte em cenário nostálgico dos anos 80

Titane (Titânio*), de Julia Ducournau

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Diz a lenda que pessoas desmaiam nos corredores durante a estreia do primeiro filme da cineasta francesa em Cannes 2016. Grave (Raw) realmente é uma obra provocante e é difícil manter-se indiferente. Depois de cinco anos, em seu segundo longa-metragem, Julia Ducournau promete ser tão perturbadora quanto com Titane e ainda bem. Tudo que se sabe sobre o filme é a definição da palavra-título Titânio, isto é, “um metal altamente resistente ao calor e à corrosão, com ligas de alta resistência à tração, frequentemente usado em próteses médicas devido à sua grande biocompatibilidade”. No trailer, uma jovem problemática (Agathe Rousselle) parece entrar em algum tipo de farra com o metal, assim aparece várias estruturas metálicas no seu corpo tal como um cyborg, bem já estamos seduzidos.  

The French Dispatch, de Wes Anderson

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Desde o ano passado, o filme é altamente aguardado pelos cinéfilos e amantes da estética única de Wes Anderson. Após o cativante Ilha dos Cachorros (2018), a nova aventura mágica de Anderson entrelaça três histórias centradas no escritório francês de um jornal americano chamado Liberty, Kansas Evening Sun. O elenco recheado de estrelas é um espetáculo à parte, estão de volta com o cineastas Adrien Brody, Tilda Swinton, Léa Seydoux, Saoirse Ronan, Frances McDormand, Bill Murray e Owen Wilson, assim como as novas participantes Timothée Chalamet (Um dia de Chuva em Nova York) e Benicio Del Toro (Sicário: Dia do Soldado). O filme foi descrito pelo diretor à imprensa como uma “carta de amor ao jornalismo” inspirada na The New Yorker. 

Benedetta, de Paul Verhoeven

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Freiras lésbicas. Com essas duas palavras, o novo filme de Paul Verhoeven já tem causado alvoroço na imprensa. Baseada no livro de não-ficção Atos Impuros – a Vida de uma Freira Lésbica na Itália da Renascença, de Judith C. Brown, a obra certamente causará um impacto no público de Cannes e incomodará a Igreja Católica. O diretor do Festival de Cannes, Thierry Frémaux, descreveu o filme à imprensa como: “uma visão erótica e travessa, também política, da Idade Média em uma produção grandiosa”. Verhoeven é conhecido por suas escolhas polêmicas ao retratar mulheres, seja Isabelle Huppert, em Elle (2016), seja Sharon Stone, em Instinto Fatal (1992), ou mesmo o execrado ShowGirls (1995). Aqui, o trailer apresenta a bela Virginie Efira (Adieu Les Cons) como uma mulher incapaz de manter os olhos (e as mãos) longe das irmãs. 

Red Rocket, de Sean Baker

Com Tangerine (2015) e The Florida Project (2017), Sean Baker estabeleceu-se como um cineasta da cena indie dos Estados Unidos. Nesta nova empreitada, o diretor traz o desaparecido comediante Simon Rex (da série Jack & Jill e Todo Mundo em Pânico) como  Mikey Saber, uma estrela de filmes pornô em Los Angeles de volta à sua cidade natal, no Texas. Lá, ele não é muito bem-vindo e sem dinheiro, trabalho e amigos, Mikey volta a morar com a ex-esposa e a sogra. Para pagar as contas, ele envolve-se em pequenos esquemas na esperança de um novo começo. Histórias de pessoas à margem da sociedade já se tornaram marca registrada do cineasta, não é mesmo? 

Bergman Island, de Mia Hansen-Love

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A gente adora filme dentro do filme, a metalinguagem é fascinante e engraçada. É exatamente o mote da produção da francesa Mia Hansen-Løve (Adeus, Primeiro Amor) que parte da premissa sobre o falecido cineasta Ingmar Bergman ir à ilha de Fårö, no mar Báltico, e fazer filmes sobre pessoas lentamente enlouquecendo, enquanto a produção enlouquecia junto. A partir dessa ideia, um casal de fãs de Bergman, vividos por Tim Roth (Os Oito Odiados) e Vicky Krieps (Trama Fantasma), vão à Fårö e, naturalmente, começam a perder o controle da realidade ao fazer um filme. Curiosidade: Greta Gerwig e John Turturro assinaram originalmente para as duas partes principais, mas ambos tiveram que se retirar antes de as filmagens começarem.

Aline, de Valérie Lemercier

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Como assim uma cinebiografia de Celine Dion, mas com o nome de Aline Dieu? Parece louco e a gente adora loucuras cinematográficas. Uma hipótese é que os direitos autorais não obtidos não impediu a comediante e diretora Valérie Lemercier de colocar a sua ideia na telona. Já que ela está por trás do roteiro, da câmera e diante dos holofotes com o microfone em mãos dando voz a uma cantora franco-canadense que ascendeu ao estrelato internacional, ao mesmo tempo que teve um relacionamento com um empresário muito anos mais velho. Seria René Angélil, falecido marido da cantora Celine Dion? Já que não é uma cinebiografia, ao menos a inspiração é ótima e estamos curiosos para conferir. 

Jane par Charlotte, de Charlotte Gainsbourg

Em 60 anos de carreira, Jane Birkin desempenhou as atividades de atriz, cantora, compositora e ícone da moda. Seguindo o olhar íntimo da sua filha, atriz e musicista Charlotte Gainsbourg, este documentário parece revelar outras camadas do charme incomparável de Birkin e da sua relação com o pai de Charlotte, o lendário Serge Gainsbourg. Conhecendo os gostos de Charlotte Gainsbourg pelo cinema de arte, sua estreia atrás das câmeras é promissora e aguardada.

O Marinheiro das Montanhas, de Karim Aïnouz

https://www.youtube.com/watch?v=Eu1xvlRlZa8&ab_channel=Cenrecomo

Pela quarta vez Karim Aïnouz se apresenta na Croisette, começou com Madame Satã (2002) seguido de O Abismo Prateado (2011) Em 2019, ele saiu do festival com o prêmio da mostra Un Certain Regard, por A Vida Invisível. Agora, ele propõe uma narrativa mais intimista baseada na sua própria vida. O Marinheiro das Montanhas refaz os passos dos pais do diretor, a história de amor e separação da brasileira Iracema e do argelino Madjid. O filme acompanha desde o primeiro encontro nos Estados Unidos, onde se casaram, até a viagem solitária de Madjid de volta à Argélia. Já Iracema volta para Fortaleza sozinha e grávida. Karim Aïnouz cresceu sem o pai, o qual ele não conheceria até os 20 anos em Paris. Sua mãe, Iracema, nunca se casou novamente. Nada como fazer cinema com a própria vida. 

Where is Anne Frank?, de Ari Folman

Aclamado em Cannes em 2008, por Valsa com Bashir, Ari Folman pretende nos fascinar novamente, da guerra do Líbano para a Segunda Guerra Mundial. Exibido fora da competição, Onde está Anne Frank?* mistura animação e stop-motion para recontar os últimos sete meses da vida de Anne Frank por meio da personagem imaginária de Kitty, o alter ego de Anne em seu diário. Este também é um projeto pessoal, pois Ari Folman homenageia seus pais deportados para Auschwitz no mesmo dia que Anne Frank.

Vortex, de Gaspar Noé

Em entrevista, Gaspar Noé já afirmou que termina a edição de um filme sempre 48h antes do deadline do Festival de Cannes. Seu prazo e seu motivação é causar polêmica por lá, seja com Irreversível (2002), Love (2014), seja Lux AEterna (média-metragem apresentado no Midnight Screening em 2019). O diretor é um provocador nato e do lema “fale bem, fale mal, mas falem de mim”. Por essas e outras, estamos sempre esperando qual sua próxima façanha atrás das câmeras. Vortex segue um estilo documentário e retrata os últimos dias de vida de um casal de idosos. Para deixar-nos mais intrigados, o diretor italiano Dario Argento (Suspiria,1977) faz parte do elenco. Ou seja, Gaspar Noé deseja nos aterrorizar novamente. 

Leia também: Crítica | Clímax – Gaspar Noé constrói um Visceral e Aterrorizante Pesadelo

* Tradução livre para o português. 

Veja a lista completa da Seleção Oficial de Cannes aqui.

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Letícia Alassë
Crítica de Cinema desde 2012, jornalista e pesquisadora sobre comunicação, cultura e psicanálise. Mestre em Cultura e Comunicação pela Universidade Paris VIII, na França e membro da Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine). Nascida no Rio de Janeiro e apaixonada por explorar o mundo tanto geograficamente quanto diante da tela.

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Festival de Cannes 2021 | Quais são os Filmes Imperdíveis deste ano?

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Vale lembrar que o Festival de Cannes é o maior festival de cinema do mundo, berço de filmes como Parasita (2019), Azul é a Cor Mais Quente (2013), Dançando no Escuro (2000), Pulp Fiction (1994) e Apocalipse Now (1979), apenas para citar alguns. Este ano, o júri da Competição Oficial é presidido por Spike Lee (Infiltrado na Klan) e conta com cinco mulheres e três homens de cinco continentes diferentes, entre eles Maggie Gyllenhaal (da série The Deuce), Mélanie Laurent (Oxigênio), Song Kang-ho (Parasita) e o cineasta brasileiro Kleber Mendonça Filho, ganhador do Prêmio do Júri com Bacurau, em 2019. 

Além desse um júri estelar, o evento conta com encontros, ou seja, masterclass com Jodie Foster, a qual receberá um prêmio de honra do festival; Matt Damon (StillWater), Isabelle Huppert (Elle), Marco Bellocchio (Vincere) e Steve McQueen (Viúvas). A rainha da festa, no entanto, parece ser Léa Seydoux, ganhadora da Palme d’Or em 2013, por Azul é a Cor Mais Quente. A atriz francesa está presente em três filmes da seleção oficial e mais outro fora da competição: The French Dispatch, de Wes Anderson; France, de Bruno Dumont; L’Histoire de ma femme, da húngara Ildikó Enyedi; e por fora Tromperie, de Arnaud Desplechin, adaptação do romance Deception de Philip Roth.

Fizemos uma eleição curiosa de 14 títulos entre os mais de 100 presentes na Seleção Oficial, composta por 24 filmes, e as mostras paralelas, como Cannes Premières, Sessões Especiais, Un Certain Regard e Quinzaines des Réalisateurs. Acompanhe as nossas dicas e não esqueça de comentar quais você gostaria de ver aqui no site e/ou no nosso canal no YouTube

Annette, de Leos Carax

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Após nove anos de ter causado encanto e estranheza no Festival de Cannes 2012 com Holy Motors, Leos Carax volta à Croisette para inaugurar a edição mais esperada dos últimos tempos. Escrito pelos irmãos Ron & Russell Mael, da banda de pop-rock Sparks, Annette tem todos os elementos de um deleite visual, musical e sensorial (isso apenas pelo trailer). Esta é a história do casamento entre um comediante (Adam Driver) e uma cantora de Ópera (Marion Cotillard). O nascimento da filha Annette muda completamente a vida de ambos, já que a menina parece possuir um misterioso poder. O enredo todo é como uma ópera e o bebê é uma marionete. Soa estranho e, óbvio, interessantíssimo. 

Medusa, de Anita Rocha da Silveira

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Este é o segundo longa-metragem da diretora carioca de 36 anos Anita Rocha da Silveira. Seu primeiro filme, Mate-me por favor (2015), foi uma gigante surpresa de dominação do timing entre o suspense e a transição da adolescência feminina. Em Medusa, a diretora e roteirista já declarou buscar uma ponte entre os mitos gregos e a realidade do Brasil atual. Ou seja, a ascensão do neopentecostalismo, da extrema direita e dos discursos de ódio. De acordo com a sinopse, o filme faz um paralelo entre o mito da Medusa, impiedosamente punida por Atena, a deusa virgem, por cometer uma falta e a jovem Mariana (Mariana Oliveira). Ela pertence a um mundo onde deve fazer todo o possível para manter a aparência de uma mulher perfeita, isto é, não cair em tentação e controlar-se todo o tempo. Mariana torna-se uma bomba relógio e o clima de horror tenta captar esse momento de explosão. 

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A hero, de Asghar Farhadi

Já premiado com dois Oscars (A Separação, em 2011, e O Apartamento, em 2016), o suspense do diretor iraniano Asghar Farhadi é altamente aguardado por espectadores de todo o mundo. Como de costume, o cineasta promete tensão e embate na nossa mente a partir da sinopse. No filme, Rahim (Amir Jadidi) está na prisão por causa de uma dívida que não conseguiu pagar. Durante uma licença de dois dias, ele tenta convencer seu credor a retirar sua reclamação contra o pagamento de parte da quantia. Mas as coisas não saem como planejado…

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Tout s’est bien passé, de François Ozon

Pela sexta vez ao Festival de Cannes, François Ozon marca presença com a adaptação do livro homônimo de Emmanuèle Bernheim, falecida em 2017. Se no ano passado, o cineasta francês esteve selecionado por um romance juvenil dos 1980 (Verão de 85), este ano ele debruça-se sobre uma história na terceira idade, mas com o mesmo elemento em comum: a pulsão de morte. Aos 85 anos, o pai de Emmanuèle (Sophie Marceau) é hospitalizado após um derrame. Ao acordar, deprimido e dependente, ele (André Dussollier), que sempre fora apaixonado pela vida, pede à filha que o ajude a morrer. O elenco conta ainda com Charlotte Rampling (45 Anos). 

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Titane (Titânio*), de Julia Ducournau

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Desde o ano passado, o filme é altamente aguardado pelos cinéfilos e amantes da estética única de Wes Anderson. Após o cativante Ilha dos Cachorros (2018), a nova aventura mágica de Anderson entrelaça três histórias centradas no escritório francês de um jornal americano chamado Liberty, Kansas Evening Sun. O elenco recheado de estrelas é um espetáculo à parte, estão de volta com o cineastas Adrien Brody, Tilda Swinton, Léa Seydoux, Saoirse Ronan, Frances McDormand, Bill Murray e Owen Wilson, assim como as novas participantes Timothée Chalamet (Um dia de Chuva em Nova York) e Benicio Del Toro (Sicário: Dia do Soldado). O filme foi descrito pelo diretor à imprensa como uma “carta de amor ao jornalismo” inspirada na The New Yorker. 

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Com Tangerine (2015) e The Florida Project (2017), Sean Baker estabeleceu-se como um cineasta da cena indie dos Estados Unidos. Nesta nova empreitada, o diretor traz o desaparecido comediante Simon Rex (da série Jack & Jill e Todo Mundo em Pânico) como  Mikey Saber, uma estrela de filmes pornô em Los Angeles de volta à sua cidade natal, no Texas. Lá, ele não é muito bem-vindo e sem dinheiro, trabalho e amigos, Mikey volta a morar com a ex-esposa e a sogra. Para pagar as contas, ele envolve-se em pequenos esquemas na esperança de um novo começo. Histórias de pessoas à margem da sociedade já se tornaram marca registrada do cineasta, não é mesmo? 

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Aline, de Valérie Lemercier

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Como assim uma cinebiografia de Celine Dion, mas com o nome de Aline Dieu? Parece louco e a gente adora loucuras cinematográficas. Uma hipótese é que os direitos autorais não obtidos não impediu a comediante e diretora Valérie Lemercier de colocar a sua ideia na telona. Já que ela está por trás do roteiro, da câmera e diante dos holofotes com o microfone em mãos dando voz a uma cantora franco-canadense que ascendeu ao estrelato internacional, ao mesmo tempo que teve um relacionamento com um empresário muito anos mais velho. Seria René Angélil, falecido marido da cantora Celine Dion? Já que não é uma cinebiografia, ao menos a inspiração é ótima e estamos curiosos para conferir. 

Jane par Charlotte, de Charlotte Gainsbourg

Em 60 anos de carreira, Jane Birkin desempenhou as atividades de atriz, cantora, compositora e ícone da moda. Seguindo o olhar íntimo da sua filha, atriz e musicista Charlotte Gainsbourg, este documentário parece revelar outras camadas do charme incomparável de Birkin e da sua relação com o pai de Charlotte, o lendário Serge Gainsbourg. Conhecendo os gostos de Charlotte Gainsbourg pelo cinema de arte, sua estreia atrás das câmeras é promissora e aguardada.

O Marinheiro das Montanhas, de Karim Aïnouz

https://www.youtube.com/watch?v=Eu1xvlRlZa8&ab_channel=Cenrecomo

Pela quarta vez Karim Aïnouz se apresenta na Croisette, começou com Madame Satã (2002) seguido de O Abismo Prateado (2011) Em 2019, ele saiu do festival com o prêmio da mostra Un Certain Regard, por A Vida Invisível. Agora, ele propõe uma narrativa mais intimista baseada na sua própria vida. O Marinheiro das Montanhas refaz os passos dos pais do diretor, a história de amor e separação da brasileira Iracema e do argelino Madjid. O filme acompanha desde o primeiro encontro nos Estados Unidos, onde se casaram, até a viagem solitária de Madjid de volta à Argélia. Já Iracema volta para Fortaleza sozinha e grávida. Karim Aïnouz cresceu sem o pai, o qual ele não conheceria até os 20 anos em Paris. Sua mãe, Iracema, nunca se casou novamente. Nada como fazer cinema com a própria vida. 

Where is Anne Frank?, de Ari Folman

Aclamado em Cannes em 2008, por Valsa com Bashir, Ari Folman pretende nos fascinar novamente, da guerra do Líbano para a Segunda Guerra Mundial. Exibido fora da competição, Onde está Anne Frank?* mistura animação e stop-motion para recontar os últimos sete meses da vida de Anne Frank por meio da personagem imaginária de Kitty, o alter ego de Anne em seu diário. Este também é um projeto pessoal, pois Ari Folman homenageia seus pais deportados para Auschwitz no mesmo dia que Anne Frank.

Vortex, de Gaspar Noé

Em entrevista, Gaspar Noé já afirmou que termina a edição de um filme sempre 48h antes do deadline do Festival de Cannes. Seu prazo e seu motivação é causar polêmica por lá, seja com Irreversível (2002), Love (2014), seja Lux AEterna (média-metragem apresentado no Midnight Screening em 2019). O diretor é um provocador nato e do lema “fale bem, fale mal, mas falem de mim”. Por essas e outras, estamos sempre esperando qual sua próxima façanha atrás das câmeras. Vortex segue um estilo documentário e retrata os últimos dias de vida de um casal de idosos. Para deixar-nos mais intrigados, o diretor italiano Dario Argento (Suspiria,1977) faz parte do elenco. Ou seja, Gaspar Noé deseja nos aterrorizar novamente. 

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* Tradução livre para o português. 

Veja a lista completa da Seleção Oficial de Cannes aqui.

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Letícia Alassë
Crítica de Cinema desde 2012, jornalista e pesquisadora sobre comunicação, cultura e psicanálise. Mestre em Cultura e Comunicação pela Universidade Paris VIII, na França e membro da Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine). Nascida no Rio de Janeiro e apaixonada por explorar o mundo tanto geograficamente quanto diante da tela.

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