quinta-feira, abril 25, 2024

Do Pior ao Melhor | Ganhadores do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro do Século XXI

Com o sucesso de crítica de Druk – Mais uma Rodada tanto no exterior quanto no Brasil, a tragicomédia de Thomas Vinterberg (A Caça) já é o favorito ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro 2021. Vale ressaltar que o filme também ganhou uma indicação na categoria Melhor Diretor, logo os filmes internacionais com outras nomeações acabam por apresentar maior favoritismo. Com exceção de alguns casos, como O Fabuloso Destino de Amélie Poulain (2001), o qual ganhou cinco indicações, saindo sem nada, mas tornou-se mais famoso que todos os ganhadores do prêmio nesta seção.

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De modo que a categoria de filme estrangeiro é uma abertura de portas para o cinema além Hollywood, o CinePOP realiza este ranking do pior ao melhor das produções cinematográficas que conseguiram conquistar os membros da academia. O nosso termômetro será a nota dos usuários do IMDB, um dos maiores agregadores de opinião cinematográfica do mundo. O critério de desempate é o maior número de votantes em cada título. 

Fica o desafio: você já viu todos esses 20 filmes?

20. Uma Mulher Fantástica | 2018 (Chile) – 7.2 (23 K)

Querido entre a crítica, a obra de Sebastián Lelio – responsável por Desobediência (2017) e Glória Bell (2018) – abre a nossa lista na última posição. Sutil e terno, o enredo segue a trajetória de Marina Vidal (Daniela Vega). Uma mulher transgênero e aspirante a cantora na casa dos vinte anos em Santiago, Chile. Após o falecimento do seu amante, bem mais velho, Marina sente sozinha para lidar com suas dores e as consequências dessa morte repentina, além da ex-mulher e o filho adulto do finado.

19. Infância Roubada | 2006 (África do Sul) – 7.2 (27,7 K)

Não deixe de assistir:

Por quatro mil votos a mais que o filme chileno, a produção sul africana conquistou a penúltima colocação. A trama acompanha um bandido sul-africano chamado Tsotsi (Presley Chweneyagae). Ele vive sob um código de violência da sua gangue que ronda, dia e noite, as ruas de Joanesburgo. Depois de atirar casualmente em uma mulher e roubar seu carro, ele descobre um bebê no banco de trás. Em vez de prejudicar o pequeno indefeso, ele o leva para casa e cuida dele. Desse modo, a criança atua como um catalisador para o bandido endurecido recuperar sua humanidade.

18. Ida | 2015 (Polônia) – 7.4

Com atuação e fotografia esplêndidas, Ida é um reencontro do diretor Pawel Pawlikowski, responsável por Guerra Fria (2018), com suas raízes. Em 1962, Anna (Agata Trzebuchowska) estava prestes a fazer votos como freira quando descobre a existência de uma tia de sua origem judia, Wanda (Agata Kulesza). Ambas as mulheres embarcam em uma jornada para descobrir a história da família e seu local de pertencimento. Após este filme a jornalista Agata Trzebuchowska compartilhou o desejo de nunca mais trabalhar como atriz, uma pena.

17. Lugar Nenhum na África | 2003 (Alemanha) – 7.5 (12,5 K)

Considerado pela crítica como um épico visualmente deslumbrante e com personagens cativantes, o filme alemão impressiona pela beleza estética e o conflito dos seus personagens. Após a ameaça representada por Hitler, o advogado judeu Walter Redlich (Merab Ninidze) se muda com sua esposa Jettel (Juliane Köhler) e sua filha Regina (Lea Kurka) para uma fazenda no Quênia. As coisas pioram quando a família é obrigada a mudar-se novamente, desta vez para Nairóbi por ordem das autoridades britânicas. Desanimado, Walter decide se juntar ao exército aliado, enquanto Jettel encontra conforto com outros homens.

16. O Filho de Saul | 2016 (Hungria) – 7.5 (45,5 K)

Pela maior popularidade, o filme húngaro ganhou a disputa entre o 17º e 16º lugar. Logo no seu primeiro longa-metragem László Nemes abocanhou um Oscar e tornou-se um talento promissor a ser assistido. Sombriamente intenso, mas totalmente gratificante, O Filho de Saul oferece uma experiência memorável. Em resumo, a trama se desenrola durante a Segunda Guerra Mundial, quando um trabalhador judeu (Géza Röhrig) no campo de concentração de Auschwitz tenta encontrar um rabino para dar a uma criança um enterro adequado.

15. As Invasões Bárbaras | 2004 (Canadá) – 7.6 (28,3 K)

Primeiro filme franco-canadense a ganhar um César, o Oscar francês, As Invasões Bárbaras é o segundo filme de uma longeva trilogia começada por Denys Arcand com O Declínio do Império Americano (1986) e seguida por A Era da Inocência (2007). Nesta sequência, o professor de meia-idade Rémy (Rémy Girard), que mora em Montréal, descobre que está com câncer em estado terminal. Essa revelação o leva a se reconectar com seu filho, Sébastien (Stéphane Rousseau), um especialista financeiro em Londres, cujos ideais estão em completo desacordo com as tendências socialistas de seu pai.

14. Em um Mundo Melhor | 2011 (Dinamarca) – 7.6 (38,6 K)

Diretora do fenômeno Netflix Birdbox (2018), Susanne Bier fez o seu nome ecoar pelo mundo a partir da obtenção do Oscar. Umas das diretoras e roteiristas mais proeminentes da Dinamarca, Bier é conhecida por tratar de relações familiares e conjugais complicadas e trágicas, vide Irmãos (2004) e Serena (2014). Nesta trama não é diferente, Anton (Mikael Persbrandt) é um médico que viaja frequentemente entre a Dinamarca e um campo de refugiados na África. A relação com a esposa, Marianne (Trine Dyrholm), é conflituosa, enquanto que seu filho, Elias (Markus Rygaard), é vítima de bullying na escola. Quando um menino, cuja mãe morreu recentemente, muda-se para a cidade e torna-se amigo de Elias, as coisas se tornam trágicas.

13. Os Falsários | 2008 ustria) – 7.6 (43,4 K)

Os Falsários é um relato emocionante do dilema moral do prisioneiro Salomon Sorowitsch, magnificamente interpretado pelo ator Karl Markovics. O protagonista vive entre a jogatina, bebidas e mulheres em Berlim durante o regime nazista. De repente, ele é preso e levado a um campo de concentração. Lá, Salomon exibe habilidades excepcionais e, em seguida, é transferido para um acampamento atualizado. Por conta de sua aptidão única, ele é forçado a produzir moeda estrangeira falsa.

12. Roma | 2019 (México) – 7.7

Ganhador do Oscar de Melhor Direção para Alfonso Cuarón e, de longe, um dos melhores filmes da safra de premiações 2019, Roma merecia uma posição melhor no nosso ranking. Contudo, a opinião do público encontrou alguns entraves no retrato da infância de Cuarón no bairro de Roma, México, durante os anos 1970. Como uma obra de memória afetiva, o diretor destaca a vivência da empregada doméstica Cleo (Yalitza Aparício) no meio de uma família de classe média mexicana. Ganhador de três Oscar, Roma merecia ter levado também a estatueta de Melhor Filme, perdida para o mediano Green Book: O Guia (2018), de Peter Farrelly.

11. O Apartamento | 2017 (Irã) – 7.8 (52,2 K)

Aclamado por sua distinta filmografia, o roteirista e diretor Asghar Farhadi (A Separação) propõe um olhar complexo e ambicioso para temas instigantes. O Apartamento é um resultado bem-sucedido desta teia tecida pelo cineasta iraniano. O pontapé inicial da narrativa é a busca por um novo apartamento do casal de artistas teatrais Rana (Taraneh Alidoosti) e Emad Etesami (Shahab Hosseini). Com sua antiga moradia em ruínas, um dos seus colegas de trabalho oferece um novo teto, no entanto, eles ignoram o fato da antiga locatária ter sido uma prostituta. Uma noite, um antigo cliente entra no apartamento enquanto Rana está sozinha no banho. O resultado dessa “visita” transforma completamente a vida pacífica do casal.

10. A Grande Beleza | 2014 (Itália) – 7.8 (81,9 K)

Chegamos ao TOP 10 e igualmente a metade da nossa lista. A maior ganhadora de Oscar nesta categoria, no total 14 prêmios (sendo três honorários, antes da modalidade tornar-se oficial), a Itália aparece apenas uma vez entre os vitoriosos dos últimos 20 anos. Quinze anos após Roberto Benigni levar o prêmio por A Vida É Bela, Paolo Sorrentino retoma o prestígio do cinema italiano na cerimônia. Lindamente filmado e totalmente cativante, A Grande Beleza acompanha a trajetória da vida de exuberância e delírio do jornalista Jep Gambardella (Toni Servillo), um lendário intelectual de Roma. No seu aniversário de 65 anos, um choque do passado provoca uma profunda reflexão sobre a sua vida. Desse modo, ele percorre a cidade de Roma para encontrar toda a sua glória: uma paisagem atemporal de beleza absurda e requintada.

9. O Tigre e o Dragão | 2001 (Taiwan) –  7.8 (254,8 K)

Esta produção catapultou Ang Lee para as fileiras dos cineastas de alto escalão de Hollywood, cujo trabalho foi premiado duas vezes, com o Oscar de Melhor Direção por O Segredo de Brokeback Mountain (2005) e As Aventuras de Pi (2012). O Tigre e o Dragão apresenta uma hábil mistura de incríveis batalhas de artes marciais, belas paisagens e bom drama narrativo. O filme é considerado um marco para as produções internacionais nos Estados Unidos. Primeiro, a obra recebeu 10 indicações ao Oscar e saiu com quatro troféus. Segundo, foi o primeiro longa-metragem em língua estrangeira a arrecadar mais de US $100 milhões nas bilheterias norte-americanas em 2001.

8. Terra de Ninguém | 2002 (Bósnia Herzegovina) – 7.9 (44,9 K)

Desolador e com humor sombrio, Terra de Ninguém ilustra vividamente o absurdo da guerra. A história se desenrola na Bósnia e Herzegovina durante 1993, na época dos combates mais pesados ​​entre os dois lados em guerra. Dois soldados de lados opostos no conflito, um bósnio e um sérvio, enfrentam-se em uma trincheira entre os limites de cada pátria. As coisas se complicam quando Nino (Rene Bitorajac) e Ciki (Branko Djuric) percebem que estão presos com um terceiro soldado sobre uma mina ativada. Eles tentam chamar a atenção de ajuda exterior para salvá-los, mas as previsões não lhe são favoráveis.

7. Amour | 2013 ustria) – 7.9 (93,8 K)

Com cinco indicações ao Oscar, incluindo Melhor Filme, este amargo drama do alemão Michael Haneke nos impacta de forma pungente. Com performances elevadas do elenco de peso formado por Jean-Louis Trintignant (Os Melhores Anos de Uma Vida), Emmanuelle Riva (Perdidos em Paris) e Isabelle Huppert (Frankie), Amour conta a história do casal octogenário Georges (Trintignant) e Anne (Riva). Eles são professores de música aposentados e cultos. A filha (Huppert), também musicista, mora na Grã-Bretanha com a família. Um dia, Anne tem um derrame e a partir deste acontecimento o vínculo de amor do casal é severamente testado. De forma honesta e comovente, Haneke ressignifica a expressão “ato de amor”.

6. Mar Adentro | 2005 (Espanha) – 8.0

É o maior ganhador do Goya, principal premiação do cinema espanhol, de todos os tempos, com 14 estatuetas das 15 para as quais foi indicado. Além disso, a obra é responsável por apresentar Javier Bardem (Sonhos de Uma Vida) ao mundo, após mais de 20 anos de carreira. Em uma performance fascinante, Bardem retrata a vida real do espanhol Ramón Sampedro, que lutou durante 30 anos para conquistar o direito de acabar com sua vida com dignidade. Dirigido por Alejandro Amenábar (Os Outros), Mar Adentro explora o relacionamento de Ramón com duas visitantes: Júlia (Belén Rueda), uma advogada que apoia sua causa, e Rosa (Lola Dueñas), uma mulher local que quer convencê-lo de que vale a pena viver a vida. O título transcende o melodrama com ternura e graça.

5. A Partida | 2009 (Japão) – 8.1

Apesar de lento e previsível, A Partida destaca-se como um conto acalentador e positivo. Na trama, Daigo Kobayashi (Masahiro Motoki) é um violoncelista sem orquestra e em busca de um emprego. Assim, ele decide voltar à sua cidade natal com sua esposa para recomeçar a vida. Ao responder a um anúncio chamado “Partidas”, ele acaba por ser empregado em uma funerária. Agindo como um gentil porteiro musical entre a vida e a morte, entre o falecido e a família do finado, Daiho descobre a maravilha, a alegria e o significado da vida.

4. O Segredo dos Seus Olhos | 2010 (Argentina) – 8.2

Consagrada pelo mundo, a trama argentina é baseada na novela de Eduardo Sacheri e representa um período de ditadura militar no país. Dirigido por Juan José Campanella e protagonizado por Ricardo Darín (A Odisseia dos Tontos) e Soledad Villamil (Muito Amor Para Dar), O Segredo dos Seus Olhos é o segundo filme argentino a receber um Oscar nesta categoria, o primeiro foi A História Oficial, de Luis Puenzo, em 1986. Com um enredo envolvente, imprevisível e rico em simbolismo, este suspense de assassinato faz jus ao seu Oscar, além das atuações hipnóticas. Não à toa a produção ganhou uma versão norte-americana chamada Olhos da Justiça (2015), sem o mesmo prestígio. Vale ressaltar que o diretor Juan José Campanella recebeu uma indicação anterior à categoria com a obra O Filho da Noiva (2001).

3. A Separação | 2012 ( Irã) – 8.3

Com um dos melhores finais de roteiro dos últimos tempos, Asghar Farhadi é o único diretor e roteirista presente duas vezes nesta lista. Sendo considerada sua obra mais proeminente, A Separação também foi indicada ao Oscar de Melhor Roteiro Original, sendo um feito inédito para o Irã. A trama concentra-se na ousada decisão de Simin (Leila Hatami) em separar-se do marido Nader (Payman Maadi) para morar no exterior e oferecer melhores oportunidades para sua única filha, Termeh (Sarina Farhadi). Isso porque Nader recusa deixar o país para cuidar de seu pai (Ali-Asghar Shahbazi), que sofre de Alzheimer.

2. A Vida dos Outros | 2007 (Alemanha) –  8.4

A medalha de prata é concedida para uma das obras mais instigantes e tocantes sobre espionagem. Saímos da seara da Segunda Guerra Mundial para os anos de divisão dos blocos mundiais entre capitalistas e comunistas na Guerra Fria. Em 1984, Berlim Oriental, o agente da polícia secreta Gerd Wiesler (Ulrich Mühe) vigia o escritor Georg Dreyman (Sebastian Koch) e sua amante Christa-Maria (Martina Gedeck). Cada vez mais, o agente vê-se absorvido por suas vidas. Diferentes das tradicionais histórias de espionagem, A Vida dos Outros destaca os personagens acima de perseguições e traições, assim, as performances (como a do falecido Ulrich Mühe) permanecem em nossa memória.

1. Parasita | 2020 (Coreia do Sul) – 8.6

Ganhador de seis estatuetas, Parasita é a única produção a obter o prêmio de Melhor Filme e Melhor Filme Estrangeiro, ao mesmo tempo. Esta é a obra-prima de Bong Joon Ho. Não é à toa que o longa ocupa a primeira posição e torna-se uma experiência cinematográfica mandatória daqui em diante. Comédia, crítica social, suspense, alegoria, terror e ação, todos os gêneros condensam-se para construir uma metáfora de luta de classe entre a família de Dong Ik (Lee Sun Kyun) e de Ki Taek (Song Kang Ho). Vale a pena conferir toda a produção do diretor e roteirista, desde Cão Que Ladra Não Morde (2000), passando por O Hospedeiro (2006), Mother: A Busca Pela Verdade (2009) e, claro, Expresso do Amanhã (2013). 

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Letícia Alassë
Crítica de Cinema desde 2012, jornalista e pesquisadora sobre comunicação, cultura e psicanálise. Mestre em Cultura e Comunicação pela Universidade Paris VIII, na França e membro da Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine). Nascida no Rio de Janeiro e apaixonada por explorar o mundo tanto geograficamente quanto diante da tela.

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