2Aniversários precisam ser comemorados. E este ano muitas produções entram na meia idade e também na vida adulta. Mas não podemos esquecer as que se tornam adolescentes, nos fazendo sentir ainda mais velhos. E neste baile de debutantes, temos alguns filmes cujo lançamento nos lembramos vividamente como se fosse ontem. Uma brincadeira interessante é tentar recordar quantos assistimos nos cinemas e em quais circunstâncias (que você pode comentar abaixo).
É claro que esta lista em particular é sobre o gênero que mais amamos aqui no CinePOP e o motivo da existência do site: o terror. Sendo assim, trazemos algumas produções que continuam no consciente coletivo, mostrando seu valor atemporal. Dentre as quais, continuações, remakes de clássicos hollywoodianos e asiáticos do gênero, além de algumas ideias originais bem legais (algumas inclusive subestimadas), e até mesmo filmes que talvez você não conheça – mas que precisa conhecer! Sem mais delongas, vamos relembrar estas produções que entram na adolescência em 2023.
O Albergue
Por falar em torture porn, é fato que todo e qualquer sucesso termina por criar tendência em Hollywood. Assim, no mesmo ano em que Jogos Mortais continuava sua trama com mais algumas cenas de tortura explícita, um herdeiro chegava igualmente nas telonas. Trata-se de O Albergue, do cineasta açougueiro Eli Roth. Na trama, turistas “entram bem” em uma viagem de mochilão pela Eslováquia, quando se deparam com um albergue que serve de armadilha, capturando seus hóspedes para que ricaços sádicos os torture. Cenas explícitas e muita sanguinolência são as palavras de ordem.
A Casa de Cera
A Casa de Cera parece o típico exemplar slasher saído da década de 1990, após a retomada de Pânico. O filme se comporta exatamente de tal forma e traz uma história de jovens amigos viajando para um jogo e desviando na estrada para uma “cidade fantasma” onde a principal atração é um museu de cera. O longa é uma refilmagem adolescente de Museu de Cera (1953), clássico protagonizado por Vincent Price. No elenco, uma Paris Hilton arriscando como atriz. Os sádicos de plantão não demoraram a confeccionar camisas com os dizeres: “eu vi Paris Hilton morrer”, após o lançamento do filme – demonstrando o quanto a socialite é “querida” por parte do público.
Jogos Mortais 2
Produção pequena, o primeiro Jogos Mortais (2004) se tornou um baita sucesso inesperado, ajudando a impulsionar as carreiras do diretor James Wan e do roteirista Leigh Whannell, e de quebra servindo como criador de um subgênero dentro do terror: o torture porn. É claro que sua explosão na cultura pop geraria uma continuação. E assim, o suspense minimalista deu lugar a uma trama maior, onde agora diversas pessoas participavam do “jogo mortal” dentro de uma casa – algo como um escape room assassino. Este segundo filme ainda guarda boas surpresas e certa inteligência, antes das continuações saírem por completo dos trilhos.
Amaldiçoados
Por falar em sair completamente dos trilhos, isso foi o que aconteceu com essa reunião da dupla responsável pela franquia Pânico, o diretor Wes Craven e o roteirista Kevin Williamson. Aqui, a dupla trocava os slahers pelos filmes de lobisomens. Recentemente, escrevi sobre a produção problemática e como os cortes do produtor Harvey Weinstein feriram o longa (você pode conferir aqui). Na trama, dois irmãos (Christina Ricci e Jesse Eisenberg) são mordidos pela criatura mitológica e começam a se transformar no ser bestial.
O Chamado 2
Por falar em continuações de filmes de sucesso, O Chamado (2002) conseguiu um feito impressionante: não apenas adaptou de forma muito bem sucedida uma ideia japonesa para os EUA, como conseguiu os louros de ser um filme ainda melhor que seu original – com melhores efeitos e dono de uma narrativa mais dinâmica, urgente e acelerada. O filme fez de Naomi Watts uma estrela. Assim, é claro que uma continuação viria, e ela chegou três anos depois. Quem comanda é o mesmo diretor dos filmes originais japoneses, Hideo Nakata. No entanto, O Chamado 2 americano não é uma refilmagem de Ringu 2, e traz uma história diferente. O resultado desta sequência, no entanto, ficou bem abaixo do original e do esperado de forma geral.
Água Negra
Por falar em remakes americanos de filmes de terror japoneses, assim como os torture porn estas refilmagens viraram uma tendência na década de 2000. Depois de O Chamado e O Grito, outro representante de peso a ganhar nova roupagem foi este Água Negra, que contou com a presença da estrela vencedora do Oscar Jennifer Connelly impulsionando. Para os brasileiros, este remake teve um gostinho especial, já que na direção temos ninguém menos que o nosso Walter Salles – saído dos sucessos consecutivos de Central do Brasil (1998), Abril Despedaçado (2001) e Diário de Motocicleta (2004).
O Exorcismo de Emily Rose
Baseado numa dita história real, o filme mescla terror, drama e suspense de tribunal. A jovem Emily Rose (Jennifer Carpenter), saída de uma cidadezinha campestre do interior, começa a presenciar estranhos acontecimentos em sua faculdade. Um padre (Tom Wilkinson) está convencido de que a menina está possuída pelo capeta e prepara seu exorcismo. Acontece que para a ciência, Emily Rose era apenas uma jovem epilética, dona de alguns problemas mentais que mexiam com sua percepção da realidade. Assim, o padre agora se encontra em julgamento onde precisa provar sua inocência. Uma boa abordagem para um filme do gênero.
A Chave Mestra
Por falar em boas abordagens para filmes de terror, esta é uma obra subestimada do gênero. Incursão da talentosa indicada ao Oscar Kate Hudson pelo horror, o longa é uma entrada vertiginosa por temas como o vodu e a magia negra. E para isso, nada melhor do que centrar a trama em Nova Orleans, cidade conhecida pela forte cultura negra nos EUA. Em filmes de terror o clima é tudo, e A Chave Mestra consegue tornar crível seu teor fantasioso por embasar tudo de uma forma que nos leve nessa jornada comprando cada detalhe. O final é simplesmente arrebatador. Um verdadeiro Coração Satânico (1987) moderno.
Terra dos Mortos
Quem é rei nunca perde a majestade. George Romero, o pai do cinema zumbi, crivou seu nome na imortalidade do terror com a obra-prima A Noite dos Mortos-Vivos (1968) e ainda teve fôlego e muito a dizer para duas continuações: Despertar dos Mortos (1978) e Dia dos Mortos (1985). Por muito tempo sua trilogia foi considerada essencial para os que curtem o gênero de verdade. Mas se engana quem pensa que o saudoso diretor havia encerrado seu diálogo sobre o tópico. Vinte anos depois do capítulo três, Romero fez as pazes com o sucesso, chutando a porta dos anos 2000 com este Terra dos Mortos – uma grande analogia à luta de classes bem antes de Parasita e Coringa.
Abismo do Medo
Existem os bons filmes e existem as obras-primas. E se eu tivesse que colocar um filme no pódio desta lista, definitivamente este Abismo do Medo estaria lá. O diretor Neil Marshall pode até ter escorregado no comando de uma superprodução com o reboot de Hellboy (2019), mas há 18 anos estava no auge de sua forma ao entregar este que foi seu segundo longa para o cinema. E este é um p**a terror de gelar a espinha até mesmo dos menos impressionáveis. O filme começa como drama de perda e superação, na qual a protagonista recebe ajuda de um grupo de amigas para dar a volta por cima após a trágica morte de sua família devido a um acidente de carro. Para tal, essas mulheres empoderadas decidem fazer rapel em uma gruta pra lá de profunda na floresta. E o que elas encontram por lá promete te dar pesadelos para o resto da vida.
O Amigo Oculto
O grande Robert De Niro já fez de tudo em sua carreira, inclusive filmes de terror. É só lembrar do clássico de 1987, Coração Satânico. Aqui, no entanto, ele investe num thriller mais tradicional, e protagoniza ao lado da então menina prodígio Dakota Fanning, que chamava atenção de Deus e o mundo na infância. Aqui, a menina tem sua performance mais creepy da carreira no papel da filha do protagonista – que, ao lado do pai, se recupera da morte precoce de sua mãe. No entanto, além da aparência fantasmagórica, a menina possui um amigo imaginário chamado Charlie, a quem ninguém mais parece capaz de ver. É justamente o mistério por trás de Charlie que se desenrola neste longa – pouco apreciado em seu lançamento, mas que merece uma segunda chance passado tanto tempo.
Horror em Amityville
Seguindo pelo terreno dos remakes, desta vez temos a “reimaginação” de um clássico americano. Terror em Amityville (1979) narra uma pseudo história real sobre uma casa assombrada na qual crimes hediondos ocorreram. A trama faz parte do folclore norte-americano e gerou diversas continuações e produções derivadas. Há 18 anos estreava a primeira refilmagem do longa original, que teve Ryan Reynolds (saindo das comédias e se provando um ator sério) e uma Chloe Grace Moretz bem novinha.
A Névoa
Ainda no tema dos remakes, os anos 2000 foram o epicentro da reciclagem. Falta de imaginação ou simplesmente revisionismo artístico, o que não faltaram foram refilmagens, fossem de obras estrangeiras ou de clássicos do cinema americano, populares ou não. Este fica no meio termo. É claro que aqui o assunto revisitado é The Fog – A Bruma Assassina, do mestre John Carpenter, um de seus filmes menos notáveis. A história fala sobre fantasmas mortais visitando uma cidadezinha devido a seus macabros segredos. O original conta com as presenças de gente como Jamie Lee Curtis e sua mãe, Janet Leigh, e se tornou uma obra cult. Já este remake, viveu para se tornar um filme esquecível.
Voo Noturno
Voltando para o saudoso Mestre Wes Craven, o lendário diretor lançava dois filmes nos cinemas há 18 anos. Esta manobra já havia sido realizada por ele no passado, é só voltarmos para 1984, por exemplo, ano em que Craven lançava nada menos que três filmes: A Hora do Pesadelo, Quadrilha de Sádicos 2 e Convite para o Inferno (produção para a TV). Em 2005, após o fracasso do indefensável Amaldiçoados, o cineasta dava a volta por cima com este filme, que pode ser considerado mais um suspense do que um terror – mesmo sem perder suas qualidades pra lá de tensas. Na trama, Rachel McAdams conhece um estranho num voo noturno, interpretado por Cillian Murphy. Os dois se entrosam e rola um clima, mas logo o sujeito irá mostrar sua verdadeira face em pleno ar. De roer as unhas.
Rejeitados pelo Diabo
Rob Zombie, músico transformado em cineasta, é um destes realizadores do estilo ame ou odeie. Veja por exemplo o que o diretor fez com os remakes de Halloween – uns gostaram do resultado, outros não podem nem ouvir falar. Particularmente, este que vos fala se enquadra no segundo quesito. Artista autoral, Zombie escreve suas próprias histórias e as comanda com seu estilo único e peculiar. Voltando 18 anos no passado, Zombie entregava seu segundo longa para o cinema (num total de 7, sendo As Senhoras de Salem o único que de fato aprecio) com este Rejeitados pelo Diabo – espécie de continuação de seu primeiro filme, A Casa dos 1000 Corpos (2003). O filme acompanha uma família de psicopatas no melhor estilo O Massacre da Serra Elétrica, da qual faz parte a angelical, mas incrivelmente perturbada e sádica, Baby – papel da sempre presente esposa do cineasta, Sheri Moon Zombie. A trilogia chegou ao fim em 2019 com Os 3 Infernais.
Doom: A Porta do Inferno
Continuando pelo quesito “inferno”, chegamos ao último item da lista com esta adaptação do famoso game que é precursor na linha de visão em primeira pessoa. Doom foi uma verdadeira febre para os fãs de videogames. O filme, porém, amargou o destino que a maioria destas adaptações tem. Dando respaldo ao projeto, um nome em ascensão no cinema há 18 anos, o hoje consagrado maior herói de ação Dwayne Johnson. O astro, no entanto, não opta pelo protagonista Grimm (papel que fica com o multifacetado Karl Urban), e ao invés interpreta Sarge, líder durão da equipe que tem seus próprios demônios a enfrentar. No elenco ainda temos a Garota Exemplar em pessoa, Rosamund Pike, como a protagonista feminina. Na trama, passada no futuro, militares são chamados às pressas para investigar uma base científica em Marte, que talvez tenha aberto um portal diretamente para o inferno.
Viagem ao Inferno
Filmes de terror ganham toda uma nova perspectiva quando sabemos se tratar de uma história real. E quando tais filmes utilizam atores desconhecidos e enfatizam o clima “cru” em sua produção, a proximidade com o realismo é aumentada consideravelmente, ao ponto de acharmos que estamos vendo basicamente um documentário de momentos tão tenebrosos. Essa descrição é perfeita para o caso deste Wolf Creek – Viagem ao Inferno, longa que narra os feitos sádicos do psicopata australiano que ficou conhecido como o “Crocodilo Dundee” da vida real, um caçador que espreitava e torturava turistas mochileiros por áreas rurais remotas. É de deixar sem dormir.
Meninamá.com
Toda ação gera uma reação. E todo crime pede punição. Com esta frase em mente, a premissa de Meninamá.com nos faz pensar seriamente sobre a pedofilia, o abuso de menores e suas consequências. Nesta obra instigante, Ellen Page brilha na pele de uma jovem menor de idade, aparentemente atraída por um predador sexual, pronto para dar o bote nela. No entanto, o caçador vira a caça, quando a menina mostra suas verdadeiras intenções, revelando ser uma auto clamada justiceira, dona de um ímpeto igualmente perigoso. Fazer justiça com as próprias mãos nunca foi apresentado no cinema de forma mais intensa e questionadora.