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Antônia – O Filme

 

 

Preta, Bárbara, Mayah e Lena. Quatro garotas da periferia de São Paulo (mais especificamente na Brasilândia) que lutam para fugir da realidade que estão inseridas. Mulheres, negras, nascidas e criadas na periferia, encontram no rap a maneira mais completa de expressão dos sonhos, desejos e ambições dessas e de muitas mulheres desta realidade. Nasce então o grupo “Antônia” que, em meio a todas as adversidades consegue levar esperança para todos os envolvidos no projeto.

Negra Li, Leila Moreno, Quelynah e Cindy são as quatro cantoras escolhidas por Tata Amaral (diretora do filme) entre 1.200 garotas para protagonizarem o longa. Bem escolhidas e preparadas para o contato com as câmeras, cada uma consegue imprimir com veracidade as nuances de cada personagem, mostrando que, apesar de se encontrarem em várias idéias, estão ali mulheres diferentes, com temperamentos diferentes… mas que se unem por uma verdadeira amizade e bem-querer umas pelas outras.

Além do desempenho acima da média das quatro, temos um elenco que soma muito bem com as quatro garotas, onde podemos destacar Thaíde e Nathalye Cris, como empresário e filha de Preta, respectivamente. Todo o elenco veste os personagens com uma espontaneidade que impressiona, agindo naturalmente em cada uma das cenas e situações.

Com um tom quase documental, “Antônia” se destaca pela proximidade com o dia-a-dia da vida das personagens. Uma câmera próxima, colada as personagens nos dá sensação de proximidade física e emocional de tudo que está sendo passado. O espectador se torna um pouco cúmplice, um pouco confidente de cada uma delas, o que facilita o contato entre quem está “do lado de cá com quem está do lado de lá”. Em vários diálogos temos a impressão que não existe separação entre personagem e interprete, tamanha a naturalidade com que as falas são ditas, os sentimentos expressados e, principalmente, a música flui. Não podemos esquecer que se trata de um filme sobre jovens cantoras, logo, a música é parte fundamental do sucesso do longa. Além das boas músicas compostas para o filme, as quatro conseguem dar um verniz interessante até para músicas de letra e melodias duvidosas, como e da cena do casamento, onde elas cantam Killing Me Softly.

Também situado em uma região de violência e descaso, Antônia vai na contra-mão de Cidade de Deus, por exemplo. Resolve centrar sua história em objetivos, em sonhos. A violência está ali, a falta de oportunidade e os preconceitos também. Entretanto, é um filme sobre a batalha incansável por um futuro melhor e pela realização de ideais. É um filme que merece ser visto, revisto e assimilado que mesmo nas adversidades existem diversos motivos para seguir em frente.

 

Crítica por: Rodrigo Soares 

 

 

Anticristo

 

O internauta deve ter ouvido glórias e pedradas sobre Anticristo, novo trabalho de Lars Von Trier. Em parte, foram reações provocadas pelas sequências finais, que se aproximam do cinema extremo. São as tão faladas cenas de mutilação dos genitais. Outro motivo foi o diretor ter feito o filme ainda se recuperando de uma depressão. Some-se a sua declaração de que não explicaria nada sobre o filme. Pronto, o suficiente para parte da crítica atacá-lo.

Apesar das circunstâncias da produção, Anticristo se mantém de pé. Considerando um autor como Von Trier, que vem de obras como Dogville, não podemos esperar algo fácil. Se o cinéfilo quiser o doce da bandeja, deverá se levantar e buscá-lo. Se o espectador amarrar as pontas, poderá sair do cinema com uma sensação mais nauseabunda que a maioria.

O filme se concentra na depressão sofrida por uma mulher após a morte do filho e como o marido tenta ajudá-la. E, principalmente, nas consequência. A primeira sequência é um belo prólogo em câmera lenta e fotografia em preto-e-branco. Enquanto uma cena de sexo entre o casal é mostrada, o filho Nic se dirige para a janela e cai. O acontecimento provoca profunda depressão na mãe (Charlotte Gainsbourg) – em nenhum momento, homem ou mulher são nomeados.

Muito se falou da atuação de Gainsbourg; realmente consegue expor todas as dores de uma mulher que perdeu o filho. Porém, Dafoe não fica atrás. Ocorre que sua atuação não é histriônica. O ator demonstra o afastamento do marido em relação à situação com pequenos gestos e voz burocrática, sempre buscando racionalizar as reações da espora. As dúvidas provocadas pelos acontecimentos no Éden (casa de campo do casal) aprofundam a psicologia da personagem, impedindo que ele se torne um tipo.

A película, contudo, é mais que um “filme de ator”. A marca de Von Trier se faz notar na profundidade da história. Caso o leitor não queria saber o final, pare aqui, porque vamos entregar tudo.

O diretor deixa muitas pontas soltas. Nada de final redondinho. O filme permite muitas interpretações, sempre em torno do que provoca a insanidade da mulher.

A fase inicial de depressão da personagem de Gainsbourg é seguida por reações díspares. Ela acusa o marido de esquecer a familiar, depois declara amor eterno e em seguida tortura-o; há sua relação ambígua com o sexo, ora como uma ninfomaníaca ora culpando-se pelo ato.

A morte do filho seria a primeira causa. Outro agente seria a natureza. Von Trier consegue personificá-la. Ruídos, gritos, animais falantes tornam o Éden um ambiente de horror e claustrofóbico. Constantemente se escuta o barulho das sementes das árvores caindo no telhado, dando a impressão de que a casa será invadida. É quase impulsivo culpar a natureza pelo caos reinante. A própria mulher diz que a natureza é a morada de Satanás.

Todas essas interpretações são permitidas. Porém, uma terceira resposta é possível por conta das pontas deixadas pelo direito.

Primeiro, descobrimos que a mãe já maltratava o filho. Isso explicaria tanto para seus atos quanto para a ideia que faz da natureza em torno do Éden. A morte do filho seria apenas a gota final.

Outro elemento é a culpa pelo falecimento do filho. Próximo do fim, o diretor intercala cenas do prólogo e o rosto de Gainsbourg. Depois, em um close, ela corta sua vagina. Antes, tratou o sexo de forma ambígua e impôs torturas ao marido.

Nada gratuito!

Em um curto espaço de tempo, com fragmentos do prólogo, Von Trier dá a entender que ela podia ter salvado o filho, mas preferiu o sexo. Assim, a agressão ao marido seria uma maneira de culpá-lo. A automutilação seria o reconhecimento de sua culpa.

No fim, o marido mata a esposa. O julgamento que o espectador fará desse ato influirá a interpretação do epílogo. Novamente em preto e branco e com a mesma música, a persona de Dafoe desce o monte do Éden enquanto uma legião de mulheres caminha em sentido oposto. Se o leitor achar que o marido agiu com fúria, essas mulheres seriam a sua danação; se pensar que ele tentava livrar a esposa do sofrimento, a legião seria um bálsamo. Coisas para se discutir na hora do lanche!

Crítica por: Georgenor de S. Franco Neto

 

 

Anticristo

 

Sinopse: Depois da morte do filho de 2 anos em um acidente, um casal retira-se para uma casa de campo para se recuperar do trauma.

Para quem conhece o tamanho do ego do diretor Lars von Trier, Anticristo (Antichrist) será uma lufada de ar renovado no currículo do dinamarquês. Exceto pelos créditos iniciais, compostos apenas pelo nome do filme e o nome do cineasta, ele se comporta. Enquanto no fracasso de O Grande Chefe ele chega a narrar a história, dessa vez ele deixa que o enredo flua livremente com posicionamentos de câmera interessantes.

No entanto, o maior mérito de Trier nesse filme está na forma como ele consegue convidar seu espectador de forma gradativa a adentrar na loucura na trama. Conforme avançam os capítulos, vamos nos aprofundando na psique dos personagens até chegarmos à nebulosa e torturante (no bom sentido) sequência final.

Para se ter uma noção da diferença gritante entre o começo e o final de Anticristo, basta comparar as sensações que esses momentos opostos geram. A primeira cena é altamente plástica, com uma bela direção de fotografia assinada por Anthony Dod Mantle (O Último Rei da Escócia), em câmera lenta e com uma tocante trilha de fundo – uma daquelas passagens únicas em experiência cinematográfica. Por outro lado, ao final da exibição muitos estômagos estarão doendo e muitos corações ficarão inquietos. A tensão permanecerá na mente do espectador mesmo depois de sair do cinema.

Finalmente, em um filme com um elenco composto praticamente por apenas dois atores, o trabalhos desses profissionais é uma peça-chave para o valor geral da obra. Será suficiente dizer sobre o assunto que Charlotte Gainsbourg (A Noiva Perfeita) foi premiada em Cannes e que Willem Dafoe (Um Segredo entre Nós) não fica para trás.

 

 
Crítica por: Edu Fernandes (HomemNerd)

 

 

Antes só do que Mal Casado

 

 

Os irmãos Bobby e Peter Farrelly são típicos casos de gênios que se perdem em meio ao marasmo Hollywoodiano. Diretores e criadores de pérolas, como ‘Débi e Lóide’ e ‘Quem vai Ficar com Mary?’, eles acabaram se tornando politicamente corretos demais, e o humor negro se perdeu.

‘Antes só do que Mal Casado’ consegue retomar um pouco da diversão que transformou a dupla em diretores de sucesso, mas ainda deixa a desejar comparado aos primeiros trabalhos dos diretores. O filme é ótimo, sim, mas ao invés de termos uma comédia romântica abobalhada, inteligente e com humor negro, temos mais um filme romântico com toques de humor.

No terceiro dia de sua lua-de-mel, Eddie Cantrow acredita ter encontrado o amor verdadeiro. Mas, infelizmente, não com a sua nova esposa. Solteiro e com 40 anos recém-completados, o dono de uma loja de artigos esportivos começa a se perguntar se está sendo muito exigente em relação às mulheres que conhece. Sentindo que o mundo inteiro está namorando menos ele, e pressionado por seu libidinoso pai septuagenário Doc e pelo subordinado amigo casado Mac, Eddie Cantrow está pronto para um relacionamento. Tudo o que precisa agora é de uma garota. Depois de evitar um aparente assalto nas ruas de São Francisco, Eddie conhece Lila e os dois rapidamente embarcam em um romance relâmpago, que leva a um precipitado pedido de casamento. No caminho para a lua-de-mel no México, Eddie descobre que a esposa, além do rosto angelical, tem também um linguajar pesado e um apetite quase insaciável por sexo hilariamente vigoroso.

Quando eles chegam ao resort, Lila já passou de uma gentil e doce companheira para uma grosseirona louca por tequila e dona de um passado sórdido, fazendo com que Eddie se pergunte em que se meteu. Com Lila recusando-se a sair do quarto do hotel devido a uma forte queimadura de sol, Eddie encontra consolo no bar, onde conhece Miranda, que não faz idéia de que ele esteja em lua-de-mel. Enquanto se apaixona pelo encanto singelo de Miranda, Eddie tenta ao máximo lidar com as duas mulheres. Mas uma série de confusões leva a um loucamente divertido confronto entre um homem, duas mulheres e uma água-viva.

Ben Stiller continua ótimo com seu jeito de homem abobalhado, e o filme reserva cenas hilárias com seu personagem.

‘Antes só do que Mal Casado’ é uma comédia divertida e cômica, com alguns momentos que tiram o fôlego dos mais animados e risonhos, mas perdeu o que os diretores sabiam fazer de melhor: chocar Hollywood.

 
Crítica por: Renato Marafon 

 

Antes que o Mundo Acabe

 

 


Sinopse: O pai de Daniel é um fotógrafo que vive na Tailândia. Depois de anos de afastamento, ele manda uma carta ao menino. Além desse contato inesperado, Daniel ainda tem de lidar com o fim de seu namoro e um roubo em sua escola.

Um filme jovem e sincero, com um protagonista masculino lidando com as descobertas amorosas, conflitos familiares e amizades. Antes que o Mundo Acabe trata das mesmas questões que As Melhores Coisas do Mundo e, com o lançamento tão próximo um do outro, é difícil não falar de um sem pensar no outro. Com dois títulos tão bons lado a lado, sinto uma grande alegria como um espectador do cinema brasileiro.

Enquanto o trabalho de Laís Bodanzky é mais divertido e foca-se no  público jovem, que se vê nas situações impressas na tela; o filme gaúcho é mais poético, convidando o espectador mais maduro a pensar nos desafios de ser jovem.

Como tem sido uma constante na produção cinematográfica dos pampas, bons filmes tem atrelado em sua equipe o nome de Jorge Furtado. A participação dele no roteiro é marcante e seus fãs logo descobrem qual personagem é mais influenciado por sua forma de contar histórias.

Furtado foi o primeiro cineasta a contemplar um cinema jovem durante a Retomada dirigindo Houve Uma Vez Dois Verões (2002), também pela Casa de Cinema de Porto Alegre. Sob os cuidados de Ana Luiza Azevedo, Antes que o Mundo Acabe é mais sensível e menos debochado.

Não é apenas no sotaque de seus atores que o filme é gaúcho. Tratando de temas universais e com situações que podem acontecer em qualquer cidade, a fita oferece aos espectadores de outros estados uma mistura de identificação próxima com uma viagem distante a outra terra – um dos objetivos mais bacanas do cinema.

 
Crítica por: Edu Fernandes (CineDude)

 

 

Antes de Partir

 

 

Há belas histórias que são contadas com tanta naturalidade que conseguem nos envolver. Antes de Partir (The Bucket List – EUA/2007 – 97 min.) é uma destas histórias. Simples, sensível e com toques de humor na medida certa.

A história sobre dois homens de meia-idade com filosofias de vida diferentes que o destino se encarrega de cruzar, chega aos cinemas em uma época em que há poucas opções para os apreciadores de comédias dramáticas e emocionantes. Mesmo abordando um assunto sério como a da morte e sua aceitação, Antes de Partir ensina que nunca é tarde para viver a vida plenamente, realizando desejos, experimentando sensações e compartilhando a beleza do mundo a nossa volta.

Dirigido pelo cineasta Rob Reiner (Harry e Sally) e atuado pelos carismáticos atores Jack Nicholson e Morgan Freeman, Antes de Partir traz a história do executivo e milionário Edward Cole (Jack Nicholson), um homem que construiu um hospital onde sua filosofia sempre foi a de que todos os pacientes internados devessem compartilhar os mesmos espaços. Mas o que Edward não esperava era de que ele terminasse sendo hospitalizado e obrigado a seguir sua própria regra. Dividindo o quarto com o mecânico Carter Chambers (Morgan Freeman), ele encontra neste homem, que renunciou seus sonhos pela família, algo em comum: ambos não viveram a vida como planejaram.

Contrariando as ordens médicas, os dois resolvem então deixar o hospital e partir em uma grande aventura, gastando seus últimos meses de vida na realização de sonhos, que por motivos diferentes, nunca tiveram oportunidade de concretizar. Seguindo uma lista de desejos – como saltar de pára-quedas, visitar as pirâmides do Egito, o Himalaia, o Taj Mahal – eles se lançam no mundo e passam a fazer tudo o que sempre planejaram, sem regras e sem pressa.

 

 

Crítica por: Viviane França 

 

Anna Karenina

 

Sempre que a dupla formada pela atriz Keira Knightley e o diretor Joe Wright se une, isso significa prestígio e indicações ao Oscar. Veja o currículo da dupla: A primeira união se deu em 2005, quando lançaram a obra baseada em Jane Austen, “Orgulho & Preconceito”, e o resultado foi quatro indicações ao maior prêmio do cinema (que incluía o prêmio de melhor atriz para a talentosa Knightley).
Em seguida, dois anos depois, Wright e Knightley tomaram novamente o Oscar de assalto quando “Desejo e Reparação”, baseado na obra literária de Ian McEwan, recebia sete indicações da Academia.

O ano de 2012 marcou a segunda reunião da dupla, novamente numa obra de época, e novamente baseado num clássico da literatura, dessa vez russa, do escritor Leo Tolstoy. “Anna Karenina” já foi adaptada para o cinema diversas vezes, assim como “Os Miseráveis”, “Guerra e Paz”, “O Morro dos Ventos Uivantes”, ou qualquer coisa de Shakespeare, essas obras da literatura clássica são icônicas e fazem parte do consciente coletivo. Em versões anteriores, atrizes como Greta Garbo, Vivien Leigh e Sophie Marceau já encarnaram a personagem título.

Agora, a tarefa cabe à talentosa Keira Knightley, que tira a missão de letra. Knightley é escolada em obras de época, mesmo quando não está sob o comando de Wright. Aqui a verdadeira surpresa fica por conta do resto do elenco, afinal Knightley não nos surpreende tanto com sua graça e extremo talento, isso é o esperado dela. A atriz consegue transparecer uma serenidade intocável de início, quando sua personagem se mantém distante das investidas de seu novo pretendente e de seus próprios sentimentos.

Na trama clássica, a dama da alta-sociedade Anna Karenina, casada com um membro do governo, na Rússia do século XIX, é seduzida pelo Conde Vronsky, um jovem inconsequente, escandalizando assim a sociedade burguesa da época. Aaron Taylor-Johnson galga seu espaço como um dos jovens mais talentosos de sua geração, e para isso escolhe papéis diversificados dentro dos mais variados filmes.

Aqui, o jovem ator dá novas nuances ao personagem do sedutor Vronsky, que como um menino imaturo cobiça o que não possui, para depois abandonar em busca de algo mais novo. Jude Law igualmente surpreende. O ator que no passado seria a escolha óbvia para o galante Conde, entra em nova fase de sua carreira, aos 40 anos de idade, na pele do traído Karenin. Um personagem que vê seu mundo desmoronar de uma hora para outra, e seus bens mais preciosos escorregarem por seus dedos, sem que possa impedir.

Law causa impacto com sua caracterização física do pacato personagem, exibindo uma calvície que atribui idade e afastamento de seus usuais parâmetros de beleza. Completando o elenco principal, a sueca Alicia Vikander (vista esse ano no indicado ao Oscar “O Amante da Rainha”) rivaliza com Knightley mostrando que sua jovialidade, além do talento, conta na batalha de suas personagens. É como se a ficção se mesclasse à realidade para dizer que uma nova geração está chegando, e que Knightley, outrora a jovem sensação, já está madura e começa a dar passagem para estrelas em potencial.

Outro fator curioso e muito interessante é a forma narrativa que o diretor Joe Wright escolheu para o filme. Já que “Anna Karenina” foi muito adaptada, a abordagem de Wright garante que nunca foi dessa forma. Aqui de início temos personagens adentrando portas para saírem em locais totalmente diferentes. Tudo é feito como uma peça de teatro, onde num palco o mesmo espaço pode significar as locações mais diferentes. Tudo na cenografia é criativo e soa propositalmente falso, como os trens na estação. “Anna Karenina” de Joe Wright funciona como um grande musical sem música.

Coreografias, gestos, e os cenários convergem para o exagero em muitos momentos, onde obviamente seriam colocadas as cantorias, caso o filme optasse pelo gênero. Mesmo com todos os seus atributos, podemos considerar “Anna Karenina” o trabalho menos prestigiado da dupla Wright e Knightley, já que foi indicado apenas em quesitos técnicos (mesmo sendo quatro indicações). “Anna Karenina” levou no quesito de melhor figurino, mas é outro filme que poderia facilmente figurar entre os dez (de apenas nove) indicados na categoria principal. Cacife para isso o filme tem.

 

Crítica por: Pablo Bazarello (Blog)

 

 

Anjos e Demônios

 

 

Sinopse: Durante o Conclave (a cerimônia que escolhe o novo Papa), quatro cardeais são sequestrados. A ameaça é que, a cada hora, um deles seja morto. Para evitar o pior, o Vaticano chama o Prof. Robert Langdon.

O autor Dan Brown ficou famoso ao redor do mundo quando lançou o romance O Código Da Vinci. Além de ser um thriller bem construído, o livro gerou polêmica por defender a ideia de que Jesus tinha um relacionamento carnal com Maria Madalena. Em seu trabalho anterior, que foi “redescoberto” enquanto O Código fazia sucesso, ele já pisava nos calos da Santa Sé.

A adaptação cinematográfica de Anjos e Demônios (Angels & Demons) tenta tirar um pouco do peso sobre a Igreja Católica em seu roteiro. Mesmo assim o Vaticano proibiu a produção de realizar gravações na Praça de São Pedro – o que se vê no filme é uma réplica. O filme oferece um belo passeio pelos prédios históricos de Roma que dá vontade de ir para lá.

Outra mudança feita para que a aventura saísse das páginas para as telas foi a alteração na ordem dos livros. Por ter sido lançado mais tarde, O Código Da Vinci acontece depois da investigação de Langdon no Vaticano. No cinema o que acontece é o contrário, Anjos e Demônios é uma sequência dos acontecimentos no Museu do Louvre. Essas mudanças não devem enfurecer os fãs do autor, já que o clima do livro foi mantido.

Os erros do filme anterior foram bem assimilados pelos produtores. Eles conseguiram manter-se fora das falhas que foram os fatores determinantes para a má recepção de O Código Da Vinci. As explicações extensas que faziam o público sentir-se chateado e perdido foram cortadas e, também por isso, a emoção é muito maior. Até o cabelo de Tom Hanks (Jogos do Poder) foi modificado! Quem acreditar que dessa vez temos um bom filme e resolver ir ao cinema não se arrependerá.

 

 
Crítica por: Edu Fernandes 

 

 

Anjos da Vida – Mais Bravos que o Mar

 

 

estreia nesta sexta-feira nos cinemas nacionais este ‘Anjos da Vida – Mais Bravos que o
Mar.’ Dirigido por Andrew Davis (o mesmo do fraco Efeito Colateral) a fita é surpreendentemente boa, com cenas de ação e efeitos especiais de tirar o fôlego e também com boas atuações da dupla central (que quase nunca faz nada de bom) Ashton Kutcher e Kevin Constner.

A história mostra Ben Randall (Constner) um dos nadadores mais conhecidos e respeitados da Guarda Costeira americana. Porém após passar por um resgate traumatizante acaba tendo seu trabalho prejudicado, e acaba sendo enviado para ser treinador de um grupo de novos recrutas. Neste grupo ele encontra Jake Fischer (Kutcher) um jovem que também vem de um passado traumático, campeão de natação, e que (obvio) vai bater de frente com as técnicas de ensino de Randall.

Mesmo com um roteiro obvio demais vale a pena passar 2h20 na sala para assistir a Anjos da Vida – Mais Bravos que o Mar. É um filme bem pipoca, daqueles que você esquece logo, mas se você gosta de filmes com bastante ação, tensão, bem ao melhor estilo ”blockbuster” corra para o cinema.

 

 
Crítica por: Bruno Fidelis Gomes

 

 

Anjos da Noite 4: O Despertar

 

Muito aguardado pelos fãs da trilogia, o quarto filme da saga “Anjos da Noite” chega aos nossos cinemas no dia 02 de março. A história fraca e a busca pela melhor tomada nos belos olhos azuis de Kate Beckinsale não ajudam muito a fita dirigida pelos suecos Måns Mårlind Björn Stein.
Na trama, uma guerreira vampira consegue se libertar de uma organização mal intencionada após 12 anos em cativeiro gelado. No lugar do único homem que amou ela encontra uma menina com os olhos dele. De volta à vida, tem que se preparar para uma guerra entre espécies e mais tarde ainda fica sabendo que tem uma filha que não é exatamente somente uma vampira.

A atriz inglesa Kate Beckinsale (que interpretou Ava Gardner em “O Aviador”) tem a difícil missão de ser a protagonista desse duelo entre lobisomens e vampiros. Com a roupa preta bem justa a beleza da artista é bastante explorada. Sua personagem Selene é uma lutadora exterminadora de inimigos, para vocês terem uma idéia, numa cena provoca uma fratura exposta com apenas um movimento. As pistolas duplas (utensílios bastante utilizados durante as batalhas) lembram a famosa Lara Croft.

A breve introdução, sobre a história dos outros filmes da saga, ajuda o espectador a situar-se melhor com o que acontece em cena. Então, respondendo a pergunta de vocês: Não precisa ver todos os outros três filmes para assistir a esse (mas, é sempre bom né?).

O filme é o irmão gêmeo bivitelino de “Resident Evil”. Analisando: futuro cheio de não-seres humanos, potencial bélico aos montes, protagonistas lindas e corajosas, dezenas de baixas de guerra pelo caminho, roteiros confusos e direções contestáveis. São ou não são iguaizinhos?

Baseado na história de Len Wiseman, o pensamento nerd paira no ar, esse longa daria um ótimo jogo para qualquer console de última geração.

Em seu desfecho, fica evidente uma enorme deixa para um quinto filme.

Vá conferir caso seja fã da nova mamãe vampira da praça.
 

 

Crítica por: Raphael Camacho (Blog)

 

 

Anjos da Noite – A Rebelião

 

 

A terceira saga de Anjos da Noite – A Rebelião (Underworld: Rise of the Lycans – EUA/Nova Zelândia/2009 – 92 min. – Sony Pictures) volta ao cinema para contar a história da batalha que há milênios separa duas raças imortais. Retornando no tempo, ‘mergulhamos’ no mundo de Vampiros e Lobisomens e conhecemos as origens do conflito que tornaram os dois seres inimigos mortais.

 

Há mais de mil anos nasceram os descendentes do imortal Alexander Corvinus. Os Vampiros, da linhagem de Markus e os Lobisomens, da linhagem de William. Com maior habilidade política, os elegantes e aristocratas Vampiros passam a dominar a parte Ocidental da Hungria, enquanto que os desorganizados e fortes Lobisomens, dispersaram-se na sombria Floresta.

 

Mas um nascimento muda o curso da história. Um Lobisomem femenino dá a luz um filho com aparência humana. Seu nome é Lucian (Michael Sheen), o primeiro Lycan nascido na escuridão, dentro da fortaleza do Vampiro Viktor (Bill Nighy). Com capacidade de assumir a forma animal e humana – que seus descendentes não possuíam – Viktor usa sua linhagem para criar escravos e guardiões diurnos. Impedidos de se transformarem, os Lycans servem Viktor que reina absoluto, controlando seu clã, os Lobisomens e os nobres, exceto sua filha Sonja (Rhona Mitra). Destemida, ela cavalga com os Mercadores da Morte protegendo a Fortaleza dos Lobisomens selvagens que vivem na região. Mas indo contra o destino se apaixona por Lucian, agora o principal ferreiro e fabricante de armas do castelo. Um romance que mudará o destino das duas raças para sempre.

 

Para os fãs, um retorno ao mundo de seres que ganharam às telas do cinema pela primeira vez em 2003, com ‘Anjos da Noite – Underworld’ e em 2006, com ‘Anjos da Noite – A Evolução’.

 

A atmosfera, as batalhas, as criaturas desenhadas por Patrick Tatopoulos, que agora assume a direção, talvez sejam o segredo de sucesso da trilogia. Nada já produzido pode ser comparado ao mundo de Anjos da Noite. Repleto de efeitos especiais, o filme traz um roteiro inteligente, com atores talentosos, interligando com competência o filme com suas seqüências.

 

Michael Sheen e Bill Nighy retornam aos seus papéis. Já a atriz inglesa, Rhona Mitra, ficou com a difícil missão de ser tão marcante quanto Selene, a Mercadora da Morte dos dois primeiros filmes. Personagem que a atriz Kate Beckinsale deixou como marca em sua passagem pela franquia.

 

‘Para mim, Sonja é um arquétipo de Selene’, comenta o diretor, ‘Ela é uma guerreira, mas existe algo muito mais frágil nela também. Definitivamente é uma forte lutadora, mas também muito carregada emocionalmente’.

 

Com belas locações, as Florestas da Nova Zelândia e um Castelo imerso em velas e braseiros, o filme traz um visual deslumbrante. Com seu tom de latão polido, ele nos transporta para um misterioso e longuínquo passado.

 

 
Crítica por: Viviane FrançaSite: —

 

 

Anjos da Noite: Evolução

 

 

O primeiro filme teve seus prós e contras, agradou uma legião apaixonada por vampiros e lobisomens e desagradou aqueles cinéfilos em busca de algo mais… artistíco e inteligente. Então, para iniciar a base da crítica, eis uma frase que realmente irá especificar do que a sequência se trata: realmente, a evolução.

Ao invés de trazer os erros do primeiro filme e trasnformá-los em acerto, o diretor Len Wiseman decidiu optar pelo lado mais fácil: executar os acertos do primeiro filme e evoluí-los. Ou seja: a trama fica ainda mais como plano de fundo para um filme de ação vertiginosa em um mundo populado por vampiros e lobisomens. E nisso ele acerta: ‘Anjos da Noite: A Evolução’ tem ainda mais ação, efeitos especiais mais “evoluídos” e mais, muito mais, Kate Beckinsale poderosa em roupa de couro apertada.

Continuação do sucesso de 100 milhões de dólares em bilheteria mundial, ‘Anjos da Noite – A Evolução’ continua a saga da guerra entre os aristocráticos Death Dealers e os bárbaros Lycans (Lobisomens). O filme traça o início do antigo feudo entre duas tribos enquanto Selene (Kate Beckinsale), a linda vampira heroína, e Michael (Scott Speedmand), o lobisomem tentam descobrir os segredos de seus antepassados. O ritmo acelerado, o conto moderno de uma ação mortal, intriga e amores proibidos os levam a uma batalha para terminar todas as guerras já que os imortais devem finalmente encarar sua retribuição.

Mesmo com um roteiro fraco, o filme empolga pela perfeição nos detalhes e o talento dos astros principais. Desta vez a trama não é tão volumosa ou enigmática quanto a do primeiro filme, mas a adrenalina corre solta.

Para os que se divertiram com ‘Underworld – Anjos da Noite’, a sequência se exibe ainda melhor e mais interessante do que o primeiro filme, e realmente eleva o filme a um patamar superior. Mas, para que não se diverte vendo a guerra entre vampiros e lobisomens, o segundo filme será ainda mais decepcionante.

Uma sequência superior, divertida e cheia de ação. Que venha o terceiro!

 
Crítica por: Renato Marafon 

 

 

Anjos da Lei

 

No anos 80, a série de TV Anjos da Lei (21 Jump Street) fez sucesso e lançou o então jovem rebelde ator Johnny Depp. Na trama, uma dupla de policiais atuavam infiltrados em escolas para investigar crimes. O longa de mesmo nome, produzido e co-roteirizado por Jonah Hill (a referência em comédia nos dias atuais – para quem já se cansou de Seth Rogen e nunca achou graça em Adam Sandler), traz uma nova geração de agentes.
Sai Johnny Depp e Peter DeLuise, entra Jonah Hill e o hunk Channing Tatum; como os atrapalhados Schmidt e Jenko.

Anjos da Lei inicia em 2005, mostrando a realidade dos colegiais: Jenko (popular, mas que não tem bom desempenho escolar, o famoso atleta da escola) e Shmidt (nerd, porém inteligente, tendo como modelo de referência o rapper Eminem). Anos depois os dois se encontram em prova para a polícia americana. Um tem o que o outro precisa, tornam-se amigos e passam para a academia.

O roteiro de Stephen J. Cannell (Esquadrão Classe A) e Hill (Superbad), brinca com o excesso de adaptações de clássicos dos 80, com referências aos métodos da época. O deboche é enfatizado em diálogos (como uma fala do chefe da dupla, em que esclarece que as pessoas estão sem imaginação e o que fazem é copiar coisas que já foram feitas). Recheada de humor e ação, a trama mostra o choque entre duas gerações através dos jovens policiais.

As referências de Hill e Cannell imprimem a mudança comportamental dos jovens em tão pouco tempo, revelando como as famosas tribos da high school americana sofreram mudanças drásticas. Se antes haviam apenas os populares, os nerds e os rebeldes (vide filmes de John Hughes); agora há uma mudança radical onde um nerd pode ser o popular e o atleta pode não ser tão legal assim. Esse choque adicionado às trapalhadas da dupla dão verocidade na ação, agilidade no humor e empatia na trama.

Mesmo com uma pequena “barriga” na narrativa (é quando os roteiristas apelam no emocional, tornando o nerd em cool e o atleta num geek), mas logo é compensada com uma sequência de ação/humor. Assim como Depp e DeLuise tinham grande amizade que auxiliava na química na telinha; Channing e Hill juntos também conseguem atrair o público com seus respectivos talentos. Sem apelar nos spoilers da trama, mas com uma informação já confirmada: os espectadores precisam prestar atenção na história para se impressionar com as viradas do filme, em especial na entrada triunfal de Depp e DeLuise como seus respectivos personagens da série original.

O gênero ação/comédia tem ganhado mais força nos últimos anos, com produções como “Um tira no Jardim de Infância“, “Bad Boys“, os recentes “Guerra é Guerra” , “Divisão de Homicídios” entre muitos outros. Hill consegue captar a linguagem de diferentes gerações com seu humor e Cannell usou sua facilidade no gênero. Anjos da Lei segue a linha revival de adaptações, mas sem deixar a desejar e com uma promessa de continuidade.

 

 

 

 

Anjo de Vidro

 

Um filme tocante. Anjo de Vidro é uma produção lançada nos cinemas em 2005 que encantou o publico ao trazer um ótimo elenco num belíssimo painel de pequenas histórias que se cruzam na noite de natal. Susan Sarandon, Paul Walker, Penélope Cruz e Robin Willians são alguns dos nomes presentes em Anjo de Vidro, dirigido por Chaz Palminteri, em sua primeira aparição nos créditos da sétima arte. Durante o filme, o diretor surge como o personagem Arizona, numa participação mínima.

É Natal em Nova York. As ruas estão cobertas de neve, músicas natalinas estão por toda parte e as pessoas andam apressadas em direção às lojas, para comprar os presentes de última hora. Porém um grupo de pessoas está completamente à parte deste clima. Alguns deles são Rose (Susan Sarandon), uma mulher emocionalmente frágil cuja mãe está no hospital, e Mike (Paul Walker), um policial que briga com um homem mais velho (Alan Arkin). Porém alguns encontros na véspera de Natal fazem com que eles repensem a vida. Nesse enredo ainda há espaço para Nina (Penélope Cruz, linda e provocante) como a mulher do ciumento policial Mike.

Anjo de Vidro ensaia temas como espiritismo (reencarnação), porém, não se aprofunda na questão, deixando a trama mais ligada as relações pessoais e a carência de muitas pessoas, que aprendem a viver sozinhas, sem auto flagelar-se com a situação em que vivem, repleta de solidão. Amor, amizade e companheirismo são algumas das palavras-chave que definem essa produção refinada, distribuída pela Imagem filmes e que fez mais sucesso no mercado de dvd.

Com 96 minutos de duração, Anjo de Vidro traz ainda uma belíssima fotografia noturna: as luzes e os fogos na noite de natal são emocionantes e sofisticados adornos para a trama. A trilha sonora é igualmente agradável, ligada totalmente ao que é exibido em tela, fugindo do convencionalismo que produções desse tipo insistem a abordar: colocar “aquela” musiquinha melosa e tocante numa cena óbvia para arrancar choro da platéia.

 

 
Crítica por: Leonardo Campos

 

 

Amor é Tudo o que Você Precisa

 

É estranho ver tamanha falta de sensibilidade e bom gosto vindo de uma diretora que geralmente é sinônimo de qualidade. A dinamarquesa Susanne Bier começou a carreira no início da década de 1990, mas chamou a atenção na seguinte, quando seu “Broders” (a versão original de “Entre Irmãos”) se consagrou no Festival de Cannes.

De lá pra cá Bier esteve no comando do prestigiado “Depois do Casamento” (considerado um de seus melhores filmes, e indicado ao Oscar de filme estrangeiro), pisou em Hollywood com “Coisas que Perdemos pelo Caminho”, seu único filme totalmente falado em inglês.

E com “Em um Mundo Melhor” finalmente levava o prêmio da Academia como o melhor filme estrangeiro de 2011. Depois de sua consagração no Oscar, vinda de uma série de filmes intensos, embora muitos os acusem de serem também óbvios demais, a diretora resolve entregar uma obra mais leve e descompromissada, uma típica comédia-romântica para mostrar que também sabe se divertir e sair de cargas pesadas. E o resultado é que Bier estava melhor em seus incisivos filmes emocionais.

 

Escrito por Anders Thomas Jensen (colaborador de todos os filmes da diretora), baseado numa história dele e da própria Bier, a trama fala sobre uma mulher interpretada por Trine Dyrholm (colaboradora de Bier em “Em Um Mundo Melhor”) passando por uma crise de meia idade, quando após vencer um câncer descobre a traição do marido em vias de embarcarem para a Itália, para o casamento da filha. Ao chegar no aeroporto colide com o carro de Philip (Pierce Brosnan), o pai do noivo, um milionário rude e viúvo, que só pensa em trabalho.

A proposta aqui é fazer essas duas pessoas tão distintas se apaixonarem, e a mensagem é que o amor pode surgir a qualquer momento dos lugares mais inesperados, e em qualquer época da vida. “Amor É Tudo o que Você Precisa” lembra o musical “Mama Mia!”, só que pior, porque aqui não temos as divertidas músicas do ABBA, Meryl Streep ou as belas locações da Grécia. Nada funciona nessa nova investida da dupla Bier Jensen, as cenas beiram o ridículo e os diálogos são simplesmente ruins. Temos conflitos dignos de novelas da Globo, ou pior, de novelas mexicanas.

Os personagens são clichês dos piores estereótipos, como o protagonista de Brosnan, a figura do empresário viciado em trabalho e péssimo pai, que no final irá se redimir com o filho. O sujeito turrão se encanta pela mãe da noiva, recém-traída, sem que saibamos muito bem por que. A sempre bela e interessante Trine Dyrholm não tem apelo nenhum como a personagem Ida. A culpa porém, é de como a personagem foi escrita, uma boboca apagada que só sabe rir. A infeliz mulher é digna de pena, e nunca imaginaríamos alguém se encantando por ela de tal forma.

E não por ter passado e vencido de uma grande doença, isso demonstra sua garra (mesmo que faça uso de uma péssima peruca de careca, que simplesmente distrai por soar extremamente falsa), mas por ser uma pessoa desinteressante de forma geral, e a definição da palavra ordinária. Bier cria cenas embaraçosas para o seu elenco, como quando Brosnan e Dyrholm se conhecem após a colisão de seus veículos num estacionamento. É algo sem tato algum.

Em nenhum momento acreditamos no relacionamento e envolvimento do casal protagonista. Brosnan e Dyrholm não possuem química e isso é fatal para qualquer comédia-romântica. Esse era o aspecto que Bier deveria ter trabalhado em seu filme. Os dois parecem mais desconfortáveis em suas cenas do que nós assistindo ao filme. Os diálogos parecem descer quadrados, quando Brosnan fala sobre frutas, não existe algo de especial a ser dito pelos dois, apenas trivialidades do dia-a-dia.

 

E isso não é o sinal de uma comédia-romântica que conseguirá se distinguir no tempo. É verdadeiramente uma pena que talentosos e experientes cineastas como Bier e seu roteirista Jensen fiquem presos a um filme formulaico como esse, sem conseguir emanar nem uma pequena faísca de seus trabalhos anteriores.

 

Crítica por: Pablo Bazarello (Blog)

 

Amor sem Escalas

 

 

Sinopse: O trabalho de Ryan é viajar pelo país despedindo pessoas. Sem residência fixa a maior parte do ano, ele leva uma vida vazia e sem comprometimentos. Entretanto, um dia a empresa para a qual trabalha decide que ele deve ficar no escritório fazendo seu trabalho remotamente.

Quem achou estranho o fato de que o diretor da comédia ácida Obrigado por Fumar também é responsável pela fofa fita sobre gravidez juvenil Juno terá algumas respostas ao assistir Amor sem Escalas (Up in the Air). Nessa produção, o cineasta Jason Reitman mostra a todos sua proposta de contação de histórias.

No lugar do lobista da indústria do tabaco, o anti-herói da vez é um homem contratado para demitir pessoas. Por seguir uma filosofia de vida antimatrimonial semelhante à do personagem, George Clooney dá muita graça e sinceridade a Ryan Bingham. A autenticidade do filme é aumentada pelos discursos dos demitidos, emitidos por desempregados reais que acabaram de perder o emprego por causa da crise.

Do estilo cinematográfico de Reitman, pode-se ver sequências com edição agitada e a construção de quadros que, se vistos sem o contexto, são instigantes e enigmáticos. Os leitores que pensaram “mas o que é isso?” logo no começo de Juno sabem do que estou falando. Só para lembrar: em um gramado, a protagonista bebe um galão de suco de laranja olhando para uma poltrona velha.

Parte do elenco também remete a produções passadas de Jason Reitman, seja em um papel médio, como Jason Bateman (Encontro de Casais), ou em participações especiais. Atores que já estiveram sob a direção de Reitman aparecem na tela em pequenas pontas, como J.K. Simmons – há mais surpresa nesse quesito.

Apesar de conter momentos engraçados, Amor sem Escalas trata de temas sérios. Solidão, achar sentido na vida e preocupar-se com o futuro são algumas das questões abordadas no enredo. Tudo isso, com um desenvolvimento leve da trama.

 Crítica por: Edu Fernandes (HomemNerd)

 

 

Amor sem Escalas

 

Um dos filmes mais comentados dos últimos meses, chega às telas Amor sem Escalas (Up in the air), novo e aclamado trabalho de Jason Reitman, o premiado diretor de Juno. Não se espante com o filme à primeira vista: ele demorou bastante a me conquistar. Mas, no final, eu estava completamente envolvida com a trama que aborda a solidão e o vazio das relações pelo olhar masculino.

Baseado no livro de Walter Kirn, a história gira em torno de Ryan Bingham (George Clooney), um homem com uma profissão bem peculiar: ele é pago para viajar pelos Estados Unidos despedindo funcionários de empresas em crise. Ryan não parece se incomodar com o trabalho hostil, pois se contenta com a vida que ele considera perfeita.

Desapegado de tudo e de todos, ele passa a maior parte do tempo entre aeroportos, hotéis e carros alugados. De vez em quando faz algumas palestras em que conta seu case ‘a mochila vazia’. A razão de abordar o tema é o fato de que Ryan consegue carregar tudo o que precisa em uma mala de mão, é membro de elite de todos os programas de fidelidade existentes e está próximo de atingir seu maior objetivo: 10 milhões de milhas voadas.

Se para os outros essa é uma vida solitária e vazia, para ele tudo faz sentido. Ryan tem uma casa em que passa apenas alguns dias por ano; duas irmãs que mal vê; relacionamentos esporádicos que considera reais. Nada mais importa, essa foi sua escolha e ele nunca questiona isso. Mas quando seu chefe, inspirado pela eficiente e novata funcionária Nathalie (Anna Kendrick) ameaça mantê-lo permanentemente na sede da empresa, Ryan se assusta. Ao mesmo tempo, ele se envolve com Alex (Vera Farmiga), uma mulher com o mesmo estilo de vida que o seu e, pela primeira vez, ele vê a perspectiva de ficar em terra firme, contemplando o que realmente pode significar ter um lar.

Alguns pontos chaves tornam Amor sem Escalas interessante. A relação de Ryan e Alex é cercada de detalhes que se revelam uma grande surpresa perto do final do filme. O modo como Ryan lida com a tecnologia que está ocupando seu lugar no trabalho também chama a atenção. A frieza atual das relações humanas – evidenciada tanto na forma como Ryan trata sua família como na demissão dos funcionários – é outra questão abordada. E o embate entre Ryan e Nathalie sobre casamento e comportamento com seus parceiros é brilhante.

Todos estes pontos levam ao mesmo caminho: o excelente roteiro que, em alguns momentos, parece que vai cair no clichê ‘só o amor constrói’ mas dá uma rasteira no espectador, surpreendendo especialmente nos instantes finais. E diante de um roteiro tão primoroso, o elenco abraçou cada diálogo com vontade, sobressaindo em boas atuações. George Clooney é ele mesmo, charmoso, carismático e sedutor, o solteirão convicto capaz de levar a vida que quiser. Vera Farmiga e Anna Kendrick também correspondem ao perfil de suas personagens; uma é totalmente despojada, a outra, convicta de suas intenções.

Corajoso e autêntico, Amor sem Escalas não cai em ciladas para agradar ao público. Seu protagonista é um cara que não pensa em casar, nem em ter filhos muito menos em assumir um compromisso real (de acordo com os padrões da sociedade), porque o real dele é cada um na sua. Ele não se preocupa em comprar uma casa, ter bens, nada. Ele não quer se comprometer e não faz a menor questão que as pessoas gostem dele. E todo mundo questiona esse jeito tão peculiar, aparentemente solitário, mas que foi uma escolha dele. E a vida é feita de escolhas, não? Simples assim.

 

 
Crítica por: Janaina Pereira (Cinemmarte)

 

 

Amor por Acaso

 

 

Sinopse: Ana acaba de perder o pai e herdar uma dívida enorme. Para equilibrar as finanças, decide viajar para a Califórnia e vender uma propriedade que era de sua avó. O problema é que o recém-divorciado Jake está transformando a casa em uma pousada e ela terá de despejá-lo.

Amor por Acaso (Bed & Breakfast) é uma comédia romântica em que um casal que tem tudo para ser inimigos acaba se apaixonando. Esse casal é interpretado por dois atores que já provaram seu carisma no decorrer de suas carreiras. Então como uma fórmula eficaz em diversas títulos do gênero acaba em um filme fraquinho?

Os erros do roteiro estão nos detalhes. O filme começa nos Estados Unidos para que o público de lá assista às primeiras cenas sem ler legendas e comece a se envolver com a história. Depois, a ação dirige-se para o Rio de Janeiro com falas em português. Nesse ponto, os falantes de inglês já estarão integrados com os personagens e não terão tanta resistência a um idioma estranho.

O problema está a partir desse ponto, em que se força a barra para que haja o maior número possível de diálogos em inglês. Assim, sem qualquer motivo aparente, o advogado (Julian Stone) de Ana (Juliana Paes) é britânico e ela fala em inglês até com o labrador de estimação de Jake (Dean Cain).

A direção de Márcio Garcia corre bem na maior parte do tempo, mas em algumas oportunidades ele abusa dos movimentos de câmera. Novamente sem motivo aparente, a não ser que se espere deixar o espectador marejado.

Com participação brasileira na produção, o filme não utilizou leis de incentivo para bancar a empreitada. Para isso, contou-se com patrocinadores e a aparição das marcas é mais um exemplo dos erros e acertos do longa. Enquanto a loja em que Ana trabalha está bem posicionada, Amor por Acaso tem uma cena após os créditos que entrará para a história de piores merchandisings já vistos.

Finalmente, demora muito para que o casal de protagonista se envolva de verdade. Os dois momentos de carinho que estão no cartaz são os dois únicos beijos entre eles.

 

Crítica por: Edu Fernandes (CineDude)

 

 

O Amor Pode Dar Certo

 

 

Sabe aqueles filmes açucarados, que podem matar uma pessoa com diabetes? E quando unem esse filme açucarado com uma pessoa com pouco tempo de vida, como no triste ‘Doce Novembro’ ou ‘Antes que o Dia acabe’? Agora imagine esse filme açucarado, onde os dois protagonistas estão prestes a morrer? Pegue o lenço, vem choradeira por aí.

E por mais que o clichê esteja batido, não conseguimos sair do cinema sem a cara de pateta e o pensamento “que filme lindo”. E ‘O amor pode dar certo’, por mais clichê que seja, nos dá essa sensação.

Não é a história que segura o filme, já que ela realmente é chupada de outros filmes do gênero, mas as atuações inspiradas do casal principal junto com uma direção bela de Ed Stone, que capta as paisagens de maneira doce e ingênua.

Quando descobre estar com um câncer terminal, Henry Griffin (Dermot Mulroney) decide viver intensamente o resto de sua vida. Inutilmente, tenta uma reaproximação com a mulher e os filhos, mas acaba largando tudo para viver em um vilarejo distante. Quando assiste a uma aula sobre a morte em uma universidade, Griffin encontra Sarah Phoenix (Amanda Peet), que afetará profundamente seus últimos dias.

Choro vai, Choro vem, e o filme vai caminhando ao final que todos esperamos que aconteça – e já sabemos – pois todos esses filmes acabam igual. Mas ao sair do cinema, você provavelmente vai ficar com aquele gostinho de paixão na boca. Ou pelo menos de overdose de açúcar. Leve o lenço e a insulina.

 

 

Crítica por: Renato MarafonSite Oficial : —

 

 

O Amor Pede Passagem

 

 
Sinopse: Mike vive com seus pais no motel da família. Quando Sue chega para hospedar-se, ele se apaixona e decide não abandoná-la.

Grandes atores são reconhecidos por sua habilidade de metamorfosear-se a cada novo trabalho. É empolgante ver que o mesmo intérprete que era o mocinho, mais adiante será um terrível vilão. Infelizmente esse tipo de experiência não acontecerá com quem assiste O Amor Pede Passagem (Management).

O casal de protagonistas está longe de trazer algum frescor a suas carreiras com esse filme. Steve Zahn mais uma vez vive um tipo estranho, um cara que vive com seus pais mesmo tendo mais de 30 anos. E Jennifer Aniston mais uma vez está escalada para o papel de Jennifer Aniston (Marley & Eu) – nem a cor do cabelo ela se presta a mudar. Com esse cenário no elenco, fica muito fácil para Woody Harrelson (2012) roubar a cena e ser responsável pelos momentos mais interessantes da produção.

A história contada é verossímil só até certo ponto. O rapaz conhece a moça e se apaixona, mas a moça volta a namorar o ex agressivo e extravagante. Até aí, tudo certo. O problema começa quando Mike começa a perseguir Sue de um jeito que qualquer pessoa normal teria no mínimo receio.

O Amor Pede Passagem passará batido na vida da maioria das pessoas que o assistirem. A única cena memorável é quando Mike canta “Feel Like Making Love” em uma serenata bem exótica. Não é à toa que essa sequência está no trailer!

 

 
Crítica por: Edu Fernandes (HomemNerd)