domingo , 22 dezembro , 2024

Crítica | O Candidato Honesto

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Novo filme de Hassum é menos engraçado do que o horário político eleitoral

Esta comédia nacional não poderia ter sido lançada em momento mais estratégico. O tema é rico e oferece inúmeras possibilidades de sátira e crítica. Na trama, João Ernesto Praxedes é um homem humilde, motorista de ônibus. Tudo muda na vida do sujeito quando ele entra para a política. A corrupção fala mais alto e o protagonista faz tudo para ser eleito o novo presidente do país. Por esta premissa, O Candidato Honesto tinha grande potencial para alfinetar e enfiar o dedo na ferida.

De certa forma, até começa assim, com direito a algumas caricaturas de políticos e famosos. No entanto, os realizadores param por aí, e desistem de tentar. Esse é um filme protagonizado pelo comediante Leandro Hassum, e se comporta como tal. Por mais que tentem envernizar com uma pretensa acidez, toda a estrutura de um filme do humorista está montada aqui. Isso inclui piadas repetitivas, coadjuvantes similares a desenhos animados e, como não poderiam faltar, momentos ofensivos planejados como inocentes, que agridem todo mundo um pouco (desde homossexuais até certas religiões).



CinePop 3

Ainda nos créditos de abertura podemos ver a produção “pegando emprestado” do norte-americano Os Candidatos (2012), comédia protagonizada por Will Ferrell (que embora não tenha acertado em cheio no alvo com sua sátira de uma campanha eleitoral, consegue se sair melhor do que este projeto). Na cena em questão, o candidato promete que o grupo para o qual discursa é sua prioridade. A cada nova plateia, novas prioridades, representando a volatilidade das promessas políticas.

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Porém, de onde mais tira emprestado, beirando o plágio, é de O Mentiroso (1997), comédia com Jim Carrey. E esta é a maior decepção do longa, que desperdiça a chance de ser algo original para se tornar apenas uma cópia deslavada de um sucesso de quase vinte anos atrás. A “inspiração” é tanta que Hassum repete até mesmo as caretas de Carrey, passo a passo. Os melhores momentos são trazidos pelo “núcleo sério” do filme, encabeçado pela bela Luíza Valdetaro no papel de uma jornalista investigativa.

CinePop 2

E quando digo melhores momentos, é simplesmente por se tratar do trecho que menos se parece com o filme ao qual estamos assistindo. É claro que a gatinha terminará nos braços do atrapalhado protagonista. E por que não? Aqui, fazer uma sátira política é confundido com o uso de profanidade e obscenidade. Esse é o filme de Hassum que mais utiliza palavrões e xingamentos, ou talvez o único. O fato de ter como tema a política (ou ao menos fingir) deu liberdade aos realizadores para o uso do baixo calão. O fato deveria ter elevado a censura de 12 anos. Mesmo assim, provavelmente é a mais alta de um filme do comediante.

Dessa forma acreditam estar fazendo um filme adulto. Na verdade, a essência de O Candidato Honesto continua extremamente infantil e boba, assim como todas as obras no currículo do humorista. Isso inclui a pretensa crítica à política brasileira, apenas pincelada. Ou será que está bom apenas apontar fatos já estabelecidos sobre a corrupção do país de forma superficial, como trocar o nome mensalão para “mesadinha”? O Candidato Honesto, assim como os eleitores que desperdiçam o seu voto, é uma oportunidade perdida.

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Esta comédia nacional não poderia ter sido lançada em momento mais estratégico. O tema é rico e oferece inúmeras possibilidades de sátira e crítica. Na trama, João Ernesto Praxedes é um homem humilde, motorista de ônibus. Tudo muda na vida do sujeito quando ele entra para a política. A corrupção fala mais alto e o protagonista faz tudo para ser eleito o novo presidente do país. Por esta premissa, O Candidato Honesto tinha grande potencial para alfinetar e enfiar o dedo na ferida.

De certa forma, até começa assim, com direito a algumas caricaturas de políticos e famosos. No entanto, os realizadores param por aí, e desistem de tentar. Esse é um filme protagonizado pelo comediante Leandro Hassum, e se comporta como tal. Por mais que tentem envernizar com uma pretensa acidez, toda a estrutura de um filme do humorista está montada aqui. Isso inclui piadas repetitivas, coadjuvantes similares a desenhos animados e, como não poderiam faltar, momentos ofensivos planejados como inocentes, que agridem todo mundo um pouco (desde homossexuais até certas religiões).

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Ainda nos créditos de abertura podemos ver a produção “pegando emprestado” do norte-americano Os Candidatos (2012), comédia protagonizada por Will Ferrell (que embora não tenha acertado em cheio no alvo com sua sátira de uma campanha eleitoral, consegue se sair melhor do que este projeto). Na cena em questão, o candidato promete que o grupo para o qual discursa é sua prioridade. A cada nova plateia, novas prioridades, representando a volatilidade das promessas políticas.

Porém, de onde mais tira emprestado, beirando o plágio, é de O Mentiroso (1997), comédia com Jim Carrey. E esta é a maior decepção do longa, que desperdiça a chance de ser algo original para se tornar apenas uma cópia deslavada de um sucesso de quase vinte anos atrás. A “inspiração” é tanta que Hassum repete até mesmo as caretas de Carrey, passo a passo. Os melhores momentos são trazidos pelo “núcleo sério” do filme, encabeçado pela bela Luíza Valdetaro no papel de uma jornalista investigativa.

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E quando digo melhores momentos, é simplesmente por se tratar do trecho que menos se parece com o filme ao qual estamos assistindo. É claro que a gatinha terminará nos braços do atrapalhado protagonista. E por que não? Aqui, fazer uma sátira política é confundido com o uso de profanidade e obscenidade. Esse é o filme de Hassum que mais utiliza palavrões e xingamentos, ou talvez o único. O fato de ter como tema a política (ou ao menos fingir) deu liberdade aos realizadores para o uso do baixo calão. O fato deveria ter elevado a censura de 12 anos. Mesmo assim, provavelmente é a mais alta de um filme do comediante.

Dessa forma acreditam estar fazendo um filme adulto. Na verdade, a essência de O Candidato Honesto continua extremamente infantil e boba, assim como todas as obras no currículo do humorista. Isso inclui a pretensa crítica à política brasileira, apenas pincelada. Ou será que está bom apenas apontar fatos já estabelecidos sobre a corrupção do país de forma superficial, como trocar o nome mensalão para “mesadinha”? O Candidato Honesto, assim como os eleitores que desperdiçam o seu voto, é uma oportunidade perdida.

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