sexta-feira, março 29, 2024

Os Filmes de Quentin Tarantino (que Não Foram Dirigidos por ele)

Na última sexta-feira, dia 27 de março, o cineasta Quentin Tarantino completou 57 anos de vida. Considerado o grande diretor de sua geração, e um dos maiores que o cinema já viu, é claro que a data não poderia passar em branco aqui no CinePOP.

Assim, como forma de homenagear este talentosíssimo artista – que segue influente e relevante – resolvemos criar uma lista diferente. Tarantino é minucioso, e como todo perfeccionista não gosta de queimar o cartucho. Ou seja, suas obras são pensadas e repensadas à perfeição, motivo pelo qual nestes quase trinta anos de carreira desde seu estouro, o diretor possui apenas 9 filmes assinados na carreira (contando Kill Bill como um filme só e também a brincadeira conhecida como À Prova de Morte).

Justamente por isso, os filmes de Tarantino são extremamente reconhecíveis e muito famosos. Todo mundo já falou, mexeu e revirou na filmografia do sujeito. Então, para esta matéria em homenagem ao seu aniversário, pensamos em algo diferente: os filmes que possuem o dedo de Tarantino e você não sabia! Vem conhecer.

My Best Friend’s Birthday (1987)

Ao contrário do que a maioria, incluindo os fãs do diretor, pensa, Cães de Aluguel não foi o primeiro filme de Quentin Tarantino, e sim esta obra independente de baixíssimo orçamento. O cineasta reuniu um grupo de amigos para filmar a obra, e segundo os mesmos, o filme nunca ficou de fato pronto. Rodado no esquema de guerrilha durante três anos, a produção optou pela imagem em preto e branco, para ficar mais barato. Apesar do amadorismo, esta ideia serviria como o esqueleto para outro roteiro do diretor que viria a seguir. Na trama, Mickey faz aniversário e recebe de presente um pé na bunda da namorada. Para animá-lo, seu melhor amigo Clarence decide dar-lhe um presente inesquecível. Tarantino inicia aqui seu costume de aparecer nos seus filmes como ator.

Amor à Queima-Roupa (1993)

O melhor filme de Tarantino, que Tarantino não dirigiu. Como dito acima, o roteiro de My Best Friend’s Birthday serviu de esboço para o roteiro deste longa, que o cineasta queria muito comandar. Mas os produtores consideraram Tarantino um artista sem muita experiência e passaram a função para o renomado Tony Scott. O roteiro foi vendido por mil dólares na época, o mínimo que poderia ser oferecido pelo texto, mas podemos perceber as digitais do cineasta em cada palavra proferida. Na trama, um sujeito aficionado por filmes e cultura pop se mete num mundo de crime maior do que possa imaginar quando conhece a garota de programa Alabama. O elenco é um dos melhores da década, com Dennis Hopper, Christopher Walken, Brad Pitt, Gary Oldman, Val Kilmer, James Gandolfini, Samuel L. Jackson, e Patricia Arquette e Christian Slater como o casal protagonista.

Parceiros do Crime (1993)

Por trás da genialidade e do sucesso de Quentin Tarantino existe uma voz escondida. Esta voz é a de Roger Avery, o parceiro desconhecido dos primeiros trabalhos de Tarantino. A dupla esteve junta em Cães de Aluguel, Amor à Queima-Roupa e Pulp Fiction. Então era natural que o diretor mega celebrado produzisse o primeiro longa do amigo. Dito e feito, Parceiros do Crime, escrito e dirigido por Roger Avery, e com toda a vibe inicial da dupla, traz Quentin como produtor executivo. Considerado “o primeiro grande filme de assalto da geração X” pelo crítico Roger Ebert, o longa narra a história do americano Zed (Eric Stoltz) em Paris para, junto a um amigo de longa data (hoje viciado em drogas), realizar um assalto a banco. No processo, ele conhece uma bela jovem francesa com quem inicia uma relação, papel de Julie Delpy pré-Antes do Amanhecer. No ano seguinte, Stoltz voltaria a trabalhar com a dupla Avery/Tarantino em Pulp Fiction, e o nome Zed igualmente seria utilizado, mas para outro personagem.

Assassinos por Natureza (1994)

Ao contrário do que havia ocorrido no ano anterior com Amor à Queima-Roupa, Tarantino não ficou nada contente com as mudanças que a Warner orquestrou em seu roteiro de Assassinos por Natureza. O novo tratamento, escrito a três mãos, incluindo a do diretor Oliver Stone (que assumiu a obra), fez com que Quentin fosse creditado apenas como dono da ideia. Durante muito tempo Tarantino odiou Assassinos por Natureza e sua preocupação principal era a de que os fãs pensassem que este era seu texto, já que ele foi completamente modificado. No entanto, o fato foi apaziguado quando a Warner permitiu que o diretor publicasse seu roteiro original para o filme. Na trama da versão final, Woody Harrelson e Julitte Lewis são dois jovens problemáticos, com histórias de vidas miseráveis e tendências homicidas, que se conhecem e se apaixonam, começando uma trilha de corpos por onde passam em sua viagem de carro através dos EUA. No percurso, criam uma lenda em torno de si e se tornam celebridades, como Bonnie & Clyde. No elenco, Tommy Lee Jones, Robert Downey Jr. e Rodney Dangerfield.

Não deixe de assistir:

Grande Hotel (1995)

Antes de Grindhouse (2007), existiu Grande Hotel. Tarantino sempre foi um diretor que gosta de experimentar, e após a explosão de Pulp Fiction, onde ele se tornava o cineasta mais famoso do mundo, decidiu investir num projeto menos ambicioso. Para isso, se juntou com outros três amigos diretores para uma obra dividida em quatro episódios. Cada um deles comandaria um dos episódios que formariam o todo, tendo como pano de fundo um hotel em Hollywood na véspera do ano novo. A única ligação entre as histórias seria o mensageiro do hotel, papel de Tim Roth. Assim, Robert Rodriguez dirigiu a história sobre duas crianças pestinhas, filhos do mafioso Antonio Banderas; Allison Anders contou sobre um covil de bruxas, encabeçado por Madonna (e quem mais?), com planos de ressuscitar sua deusa; Alexandre Rockwell ficou com o trecho do marido traído que amarra sua esposa (Jennifer Beals) – inspirado por um fato ocorrido entre Sean Penn e Madonna num réveillon -; e Tarantino homenageia Hitchcock com seu segmento macabro de um jogo muito perigoso entre homens poderosos – que obviamente conta com o próprio, e Bruce Willis numa ponta não creditada.

Um Drink no Inferno (1996)

E se Amor à Queima-Roupa é o melhor filme de Tarantino que não foi dirigido por ele, Um Drink no Inferno é o filme que mais lhe pertence, sem ele ter comandado na cadeira de diretor. Quentin escreve o roteiro, produz e atua como um dos irmãos Gecko (o outro é George Clooney em seu primeiro grande papel no cinema), dois assaltantes numa onda de crimes pelas estradas americanas. Clooney é o mais centrado, enquanto Tarantino faz o psicopata do duo. O interessante do filme é que até a sua metade, ele se comporta como thriller criminal, com os bandidos fazendo uma família de refém – entre os membros, o patriarca Harvey Keitel, e a filha Juliette Lewis (dois veteranos dos filmes de Tarantino). Mas da segunda metade em diante, quando eles chegam ao bar Titty Twister, temos uma reviravolta que muda o gênero do longa, transformando-o num terror de vampiros barra-pesada. Quem dirige é o amigo de longa data, Robert Rodriguez.

O Albergue (2005)

Por falar em amigos, Tarantino gosta de agregar, com outros cineastas que compartilhem de sua cinefilia e gostos exóticos. Um deles é o “açougueiro” Eli Roth, que participou de Bastardos Inglórios (2009) no papel do “Urso Judeu”, personagem planejado originalmente para Adam Sandler. Quando foi a hora de lançar seu segundo longa-metragem de terror, igualmente sangrento depois do trash Cabana do Inferno (2003), Roth recorreu ao padrinho Quentin. A dupla viu algo de interessante na história sobre um grupo de amigos turistas mochilando pela Europa Central e caindo nas garras de sádicos que pagam caro pela oportunidade de torturar pessoas. O Albergue foi lançado no ano seguinte de Jogos Mortais (2004), e logo considerado um dos precursores do subgênero torture porn. Em 2007, Roth lançava a continuação, novamente tendo Tarantino como produtor.

Daltry Calhoun (2005)

Este aqui é um mistério. Muitos ainda não conseguiram decifrar o motivo pelo qual Quentin Tarantino decidiu produzir esta comédia rotineira e besteirol, que terminou execrada pela crítica, e igualmente um fracasso de bilheteria caindo no esquecimento. Um dos motivos cogitados é o fato do diretor apoiar novos cineastas, e aqui o longa é escrito e dirigido por Katrina Holden Bronson, filha do icônico Charles Bronson. Fora isso, na época, Tarantino estava viciado no programa Jackass, e este filme é protagonizado justamente pelo rosto mais famoso dos destemidos idiotas, Johnny Knoxville. Na trama, ele interpreta um sujeito que abandona a namorada e a pequena filha, e foge para uma nova cidadezinha, onde consegue prosperar. Tudo muda quando no local aparecem justamente sua ex-companheira – vivida por Elizabeth Banks -, e sua filha agora uma adolescente.

Bônus:

CSI (2005)

Quentin Tarantino faz coisas assim, é um cineasta multimídia. Simplesmente deu em sua telha dirigir (e roterizar) um episódio duplo da longuíssima série de sucesso CSI: Investigação Criminal. Obviamente, o diretor era fã do programa, e em sua quinta temporada fechou um acordo para comandar um episódio duplo intitulado Grave Danger – que curiosamente sequer era o final da temporada – ou sua estreia. Mas foi o suficiente para este episódio duplo ser considerado um dos melhores de toda a série. Na trama do capítulo, Nick (George Eads) é capturado e enterrado vivo num caixão enquanto investigava um caso. Assim, a equipe do CSI precisa correr contra o tempo para encontrá-lo. Por esta sinopse você pode perceber que a inspiração já havia sido utilizada por Tarantino no ano anterior, também numa produção dupla: Kill Bill – Volume 2 (2004).

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