Os Horrores de Dolores Roach | Final explicado: Dolores saiu impune ou foi pega?

Cuidado: muitos spoilers à frente.

A série tragicômica ‘Os Horrores de Dolores Roach’ chegou recentemente ao catálogo do Prime Video e já se tornou a mais nova sensação da plataforma de streaming.

Estrelada por Justina Machado, a produção acompanha uma jovem chamada Dolores Roach que, após ser alvo de uma armadilha, é presa por posse de droga e agressão policial. Dezesseis anos depois de ficar encarcerada em uma penitenciária nova-iorquina, ela é liberada e retorna para casa – apenas para descobrir que o bairro onde morava, Washington Heights, foi gentrificado e se transformou em um antro gourmetizado da nova geração, apagando as heranças latinas que lá existiam. Abandonada pelo namorado e pela família, ela se vê sem qualquer prospecto de futuro – até que sua vida vira ao avesso.

A série criada por Aaron Mark é inspirada diretamente no clássico conto ‘Sweeney Todd – O Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet’ e no monólogo ‘Empanadas Locas’ – o que já nos leva a imaginar de que forma a narrativa irá desenrolar. Assim como Sweeney, Dolores percebe que tempos desesperadores requerem medidas drásticas: sem casa para ficar e enfrentando um mundo que mudou por completo, ela encontra uma oportunidade quando um antigo amigo, Luis (Alejandro Hernandez), lhe oferece um lugar para ficar. Estabelecendo um plano para se reerguer, Dolores começa a trabalhar como massagista – mas os ventos de bonança logo se esvaem quando o senhorio que possui o alvará da loja e o contrato do apartamento de Luis os ameaça de despejo, levando-a a mergulhar num vórtice de frustração e ódio que se torna um ímpeto assassino. Infundida por uma onda de ódio, ela mata o senhorio e, para ajudá-la, Luis dilacera o cadáver… E resolve usar a carne para fazer empanadas.

As semelhanças com o longa-metragem supracitado são claras e auxiliam na remodernização de uma das narrativas slasher mais originais de todos os tempos. Entretanto, aqui o escopo ganha camadas críticas que exploram a complexa sociedade dos dias de hoje e fornece pistas do que o destino de Dolores lhe reserva. Afinal, o crime que cometeu e de que Luis se tornou cúmplice parece ter lhe rendido uma tão sonhada paz, o que a leva a acreditar que as coisas podem, de fato, mudar. Isso é, até tudo começar a se desmantelar.

Conforme assistimos aos episódios, a contagem de corpos vai crescendo – e Dolores passa a perceber que as coisas estão saindo do controle e que, aparentemente, ela está disposta a fazer de tudo para sair ilesa. E o crescente comportamento psicótico e sociopata de Luis a faz questionar sobre o futuro que têm juntos – principalmente após ele incriminar a recepcionista Nellie (Kita Updike), grande amiga dos dois, para saírem ilesos. No final das contas, Dolores deveria se manter fiel ao objetivo principal de tudo aquilo: encontrar o ex-namorado, Dominic, e fazê-lo pagar por tê-la mandado para a prisão.

Mas o que acontece na conclusão da história?

Segundo a descrição do projeto, ‘Os Horrores de Dolores Roach’ é uma série, e não uma minissérie; isso significa que, dependendo do sucesso que o título fizer na plataforma, é provável que ganhemos uma segunda temporada. Isso também significa que Mark e seu time de roteiristas tinham liberdade total para colocar um gancho no capítulo de encerramento – mas não poderíamos imaginar que ele seria tão “inconclusivo” quanto o imaginado.

Depois de perceber que precisava fugir de Washington Heights para ter uma chance de liberdade, Dolores acabou sendo responsável pela morte de Luis, ao empurrá-lo para cima de uma fritadeira com óleo escaldante e fazê-lo pegar fogo, incendiando a loja de empanadas. Com o resto do dinheiro que tinha e apropriando-se da van de entregas do falecido Jeremiah (K. Todd Freeman), Dolores saiu em disparada, ganhou as manchetes nacionais e viu sua vida ser transformada em uma aclamada peça teatral; o que ninguém imaginava é que ela ainda não havia sido pega e estava em busca de completar a vingança pela qual sempre sonhou.

Após entrar em conflito com Caleb (Jeffery Self), um ex-vizinho e ex-cliente que adaptou a história de Dolores para os palcos, ela descobriu o paradeiro de alguém que conhecida seu amante. Ao chegar em um estonteante casarão, ela é atendida por alguém que nunca dá as caras: a única coisa que vemos é a protagonista gargalhando antes de estender as mãos para frente e esganar o pescoço do desconhecido. E a pergunta que não quer calar: quem é esse indivíduo?

Pela reação inesperada de Dolores quando a porta abre, talvez a pessoa que Caleb conhecia fosse Dominic sob um outro pseudônimo para não ser encontrado. Ao reconhecê-lo, o primeiro ato da personagem de Machado foi rir antes de completar o que sempre quis – uma jogada óbvia, mas que ao menos fornece um término para essa narrativa. Uma outra teoria, um tanto quanto mais ousada, indica que a pessoa que conhecia Dominic é Luis: afinal, nós o vemos ser engolfado pelo fogo, mas ele não necessariamente pode ter morrido – e sim sofrido fortes queimaduras que o fizeram se esconder do mundo. Em posse do cheque de cinquenta mil dólares que recebeu do filho do senhorio, Jonah (Ilan Eskenazi), e provavelmente angariando um certo dinheiro após revelar a verdadeira história para Caleb, Luis pode ter encontrado o melhor disfarce possível, ao menos até ser encontrado por Dolores e, pouco depois, ter sofrido as consequências.

Luis também tem grandes chances de conhecer o paradeiro de Dominic: como vemos através dos episódios, as histórias sobre o que aconteceu ao ex-namorado de Dolores não fazem muito sentido e são cheias de furo. Como se não bastasse, ele tenta convencê-la a deixar a vingança de lado e pensar em um futuro ao lado dele – pois sempre teve uma paixão doentia pela jovem. É claro que sempre há a possibilidade de que uma outra pessoa estivesse lá (mas essa segunda teoria fomenta um segundo ciclo que pode dar finalização para o arco de Dolores).

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Thiago Nollahttps://www.editoraviseu.com.br/a-pedra-negra-prod.html
Em contato com as artes em geral desde muito cedo, Thiago Nolla é jornalista, escritor e drag queen nas horas vagas. Trabalha com cultura pop desde 2015 e é uma enciclopédia ambulante sobre divas pop (principalmente sobre suas musas, Lady Gaga e Beyoncé). Ele também é apaixonado por vinho, literatura e jogar conversa fora.

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