sexta-feira , 10 janeiro , 2025
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À Procura de Eric

 

À Procura de Eric, de Ken Loach, nos cinemas a partir desta sexta, 6 de novembro, não é, à primeira vista, um trabalho típico do diretor. Conhecido por ser engajado e transportar isso para seus filmes, Loach segue o mesmo caminho de Ang Lee e aponta para uma nova estrada, a da comédia. Mas os fãs do diretor não irão se decepcionar: nas entrelinhas é o bom e velho Loach de sempre, agora com boas doses de risadas.

A história gira em torno de Eric Bishop (Steve Evets), um carteiro da cidade de Manchester, na Inglaterra, apaixonado por futebol. Sua vida não é lá essas coisas, mas ele insiste em não olhar para frente: com um pé no passado e remoendo mágoas, acumula problemas e frustrações.

Seu grande ídolo é Eric Cantona, o jogador de futebol que idolatrado pela torcida do Manchester United nos anos 1990. E é o próprio Cantona que passa a visitar Eric em sua imaginação, dando conselhos e o ‘empurrãozinho’ que faltava para o carteiro aparar as arestas de sua vida. Com ajuda o ‘amigo’, Eric tenta resolver seus problemas com a ex-mulher e com um dos seus enteados. E percebe que, assim como no futebol, a vida também é uma caixinha de surpresas.

O longa tem como grande trunfo a dobradinha simpática entre Evets e Cantona. Há, no entanto, lá pelo meio da história, alguns momentos em que o jogador não aparece – quando a trama perde o ar de comédia e vira um drama tenso. Sente-se falta de Cantona neste trecho do filme, mas ele volta, nos momentos finais, para a redenção de Eric.

Cena a cena, À Procura de Eric vai crescendo em emoção, humor e referências a problemas corriqueiros que qualquer pessoa poderia ter. É essa identificação com o protagonista que aproxima o espectador do filme, sendo impossível resistir às suas imperfeições tão comuns ao ser humano. Os amantes de futebol terão ainda a chance de ver Eric Cantona em momentos históricos no campo. E é justamente aí que Loach se revela: o esporte que leva multidões aos estádios foi o caminho achado pelo diretor para fazer uma análise sincera e peculiar do Homem.

À Procura de Eric é o tipo de filme que conquista o público aos poucos, fazendo com que o personagem fique em nosso imaginário assim como Cantona ficou no dele. Simpático e simples, mexe com a massa, exatamente como o futebol. E, ao invés de aplausos, vamos fazer uma ‘ola’ para o Ken Loach. Ele merece.

 


Crítica por:
Janaina Pereira (Cinemmarte)

 

 

À Procura da Felicidade

 

 

Os anos 80 é a década em que vive o personagem de Will Smith. Chris Gardner, um vendedor talentoso e carismático, que através do trabalho e da esperança, sustenta sua família. Mas os problemas financeiros tornam-se mais graves e Gardner é abandonado pela esposa (Thandie Newton). Sozinho, ele passa a ser o único responsável por seu filho Christopher (Jaden Christopher Syre Smith), uma esperta criança de cinco anos.

À procura de estabilidade financeira, Gardner aceita estagiar, sem remuneração, em uma grande corretora financeira. Apesar das dificuldades geradas pela falta de dinheiro e até de moradia, Gardner não se deixa abater-se e segue sua meta: ser o candidato escolhido para a única vaga e assim, admitido no quadro de funcionários.

Humano, o filme expõe de maneira crua e realista a indirefença sofrida por aqueles que estão à margem da sociedade, mostrando a perda do respeito e da dignidade de quem não possui as “qualificações” exigidas para poder viver em grupo. O diretor Gabriele Muccino demonstra isso através de várias passagens, como quando Gardner é despejado de sua casa e precisa andar carregando seus objetos, inclusive para o trabalho. As dificuldades pelas quais ele está passando não são notadas pelos colegas, pessoas com as quais ele convive durante todo o dia. Seres tão condicionados, que se tornaram pessoas automatizadas.

Baseado em uma história real, À Procura da Felicidade é um filme bem conduzido. E o público se identificou com a história de Gardner. A ótima receptividade nos cinemas americanos e canadenses, onde o longa arrecadou US$ 27 milhões no primeiro final de semana, demonstra que o público freqüenta o cinema quando boas histórias são contadas.

Mas os críticos também reconheceram o trabalho do diretor Gabriele Muccino e indicaram sua obra em duas categorias ao Globo de Ouro – Melhor Drama e Melhor Canção Original. Já no Oscar, a indicação foi para o ator Will Smith, que concorre na categoria de Melhor Ator.

Antes de ser um bom entretenimento, À Procura da Felicidade é uma lição de vida. Um belo, humano e sensível filme que merece ser assistido.

Crítica por: Viviane França

 

Aprendiz de Feiticeiro

 

 

Merlin, o próprio, treinou três aprendizes: Balthazar Blake (Nicolas Cage), Maxim Horvath (Alfred Molina) e Veronica (Monica Bellucci). Sua missão era proteger os segredos mais poderosos da feitiçaria, mas Horvath se voltou contra seu mestre e juntou forças com a maligna Morgana le Fay (Alice Krige). Veronica aprisiona a alma da bruxa em seu próprio corpo, e as duas são trancafiadas em um artefato mágico. Ao longo dos séculos, Balthazar procura o jovem sucessor de Merlin, que será capaz de destruir le Fay de uma vez por todas. Dave (Jay Baruchel), nerd incurável que não sabe como se aproximar de Becky (Teresa Palmer), é esse jovem.

Com uma sinopse dessas, o que se pode esperar de O Aprendiz de Feiticeiro é diversão pura e quem procurar mais que isso não sabe brincar. Levando em conta, claro, que os realizadores saibam brincar, para começo de conversa. Existe bastante material para trabalhar no sentido do entretenimento, pois o filme anda pela fantasia, pelo romance, pela ação e pela comédia. E, pouco a pouco, todos esses gêneros, salvo o primeiro, vão sendo diminuídos ao que têm de mais desinteressante e tedioso.

Apesar de alguns diálogos inspirados, a relação de Becky e Dave raramente sai daquele esquema chato: a aproximação atrapalhada, a esperança de dar certo, a decepção e o final… bem, falar que não há surpresa é estragar a não-surpresa? É bonito, por outro lado, que o amor dos dois ganhe bastante tempo de cena. O romance é tratado com dignidade, e não como um detalhe burocrático da trama, como o momento “dama em perigo” atesta.

Já na ação, não há nada que compense a incompetência do diretor Jon Turteltaub. Apenas alguns momentos isolados tentam, sem sucesso, desenvolver algum ritmo, mas as a maioria das cenas ou sai atrapalhada, ou apressada ou as duas coisas. Até no quesito comédia os seis roteiristas conseguem algumas poucas falas espirituosas e referências nonsense a Chinatown, Star Wars e Fantasia. Isto em meio a piadas péssimas de “ai-meu-saco”, de “o-que-é-que-você-disse?” e de “ai-desculpe-eu-não-queria-ter-soado-ambíguo”.

Por fim, como fantasia, o filme consegue se manter agradável. A profusão de magias e feitiços consegue fazer jus ao trailer, que junta quase tudo de mais legal em dois minutos. É até divertido como os poderes dos feiticeiros são praticamente ilimitados, dependendo apenas da imaginação e da alta qualidade dos efeitos visuais. Fica, entretanto, uma ponta de decepção pelo subaproveitamento de vários encantos interessantes e pelo uso excessivo da tal bola de plasma, que perde a graça bem rápido.

Um último comentário sobre o elenco, que, dada a qualidade da coisa toda, surpreende. Baruchel, apesar da voz afetada e da gagueira constante, soa natural e simpático, e faz um contraponto com Cage, contido para seus padrões. Molina se diverte e faz questão de passar isso para sua performance, criando um vilão simples e interessante, enquanto deixa instantes de maldade pura se apossarem de Krige, frígida até quando seu rosto virou uma maçaroca de CGI. Palmer está bem, e não dá para esperar mais.

Se diversão é a palavra de ordem, O Aprendiz de Feiticeiro oferece minúsculos lampejos do que propõe. Ou seja, o espectador não precisa pedir muito para sair insatisfeito. Seria melhor passar menos tempo defendendo a postura de “filme só para divertir” e mais tempo divertindo de fato.

 

Crítica por: Pedro de Biasi (Universo Animado)

 

 

O Aprendiz de Feiticeiro

 

 
O material de divulgação do novo filme da Disney trás o seguinte trecho: “Deve ser magia. O Aprendiz de Feiticeiro (The Sorcerer’s Apprentice) incendiou a imaginação de algumas das mentes mais criativas da história, como Nicolas Cage, Jon Turteltaub e Jerry Bruckheimer.” Sei. Daí vocês já tirem o quanto o filme força a barra.

O filme é baseado no trecho de Fantasia (1940), filme de curtas musicais Disney, cujo trecho “Aprendiz de Feiticeiro” é protagonizado pelo Mickey, num dos números musicais mais queridos do cinema, no qual ele (Mickey) é incumbido pelo seu mestre feiticeiro a limpar toda a casa. Cansado, o ratinho resolve usar dos seus poderes para ordenar que as vassouras e outros apetrechos limpem todo o recinto automaticamente, o que obviamente termina em bagunça, pois ele ainda não sabe domar seus poderes. A sequência é repetida no novo longa do diretor Jon Turteltaub (A Lenda do Tesouro Perdido), mas sem a magia da sua fonte inspiradora.

Após a sequência de apresentação no (pior) estilo Harry Potter, vem o infeliz e batido truque do bilhete, que é deixado cair por um garotinho e é levado pelo vento, passando pela pata de um cachorro, a bolsa de uma senhora e assim vai, sendo seguido pelo garotinho, até que chega a uma antiga loja de antiguidades, na qual obviamente o menino entrará e encontrará o bruxo Balthazar (Nicolas “Hagrid” Cage), que verá nele a figura do “escolhido” (Neo?), aquele que poderá lhe ajudar a desfazer o feitiço que prendeu sua amada bruxa Verônica numa boneca chinesa, junto com a malvada bruxa Morgana. Só que os dois terão que enfrentar a perseguição e os poderes de Horvath (Alfred “Snape” Molina), que também cobiça a boneca, assim como o anel do mago Merlin, agora em poder do aprendiz de feiticeiro.

O tal aprendiz é Dave, interpretado por Jay Baruchel, jovem ator que parece ter disposto de todos os tiques e caras e bocas teatrais para ganhar o personagem principal. Interessante é que nem galã ele é, para podermos achar que a escolha foi feita por este motivo. Nicolas Cage é outro perdido, que não veste a camisa da produção e entrega um trabalho bem mediano. Ele contracena no filme com um outro ator-de-filmes-ruins, Alfred Molina, e com a bela mudinha Monica Bellucci (alguém dá uma fala para ela, pelamordedeus? Tadinha!).

Cheio de efeitos visuais bacanérrimos, o filme conta ainda com uma boa trilha sonora e algumas (poucas) sequências divertidas, mas só deve agradar as crianças… ou aqueles que curtiram Eragon e/ou Percy Jackson, quem sabe?!

Tudo bem que a safra de blockbusters não está num nível muito bom neste ano, mas daí a pagar para assistir um filme de roteiro tão batido e sem nenhum elemento ou personagem ou situações que no mínimo divirtam é frustrante.

 

Crítica por: Fred Burle (Fred Burle no Cinema)

 

 

Apollo 18

 

Quando os diretores Daniel Myrick Eduardo Sánchez tiveram a brilhante idéia de usar a internet para criar um viral sobre três pessoas desaparecidas que foram mortas por uma bruxa, o resultado foi o brilhante ‘A Bruxa de Blair’.
As notícias se espalharam pela rede, confundindo a todos sobre a veracidade daqueles fatos, e fazendo com o que o filme tivesse um assustador tom de documentário.

Com o sucesso estrondoso, começamos a ser bombardeados pelo sub-gênero “found footage”, onde somos enganados a acreditar que aquela filmagem mal feita realmente aconteceu, e as fitas foram encontradas e editadas em forma de filme. Tivemos os terrores ‘[REC]’ e ‘Atividade Paranormal’, e agora chega este ‘Apollo 18’.

A ideia é inteligente: ao invés de usar o terror, a fórmula é aplicada na ficção-científica, inovando um pouco o recurso já desgastado.

Oficialmente, a Apollo 17, lançada em 17 de dezembro de 1972, foi a última missão à Lua divulgada. Mas, um ano depois, dois astronautas americanos foram enviados para lá em uma missão secreta, financiada pelo Departamento de Defesa dos Estados Unidos. O filme traz o que, supostamente, são as imagens reais que eles fizeram durante a missão Apollo 18. Enquanto a NASA nega a sua autenticidade, outros acreditam que essa foi a verdadeira razão para o Homem nunca ter voltado à Lua.

Se a idéia é de bom tom, a execução é mediana. Tentando evitar mostrar que aquilo tudo foi, na verdade, comandado por um diretor, a apresentação dos personagens é corrida e mal feita, prejudicando a identificação do público com os protagonistas.

Porém, a tensão e os bizarros acontecimentos fazem com que o público acabe embarcando na história e se entretendo. Mesmo com as câmeras chacoalhando, ou embaçadas, podemos sentir o medo real daqueles homens – em boas atuações do elenco não divulgado.

Apollo 18’ pega uma fórmula desgastada e adiciona sangue novo, atraindo um certo charme para a produção. Afinal, que não gosta de uma boa teoria da conspiração?

 

Crítica por: Renato Marafon

 

 

Apocalypto

 

 

Mel Gibson realmente está mostrando que tem talento de sobra e conhecimento para conceder ótimas produções, além de conseguir a proeza de mixar filmes Blockbusters e adicionar arte. Após o sucesso do polêmico ‘A Paixão de Cristo’ nas bilheterias, ele ressurge com este ‘Apocalypto’, que não fica atrás.

Imagens belíssimas e um ritmo frenético poderiam facilmente transformar a trama em um ótimo filme de ação de verão, mas Gibson vai além. Ele gravou todo o filme com a linguagem Yucateca, original da tribo em que se passa a história, e ainda assim consegue empregar humor, ação e um toque de cinema Hollywoodiano.

Apocalypto conta a história de Jaguar Paw (Rudy Youngblood), um homem que teve sua vida tranqüila abruptamente mudada por uma violenta invasão.
Governantes de um império Maia em declínio insitem que a chave para a prosperidade é construir mais templos e oferecer mais sacrifícios humanos e por isso, Jaguar Paw é capturado e levado em uma perigosa viagem a um mundo governado pelo medo e opressão, onde um terrível destino o aguarda.
Com a ajuda do acaso e guiado pelo amor a sua esposa e família, ele consegue escapar e agora fará uma corrida desesperada para voltar a casa e tentar salvar a tudo o que mais ama.

O roteiro chega a ser bastante autêntico e inteligente, tenta passar de maneira subliminar que encontramos atualmente o mesmo problema que ocasionou a queda do império Maia, e ao mesmo tempo nutre um filme totalmente frenético, com imagens belíssimas, atuações dignas e uma produção espetacular.

 


Crítica por:
Renato Marafon
Site Oficial : —

 

 

Apocalypse Now

 

 

“Apocalypse Now” de Francis Ford Coppola (baseado no livro de Joseph Conrad) é desses filmes que surgem a cada 20, 30 anos tamanha é sua genialidade, portanto, se você ainda não viu o filme (você é um dos poucos!!) não perca essa oportunidade (o DVD da versão “Redux” está nas locadoras – alugue, adiante a seqüência dos franceses que foi incluída e assista ao resto com a maior atenção do mundo).

Tudo neste filme é espetacular a começar pelo nome que é excelente. Existem lá certas pessoas que dizem que o final é fraco (eu li algum crítico dizendo isso) e a esse respeito só posso dizer que a insanidade foi além do filme e atingiu certos críticos. Também existem umas poucas pessoas que consideram “Nascido Para Matar” (de Stanley Kubrick) como um filme superior, mais uma vez, a insanidade paira no ar. Ok, isso dito, vamos a obra prima.

“Apocalypse Now” (totalmente injustiçado pelo Oscar – levou apenas dois prêmios – fotografia e som) é muito mais do que um filme de guerra, é um filme sobre a influência que uma guerra gera nas pessoas, sobre o quão despropositados são os atos cometidos em uma guerra, é um filme surreal e – por mais contraditório que seja – ao mesmo tempo cruelmente real…

O filme de Coppola se passa no Vietnã – mas poderia se passar em qualquer outra guerra – e é lá que o Capitão Willard (Martin Sheen – que teve um famoso ataque cardíaco durante as filmagens nas Filipinas – os bastidores da complicada filmagem são um filme a parte – atrasando assim, a produção de um filme que era visto por todos como uma loucura de Coppola) é encarregado de encontrar (e exterminar) o renegado Coronel Kurtz (Marlon Brando) que enlouqueceu e fundou uma seita no meio da selva.

Desde a primeira seqüência do filme dá pra perceber a genialidade (estou voltando a essa palavra por não conseguir pensar em outra melhor…) pela qual Coppola e todo elenco estavam tomados durante as filmagens. A cena, com Martin Sheen bêbado no quarto, a música do Doors, o som dos helicópteros se confundindo com o som do ventilador de teto é simplesmente espetacular, e daí em diante não há um só momento de “Apocalypse Now” que não seja sensacional (não custa repetir que na versão “Redux” a maior seqüência incluída – a dos franceses – não condiz com o resto do filme, portanto se você assistir a essa versão, esqueça a seqüência citada).

Um dos pontos altíssimos do filme é o personagem de Robert Duvall, o coronel surfista Bill Kilgore, que é (mais uma vez) genial (na versão “Redux” o personagem de Duvall ganha mais espaço para mostrar as suas maluquices). É dele a mais famosa frase do filme “adoro o cheiro de napalm pela manhã” e também se deve a ele uma das mais surreais seqüências de “Apocalypse Now”, aquela em que ao som de “A Cavalgada das Valquírias”, de Wagner, helicópteros americanos atacam uma vila vietcongue.

Outro ótimo personagem é o seguidor alucinado do Coronel Kurtz feito por Dennis Hopper (que à época das filmagens vivia envolvido com drogas e eu arrisco dizer que a loucura vista na tela vai além de uma grande interpretação).

Além das ótimas atuações de Duvall e Hopper o filme ainda tem Marlon Brando – sempre envolto por sombras na versão original (foi uma exigência do ator que começava em 79 a ganhar as formas arredondadas de hoje) e aparecendo no claro na versão “Redux” – que compõe o insano Coronel Kurtz magistralmente. Sem esquecer de Martin Sheen excelente – inesquecível a cena em que ele levanta da água. (ainda temos no filme Laurence Fishburne – adolescente – como um dos soldados que parte em missão com o Capitão Willard e uma rápida aparição de Harrison Ford).

Contando com excelentes interpretações, direção excepcional e uma fotografia de chorar de tão boa (de Vittorio Storaro), “Apocalypse Now” é um filme estarrecedor e extremamente complexo, absolutamente obrigatório a todo fã de cinema. É sem dúvida um marco da sétima arte e dificilmente será superado algum dia.

 
Crítica por: Juliana de Paula 

 

 

O Apanhador dos Sonhos

 

 

‘O Apanhador de Sonhos’ é um filme em que todo potencial de Stephen King não é demonstrado. As cenas de sangue são bem aproveitadas, mas sua idéia final é um desastre.

Existem diversos fatores para produzir um bom filme , os que faltou em neste, com certeza foi o elemento ‘surpresa’, as cenas são óbvias e longas. Por um certo lado, os efeitos especiais conseguem reverter o processo dramático e monótono.

De uma certa maneira, pode-se notar a forte presença de Stephen King no filme , confesso que estou sempre apreciando seus trabalhos adapatados , desde ‘O Iluminado’ até ‘À Espera de um Milagre’, todos eles , mesmo que sejam dirigidos por pessoas diferentes, aparentam ter sempre elementos do passado que tornam-se importantes para compreensão do filme.

 

O que infelizmente acontece em ‘O Apanhador de sonhos’ é que esse toque foi usado de uma maneira em que o público se cansa, e o deixa cada vez com menos vontade de ver um filme adaptado de S. King .

 

A História do filme se resume em cenas que podem se chamar ‘nojentas’, o sangue usado no filme, é retratado de uma forma importante, a violência é usada de forma implícita, mas quando usada o resultado é ficar duas horas sem comer.

Por um outro lado, as atuações de Jason Lee, Morgan Freeman e Damian Lewis podem ser aplaudidas sem nenhuma dúvida, os momentos finais do filme mostram como pode-se ter um péssimo enredo e um ótimo desfecho.

O mais irritante do filme é a utilização do título (O Apanhador De Sonhos), que em nenhum momento faz jus ao que se passa durante o filme, na minha opinião somente mais um golpe de publicidade , o suposto ‘apanhador’ (dreamcatcher) não faz papel importante no filme, pois dizendo que a ameaça é alienígena, não estou entregando nenhum ponto importante ou final do filme, existe muito mais coisas perante essa ameaça.

A Idéia do trailer, mostra alguma coisa mais sobrenatural, como citado antes, mas espere até chegar nas cenas de ataque, ou finais, você vai notar que esse filme é um ‘SINAIS’ com mais sangue e efeitos especiais melhores.

Em alguns trechos do filme, pode-se perceber como o diretor utilizou bem o orçamento concedido, que aparenta ter sido bastante alto, infelizmente muitas vezes você não consegue perceber se está assistindo um filme de terror, ou um filme de drama ou mesmo ficção, o gênero ficou aberto e as explicações dadas são dificeis e irreais.

Mesmo depois de notar os supostos problemas desse filme, pode-se dizer que o dinheiro investido na compra do ingresso é compensado pelos momentos de suspense e cenas incríveis do ataque… é melhor parar por aqui.

Mas se você está procurando um filme com sangue, drama, cenas perturbadoras e nojentas, O APANHADOR DE SONHOS é um filme perfeito para você .

 
Crítica por: Bruno Medeiros 

 

 

Ao Sul da Fronteira

 

Sinopse: Partindo da Venezuela, o renomado cineasta Oliver Stone percorre países da América do Sul entrevistando seus presidentes. O documentário traça um panorama desses governos de esquerda no continente.

O diretor Oliver Stone faz questão de deixar claros seus pontos-de-vista quando adota alguma temática política em seus filmes, como em Platoon (1986). Dessa vez ele traz toda sua armagura com os republicanos no documentário Ao Sul da Fronteira (South of the Border), no qual alguns presidentes sul-americanos são entrevistados para mostrar como funcionam esses governos de esquerda.

Por ter sua visão bem explícita, o documetário é totalmente parcial e poderá ofender quem não tem a mesma visão de mundo. Quem vota em políticos que preferem construir pistas e viadutos para automóveis e esquecer os corredores de ônibus, ou que aprovam a progressão continuada que permite analfabetos chegando até o ginásio, com certeza não faz parte do público-alvo desse filme. Os representantes clássicos dos setores sociais que já apoiaram a ditadura militar ficarão irritados com as entrevistas. (OK, essa crítica também pode ser considerada tendenciosa).

Stone tenta entrar no filão que já é dominado por Michael Moore, mas sem os requintes que seu colega despojado domina com mais facilidade. Só há as conversas com os presidentes e algumas imagens de arquivo. Ao Sul da Fronteira não se preocupa em construir diagramas, animações ou dar espaço para piadinhas. Alguns dizem que esses recursos tiram a seriedade da obra, mas acabam deixando a mensagem mais fácil de ser assimilada.

 

 
Crítica por: Edu Fernandes (CineDude)

 

 

Antônia – O Filme

 

 

Preta, Bárbara, Mayah e Lena. Quatro garotas da periferia de São Paulo (mais especificamente na Brasilândia) que lutam para fugir da realidade que estão inseridas. Mulheres, negras, nascidas e criadas na periferia, encontram no rap a maneira mais completa de expressão dos sonhos, desejos e ambições dessas e de muitas mulheres desta realidade. Nasce então o grupo “Antônia” que, em meio a todas as adversidades consegue levar esperança para todos os envolvidos no projeto.

Negra Li, Leila Moreno, Quelynah e Cindy são as quatro cantoras escolhidas por Tata Amaral (diretora do filme) entre 1.200 garotas para protagonizarem o longa. Bem escolhidas e preparadas para o contato com as câmeras, cada uma consegue imprimir com veracidade as nuances de cada personagem, mostrando que, apesar de se encontrarem em várias idéias, estão ali mulheres diferentes, com temperamentos diferentes… mas que se unem por uma verdadeira amizade e bem-querer umas pelas outras.

Além do desempenho acima da média das quatro, temos um elenco que soma muito bem com as quatro garotas, onde podemos destacar Thaíde e Nathalye Cris, como empresário e filha de Preta, respectivamente. Todo o elenco veste os personagens com uma espontaneidade que impressiona, agindo naturalmente em cada uma das cenas e situações.

Com um tom quase documental, “Antônia” se destaca pela proximidade com o dia-a-dia da vida das personagens. Uma câmera próxima, colada as personagens nos dá sensação de proximidade física e emocional de tudo que está sendo passado. O espectador se torna um pouco cúmplice, um pouco confidente de cada uma delas, o que facilita o contato entre quem está “do lado de cá com quem está do lado de lá”. Em vários diálogos temos a impressão que não existe separação entre personagem e interprete, tamanha a naturalidade com que as falas são ditas, os sentimentos expressados e, principalmente, a música flui. Não podemos esquecer que se trata de um filme sobre jovens cantoras, logo, a música é parte fundamental do sucesso do longa. Além das boas músicas compostas para o filme, as quatro conseguem dar um verniz interessante até para músicas de letra e melodias duvidosas, como e da cena do casamento, onde elas cantam Killing Me Softly.

Também situado em uma região de violência e descaso, Antônia vai na contra-mão de Cidade de Deus, por exemplo. Resolve centrar sua história em objetivos, em sonhos. A violência está ali, a falta de oportunidade e os preconceitos também. Entretanto, é um filme sobre a batalha incansável por um futuro melhor e pela realização de ideais. É um filme que merece ser visto, revisto e assimilado que mesmo nas adversidades existem diversos motivos para seguir em frente.

 

Crítica por: Rodrigo Soares