Sinopse: Willian tem diversas passagens pela prisão, onde conhece os militantes contra a ditadura. Ele e seus colegas lutam por ter direitos iguais aos demais presos. Assim nasce o Comando Vermelho.
400 Contra 1 – A História do Comando Vermelho é mais um filme nacional sobre a violência urbana. O pior é que qualquer pessoa que lê as páginas policiais dos jornais já se sabe o final antes de começar a sessão. O desafio é trazer frescor para uma produção que por si só não traz atrativos diferenciados.
A opção encontrada foi de contar a história de forma não-linear, de modo que o espectador construa a linha do tempo como um quebra-cabeça cronológico. Com isso, a sequência do assalto a banco que aconteceu em 1980 fica diluída no decorrer do filme e se perde a oportunidade de se realizar uma cena marcante.
Com tantas idas e vindas, o enredo fica muito confuso. A falta de preocupação por parte da maquiagem de envelhecer o aspecto dos atores só colabora para o caos. Passam-se 10 anos e alguns personagens não mudam sequer o penteado, especialmente a advogada interpretada por Bruna Messina (Olhos Azuis).
Daniel de Oliveira (Zuzu Angel) traz uma atuação muito irregular. Enquanto na tela ele realmente convence como o bandido William, a locução feita por ele está muito ruim. Em alguns momentos ele tenta entrar no personagem usando apenas a voz e parece estar brincando.
Muitos filmes nacionais preocupam-se em não vangloriar demais os bandidos-heróis. 400 Contra 1 não tem esse raciocínio, o que é deplorável. O filme acaba tornando-se uma peça publicitária do Comando Vermelho – algo nada desejável para o bem da sociedade.
Cidade de Deus significou um grande salto em qualidade e criatividade para o cinema brasileiro, mas deixou de herança um outro (ingrato) lado da moeda: influenciou incontáveis outros filmes nacionais que o sucederam, mas até agora, nenhum alcançou o seu nível de excelência.
O filme é uma livre adaptação do livro homônimo de William da Silva Lima, um dos idealizadores do Comando Vermelho. William contou de forma bem parcial e subjetiva, em seu livro, a história da citada organização, que nasceu da revolta dos presos comuns da ditadura, que passaram a ver na disciplina dos presos políticos uma forma de também se organizarem e confrontarem a militância, o que culminou em muitos conflitos e que tomou rumos diferentes do idealizado inicialmente, tornando-se o Comando, atualmente, uma das maiores facções criminosas do país.
Quem o interpreta William na ficção é Daniel de Oliveira, que realiza mais um bom trabalho, apesar de não ter conseguido desvencilhar-se totalmente do sotaque de mineiro. Com ele estão Daniela Escobar como seu explosivo caso amoroso; o excelente Fabrício Boliveira, na pele do preso Cavanha; e Branca Messina, o grande destaque do filme, como a advogada que pesquisava a visão que os presos tinham sobre a ditadura e que, posteriormente, tornaria-se cúmplice deles nas revoltas que se sucederiam.
Inicialmente, o longa desenvolve-se bem, com um apuro fotográfico impressionante, uma primorosa trilha sonora black e montagem adequada ao estilo setentista. Mas é esta mesma montagem a responsável, junto com a direção, por deixar o ritmo desandar, fornecendo poucas informações, o que facilmente desvia a atenção do público para outras coisas e dá a impressão de filme arrastado, no qual as peças demoram a se encaixar.
Toda a ação, sangue e tiros são deixados para o final e isso poderia ter sido melhor distribuído, como forma de prender a atenção em momentos de marasmo da história. E falta um grande momento de produção cinematográfica, que poderia ter vindo da sequência da rebelião, encolhida diante do potencial que possuia para épico.
O problema é que este gênero possui bons parâmetros comparativos e fica difícil não rebaixá-lo diante de obras grandiosas (em qualidade) como Tropa de Elite, Cidade de Deus e Hunger (ainda inédito no Brasil). No rastro do filme de Fernando Meireles, 400Contra1 – Uma História do Crime Organizado alcança seus méritos, mas não passa de mais um para a estatística dos que poderiam, mas não chegaram lá.
Pessoas e seus problemas. “360” parte dessa questão existencial para contar uma história (baseada na obra de Arthur Schnitzler) com gente de todas as partes do mundo que traem, se apaixonam e buscam um novo rumo para a tristeza do presente, em suas vidas.
O novo trabalho do diretor brasileiro Fernando Meirelles é um drama composto por elementos que na somatória da equação não consegue pontuação nem para ir pra recuperação. É o típico ‘filme miojo’: enroladinho com tempero fabricado. Falta carisma aos personagens, o público tentará se conectar com algumas das histórias mas será uma tarefa complicada.
Na trama, conhecemos muitas pessoas, de muitos lugares do planeta, e suas histórias que em alguns casos, se cruzam. Histórias de muitos, sentimentos de todos. Assim poderíamos definir bem todo o caminho de um transferidor até a marca máxima, o limite de 360 graus.
É o empresário que está em crise no casamento, uma mulher elegante que trai o marido com um fotógrafo brasileiro, uma jovem que tenta a vida em caminhos que levam à prostituição, um homem apaixonado que enfrenta o desafio de amar uma mulher casada, uma brasileira recém traída que tenta voltar ao Brasil, um senhor que viaja para reconhecer (ou não) o corpo de sua filha desaparecida e acaba sendo tocado pelo jeito alegre de uma brasileira e um ex-presidiário que tenta a todo custo segurar seus desejos.
Americanizar sequencias que tinham outra naturalidade vira quase um objetivo, o que nos leva a uma história sem alma, com muitos idiomas e em muitas partes, forçadas. Mesmo com as presenças sempre interessantes de Rachel Weisz (que já trabalhara com Fernando Meirellesem outro filme), Ben Foster(que fez o ótimo “O Mensageiro”) e Anthony Hopkins, o filme não consegue subir todos os degraus que precisava para agradar os cinéfilos.
É disparado o pior trabalho de Meirelles no mundo do cinema. O paulistano que nos brindou com o maravilhoso “Cidade de Deus” e o interessante “Ensaio Sobre a Cegueira” não consegue repetir o bom trabalho que fizera nesses. A trama poderia ter sido melhor contada e apresentada ao público. O espectador é surpreendido por um vazio quando o filme acaba, fruto também do esquisito roteiro de Peter Morgan (lembrando que Peter tem grandes roteiros no currículo mas que nesse longa não consegue acertar).
Decepções à parte, sempre vale a pena conferir o filme e tirar suas próprias conclusões. A grande questão é que temos pouco tempo para entrar nas salas de cinema e dentre muitos filmes do circuito (que entrarão junto com ‘360’ na sexta-feira (17/08)) esse não é nem a terceira melhor escolha, talvez a quarta.
Se pensarmos apenas do ponto de vista técnico, de efeitos visuais e do quanto o filme acrescenta com isso, temos uma das mais belas experiências dos últimos tempos. As cenas de lutas entre os exércitos Persa e de Esparta são de uma beleza louvável. Na maioria das vezes não parecem cenas gravadas com um fundo azul e depois inseridas digitalmente, mas sim que o diretor Zack Snyder (Madrugada dos Mortos) construiu um novo conflito entre esses povos. Cada lança, cada luta, cada sangue jorrado é de uma realidade impressionante.
Mas como cinema é uma experiência onde principalmente a narrativa deve ser levada em consideração, “300” acaba sua exibição devendo e muito para o espectador. A história do exército liderado por Leônidas contra a tentativa de dominação do rei Xerxes é um de uma superficialidade que beira a ingenuidade no momento de se construir um roteiro. Mais preocupado em estabelecer logo as cenas de conflito, as cenas em que são explicadas as motivações da invasão a Esparta e a formação do exército de 300 pessoas é extremamente corrida, como sendo apenas um fiapo para justificar todo o sangue que transborda na tela. Diálogos que desvalorizam o excelente original de Frank Miller e a utilização de uma trilha extremamente melodramática só contribuem para enfraquecer esta que poderia ser uma excelente aventura, um excelente entretenimento.
Com personagens sem profundidade, nunca nos fica claro a real intenção de Leônidas: queria ele salvar seu povo ou apenas se afirmar como um soberano? Da mesma forma, qual a motivação de tantos o seguirem, já que nada fica estabelecido durante a projeção? O único que consegue ter um mínimo de coesão é Xerxes (vivido por Rodrigo Santoro), que demonstra ser “apenas” um ser desalmado que quer o poder pelo poder, tendo como objetivo a dominação dos povos. Ao mesmo tempo, em um mar de personagens masculinos-machões (sem qualquer vestígio de sentimento ou qualquer outra característica que os torna humanos), Xerxes consegue ser um personagem acima, já que transita entre todas as formas não se apresentado como homem, mulher, nem sequer um ser humano. Xerxes é um Deus, que nem sequer deve ser considerado humano como nós.
Recheado de polêmicas e discussões sobre sua profundidade, “300” demonstra ser algo bem menor do burburinho que gerou. Embora tenha acertos, é um filme que realmente poderia ter ido muito além, já que para isso tinha uma boa história, um elenco competente e um bom diretor. Mas às vezes (como neste caso), a vontade de se fazer um filme para a massa faz minar todas as características que fazem de uma obra (quadrinhos, livros) algo realmente considerável e acima da média de outros do gênero, fazendo com que alguns saiam bem feitos como “Sin City”, e outros que ficam pelo meio do caminho, como “300” (apenas para ficar na comparação entre obras de Frank Miller). Como grande vilão do filme Rodrigo Santoro consegue ser o que há de melhor no longa (o que não é difícil, já que é um excelente ator), mas pode contribuir muito mais (e escolher projetos melhores) do que aconteceu com “300”. De positivo fica toda a exposição que nosso “ator para exportação” conseguiu para efetivamente participar de bons projetos pelo mundo afora.
Filmes de adaptações de quadrinhos ou livros são um problema e uma solução para o cinema. Problema porque sempre tem os fãs que não ficam satisfeitos ou não entendem a abordagem que o diretor quis para seu filme. Solução porque a falta de criatividade impera e tem mais um lugar para recorrer, e assim produzir novos filmes. Filmes baseados em fatos históricos também caem no mesmo problema, porém com uma conotação mais grave porque os fatos realmente aconteceram, então são reais. Nesse caso a fidelidade cobrada por todos fere ainda mais.
Mas julgar o filme por sua fidelidade é algo meio complicado que nem sempre deve se levar em consideração para analisar a obra, esse é o caso de “300”, mais novo longa do diretor Zack Snyder, baseado na sangrenta batalha dos Espartanos, liderados pelo rei Leônidas (Gerard Butler) contra os Persas, comandado pelo rei Xerxes (Rodrigo Santoro). Como o filme se baseou na história de Frank Miller “300 de Esparta”, já se anunciou que seria contada uma história fantasiosa.
O ponto alto do longa está na fotografia e nos efeitos especiais que conceberam bastante realidade as lutas dando destaque para o sangue bem vermelho contrastando com a o fundo fosco. O vermelho dá o tom do filme que além de ser o sangue do inimigo, ainda está na capa dos guerreiros espartanos conferindo vivacidade aqueles soldados. A opção de congelar a imagem em determinados momentos para frisar a força e a ferocidade de algumas matanças também funciona bem e acaba gerando uma espécie de beleza as batalhas. O figurino também pontua bem o filme e cria a idéia de estarmos na antiga Grécia.
Se um filme fosse feito somente de efeitos especiais e bela fotografia esse seria com certeza um dos melhores filmes do ano, mas não é assim. A narrativa do longa é muito fraca, não é bem explorada o que acaba gerando uma falta de profundidade da história, se limitando apenas a contar a história de apenas um lado da batalha e criando essa idéia de bom e mau. Se é que existem bons e maus, já que o Rei Leônidas é tão sanguinário e movido pela força que o Rei Xerxes fica até como um bom sujeito já que ele quer apenas que seus inimigos se rendam perante seus pés. A trama envolvendo a rainha Gorgo (Lena Heady), é dispensável e sem sentindo e, por vezes, corta a narrativa. A narração também é algo dispensável, os fatos falam por si. Há também os exageros do uso de contra-plongeé nos personagens Xerxes e Leônidas, ficando por vezes repetitivo e clichê. Sem contar a referência a Jesus Cristo e São Sebastião nas cenas finais do longa.
O filme ainda passeia por um universo de clichês do gênero como o pai que deixa o filho mais novo ir para a batalha, já anunciando o fim trágico, a dupla que aposta quem mata mais, a mulher desejada pelo inimigo que vê a única forma de salvar seu povo se entregando, o traidor é alguém rejeitado, a fúria do pai, entre tantos outros. Sem contar a forma preconceituosa como o povo persa é tratado, lá encontramos luxúria, homossexualismo, negros, deficientes físicos e gananciosos, já os espartanos são brancos, fortes e jovens. Além de diálogos clichês, por exemplo, Xerxes diz: “Ele mandou você se levantar, eu só peço que você se deite”.
Rodrigo Santoro ganha seu primeiro papel de destaque nos cinemas americanos, apesar das poucas falas, atua mais com expressões, confesso que o achei bem convincente nos sentimentos de ódio e alegria. E quem sabe agora ele deslancha sua carreira. Já Gerard Butler bem exagerado nas expressões e atitudes. Para um longa que prima pelos clichês e pela pouca história, os exageros fazem parte do pacote final.
Sinopse: Aron é um amante de aventuras. Durante uma de suas expedições pelos cânions, ele sofre uma queda e fica com o braço direito preso entre a montanha e uma rocha.
Ao assistir a Quem Quer Ser um Milionário?, muitas pessoas podem ter achado estranho que a otimista fita sobre o garoto indiano era dirigida pelo mesmo sujeito responsável pelos zumbis de Extermínio e pelos drogados de Trainspoting.
127 Horas (127 Hours) chega para preencher esse hiato temático na cinematografia de Danny Boyle. Da mesma maneira que Jamal repassa sua vida enquanto responde às perguntas do game show, Aron reavalia as decisões de sua vida e a forma como sempre tratou as pessoas mais próximas a ele.
Como está sozinho no meio dos cânions, a reflexão de Aron é muito mais profunda; Como o que está em risco é sua vida (e não o prêmio de um programa de televisão), a tensão de 127 Horas é mais próxima dos filmes mais perturbadores da carreira de Boyle.
Muitas áreas técnicas merecem elogios, especialmente a edição e a trilha musical. Mesmo assim, o que há de mais surpreendente no filme é que ele é a primeira oportunidade para James Franco interpretar um protagonista em um filme realmente bom.
Felizmente, a badalação em cima de Danny Boyle, depois do premiado e bem sucedido nas bilheterias “Quem Quer Ser um Milionário”, não o fez perder a lucidez. O diretor utilizou sua moral para viabilizar não um filme megalomaníaco ou pretensioso, mas uma nova obra com cara de independente, coerente com o restante de sua carreira.
“127 Horas” é baseado na história real de Aron Ralston, montanhista que sofreu um acidente no Grand Canyon e ficou as tais 127 horas com o braço preso por uma rocha. Sozinho no desértico lugar, teve que arrumar soluções drásticas para conseguir sair de lá.
No filme, Aron é interpretado por James Franco (Homem-Aranha), que usou bem a força do personagem e entregou a melhor atuação de sua carreira, num filme difícil, no qual ele brilha sozinho quase que na totalidade dos 94 minutos.
O único “porém” é que, mesmo com tanto tempo para o ator se mostrar, a típica sequência modelada para Oscar precisou se fazer presente, na qual o personagem faz um talk show sobre si mesmo. Inclusão safada, com a óbvia pretensão de dar a deixa para o ator ter seu momento ensadecido e garantir uma vaguinha nas premiações da temporada.
Danny Boyle repete a parceria com o roteirista Simon Beaufoy, que constrói cautelosamente uma narrativa tensa e consegue inserir elementos atrativos numa história que, apesar de impressionante, poderia ser resumida em duas linhas. Ele usa a história do montanhista para refletir sobre o aproveitamento da vida, sobre o que poderia ser feito, mas não foi; e sobre o que Aron ainda gostaria de realizar, mas talvez não tivesse mais a chance de realizar, em decorrência de um único erro.
Isso fica claro pela montagem, recheada de pequenos flashbacks e projeções de desejos de Aron. Pensamentos que muitas vezes se misturam e são jogados numa tela dividida em três partes, numa profusão de imagens simultâneas.
Aproveitando de uma locação esplendorosa, a fotografia de Enrique Chediak (Besouro) e Anthony Dod Mantle (Quem Quer Ser Um Milionário) deita, rola e faz parecer fácil filmar entre fendas estreitas debaixo de um sol escaldante. A variedade dos planos e o primor das imagens é um deleite para os admiradores da boa técnica. Até a inserção de um merchandising descarado é feito de uma das maneiras mais pertinentes que o cinema já viu.
Não é esta a obraprima de Danny Boyle (este adjetivo ainda está nas mãos de “Trainspotting”), mas já é bom saber que o diretor mantém a excelência e a sobriedade. Menos mal.
O novo filme do diretor Paul Haggis tem Russel Crowee Elizabeth Banks no casting; “72 horas” inicia com a discussão entre dois casais sobre as desavenças de Lara (Banks) com sua chefe. Logo após, Lara é incriminada pela morte de sua superiora. Depois de presa, seu marido (Russel Crowe) tenta de todas as maneiras legais provar a inocência da esposa – que neste ponto já tinha se conformado com seu destino-. O interessante é que Haggis não cria o suspense se ela é ou não culpada. Todos os indícios e provas confirmam a natureza do crime, apenas o marido fiel acredita piamente na inocência da mulher.
Tal confiança na mulher e desgosto pela falta de justiça, o faz planejar a fuga da esposa. O longa mostra as 72 horas que ele tem para por o plano em ação, libertar a mulher e fugir com ela e o filho. O que Haggis nos desperta não é o drama da mulher encarcerada e sim no marido que sofre por estar longe dela e viver com filho solamente sem a amada. O que o motivou é perceber que ela nunca sairia da prisão por meios legais. E ele leva até as últimas conseqüências tal ato.
Primeiro, ele recorre a um ex-detento que já fugiu mais de 7 vezes, para lhe ensinar os truques . Depois de aprendida a lição ele vai para a ação. Russel dá a vida ao tal marido fiel e apaixonado, capaz das maiores loucuras para libertar seu amor. Pensando por este ponto de vista, é até uma história romântica, ele acredita na inocência da mulher até quando ela mesma diz-se culpada. As ações de Crowe foram bem desenvolvidas no roteiro e na direção; sem tirar os créditos do ator.
Lá pelas tantas do filme, vemos algumas seqüências que nos lembram de quem é o filme.
Este é uma adaptação do francês Pour Elle (Por ela), este nome original, mais exemplifica o filme: o homem é um apaixonado que faz tudo pela amada. 72 horas não é um suspense, como eu já vi sendo classificado, é um drama com algumas pitadas de ação; e um daqueles filmes que surpreende com a história e na forma em que ela é contada.
’30 Dias de Noite’. Quase duas horas em uma escura sala de cinema. Macabros e assustadores vampiros (diferentes dos habitualmente mostrados nos filmes) sedentos não só por sangue, mas também por forçar o terror nos olhos de suas vítimas. Como poderia ser melhor?
Para os fãs do gênero, esta produção consegue amedrontar do início ao fim, se sobressaindo como um dos melhores filmes de terror sobre vampiros já produzidos.
Na pequena cidade de Barrow, no Alaska, onde na metade do inverno o sol se põe e não reaparece por mais de 30 dias e noites consecutivos. Da escuridão e das terras geladas da inóspita região surge uma força do mal que espalha terror entre os habitantes do lugar. A única esperança de salvação dos moradores de Barrow é um casal de policiais, um homem e uma mulher divididos entre proteger suas próprias vidas ou ajudar a cidade a sobreviver até o retorno da luz do sol.
O enredo, muito bem amarrado, aproveita estes assustadores 30 dias em que a escuridão impera (junto ao gelo e a baixa temperatura) e cria uma atmosfera escura e tensa, conseguindo deixar o cinéfilo ligado ao belo visual do longa e aos feiosos vilões, sempre manchados com sangue (muito sangue).
Do casal central, quem mais se destaca é a bela Melissa George, que já havia chamado atenção por sua ótima atuação em ‘Horror em Amytiville’. Josh Hartnett, o herói de ‘Pearl Harbor’, está mais apagado, mas ainda assim consegue uma atuação decente.
O único problema do longa é que, ao mesmo tempo que passa o desespero dos protagonista, também acaba ficando monótono em várias partes lentas e desnecessárias, deixando toda a ação para o finalzinho da produção. Mesmo assim, um terror de primeira, que merece ser apreciado.
O cineasta mexicano Alejandro González Iñárritu tinha uma grande responsabilidade nas costas, superar as expectativas que criou com o seu primeiro longa, Amores Brutos, que concorreu, inclusive, ao Oscar de melhor filme estrangeiro. Se fosse um artista qualquer, teria tentado uma fórmula completamente diferente para realizar seu segundo filme para não ficar estigmatizado. Mas Iñárritu não é um cineasta qualquer e fez justamente isso, repetiu a narrativa que o consagrou e conseguiu se superar em todos os sentidos.
Em Amores Burtos, um acidente era o ponto de partida para que o diretor conta-se 3 histórias diferentes, em 21 gramas, um acidente une tragicamente a vida de 3 pessoas desembocando em uma só. Tudo é contado de forma fragmentada e não cronológica despertando até certa angústia no espectador acostumado a deixar os neurônios na bilheteria dos cinemas ao ver a maioria das produções atuais. Mas fique tranquilo, esses pedaços são costurados magnificamente, aos poucos tudo se encaixa.
Cristina (Naomi Watts) é uma jovem mãe e dona-de-casa que terá sua vida brutalmente mudada a partir de um acidente, justamente por causa deste acontecimento acaba conhecendo Paul (Sean Penn). A terceira ponta é formada por Jack (Benicio Del Toro) um ex presidiário recuperado através de uma religiosidade irracional. Contar mais do que isto seria estragar o enredo. 21 Gramas (que seria o peso da nossa alma) trata de questões tão básicas como humanas e a principal delas é como enfrentamos a morte. A enxurrada de sentimentos que afloram à flor da pele e com os quais não sabemos lidar. A estética adotada é a do realismo puro, o filme quase todo é feito com a câmera na mão, dando-nos a impressão de sermos quase que invasores daquelas vidas, o aspecto da imagem é todo granulado contribuindo ainda mais para que essa sensação de intromissão da vida alheia seja acentuada.
Um parágrafo a parte merece a interpretação de elenco, tanto o trio principal como o elenco de apoio está excepcional. E se você não estiver muito disposto a refletir sobre as questões existenciais desta obra espetacular pode ver 21 Gramas também, pois além de tudo isto Iñárritu preparou um final supreendente.