Iniciada em 2018, a franquia Venom é algo que beira o inexplicável. O primeiro capítulo foi um fracasso nas críticas, mas surpreendeu a própria Sony com uma bilheteria completamente fora dos padrões da casa, o que, pela lógica do mercado, praticamente garantiu uma sequência. E ela veio em 2021, no auge da pandemia. Em Venom: Tempo de Carnificina, houve uma aposta que chegou a animar alguns, mas que terminou sendo decepcionante: a direção do Mestre da Captura de Movimentos, Andy Serkis.
Ao longo desses anos, a saga de Eddie Brock e seu amigo pegajoso se construiu em cima de uma narrativa mais jocosa, sem levar nada a sério, incluindo a relação simbiótica dos protagonistas, que mais parecem um casal em crise.
Dito isso, o terceiro capítulo da franquia é um ultraje. Ele conseguiu fazer algo que parecia impossível: ser extremamente pior que o segundo. O que, sinceramente, não pode ser acidental. Ninguém erra tanto assim por acidente.
Existe aquela piada sobre os filmes que são tão ruins, mas tão ruins que acabam “dando a volta” e ficando simpáticos. A sensação que permeia Venom 3 é que a direção decidiu apostar nisso e fazer a maior bomba possível para tentar agradar os fãs de trash, mas com uma roupagem caríssima de blockbuster. O problema é que essa “volta” na ruindade jamais chega. É só muito ruim mesmo.
Cobrar roteiro no terceiro filme de uma saga que se notabilizou por ter roteiros fracos parece um devaneio. No entanto, esse capítulo perde algo básico que ao menos os dois longas anteriores tinham, que é a coesão. O filme é um apanhado de momentos completamente sem sentido, como se 15 diretores diferentes tivessem gravado uma porção de curtas e alguém tivesse organizado eles para tentar fazer um longa-metragem. O que não funciona. Até mesmo filmes de humor sem noção precisam de coesão. É necessário haver uma sequência lógica de eventos para amarrar essa trama, o que jamais ocorre aqui.
Infelizmente, isso reflete nos personagens, que também estão completamente alheios a tudo e todos. Ninguém sabe exatamente o que está fazendo ali, nem mesmo os atores. O Tom Hardy, coitado… Ele nem tenta mais. Está ali pelo Pix no fim do mês e nada mais. Se tiver 15 falas no filme, é muito. Tudo isso para dar espaço a cenas como o Venom cantando ou dançando Abba. São coisas tão absurdas que não funcionam nem como paródia.
E não que as expectativas fossem altas, mas conseguiram se superar negativamente. Até mesmo o humor mais bobão, que funcionou em momentos dos filmes anteriores, se perde aqui. É tudo muito forçado e desconexo. Isso tudo gera uma sensação exaustiva do mais puro e genuíno tédio. Um filmes desses pode até ser ruim, mas ser chato é imperdoável.
Venom: A Última Rodada é como aquele aluno chato da escola que cresceu sem a atenção dos pais e tenta compensar essa carência tentando zoar a aula inteira, mas sem perceber que ele não passa de um chato com piadas repetidas. É realmente uma pena que isso tenha acontecido, porque é um filme de grande orçamento, que contou com a confiança de um grande e respeitado estúdio, como a Sony. Ele podia – e devia – ter sido muito melhor trabalhado, até mesmo em respeito às empresas que está representando.