O cinema, em sua grandiosidade, promove a permanência das memórias, ou melhor dizendo, a reprodução do passado. Esse desejo de gravar tudo ao nosso redor vem de berço, da nossa curiosidade de “salvar” os sentimentos para rever no futuro. E é desse artefato que o curta-documental ‘Rebobinar o Futuro’ (Rewind Forward) se sustenta e constrói sua colcha de retalhos das lembranças.
Uma direção perfeitamente guiada pelo cineasta Justin Stoneham nos leva ao sentimento mais puro que possa existir: o amor de mãe. O jovem diretor passou a vida fugindo de sua própria história, até o dia em que encontrou uma caixa repleta de velhas fitas VHS da família. Na tentativa de homenagear seu falecido pai, Justin acaba desenvolvendo um importante curta-metragem sobre o amor materno e sua permanência, mesmo após fatalidades da vida.
Sua mãe sofreu uma tragédia quando ainda era muito nova, o que a impossibilitou de andar, falar e limitou todos os seus movimentos. Com essa mudança brusca, sua família se viu a mercê de uma vida completamente nova. Apesar de carregado de sentimentos fortes, o filme se torna corajoso e destemido ao mostrar a realidade de perda, da velhice e do esquecimento. Tocando em feridas dolorosas e mostrando cenas que permanecem com a gente por um tempo.
Filmado de forma não convencional, com uma narração precisa e um texto repleto de analogias, que provoca nossas emoções todas as vezes que a senhora aparece em tela. Além disso, o presente e o passado se entrelaçam de forma à mostrar como uma pessoa cheia de vida pode se tornar alguém preso dentro de si mesmo e, novamente, os olhos se enchem de lágrimas.
Dolorosamente honesto, corajoso e único. ‘Rebobinar o Futuro’ utiliza a arte de fazer imagens para nos fazer refletir sobre o amor e o valor que damos às pessoas ao nosso redor. Prepare os lencinhos e mergulhe, por mais que o passado não possa ser apagado ou rebobinado, é com ele que podemos aprender as lições da vida e é dele que vem obras audiovisuais tão interessantes como esta.
No Brasil, o curta-metragem estará no 7º Panorama de Cinema Suíço Contemporâneo, que ocorrerá em São Paulo, no CineSesc, à partir do dia 09 de maio.
Para mais informações, acesse o site do Festival.
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