terça-feira , 24 dezembro , 2024

Por que Stephen King odeia tanto a adaptação de ‘O Iluminado’?

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Considerado um dos maiores clássicos do terror, a adaptação cinematográfica de O Iluminadovenceu o teste do tempo e continua permeando o imaginário dos cinéfilos como uma das experiências mais extasiantes do cinema. No entanto, para o autor da obra original na qual o filme se baseia, Stephen King, o longa é mais visto como um pesadelo de muito mal gosto.

A chegada da aguardada sequência do clássico oitentista, Doutor Sono, reavivou esta antiga polêmica envolvendo o escritor e a versão adaptada de seu material. E com o novo filme sendo abertamente apresentado como uma continuação direta da produção lançada em 1980, paira a dúvida em relação às impressões de King quanto ao projeto. Além disso, o capítulo mais recente ainda traz cenas de O Iluminado, contribuindo ainda mais para a conflituosa relação do autor com o filme dirigido por Stanley Kubrick.



Mas porque Stephen King odeia tanto a adaptação? Contrariando estudiosos, cinéfilos e até a crítica especializada, Stephen King não esconde sua aversão pelo filme e tem seus motivos bem pessoais – todos ligados à forma como ele imaginava que a narrativa deveria ser contada.

Assista também:
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A primeira vez que seus comentários sobre o filme vieram à tona foi em uma longa entrevista à Paris Review, feita em 2006. Na época, ele expressou veementemente seu desgosto pelo aclamado clássico, afirmando que Kubrick não entendera sua proposta, entregando um filme “frio”. Além disso, ele reclama da escolha de Nicholson para o papel, alegando que o ator teria sempre a mesma cara de psicopata louco em seus filmes, gerando uma incoerência com a trama:

“O filme é muito frio. Nenhuma sensação de investimento emocional na família. Eu senti que o tratamento de Shelley Duvall como Wendy é um insulto às mulheres. Ela é basicamente uma máquina de gritar. Não há senso de envolvimento dela na dinâmica familiar. E Kubrick não parecia ter a menor ideia de que Jack Nicholson estava interpretando o mesmo psicopata da motocicleta de todos os filmes de motoqueiro que ele fazia [As Motos Diabólicas, The Wild Ride, Rebeldia Violenta e Sem Destino]. O cara é louco. Então, onde está a tragédia se o cara aparece para a sua entrevista de emprego e ele já é maluco? Eu odiei o que Kubrick fez com isso”.

King foi ainda mais além, ao compartilhar que havia produzido um roteiro para O Iluminado, que futuramente veio a ser usado na minissérie lançada em 1997. Notavelmente incomodado, ele reclama que Kubrick teria ignorado o material, fazendo o filme à sua própria maneira:

“Meu roteiro de O Iluminado se tornou a base para a minissérie de televisão que lançamos mais tarde [estrelada por Steven Weber e Rebecca De Mornay e que fora lançada em 1997]. Mas duvido que Kubrick tenha lido antes de fazer seu filme. Ele sabia o que queria fazer com a história e contratou Diane Johnson para escrever um rascunho do roteiro baseado no que ele queria enfatizar. Então ele próprio refez. Eu fiquei muito desapontado”.

O autor ainda reclamou do final do filme, que mesmo após 39 anos continua sendo considerado um dos melhores da história do cinema:

“É certamente lindo de se ver. Eu costumava chamá-lo de Cadillac sem motor. Você não pode fazer nada a não ser admirá-lo como escultura. Você tirou seu objetivo principal, que é contar uma história. A diferença básica que diz tudo que você precisa saber é o final. Perto do final do romance, Jack Torrance diz a seu filho que ele o ama e então ele explode com o hotel. É um clímax muito apaixonado. No filme de Kubrick, ele congela até a morte”.

Esta não foi a única vez que King refletiu sobre o que mais odeia na versão cinematográfica de O Iluminado. Em 2016, o site Deadline decidiu compartilhar uma antiga entrevista feita com o autor que jamais havia sido publicada. Nela, ele expressa seu desgosto pelo filme de Kubrick:

“O personagem de Jack Torrance não tem arco nenhum nesse filme, absolutamente nenhum mesmo. Na primeira vez que vemos Jack Nicholson, ele está no escritório do Mr. Ullman, o gerente do hotel, e sabe, ele tá mais louco que um rato fugindo de uma ratoeira. Tudo que ele faz é ficar ainda mais louco. No livro, ele é um cara que está lutando com sua sanidade até que finalmente perde o controle. Para mim, essa é a tragédia. No filme, não há tragédia, pois não há mudança nenhuma”.

Em 2013, durante uma entrevista à emissora BBC, King também se posicionou a respeito da maneira que a personagem de Shelley Duvall é apresentada na narrativa. Segundo a perspectiva do autor, Wendy é uma das figuras femininas mais misóginas do cinema:

Shelley Duvall como Wendy é realmente uma das personagens mais misóginas já colocadas em um filme. Ela está ali basicamente para gritar e agir de forma estúpida e essa não é a mulher que eu escrevi em meu livro”.

Já em 2014, ele novamente expressou o seu ódio quanto ao filme, apontando suas falhas no instante em que o assistiu em sua premiere, em uma franca conversa com a revista Rolling Stone:

“O livro é quente e o filme é frio; o livro termina em fogo e o filme em gelo. No livro, há um arco real em que você vê esse cara, Jack Torrance, tentando ser bom e pouco a pouco ele se muda para esse lugar onde ele é louco. E, no que me diz respeito, quando vi o filme, Jack estava louco desde a primeira cena. Eu tive que manter minha boca fechada na hora. Era uma exibição e Nicholson estava lá. Mas estava pensando, assim que ele aparecia na tela: ‘Eu conheço esse cara. Eu o vi em cinco filmes de motocicletas, onde Jack Nicholson desempenhou o mesmo papel. E é tão misógino. Quero dizer, Wendy Torrance é apenas apresentada como esse tipo de gritaria. Mas essa é a minha opinião, eu sou assim”.

Na mesma entrevista, o escritor foi ainda mais além, afirmando não entender o fandom que surgiu ao redor do filme. Para ele, uma adaptação cinematográfica funciona como um meio menor de retratar a ficção:

“Não. Eu nunca vi o filme dessa maneira. E nunca vi nenhum filme dessa maneira. Os filmes nunca foram um grande problema para mim. Os filmes são os filmes. Eles apenas os fazem. Se eles são bons, isso é ótimo. Se não são, não são. Mas eu os vejo como um meio menor que a ficção, que a literatura e um meio mais efêmero “.

 

Em entrevista EXCLUSIVA ao CinePOP, o cineasta Mike Flanagan confirma que ‘Doutor Sono‘ é inegavelmente uma sequência de ‘O Iluminado‘, tanto do livro quanto do filme.

Assista a entrevista:

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Crítica | Doutor Sono agradará em cheio aos fãs de ‘O Iluminado’, tanto do livro quanto do filme

Doutor Sono‘, “continuação” de ‘O Iluminado‘, é dirigido por Mike Flanagan – que tem no currículo ‘O Espelho‘, ‘A Maldição da Residência Hill‘, ‘Ouija: Origem do Mal‘ e ‘Antes que Eu Vá‘.

Na infância, Danny Torrance conseguiu sobreviver a uma tentativa de homicídio por parte do pai, um escritor perturbado por espíritos malignos, tornado-se um adulto igualmente traumatizado e alcoólatra. Sem residência fixa, ele se estabelece em uma pequena cidade, onde consegue um emprego no hospício local e cria um vínculo telepático com uma menina, paciente da instituição.

O elenco inclui Ewan McGregor, Rebecca Ferguson, Jocelin DonahueZahn McClarnon, Emily Alyn Lind e Jacob Tremblay.

O longa será lançado nos cinemas nacionais nesta quinta-feira, no dia 7 de novembro.

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Por que Stephen King odeia tanto a adaptação de ‘O Iluminado’?

Considerado um dos maiores clássicos do terror, a adaptação cinematográfica de O Iluminadovenceu o teste do tempo e continua permeando o imaginário dos cinéfilos como uma das experiências mais extasiantes do cinema. No entanto, para o autor da obra original na qual o filme se baseia, Stephen King, o longa é mais visto como um pesadelo de muito mal gosto.

A chegada da aguardada sequência do clássico oitentista, Doutor Sono, reavivou esta antiga polêmica envolvendo o escritor e a versão adaptada de seu material. E com o novo filme sendo abertamente apresentado como uma continuação direta da produção lançada em 1980, paira a dúvida em relação às impressões de King quanto ao projeto. Além disso, o capítulo mais recente ainda traz cenas de O Iluminado, contribuindo ainda mais para a conflituosa relação do autor com o filme dirigido por Stanley Kubrick.

Mas porque Stephen King odeia tanto a adaptação? Contrariando estudiosos, cinéfilos e até a crítica especializada, Stephen King não esconde sua aversão pelo filme e tem seus motivos bem pessoais – todos ligados à forma como ele imaginava que a narrativa deveria ser contada.

A primeira vez que seus comentários sobre o filme vieram à tona foi em uma longa entrevista à Paris Review, feita em 2006. Na época, ele expressou veementemente seu desgosto pelo aclamado clássico, afirmando que Kubrick não entendera sua proposta, entregando um filme “frio”. Além disso, ele reclama da escolha de Nicholson para o papel, alegando que o ator teria sempre a mesma cara de psicopata louco em seus filmes, gerando uma incoerência com a trama:

“O filme é muito frio. Nenhuma sensação de investimento emocional na família. Eu senti que o tratamento de Shelley Duvall como Wendy é um insulto às mulheres. Ela é basicamente uma máquina de gritar. Não há senso de envolvimento dela na dinâmica familiar. E Kubrick não parecia ter a menor ideia de que Jack Nicholson estava interpretando o mesmo psicopata da motocicleta de todos os filmes de motoqueiro que ele fazia [As Motos Diabólicas, The Wild Ride, Rebeldia Violenta e Sem Destino]. O cara é louco. Então, onde está a tragédia se o cara aparece para a sua entrevista de emprego e ele já é maluco? Eu odiei o que Kubrick fez com isso”.

King foi ainda mais além, ao compartilhar que havia produzido um roteiro para O Iluminado, que futuramente veio a ser usado na minissérie lançada em 1997. Notavelmente incomodado, ele reclama que Kubrick teria ignorado o material, fazendo o filme à sua própria maneira:

“Meu roteiro de O Iluminado se tornou a base para a minissérie de televisão que lançamos mais tarde [estrelada por Steven Weber e Rebecca De Mornay e que fora lançada em 1997]. Mas duvido que Kubrick tenha lido antes de fazer seu filme. Ele sabia o que queria fazer com a história e contratou Diane Johnson para escrever um rascunho do roteiro baseado no que ele queria enfatizar. Então ele próprio refez. Eu fiquei muito desapontado”.

O autor ainda reclamou do final do filme, que mesmo após 39 anos continua sendo considerado um dos melhores da história do cinema:

“É certamente lindo de se ver. Eu costumava chamá-lo de Cadillac sem motor. Você não pode fazer nada a não ser admirá-lo como escultura. Você tirou seu objetivo principal, que é contar uma história. A diferença básica que diz tudo que você precisa saber é o final. Perto do final do romance, Jack Torrance diz a seu filho que ele o ama e então ele explode com o hotel. É um clímax muito apaixonado. No filme de Kubrick, ele congela até a morte”.

Esta não foi a única vez que King refletiu sobre o que mais odeia na versão cinematográfica de O Iluminado. Em 2016, o site Deadline decidiu compartilhar uma antiga entrevista feita com o autor que jamais havia sido publicada. Nela, ele expressa seu desgosto pelo filme de Kubrick:

“O personagem de Jack Torrance não tem arco nenhum nesse filme, absolutamente nenhum mesmo. Na primeira vez que vemos Jack Nicholson, ele está no escritório do Mr. Ullman, o gerente do hotel, e sabe, ele tá mais louco que um rato fugindo de uma ratoeira. Tudo que ele faz é ficar ainda mais louco. No livro, ele é um cara que está lutando com sua sanidade até que finalmente perde o controle. Para mim, essa é a tragédia. No filme, não há tragédia, pois não há mudança nenhuma”.

Em 2013, durante uma entrevista à emissora BBC, King também se posicionou a respeito da maneira que a personagem de Shelley Duvall é apresentada na narrativa. Segundo a perspectiva do autor, Wendy é uma das figuras femininas mais misóginas do cinema:

Shelley Duvall como Wendy é realmente uma das personagens mais misóginas já colocadas em um filme. Ela está ali basicamente para gritar e agir de forma estúpida e essa não é a mulher que eu escrevi em meu livro”.

Já em 2014, ele novamente expressou o seu ódio quanto ao filme, apontando suas falhas no instante em que o assistiu em sua premiere, em uma franca conversa com a revista Rolling Stone:

“O livro é quente e o filme é frio; o livro termina em fogo e o filme em gelo. No livro, há um arco real em que você vê esse cara, Jack Torrance, tentando ser bom e pouco a pouco ele se muda para esse lugar onde ele é louco. E, no que me diz respeito, quando vi o filme, Jack estava louco desde a primeira cena. Eu tive que manter minha boca fechada na hora. Era uma exibição e Nicholson estava lá. Mas estava pensando, assim que ele aparecia na tela: ‘Eu conheço esse cara. Eu o vi em cinco filmes de motocicletas, onde Jack Nicholson desempenhou o mesmo papel. E é tão misógino. Quero dizer, Wendy Torrance é apenas apresentada como esse tipo de gritaria. Mas essa é a minha opinião, eu sou assim”.

Na mesma entrevista, o escritor foi ainda mais além, afirmando não entender o fandom que surgiu ao redor do filme. Para ele, uma adaptação cinematográfica funciona como um meio menor de retratar a ficção:

“Não. Eu nunca vi o filme dessa maneira. E nunca vi nenhum filme dessa maneira. Os filmes nunca foram um grande problema para mim. Os filmes são os filmes. Eles apenas os fazem. Se eles são bons, isso é ótimo. Se não são, não são. Mas eu os vejo como um meio menor que a ficção, que a literatura e um meio mais efêmero “.

 

Em entrevista EXCLUSIVA ao CinePOP, o cineasta Mike Flanagan confirma que ‘Doutor Sono‘ é inegavelmente uma sequência de ‘O Iluminado‘, tanto do livro quanto do filme.

Assista a entrevista:

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Crítica | Doutor Sono agradará em cheio aos fãs de ‘O Iluminado’, tanto do livro quanto do filme

Doutor Sono‘, “continuação” de ‘O Iluminado‘, é dirigido por Mike Flanagan – que tem no currículo ‘O Espelho‘, ‘A Maldição da Residência Hill‘, ‘Ouija: Origem do Mal‘ e ‘Antes que Eu Vá‘.

Na infância, Danny Torrance conseguiu sobreviver a uma tentativa de homicídio por parte do pai, um escritor perturbado por espíritos malignos, tornado-se um adulto igualmente traumatizado e alcoólatra. Sem residência fixa, ele se estabelece em uma pequena cidade, onde consegue um emprego no hospício local e cria um vínculo telepático com uma menina, paciente da instituição.

O elenco inclui Ewan McGregor, Rebecca Ferguson, Jocelin DonahueZahn McClarnon, Emily Alyn Lind e Jacob Tremblay.

O longa será lançado nos cinemas nacionais nesta quinta-feira, no dia 7 de novembro.

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