sábado, abril 27, 2024

Quem é Justine Triet, a ganhadora da Palma de Ouro de 2023?

Vencedora da Palma de Ouro no Festival de Cannes 2023 pelo filme Anatomia de Uma Queda (Anatomie d’une chute), Justine Triet começou sua carreira em 2006. Você, no entanto, já tinha ouvido falar dela? Neste artigo, saiba mais sobre a cineasta francesa que ao lado de Jane Campion (O Piano, 1993) e Julia Ducournau (Titane, 2021) tornou-se somente a terceira mulher a ganhar a honraria em 76 edições do evento. 

Os Primeiros Passos

Nascida na região da Normandia, em 17 de julho de 1978, Justine Triet dirigiu seu primeiro curta-metragem [27 min] em 2006. Documental, Sur place revisita as cenas de violência ocorridas em março de 2006 por conta dos protestos contra o Contrato do Primeiro Emprego (CPE) na Place d’Italie em Paris, mostrando o impacto da manifestação na cidade e nas pessoas.

Ainda no campo político, ela lançou o documentário Solférino [57 min] em 2009. O projeto revisita o segundo turno da eleição presidencial francesa de 2007: Nicolas Sarkozy x Ségolène Royal. Diante de ativistas, jornalistas, figuras políticas e do gigantesco aparato midiático montado para a ocasião, a obra questiona a posição do público/eleitor nesse espetáculo. 

O Caminho do Reconhecimento

Nos dois próximos anos, Justine Triet realizou outros dois projetos. O primeiro é um documentário rodado em São Paulo, no Brasil. Com 56 minutos, o filme acompanha o jovem Gustavo, de 15 anos, em um centro de assistência social gerenciado por uma igreja evangélica. Des ombres dans la maison [Sombras na Casa, 2010] é centrado na audiência jurídica para avaliar a guarda do menino pela mãe alcoólatra.

Lætitia Dosch e Thomas Lévy-Lasne em ‘Vilaine Fille, mauvais garçon’ (2012)

No ano seguinte, o curta-metragem de ficção Vilaine fille, mauvais garçon (Menina Safada, Menino Mau, 2011) abre as portas do mundo dos festivais para a diretora. Com o relato de um encontro ao acaso de um pintor falido e uma atriz de espírito livre, o filme recebeu o prêmio de Melhor Curta Europeu na Berlinale e o Grande Prêmio no Festival Premiers Plans d’Angers em 2012. 

Com o sucesso do curta anterior, a diretora francesa lança-se na ficção e entra no circuito comercial com A Batalha de Solférino (2013). Baseada no seu curta Solférino, a comédia dramática é selecionada para o ACID no Festival de Cannes 2013 e recebe uma nomeação ao César — o Oscar francês — na categoria Melhor Primeiro Filme.

Entrada na Primeira Classe

Em 2016, Justine volta ao Festival de Cannes com o título Na Cama com Victoria, desta vez na Semana da Crítica. O enredo destaca a estranha relação entre a advogada Victoria (Virginie Efira) e um pequeno traficante contratado como babá do seu filho (Vincent Lacoste). A comédia recebe cinco indicações ao César e marca o talento de Virginie Efira

Virginie Efira em Na Cama com Victoria (2016)

Dois anos depois, Justine Triet reencontra a atriz para o drama Sibyl, ao lado também de Adèle Exarchopoulos e Gaspard Ulliel. Naquele ano, o filme entra na Competição do Festival de Cannes, mas perde para Parasita (2019), de Bong Joon-ho. Com esse grande passo, a diretora crava seu nome na indústria cinematográfica. No filme, a psicanalista do título (Virginie Efira) utiliza a vida da sua paciente Margot (Adèle), uma atriz em ascensão e cheia de problemas, para retomar sua grande paixão: a escrita. 

Não deixe de assistir:

Após 15 anos de carreira e oito projetos no audiovisual, a cineasta formada na Escola Nacional de Belas Artes de Paris recebe a consagração em 2023. Na Competição com outros 21 títulos, o seu projeto Anatomia de uma Queda ganha a Palma de Ouro no Festival de Cannes. Desse modo, Justine Triet entra para história como a terceira mulher a obter a prestigiosa distinção. 

Sandra Hüller em Anatomia de uma Queda (2023)

Protagonizado por Sandra Hüller (O Homem Ideal), Anatomia de uma Queda é a narrativa de um dilema moral e a investigação não apenas de uma queda, mas de um casal. Uma mulher é suspeita do assassinato de seu marido, enquando a única possível testemunha é o seu filho cego. Ainda sem distribuidora e previsão de lançamento no Brasil, o longa estreia no dia 23 de agosto na França e já foi vendido para outros 14 países. 

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Letícia Alassë
Crítica de Cinema desde 2012, jornalista e pesquisadora sobre comunicação, cultura e psicanálise. Mestre em Cultura e Comunicação pela Universidade Paris VIII, na França e membro da Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine). Nascida no Rio de Janeiro e apaixonada por explorar o mundo tanto geograficamente quanto diante da tela.

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