sexta-feira, abril 19, 2024

Quer chorar? Dramas da Netflix para Refletir e se Emocionar

Todas as “minhas filhas” estão com saudade de um cinema, né? Fato. Para os amantes da sétima arte ter ficado praticamente um ano inteiro sem o prazer de nosso programa preferido foi muito cruel. Nos restou virarmos para os sempre confiáveis e cada vez mais dominantes streamings – assistir aos filmes de casa. A entrada de novas empresas de tal serviço no mercado se mostrou mais que propício numa época em que a palavra de ordem é ficar em casa. Ninguém sabe muito bem como será o mundo em 2021, especialmente na sua segunda metade do pós-vacina. De qualquer forma foi justamente graças as mais variadas plataformas de streaming que os cinéfilos puderam não ficar cem por cento órfãos de boas produções.

Aqui, nesta nova matéria, iremos no concentrar no primeiro e maior de todos os streamings: a Netflix. A finalidade é indicar alguns dos melhores e mais recentes dramas da casa, que vem arrancando elogios do público e da imprensa especializada. Justamente por isso, muitos já fazem suas apostas de que grande parte deles irá figurar na vindoura época de premiações – com alguns possivelmente escalando até o Oscar. Por essa razão, se você gosta deste tipo de filme prestigiado, não pode deixar de conferir nossas dicas, com o crème de la crème da temporada. Veja abaixo e não esqueça de comentar.

O Tigre Branco

Tido por parte da imprensa especializada como o Parasita de 2021, o longa também aborda questões sociais de luta de classes (muito em voga no cinema atualmente), alterando o cenário da Coreia do Sul para a Índia. Lançado no dia 22 do mês passado na Netflix Brasil, onde fez sua estreia em nosso país, O Tigre Branco é baseado num livro e tem roteiro adaptado e direção de Ramin Bahrani (dos provocativos 99 Casas e Fahrenheit 451). Assim como o vencedor do Oscar 2020 citado, O Tigre Branco foca na forma como os ricos lidam com seus empregados, e nesta delicada relação de poder segue uma tênue linha entre o abuso e a intimidade.

É interessante notar a diferença cultural entre os países citados (Índia e Coreia do Sul), e até mesmo o nosso país, no que diz respeito ao elo empregatício. O filme de Bahrani apresenta uma verdadeira devoção dos empregados por seus patrões, sendo capazes de aguentar até mesmo grandes maus tratos pela gratidão de terem um trabalho. Na trama, acompanhamos a trajetória Balram (Adarsh Gourav), nascido em meio a miséria, o jovem se recusa a aceitar seu destino pré-determinado, assumindo o ramo da família, trabalhar num “pé-sujo” servindo mesas.

Ele possui ambições maiores, como servir de motorista para a família mais poderosa das redondezas, e no caminho passará por cima de tudo e todos. É uma escalada ao poder no estilo de Scarface (1983), eliminando toda (ou quase toda) parte criminal. O rosto mais conhecido do elenco é o da estrela indiana Priyanka Chopra. E embora em parte seja tão cruel quanto Quem Quer Ser um Milionário? (2008), em seu retrato da pobreza, aqui não temos um desfecho a la Bollywood, com música e dança. Com 91% de aprovação da imprensa especializada, o burburinho positivo pode fazer O Tigre Branco chegar até a época de premiações e, quem sabe, até o Oscar.

Pieces of a Woman

Ao contrário do item acima, que fez sua estreia diretamente no streaming mundialmente, este drama estarrecedor chegou a ser exibido em Festivais de Cinema como Veneza e Toronto no ano passado. No Brasil e em grande parte do mundo, sua estreia ocorreu no dia 7 de janeiro deste ano, diretamente na internet. Embora não tenha arrebatado os críticos como o colega acima (rendendo 76% de aprovação – ainda uma avaliação bem positiva), numa coisa todos parecem concordar (e que coloca o longa na dianteira de apostas para nomeações a prêmios importantes do cinema): o desempenho impressionante da protagonista Vanessa Kirby. Conhecida do grande público por suas participações em filmes de ação, vide Missão: Impossível – Efeito Fallout (2018) e Hobbs & Shaw (2019), a atriz britânica já havia se destacado na bem sucedida série da casa The Crown, onde viveu a Princesa Margaret. Agora Kirby pode ter uma grande impulsão em sua carreira, caso de fato postule o tão cobiçado prêmio da Academia. Mesmo que não chegue a tanto, já podemos dizer que seu desempenho aqui é um divisor de águas.

Ao lado de um grande elenco de apoio, com nomes como a vencedora do Oscar Ellen Burstyn, a talentosa Sarah Snook (se você ainda não viu O Predestinado, faça este favor a si mesmo) e Shia LaBeouf, Vanessa Kirby brilha na pele de Martha, uma jovem mulher decidida a ter um parto natural em sua própria casa. O que deveria ser um momento de extrema felicidade para ele e seu companheiro (LaBeouf) logo transforma-se em um pesadelo interminável quando o evento ruma para a tragédia. A cena visceral de todo o trabalho de parto que abre o filme dura meia hora, sendo provavelmente a cena pré-créditos mais longa do cinema, e também uma das cenas de parto mais dilacerantes e nervosas. Mas Pieces of a Woman é mais do que isso e fala sobre relações humanas e como se reerguer depois que somos abatidos de uma forma quase sem esperança. O filme é baseado na história real do casal responsável por sua criação, os húngaros Kata Wéber e Kornél Mundruczó, respectivamente a roteirista e o diretor da obra.

Não deixe de assistir:

A Incrível História da Ilha das Rosas

Da lista, este é o item com ares mais leves e certo teor de comicidade. Porém, sem esquecer o peso questionador que nos deixa intrigados, refletindo sobre o que foi apresentado em tela. Produção italiana, aqui temos outra história real levada ao cinema – embora não literalmente, já que o filme fez sua estreia mundial na internet, através da famosa plataforma de streaming. Chegando ao Brasil no dia 9 de dezembro de 2020 (há menos de dois meses), este é um dos lançamentos da casa que você não pode perder. Marcando 78% de aprovação com a imprensa especializada, Ilha das Rosas não busca prêmios, mas narra de forma irreverente um acontecimento tão surreal que não acreditaríamos caso não fosse verdade.

Na trama, passada no fim da década de 1960, o inquieto e desafiador arquiteto Giorgio Rosa (Elio Germano) parece ter sempre andado na contramão da vida, por isso não tem o melhor dos relacionamentos com os pais e sua namorada o largou – papel da belíssima Matilda De Angelis (da minissérie da HBO The Undoing). Assim, revoltado contra o sistema, o sujeito decide se empenhar em sua mais recente obra: a construção de uma ilha (na verdade uma espécie de plataforma) fora do território italiano, em águas internacionais, e declarar o local um território próprio, independente de seu país de origem. A façanha não desce tão redondo para o governo italiano, que trava uma batalha legal com o protagonista. O interessante é pesquisar sobre o caso real após assistir ao filme, ou quem sabe antes, e descobrir que este tipo de prática não é inédita, e acontece até hoje. Acima de tudo, Ilha das Rosas fala sobre se manter fiel a seus ideais, não desistir de seus sonhos (até mesmo quando tudo parece estar contra) e sobre a força de amizades.

Rosa e Momo

Seguindo por filmes italianos, esse traz uma verdadeira lenda viva do país e do cinema mundial também. A veteraníssima Sophia Loren, no auge de seus gloriosos 86 anos, é quem estrela este drama bastante humano, após um hiato de onze anos afastada das telonas (desde que apareceu em Nine, musical americano que reimagina o clássico 8 ½ de Fellini). Muitos podem não saber ou lembrar, mas a italiana tem uma estatueta do Oscar para chamar de sua, tendo vencido o prêmio de melhor atriz em 1962 pelo filme Duas Mulheres, se tornando assim a primeira artista da história (incluindo os homens) a vencer por um filme não falado em inglês. Além disso, ganhou também um Oscar honorário em 1991.

Rosa e Momo marca impressionantes 91% de aprovação da imprensa, e traz o pungente tema dos imigrantes e refugiados na Europa. Loren interpreta uma ex-prostituta, agora idosa, que trabalha cuidando de crianças até que seus pais um dia consigam vir buscá-las. Em seu caminho cruza seu novo e maior desafio, o menino africano Momo (Ibrahima Gueye), que anda caminhando do lado errado dos trilhos, devido às más companhias. O jovem está a um passo, ou talvez já tenha pisado no lado de lá, de se tornar um criminoso, e sua personalidade irá colidir com a igualmente temperamental figura materna. Sophia Loren está em grande forma e seria um grande presente, para ela e para nós, ver seu trabalho reconhecido na época de premiação. Por trás das câmeras, tudo ficou em casa, já que esta é a terceira vez que seu filho na vida real, Edoardo Ponti, a dirige. Também baseado em um livro, Rosa e Momo era planejado para uma estreia nas telonas, mas devido ao Covid chegou à Netflix no dia 13 de novembro de 2020.

A Voz Suprema do Blues

Filme com sabor de despedida, este longa com bastante ritmo de Blues marca o último trabalho nas telas do jovem talentoso Chadwick Boseman (conhecido como o herói Pantera Negra), que nos deixou cedo demais aos 43 anos de idade – no auge de sua carreira – perdendo a luta para o câncer. No filme, já com o visual abatido e bem mais magro do que estávamos acostumados a vê-lo, Boseman entrega um dos melhores desempenhos de sua filmografia – sem exageros! Mas aqui ele não está sozinho, e contrabalanceando sua performance temos a verdadeira protagonista, a “leoa” Viola Davis – que inclusive chegou a ganhar peso (numa destas transformações do “método”) para viver sua personagem, a verdadeira mãe do estilo musical Blues, Ma Rainey. Davis está simplesmente “tomada” e o filme já vale a pena só para presenciarmos o embate desses dois monstros – onde durante uma gravação de disco, a fervorosa Rainey, “bate cabeça” com o teimoso e soberbo Levee (Boseman), seu trompetista.

Extremamente verborrágico, A Voz Suprema do Blues é a adaptação para as telas da peça do dramaturgo August Wilson, cujo texto já havia rendido o celebrado Um Limite Entre Nós – indicado ao Oscar e igualmente originário dos palcos. Outra ligação entre as obras é a presença do astro Denzel Washington, desta vez na capacidade de produtor, impulsionando a direção de George C. Wolfe. Com poucos cenários, muito diálogo, grandes atuações, a obra se comporta realmente como uma peça – embora capriche na exuberância da época, em especial na direção de arte (o longa se passa nos anos 1920). Aqui deixamos o melhor para o final, bem, ao menos na opinião dos críticos, já que Ma Rainey’s Black Bottom (no título original) conquistou 98% de aprovação da imprensa. Então, não se espante se a produção chegar até o Oscar. E não seria um disparate. De uma coisa sabemos, já ganhou o coração do ex-presidente americano Barack Obama, que o inclui na sua lista dos melhores do respectivo ano. O filme “fechou” 2020, estreando no dia 18 de dezembro.

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