domingo , 22 dezembro , 2024

Universo Agatha Christie | Antes de ‘A Noite das Bruxas’, relembre ‘Morte no Nilo’

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Mesmo com recepção mista por parte da crítica especializada, a nova versão de ‘Assassinato no Expresso do Oriente’, dirigido por Kenneth Branagh e lançado em 2017, fez um estrondo de bilheteria, arrecadando mais de US$350 milhões ao redor do mundo. Logo, não é nenhuma surpresa que o filme daria início a uma franquia baseada nos escritos de Agatha Christie e que, cinco anos mais tarde, ganharia um segundo capítulo com Morte no Nilo (outro dos romances mais famosos da Dama do Crime). E, mesmo contando com um forte elenco e uma predileção muito bem-vinda pela estética vintage, a produção seguiu os passos da produção anterior por um ritmo descompensado e um roteiro um tanto quanto apressado.

Na trama, Branagh retorna tanto como o diretor quanto como Hercule Poirot, o maior e mais inteligente detetive do mundo. Em viagem para o Cairo e desejando se afastar dos casos de mistério que eternizaram seu nome, ele cruza caminho com seu velho amigo, Bouc (Tom Bateman), que o convida para a festa de casamento de Linnet Ridgeway-Doyle (Gal Gadot), uma rica e famosa herdeira, e de Simon Doyle (Armie Hammer). O problema é que Simon estava, pouco tempo atrás, noivo de Jacqueline de Bellefort (Emma Mackey), uma jovem moça que também era amiga de Linnet e que, não sabendo lidar com a traição cometida por ambos, os persegue ao redor do mundo e tenta causar o máximo de desconforto apenas com sua estonteante presença. Temendo que algo possa acontecer, Linnet, percebendo que Poirot irá acompanhar a ela e a seus amigos em um cruzeiro de luxo pelo Rio Nilo, contrata a mente calculista do detetive para vigiá-la – ainda que ele acredite que nada passe de um coração partido com dificuldades de se curar.



Como já era de se esperar, um assassinato é cometido: Linnet é encontrada por sua dama de companhia, Louise Bourget (Rose Leslie), tendo sido alvejada na cabeça. E, mesmo tendo jurado a si próprio que iria se afastar da vida de investigador, Poirot percebe que precisa descobrir quem foi o responsável pelo homicídio e, ao menos, dar um pouco de paz à vítima. É a partir daí que ele começa a interrogar cada um dos convidados do cruzeiro, que também incluem a mãe de Bouc, Euphemia (Annette Bening); o ex-noivo de Linnet, Linus (Russell Brand); o primo de Linnet e contador de sua exorbitante riqueza, Andrew (Ali Fazal); Marie Van Schuyler (Jennifer Saunders), madrinha de Linnet que é acompanhada por sua enfermeira e, como ficamos sabendo, amante, a Srta. Bowers (Dawn French); e a renomada cantora de jazz Salome Otterbourne (Sophie Okonedo) e sua sobrinha, Rosalie (Letitia Wright), esta uma amiga próxima de Linnet.

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Como é de costume dentro dos romances de Christie, os enredos são acompanhados por um grupo considerável de pessoas que aumentam nossas expectativas para descobrir quem é o culpado. Aliada à presença de Poirot como motor-chave de sequências angustiantes e de uma contagem exponencial de cadáveres, a narrativa funciona em boa parte como um sólido entretenimento, por mais que não apresente nenhum elemento novo em comparação a investidas anteriores e mais bem-cuidadas, por assim dizer. De qualquer forma, temos performances sólidas de Branagh, Bateman e, principalmente, Mackey – que, de fato, se torna a grande estrela do longa-metragem por sua presença quase diabólica e recheada de segundas intenções (e que nos auxilia a abraçar a estupenda reviravolta do terceiro ato).

Mergulhando em uma imagética clássica que nos rememora aos anos 1940 e 1950, Branagh faz inúmeras homenagens a títulos do gênero e, aproveitando a belíssima paisagem egípcia, arquiteta um elo contraditório entre as produções noir e uma paleta de cores vibrante e fervorosa. E isso não é tudo: visto sua paixão por Christie, ele apresenta breves sequências que explicam a trágica origem de Poirot, incluindo o motivo de ele deixar seu bigode crescer ou a traumatizante morte de sua prometida durante a I Guerra Mundial – transformando essa aventura em um melancólico drama que, de fato, não terá um final feliz. Ora, até mesmo Hercule se vê num beco sem saída quando, ao descer do navio, percebe que nada menos que cinco vidas foram perdidas, causando uma dor infindável que teve início com uma desavença romântica; afinal, como ele mesmo comenta, o amor pode ser capaz de tudo, inclusive de destruição.

Morte no Nilo foi uma entrada razoável para a franquia encabeçada por Branagh, mas apresentou alguns equívocos amadores que não vimos em suas outras incursões, como ‘Belfast’ ou ‘Cinderela’. Agora, o cineasta parte para mais um capítulo da saga com o aguardado ‘A Noite das Bruxas’ – que estreia amanhã, 14 de setembro, nos cinemas nacionais.

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Thiago Nollahttps://www.editoraviseu.com.br/a-pedra-negra-prod.html
Em contato com as artes em geral desde muito cedo, Thiago Nolla é jornalista, escritor e drag queen nas horas vagas. Trabalha com cultura pop desde 2015 e é uma enciclopédia ambulante sobre divas pop (principalmente sobre suas musas, Lady Gaga e Beyoncé). Ele também é apaixonado por vinho, literatura e jogar conversa fora.

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Mesmo com recepção mista por parte da crítica especializada, a nova versão de ‘Assassinato no Expresso do Oriente’, dirigido por Kenneth Branagh e lançado em 2017, fez um estrondo de bilheteria, arrecadando mais de US$350 milhões ao redor do mundo. Logo, não é nenhuma surpresa que o filme daria início a uma franquia baseada nos escritos de Agatha Christie e que, cinco anos mais tarde, ganharia um segundo capítulo com Morte no Nilo (outro dos romances mais famosos da Dama do Crime). E, mesmo contando com um forte elenco e uma predileção muito bem-vinda pela estética vintage, a produção seguiu os passos da produção anterior por um ritmo descompensado e um roteiro um tanto quanto apressado.

Na trama, Branagh retorna tanto como o diretor quanto como Hercule Poirot, o maior e mais inteligente detetive do mundo. Em viagem para o Cairo e desejando se afastar dos casos de mistério que eternizaram seu nome, ele cruza caminho com seu velho amigo, Bouc (Tom Bateman), que o convida para a festa de casamento de Linnet Ridgeway-Doyle (Gal Gadot), uma rica e famosa herdeira, e de Simon Doyle (Armie Hammer). O problema é que Simon estava, pouco tempo atrás, noivo de Jacqueline de Bellefort (Emma Mackey), uma jovem moça que também era amiga de Linnet e que, não sabendo lidar com a traição cometida por ambos, os persegue ao redor do mundo e tenta causar o máximo de desconforto apenas com sua estonteante presença. Temendo que algo possa acontecer, Linnet, percebendo que Poirot irá acompanhar a ela e a seus amigos em um cruzeiro de luxo pelo Rio Nilo, contrata a mente calculista do detetive para vigiá-la – ainda que ele acredite que nada passe de um coração partido com dificuldades de se curar.

Como já era de se esperar, um assassinato é cometido: Linnet é encontrada por sua dama de companhia, Louise Bourget (Rose Leslie), tendo sido alvejada na cabeça. E, mesmo tendo jurado a si próprio que iria se afastar da vida de investigador, Poirot percebe que precisa descobrir quem foi o responsável pelo homicídio e, ao menos, dar um pouco de paz à vítima. É a partir daí que ele começa a interrogar cada um dos convidados do cruzeiro, que também incluem a mãe de Bouc, Euphemia (Annette Bening); o ex-noivo de Linnet, Linus (Russell Brand); o primo de Linnet e contador de sua exorbitante riqueza, Andrew (Ali Fazal); Marie Van Schuyler (Jennifer Saunders), madrinha de Linnet que é acompanhada por sua enfermeira e, como ficamos sabendo, amante, a Srta. Bowers (Dawn French); e a renomada cantora de jazz Salome Otterbourne (Sophie Okonedo) e sua sobrinha, Rosalie (Letitia Wright), esta uma amiga próxima de Linnet.

Como é de costume dentro dos romances de Christie, os enredos são acompanhados por um grupo considerável de pessoas que aumentam nossas expectativas para descobrir quem é o culpado. Aliada à presença de Poirot como motor-chave de sequências angustiantes e de uma contagem exponencial de cadáveres, a narrativa funciona em boa parte como um sólido entretenimento, por mais que não apresente nenhum elemento novo em comparação a investidas anteriores e mais bem-cuidadas, por assim dizer. De qualquer forma, temos performances sólidas de Branagh, Bateman e, principalmente, Mackey – que, de fato, se torna a grande estrela do longa-metragem por sua presença quase diabólica e recheada de segundas intenções (e que nos auxilia a abraçar a estupenda reviravolta do terceiro ato).

Mergulhando em uma imagética clássica que nos rememora aos anos 1940 e 1950, Branagh faz inúmeras homenagens a títulos do gênero e, aproveitando a belíssima paisagem egípcia, arquiteta um elo contraditório entre as produções noir e uma paleta de cores vibrante e fervorosa. E isso não é tudo: visto sua paixão por Christie, ele apresenta breves sequências que explicam a trágica origem de Poirot, incluindo o motivo de ele deixar seu bigode crescer ou a traumatizante morte de sua prometida durante a I Guerra Mundial – transformando essa aventura em um melancólico drama que, de fato, não terá um final feliz. Ora, até mesmo Hercule se vê num beco sem saída quando, ao descer do navio, percebe que nada menos que cinco vidas foram perdidas, causando uma dor infindável que teve início com uma desavença romântica; afinal, como ele mesmo comenta, o amor pode ser capaz de tudo, inclusive de destruição.

Morte no Nilo foi uma entrada razoável para a franquia encabeçada por Branagh, mas apresentou alguns equívocos amadores que não vimos em suas outras incursões, como ‘Belfast’ ou ‘Cinderela’. Agora, o cineasta parte para mais um capítulo da saga com o aguardado ‘A Noite das Bruxas’ – que estreia amanhã, 14 de setembro, nos cinemas nacionais.

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