“Oh Jorginho, me empresta a doze, eu vou matar esse forasteiro.” (Dolores, 2018)
Westworld está de volta para explodir as mentes dos telespectadores, destruir a capacidade de focar em outras questões da vida e ficar por horas bolando teorias sobre o que será que vai acontecer em seguida. A criação de Jonathan Nolan (Interestelar) e Lisa Joy (Pushing Daisies) já começou do jeito que o pública gosta: tremendo a terra (ou as mentes).
Com um início de temporada mantendo as raízes da primeira, a produção da HBO demonstrou permanecer com as qualidades técnicas apresentadas em 2016. Direção, arte, roteiro, tudo mesclado e amarrado sem deixar dúvidas ao público que se sente imerso dentro daquele universo, como se vivenciasse os acontecimentos junto aos personagens. Sem contar as atuações dignas de palmas e ovações. Você não assiste a Westworld, você vive Westworld, o que remete aos tempos de Lost e Fringe.
Bom, desta vez, aparentemente, a jogada de linhas temporais está bem definida: duas situações ocorrendo, sendo a primeira os fatos que se sucederam após Dolores (Evan Rachel Wood) matar o Ford (poderíamos classificar como passado?) e o (presente) momento em que o Bernard (Jeffrey Wright) se encontra. Uma outra questão a se levantar é em que momento está Dolores e Bernard (ou seria Arnold?) na primeira cena do episódio.
Mas vamos lá, por partes: o que se sabe sobre a personagem de Wood é que ela está uma mistura de Wyatt e Dolores, pode-se ver as mudanças antes dela largar os humanos pendurados na corda, quando ela muda de uma personalidade para a outra sem hesitar e depois esclarece dizendo que agora ela faz o que deseja, e é ela. Ao que tudo indica, a verdadeira Dolores ainda está se descobrindo no meio destes embates de características. Ela é um pouco de cada, contudo, buscando compreender mais quem é de fato. E entra no meio disso tudo uma dúvida: além de conquistar aquele universo e, pelo andar da carruagem, o dos humanos, qual seria o verdadeiro objetivo da camponesa? Porque, se pararmos para analisar, tem algo a mais que ainda não foi revelado, as coisas permanecem granuladas.
Enquanto isso, Bernard parece estar sofrendo com lapsos temporais e ser o condutor destas duas linhas se misturando, como foi a primeira androide na temporada passada. É preciso destacar as cenas do mesmo com Charlotte Hale (Tessa Thompson), em que num dado momento ele entra numa sala que era preciso identificar o DNA, o que, em teoria, o Bernard não teria, sendo 100% máquina. Logo em seguida, Hale comenta que estão transmitindo informações sobre os visitantes para a Delos? Ou seria para algum serviço secreto? Afinal, o linguajar da jovem é muito semelhante ao de agentes de campo. Mas de volta ao personagem de Wright, por qual motivo ele teria material humano? Será que essas informações seriam um indicativo de criações de híbridos? Seria o Bernard uma mistura da consciência do Arnold com a do robô? Estaria o telespectador diante de um futuro embate de personalidades dentro do Bernard? Afinal, a cena final abre um mar de possibilidades (entenderam a brincadeirinha? rs)
Enquanto isso, Maeve (Thandie Newton) demonstra cada vez mais força e controle sobre si mesma e os outros androides. Mantendo o objetivo intacto de procurar pela filha, algo bastante questionável sobre a personagem, afinal, a mesma adquiriu um instinto materno intenso. Sem contar que proporciona o alívio cômico ao fazer com Simon Quarterman (Lee Sizemore) tudo o que o público sonhava. Só eu que estou torcendo por um encontro Maeve e Dolores? Imagina essas duas forças se juntando para destruir a porra toda tudo. Ainda acredito que Millay tenha mais para apresentar do que se pode esperar. Foi a primeira a ganhar consciência sobre o que estava acontecendo ali e possui muitas camadas ocultas na personalidade e sobre quem é.
Para finalizar: ao que tudo indica as pessoas chegam no parque através do mar, ou seja, estariam eles numa ilha e em mares asiáticos? Alguns militares (chineses?) debatem com os americanos sobre o território no início do episódio. Outro ponto a se destacar são os cartões na mão de uma das militares quando o Ashley Stubbs (Luke Hemsworth) diz que aquele é o chefe (se referindo ao Bernard) e ela olha um desses. Os tais cartões são comuns no exército norte-americano, utilizam para identificar pessoas quando estão em missão.
Não posso deixar de mencionar o Homem de Preto (Ed Harris), que agora está feliz, afinal, o jogo se transformou exatamente no que ele desejava. Sem contar que o jovem androide Ford disse que agora é preciso encontrar A Porta. E o público se depara com mais uma metáfora a ser descoberta… E seria tudo isso somente a nova narrativa do Dr. Robert Ford (Anthony Hopkins)? Resta acompanhar para saber o que virá por aí.