sábado, setembro 28, 2024

‘Yes, God, Yes’ é “uma história de amor de uma mulher e sua vagina”, diz a diretora Karen Maine [EXCLUSIVO]

O filme adolescente ‘Yes, God, Yes’ já está fazendo sucesso entre os espectadores brasileiros. Estrelado por Natalia Dyer (de ‘Stranger Things’), o humor nervoso e as situações hilárias em que a protagonista se mete em um retiro católico fazem a gente rir e refletir. Sobre esses e outros temas, a diretora do longa, Karen Maine, conversou com o CinePop – e o bate-papo exclusivo vocês conferem agora!

CinePOP: Primeiramente, eu preciso dizer que adorei o título, ‘Yes, God, Yes’. Tem um quê de ironia nele que me faz sorrir, pois depois que você vê o filme você meio que entende por que há meio que um duplo sentido nesse título. Então, queria te perguntar se isso foi de propósito, e, se puder, conte um pouco do filme.

Karen: Definitivamente foi de propósito, sim. Bom, o filme é sobre uma jovem chamada Alice, de 16 anos. Ela cresceu sendo católica e estudando em uma escola católica. Ela está no primeiro ano do Ensino Médio e está num momento de descoberta do auto prazer e do próprio corpo, e se percebe sentimentos muito conflitantes sobre esses novos sentimentos, pois a vida inteira ela aprendeu que definitivamente a masturbação ou qualquer outro tipo de sexo fora do casamento é completamente proibido. Então, é sobre a jornada dela. Ela vai secretamente se rendendo a esses desejos para conseguir o alívio de que precisa.

CinePOP: E eu acredito que ter a Natalia Dyer como a protagonista Alice foi realmente bom porque ela é muito boa em esconder as emoções, em expressar confusão com relação ao que está acontecendo. Como foi a seleção do elenco para o filme e como foi trabalhar com ela?

Karen: A Natalia é incrível. Ela realmente me maravilhou todos os dias no set, e você está absolutamente certa. Acho que a protagonista, Alice, é o papel mais difícil, pois não tem muito diálogo, é muito mais uma luta interna. Então, para a Natalia conseguir demonstrar tanto, sem necessariamente ter falas o tempo todo, foi meio que maravilhoso e incrível, o talento dela. Ela chegou ao projeto de uma maneira meio não convencional. Os meus produtores eram fãs dela, e um deles por acaso tinha o e-mail dela de um outro projeto no qual haviam trabalhado juntos. Então, nós meio que mandamos o roteiro para ela por e-mail. E chegou a ela, então, tivemos sorte.

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CinePOP: Uau! Que incrível! E bom, você estava dizendo que o filme trata desses tabus, da moralidade, do sexo e da sexualidade, majoritariamente dentro dessa trinca escola, família e religião, que imprimem às pessoas a necessidade de lidar com a culpa, a pressão da culpa por não poder falar desses assuntos, de não ser possível entender o que está acontecendo. Por que você escolheu esses temas para o seu filme?

Karen: Bom, eu realmente queria contar uma história que fosse sobre o amadurecimento feminino, que fosse focado na autodescoberta e no auto prazer. Eu acho que muitas mulheres descobrem os próprios corpos quando vão fazer sexo com seus parceiros. E eu não vi isso ser representado nos filmes que eu vi. Sinto que muitos dos filmes sobre amadurecimento feminino focam no sexo com o parceiro ou em perder a virgindade, o que, claro, são aspectos importantes nessa idade. Só que essa história me pareceu importante de ser contada. Situá-la no mundo religioso me pareceu o tipo de conflito perfeito para a Alice. Foi bastante autobiográfico. Eu cresci como católica, fui à uma escola católica, então, achei que para o meu primeiro filme deveria ser um tópico que eu deveria conhecer.

CinePOP: Sim, com certeza. Eu estava vendo o filme e pensando que não conseguia lembrar da última vez que tinha visto um filme ou um curta que tratasse disso, sabe? Que falasse especificamente sobre a descoberta do corpo e da própria sexualidade no mundo feminino, sobre mulheres, sobre jovens mulheres que estão se tornando adultas e não sabem o que está acontecendo com seus próprios corpos. É exatamente o que você está falando. Há muitos filmes que falam de como ser mãe de primeira viagem ou sobre perder a virgindade, mas não há muitos filmes que tratam desse seu tema. Então, obrigada por fazer isso pela gente, pelas espectadoras mulheres.

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Karen: Eu sinto como se isso fosse um indicativo do mundo que estamos vivendo. Eu vejo como muitas jovens não são ensinadas sobre essas coisas, sabe? Elas meio que se descobrem sozinhas, e quando isso acontece elas não sabem como se sentir a respeito. Elas pensam sobre os comentários públicos, se deveriam ou não se sentir culpadas ou envergonhadas sobre essas coisas. Então, espero que de alguma forma o meu filme suavize esses estigmas, de que as pessoas podem se sentir confortáveis em falar desses assuntos com suas filhas, que elas vão entender.

CinePOP: E eu acho que você usa um pouco de comédia para lidar com todas as situações que a Alice tem que enfrentar, e é incrível como tudo é bem leve no filme, embora estejamos falando de assuntos muito importantes.

Karen: Para mim, essa faixa etária, a época das descobertas é sempre meio esquisita e engraçada. Contar essa história sem nada disso não teria parecido autêntico para mim, então, acho importante o papel da comédia. É também interessante que é engraçada, e tem esses elementos cômicos, mas não é uma comédia obscena. Por causa dos estigmas, elas geralmente são colocadas dentro desse gênero. E eu acho que nós ficamos até limitados no quesito de gênero, quando falamos de filme. É algo que atravessa múltiplos gêneros, sabe? O que é esse filme? Acho que às vezes a gente tem que apenas deixar o filme ser, em vez de tentar categorizar dentro desses nichos. Mas acho que é isso, um pouco de comédia, de drama, com elementos de romance, mas o romance da personagem consigo mesma. Eu digo que o filme é uma história de amor de uma mulher com a vagina dela.

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CinePOP: Adorei! Bom, Karen, o filme chegou essa semana para aluguel sob demanda aqui no Brasil. O que você gostaria que o público levasse de ‘Yes, God, Yes’? E quais são seus planos para o futuro? Tem algum projeto que você irá filmar assim que for possível?

Karen: O que eu gostaria que o público levasse do filme, independente do país de origem, mas no geral, para todo mundo, é que as pessoas vejam algo com o qual elas se relacionem de alguma forma ou que aprendam algo novo sobre outra pessoa. Eu acho que muitas vezes, como falha de nossa sociedade, as pessoas querem ver filmes apenas para ver alguém como eles, e o que eu acho que é interessante sobre os filmes é que podem ser sobre um mundo completamente diferente. Então, nesse sentido, espero que as pessoas que assistirem ‘Yes, God, Yes’ aprendam um pouco sobre as mulheres e sexualidade. Sabe, pessoas religiosas ou não, espero que os temas transcendam. E espero que a forma como a sexualidade feminina é tratada hoje também transcenda a religião. Então, espero que as pessoas se divirtam. E sobre o meu futuro… bom, eu não sei. Espero que tenha muitas coisas. Eu acabo de voltar de Londres, onde acabamos de filmar uma série de tv, que estará disponível na HBO Max e na BBC, não sei se vocês têm aí no Brasil. Se chama ‘Starstruck’ e é escrita por um comediante neozelandês muito engraçado. É, eu espero fazer novos filmes e programas de tv.

CinePOP: Que legal! Ah, acho que a HBO Max vai chegar aqui no Brasil em junho.

Karen: Ah, que ótimo! O programa vai estrear mais ou menos nessa época.

CinePOP: Bom, então talvez eu fale com você de novo em breve.

Karen: Eu adoraria!

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