Neste dia 8 de Março, comemora-se o Dia Internacional da Mulher.
Representatividade é a palavra de ordem. Seja racial ou de gênero. Enquanto certos conceitos soam novos para alguns, a luta pela igualdade das mulheres é antiga, assim como ideologias feministas. Quem já assistiu ao longa As Sufragistas (2015) sabe. Tudo bem, o filme não é tão bom, mas o que conta ali é a ideia.
Em Hollywood, muitas vezes reflexo para o mundo, ocorre o mesmo e após uma série de denúncias de abuso, as mulheres se veem num novo amanhecer, que pode sim ser sinal de mudança (mais uma) de uma época. O recente Globo de Ouro foi uma pequena mostra disso. Filmes protagonizados por mulheres fortes, vide Três Anúncios para um Crime, Lady Bird e Em Pedaços, levaram importantes prêmios. E Natalie Portman não perdeu a oportunidade ou a pose para alfinetar os votantes, lembrando a supremacia masculina na categoria de direção. Causou mal estar com os indicados? Sim. Serviu de alguma coisa? Com certeza! Agora temos Greta Gerwig indicada ao Oscar de diretora, a quinta mulher da história!
Pensando nisso, decidimos listar para você alguns dos principais filmes dirigidos por mulheres que serão lançados em 2018, para já ficarem de olho e aguardarem sua estreia. São diretoras veteranas, renomadas, estreantes, novatas e até mesmo atrizes e cantoras estreando a função. Sem mais delongas, vem conhecer.
Uma Dobra no Tempo
Diretora: Ava DuVernay.
Estreia: 29 de março.
Representatividade é com Ava DuVernay, diretora de Selma – Uma Luta pela Igualdade (2014) e o documentário A 13ª Emenda (2016). Aqui, ela pega sua primeira superprodução, baseada em livros de fantasia e bancada pela Disney. Queremos vê-la indicada ao Oscar em breve.
You Were Never Really Here
Diretora: Lynne Ramsey.
Estreia: 6 de abril nos EUA.
Baseado no livro de Jonathan Ames, com roteiro adaptado pela própria Ramsey, o filme teve sua estreia no festival de Cannes do ano passado. A história traz Joaquin Phoenix no papel de um sujeito decidido a fazer justiça com as próprias mãos e libertar adolescentes utilizadas como escravas sexuais. Lynne Ramsey tem em Precisamos Falar Sobre o Kevin (2011) seu cartão de visitas.
A Festa
Diretora: Sally Potter.
Estreia: 16 de fevereiro nos EUA.
Potter é uma renomada diretora britânica, cuja carreira começou ainda na década de 1970. Entre seus trabalhos mais marcantes está o cult Orlando – A Mulher Imortal (1992), protagonizado por Tilda Swinton. A Festa é uma produção classuda e adulta, filmada em preto e branco, que conta com a nata do cinema inglês (e mundial) no elenco. Quem protagoniza é Kristin Scott Thomas, na pele da dona do jantar, que não sairá exatamente do jeito que ela espera.
The Nightingale
Diretora: Jennifer Kent.
Estreia: 2018
Com apenas um outro trabalho na carreira, a australiana Kent atingiu status suficiente para que fiquemos de olho nela. Isso porque em 2014 entregou um dos filmes de terror mais elogiados da década, O Babadook. Agora, quatro anos depois, a diretora retorna, e assim como em seu filme de estreia realiza a dupla jornada no roteiro e comando da obra. Dando o próximo passo na carreira, Kent sai do terror para o drama, e conta uma história de vingança envolvendo uma mulher na Tasmania de 1825.
Ophelia
Diretora: Claire McCarthy.
Estreia: 22 de janeiro (Festival de Sundance).
O projeto mais ambicioso da carreira da bela Claire McCarthy, Ophelia (ou Ofélia) é a reimaginação do clássico Hamlet, de William Shakespeare, contado pela perspectiva da mulher nesta história, justamente a personagem título. Como se não bastasse esta ousada e necessária abordagem, o filme conta ainda com ninguém menos que Daisy ‘Rey’ Ridley na pele da protagonista, e traz Naomi Watts e Clive Owen no elenco. Ansiedade define.
The Land of Steady Habits
Diretora: Nicole Holofcener.
Estreia: 2018.
Uma de minhas diretoras preferidas, Holofcener é cria e representa como ninguém o cinema independente norte-americano. A cineasta é dona de uma filmografia de obras questionadoras, vide Amigas com Dinheiro (2006), Sentimento de Culpa (2010) e À Procura do Amor (2013). Se eu fosse um produtor, bancaria um filme para a diretora anualmente.Aqui, o talentoso Ben Mendelsohn interpreta um sujeito com crise de meia idade, que decide viver de uma forma inusitada, como nunca anteriormente.
Sister
Diretora: Sia.
Estreia: 2018.
Muitos de vocês adoram a cantora Sia e suas músicas. Bem, agora muitas outras pessoas poderão conhece-la e adorá-la também – e vocês quem sabe podem amá-la ainda mais. Acontece que a misteriosa cantora que nunca mostrava a cara, dá o pulo para trás das câmeras este ano, estreando na direção de um longa, baseado em uma história da própria. Protagonizado por Kate Hudson, Sister é um drama musical, que conta a história de uma traficante de drogas sóbria (Hudson, de novo visual – cabeça raspada) e sua irmã deficiente. Curioso.
Mary Queen of Scots
Diretora: Josie Rourke.
Estreia: 2 de novembro nos EUA.
Voltando para os dramas históricos de época, este é provavelmente o melhor item da lista e o que mais desperta a curiosidade deste que vos fala. Não estranharia se nesta mesma época no ano que vem, o filme estiver entre os indicados ao Oscar 2019 – a estreia para novembro já prevê prêmios. A trama narra a tentativa de Mary Stuart, conhecida como Maria da Escócia no Brasil, de destronar sua prima, Elizabeth I, rainha da Inglaterra. O detalhe é para o elenco estelar, que traz duas indicadas deste ano ao Oscar: Margot Robbie (Eu, Tonya) como Elizabeth e Saoirse Ronan (Lady Bird) como Mary.
Galveston
Diretora: Mélanie Laurent.
Estreia: 2018.
Depois da cantora Sia, é a vez da atriz Mélanie Laurent, nossa eterna Shosanna de Bastardos Inglórios (2009), pular da frente para trás das câmeras. Não pense você, no entanto, que Laurent é estreante na função, pois a bela francesa tem outros três longas de ficção na carreira como diretora. Este, porém, promete ser seu filme mais ambicioso. Baseado no livro de Nic Pizzolatto (simplesmente o roteirista de True Detective), que também adapta a obra ao cinema, Galveston é um drama criminal de ação, que conta sobre um matador à beira da morte retornando para sua cidade natal (que dá título ao filme) para orquestrar uma vingança. No elenco, a onipresente Elle Fanning.
On the Basis of Sex
Diretora: Mimi Leder.
Estreia: 2018.
Outro filme que pode ser forte concorrente ao Oscar 2019. A diretora Mimi Leder já foi um dos nomes mais proeminentes do cinema hollywoodiano no fim da década de 1990. Saída da série sensação E.R., no Brasil conhecida como Plantão Médico, Leder comandou superproduções bem sucedidas como O Pacificador (1997), com George Clooney e Nicole Kidman, e Impacto Profundo (1998), um dos filmes sobre meteoros colidindo com a Terra daquele ano. Depois disso, retornou para a TV onde comandou séries como The Leftovers e Shameless. Este é seu novo filme em quase uma década – e estamos torcendo para que desponte. O filme traz a indicada ao Oscar Felicity Jones na pele de Ruth Bader Ginsburg, primeira mulher a ser nomeada juíza da Suprema Corte norte-americana. O filme mostrará sua luta pelo direito de igualdade. Além disso, o filme também tem a presença de Armie Hammer, um dos nomes mais mencionados neste início de ano – graças a Me Chame Pelo Seu Nome – no papel do marido da juíza.
Nos Cinemas
Mudbound: Lágrimas Sobre o Mississipi
Diretora: Dee Rees.
Estreia: 15 de fevereiro.
Falando em representatividade, temos na lista outra diretora negra. Rees tem no currículo os filmes Pariah (2011) e Bessie (2105), com Queen Latifah. Mudbound é seu filme mais ambicioso, que emplacou na época de prêmios e saiu com 4 indicações ao Oscar (entre elas, atriz coadjuvante para Mary J. Blidge, roteiro adaptado para a própria diretora, e quebrando mais uma barreira, fotografia para Rachel Morrison, a primeira mulher da história na categoria). A trama passada no final da Segunda Guerra Mundial, fala sobre racismo na área rural do Mississipi. Esta é uma produção Netflix, mas que será lançada nos cinemas do Brasil pela Diamond Films.
Lady Bird – A Hora de Voar
Diretora: Greta Gerwig.
Estreia: 15 de fevereiro.
Este dispensa apresentações. Com elogios de sobra, Lady Bird é o filme mais bem avaliado na história do Rotten Tomatoes. Gerwig aprendeu bem a lição nos filmes em que trabalhou como atriz e agora estreia na direção solo de um longa. A história semi autobiográfica, conta a adolescência de uma menina com sonhos de ganhar o mudo e sair de Sacramento, Califórnia. Gerwig e Lady Bird foram indicadas ao Oscar e possuem chances reais de saírem vitoriosas.