quarta-feira , 20 novembro , 2024

6 Filmes Para Manter Qualquer Pessoa Longe das Drogas

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Leia-se “drogas” do título como entorpecentes ilícitos. Ou seja, nada que pode ser comprado por maiores de 18 anos na esquina de casa, como cigarro ou álcool; ou na farmácia, como antidepressivos e opióides.

O objetivo desta lista é apresentar filmes que confrontam a realidade do vício das drogas consideradas “pesadas”, isto é, completamente viciantes e autodestrutivas em personagens adolescentes. Antes de Euphoria, na qual Zendaya dá vida a junkie Rue, outros atores tentaram fazer este alerta baseado em casos reais. 



As obras relacionadas abaixo apresentam perspectivas diferentes, mas mensagens semelhantes. Todos os longas selecionados são impressionantes no trabalho de fazer as pessoas, principalmente os mais jovens, refletirem antes de “vou só experimentar um bagulho”. Em outras palavras, todos os projetos que tratam o tema como comédia estão descartados, pois o assunto hoje é sério. 

Entre os filmes, há aqueles que marcaram a minha própria adolescência e outros que chegaram ao público na minha fase adulta, mas são tão impactantes quanto os mais antigos. Quase todos são baseados em experiências reais e em livros em que contam detalhadamente o processo de desintoxicação. 

  1. Querido Menino (2018)

Depois da separação, o jornalista David Sheff (Steve Carrell) luta para ajudar seu filho Nic (Timothée Chalamet) viciado em metanfetamina a retomar sua vida. No início, o adolescente tem boas notas, é editor do jornal da escola, atleta, possui vários amigos, mas ele começa a experimentar algumas substâncias e, logo, torna-se incontrolável a vontade de ingerir mais e mais.

Com mortes ao seu redor e o medo diário de o próximo ser seu filho, o pai não encontra respostas para o comportamento do seu “garoto”. Comparado aos outros filmes da lista, Querido Menino é asséptico. Não tem cenas fortes ou emoções à flor da pele. Parece andar em um ciclo vicioso de situações.

Dirigido por Felix Van Groeningen (Alabama Monroe), o enredo é baseado numa combinação dos livros de memórias best-seller de Nic Sheff, Tweak (O Puxão, em tradução livre), e do livro de seu pai David, Beautiful Boy: A Father’s Journey Through His Son’s Addiction. (Menino Bonito: A Jornada de um Pai Através do Vício de Seu Filho)

Leia mais: Crítica | Querido Menino – Drama morno sobre dependência química sob ótica do pai

  1. O Retorno de Ben (2018)

No mesmo ano do filme anterior, a temática de filho problemático também recaiu nos braços de Julia Robert e do diretor e roteirista Peter Hedges (A Estranha Vida de Timothy Green). Diferente da monotóna narração de Querido Menino, O Retorno de Ben mistura um ar de mistério, suspense e aflição ao problema do protagonista vivido por Lucas Hedges (Lady Bird – A Hora de Voar), filho do diretor. 

A desconfiança da mãe, da irmã, do padrasto, o desprezo dos vizinhos, a culpa pela morte da ex-namorada: todos esses elementos têm um poder catártico em tela em uma atuação tocante do jovem ator. Ben volta na véspera de Natal para a casa da família, no entanto, ele devia estar na clínica de reabilitação após quase sucumbir à overdose

Depois de apenas alguns meses, o jovem tenta aparentar melhora, mas cada célula do seu corpo clama por qualquer opióide, qualquer alívio. Uma trama mais emocionante, mas ainda asseada em comparação a outras representações a seguir. 

  1. Diário de um Adolescente (1995) 

Assim como Timothée e Lucas, nos anos 90, Leonardo DiCaprio, aos 20 anos, deu vida às memórias do poeta Jim Carroll, publicadas em 1978. Considerada uma história de iniciação ao mundo das drogas, Diário de um Adolescente conta a paixão juvenil de Jim pelo basquete, as amizades e o seu então vício pela heroína. 

Para continuar a fugir da realidade, ele rouba, assalta e se prostitui. Embora falte conflito e reflexão, o jovem DiCaprio tem uma excelente performance e concentra-se mais no momento de levantar do que no tombo em si. Com a ajuda do velho amigo da vizinhança Reggie (Ernie Hudson), o protagonista tenta recolher os pedaços e voltar à sanidade. 

  1. Candy (2006)

Estrelado pelo saudoso Heath Ledger e Abbie Cornish (RoboCop), o filme é uma história de amor entre Dan e Candy, inspirada na vida do escritor Luke Davis na sua juventude em Sydney, na Austrália. Dirigido por Neil Armfield, o enredo tem como base o livro Candy: A Novel of Love and Addiction e mostra o vício do casal pelo heroína, algo que ao mesmo tempo os une fisicamente, mas os separa emocionalmente. 

 

A jornada é um turbilhão de sentimentos com momentos chocantes. Por exemplo, o amor é colocado de lado para dar lugar a prática da prostituição a fim de comprar mais e mais injeções da substância. Além disso, há uma dramática cena do nascimento de um feto morto por conta dos entorpecentes.

Se um deles consegue ficar limpo, o outro enverga-se ao vício. Ao se lembrar desse período da sua vida, o autor e sua ex-esposa na época do lançamento relataram que a realidade foi 50.000 vezes pior do que é apresentado no filme. 

  1. Réquiem para um Sonho (2000)

Se os relatos anteriores de decadência, depravação e indignidade não funcionam para manter qualquer pessoa longe das drogas, as imagens do pesadelo criado por Darren Aronofsky (Mãe!) farão. Réquiem para um Sonho é agudamente intenso e as imagens projetadas na nossa mente são inapagáveis. 

De forma magistral, o cineasta traça um paralelo entre a obsessão, o desejo e os entorpecentes. De maneira que a rápida ascensão do desejo é proporcional à ligeira degradação dos indivíduos. Assim, este é um dos filmes mais bem-sucedido em apresentar os sentimentos deturpados do vício e a vileza das substâncias químicas de modo gráfico.

Cada um a seu modo, Sara (Ellen Burstyn), seu filho Harry (Jared Leto) e a namorada Marion (Jennifer Connelly) se transformam em zumbis, mutilados e humilhados para conseguir “os elementos” capazes de fazê-los ocultar-se de seu próprio desespero. A cena da “dança” de Marion com outra moça conectada pelo anus é custosa de apagar da mente, tal como a sensação de decadência. 

Leia mais: Artigo | ‘Réquiem para um Sonho’ e a decadência humana pela visão de Darren Aronofsky

  1. Eu Christiane F. 13 anos drogada e prostituída (1981)

Se alguém é capaz de te levar a um estrago mental, esta pessoa é Christiane F. Relançado em agosto nos cinemas brasileiros em celebração aos 40 anos do filme, Eu, Christiane F., 13 anos, drogada e prostituída já é um clássico. Cultuado pela cena underground de Berlim da década de 1970/80 e a participação musical de David Bowie, o filme alemão conta uma história real baseada nas memórias da protagonista em livro de mesmo nome. 

Dirigido por Uli Edel, a produção não poupa os espectadores de detalhes medonhos do mundo em que os jovens tombam dentro de uma boate disco, a sensação do período. O longa transcorrer deste o primeiro momento de êxtase, a ânsia continua, o abandono do lar, a prostituição, o desespero, a pulsão de morte e o desligamento do mundo terreno. 

As cenas de Christiane (Natja Brunckhorst) e seu namorado Detlef (Thomas Haustein) são cruas. As aplicações de heroína na veia são chocantes. Uma cena inesquecível é um rapaz no banheiro a injetar-se na veia do pescoço porque não tinha mais veias nos braços e tornozelos. Dá até arrepio só de lembrar. 

Leia mais: Eu, Christiane F., 13 Anos, Drogada e Prostituída – Clássico que CHOCOU os Anos 80 Volta aos Cinemas e se mostra Atemporal

Conhece mais algum? Conta para a gente nos comentários quais outros filmes mantêm qualquer pessoa longe das drogas

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Letícia Alassë
Crítica de Cinema desde 2012, jornalista e pesquisadora sobre comunicação, cultura e psicanálise. Mestre em Cultura e Comunicação pela Universidade Paris VIII, na França e membro da Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine). Nascida no Rio de Janeiro e apaixonada por explorar o mundo tanto geograficamente quanto diante da tela.

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Leia-se “drogas” do título como entorpecentes ilícitos. Ou seja, nada que pode ser comprado por maiores de 18 anos na esquina de casa, como cigarro ou álcool; ou na farmácia, como antidepressivos e opióides.

O objetivo desta lista é apresentar filmes que confrontam a realidade do vício das drogas consideradas “pesadas”, isto é, completamente viciantes e autodestrutivas em personagens adolescentes. Antes de Euphoria, na qual Zendaya dá vida a junkie Rue, outros atores tentaram fazer este alerta baseado em casos reais. 

As obras relacionadas abaixo apresentam perspectivas diferentes, mas mensagens semelhantes. Todos os longas selecionados são impressionantes no trabalho de fazer as pessoas, principalmente os mais jovens, refletirem antes de “vou só experimentar um bagulho”. Em outras palavras, todos os projetos que tratam o tema como comédia estão descartados, pois o assunto hoje é sério. 

Entre os filmes, há aqueles que marcaram a minha própria adolescência e outros que chegaram ao público na minha fase adulta, mas são tão impactantes quanto os mais antigos. Quase todos são baseados em experiências reais e em livros em que contam detalhadamente o processo de desintoxicação. 

  1. Querido Menino (2018)

Depois da separação, o jornalista David Sheff (Steve Carrell) luta para ajudar seu filho Nic (Timothée Chalamet) viciado em metanfetamina a retomar sua vida. No início, o adolescente tem boas notas, é editor do jornal da escola, atleta, possui vários amigos, mas ele começa a experimentar algumas substâncias e, logo, torna-se incontrolável a vontade de ingerir mais e mais.

Com mortes ao seu redor e o medo diário de o próximo ser seu filho, o pai não encontra respostas para o comportamento do seu “garoto”. Comparado aos outros filmes da lista, Querido Menino é asséptico. Não tem cenas fortes ou emoções à flor da pele. Parece andar em um ciclo vicioso de situações.

Dirigido por Felix Van Groeningen (Alabama Monroe), o enredo é baseado numa combinação dos livros de memórias best-seller de Nic Sheff, Tweak (O Puxão, em tradução livre), e do livro de seu pai David, Beautiful Boy: A Father’s Journey Through His Son’s Addiction. (Menino Bonito: A Jornada de um Pai Através do Vício de Seu Filho)

Leia mais: Crítica | Querido Menino – Drama morno sobre dependência química sob ótica do pai

  1. O Retorno de Ben (2018)

No mesmo ano do filme anterior, a temática de filho problemático também recaiu nos braços de Julia Robert e do diretor e roteirista Peter Hedges (A Estranha Vida de Timothy Green). Diferente da monotóna narração de Querido Menino, O Retorno de Ben mistura um ar de mistério, suspense e aflição ao problema do protagonista vivido por Lucas Hedges (Lady Bird – A Hora de Voar), filho do diretor. 

A desconfiança da mãe, da irmã, do padrasto, o desprezo dos vizinhos, a culpa pela morte da ex-namorada: todos esses elementos têm um poder catártico em tela em uma atuação tocante do jovem ator. Ben volta na véspera de Natal para a casa da família, no entanto, ele devia estar na clínica de reabilitação após quase sucumbir à overdose

Depois de apenas alguns meses, o jovem tenta aparentar melhora, mas cada célula do seu corpo clama por qualquer opióide, qualquer alívio. Uma trama mais emocionante, mas ainda asseada em comparação a outras representações a seguir. 

  1. Diário de um Adolescente (1995) 

Assim como Timothée e Lucas, nos anos 90, Leonardo DiCaprio, aos 20 anos, deu vida às memórias do poeta Jim Carroll, publicadas em 1978. Considerada uma história de iniciação ao mundo das drogas, Diário de um Adolescente conta a paixão juvenil de Jim pelo basquete, as amizades e o seu então vício pela heroína. 

Para continuar a fugir da realidade, ele rouba, assalta e se prostitui. Embora falte conflito e reflexão, o jovem DiCaprio tem uma excelente performance e concentra-se mais no momento de levantar do que no tombo em si. Com a ajuda do velho amigo da vizinhança Reggie (Ernie Hudson), o protagonista tenta recolher os pedaços e voltar à sanidade. 

  1. Candy (2006)

Estrelado pelo saudoso Heath Ledger e Abbie Cornish (RoboCop), o filme é uma história de amor entre Dan e Candy, inspirada na vida do escritor Luke Davis na sua juventude em Sydney, na Austrália. Dirigido por Neil Armfield, o enredo tem como base o livro Candy: A Novel of Love and Addiction e mostra o vício do casal pelo heroína, algo que ao mesmo tempo os une fisicamente, mas os separa emocionalmente. 

 

A jornada é um turbilhão de sentimentos com momentos chocantes. Por exemplo, o amor é colocado de lado para dar lugar a prática da prostituição a fim de comprar mais e mais injeções da substância. Além disso, há uma dramática cena do nascimento de um feto morto por conta dos entorpecentes.

Se um deles consegue ficar limpo, o outro enverga-se ao vício. Ao se lembrar desse período da sua vida, o autor e sua ex-esposa na época do lançamento relataram que a realidade foi 50.000 vezes pior do que é apresentado no filme. 

  1. Réquiem para um Sonho (2000)

Se os relatos anteriores de decadência, depravação e indignidade não funcionam para manter qualquer pessoa longe das drogas, as imagens do pesadelo criado por Darren Aronofsky (Mãe!) farão. Réquiem para um Sonho é agudamente intenso e as imagens projetadas na nossa mente são inapagáveis. 

De forma magistral, o cineasta traça um paralelo entre a obsessão, o desejo e os entorpecentes. De maneira que a rápida ascensão do desejo é proporcional à ligeira degradação dos indivíduos. Assim, este é um dos filmes mais bem-sucedido em apresentar os sentimentos deturpados do vício e a vileza das substâncias químicas de modo gráfico.

Cada um a seu modo, Sara (Ellen Burstyn), seu filho Harry (Jared Leto) e a namorada Marion (Jennifer Connelly) se transformam em zumbis, mutilados e humilhados para conseguir “os elementos” capazes de fazê-los ocultar-se de seu próprio desespero. A cena da “dança” de Marion com outra moça conectada pelo anus é custosa de apagar da mente, tal como a sensação de decadência. 

Leia mais: Artigo | ‘Réquiem para um Sonho’ e a decadência humana pela visão de Darren Aronofsky

  1. Eu Christiane F. 13 anos drogada e prostituída (1981)

Se alguém é capaz de te levar a um estrago mental, esta pessoa é Christiane F. Relançado em agosto nos cinemas brasileiros em celebração aos 40 anos do filme, Eu, Christiane F., 13 anos, drogada e prostituída já é um clássico. Cultuado pela cena underground de Berlim da década de 1970/80 e a participação musical de David Bowie, o filme alemão conta uma história real baseada nas memórias da protagonista em livro de mesmo nome. 

Dirigido por Uli Edel, a produção não poupa os espectadores de detalhes medonhos do mundo em que os jovens tombam dentro de uma boate disco, a sensação do período. O longa transcorrer deste o primeiro momento de êxtase, a ânsia continua, o abandono do lar, a prostituição, o desespero, a pulsão de morte e o desligamento do mundo terreno. 

As cenas de Christiane (Natja Brunckhorst) e seu namorado Detlef (Thomas Haustein) são cruas. As aplicações de heroína na veia são chocantes. Uma cena inesquecível é um rapaz no banheiro a injetar-se na veia do pescoço porque não tinha mais veias nos braços e tornozelos. Dá até arrepio só de lembrar. 

Leia mais: Eu, Christiane F., 13 Anos, Drogada e Prostituída – Clássico que CHOCOU os Anos 80 Volta aos Cinemas e se mostra Atemporal

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Letícia Alassë
Crítica de Cinema desde 2012, jornalista e pesquisadora sobre comunicação, cultura e psicanálise. Mestre em Cultura e Comunicação pela Universidade Paris VIII, na França e membro da Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine). Nascida no Rio de Janeiro e apaixonada por explorar o mundo tanto geograficamente quanto diante da tela.

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