terça-feira, abril 30, 2024

‘A História do Mundo: Parte 2’ | O icônico Mel Brooks volta aos holofotes aos 96 anos!

Na semana passada o mundo do entretenimento foi pego completamente de surpresa com o lançamento do trailer (inesperado) de A História do Mundo: Parte 2. Para os fãs de cinema mais novos isso pode não dizer muito, mas o cinéfilo mais experiente entendeu perfeitamente o recado, e o sorriso no rosto foi inevitável. É claro que este título remete imediatamente a Mel Brooks, uma das figuras mais lendárias de Hollywood ainda vivas, responsável por algumas das comédias mais celebradas de todos os tempos. Produtor, roteirista, ator e diretor, o nome de Mel Brooks ecoa com peso nos anais do cinema e do entretenimento.

Apesar de sua imensa relevância artística, em especial quando falamos de humor e irreverência na sétima arte, a filmografia de Mel Brooks não é assim, por dizer, tão vasta. Mas é suficiente. São um total de 11 longas-metragens lançados no cinema dirigidos pelo veterano, sendo seu último trabalho como cineasta nas telonas a comédia Drácula – Morto, Mas Feliz, de 1995, protagonizado pelo saudoso Leslie Nielsen. Ou seja, há quase 30 anos Mel Brooks não lança nada que possa ser chamado de “seu”, curtindo sua autoimposta aposentadoria como realizador participando de projetos de outros, em especial dublagens em animações. Justamente por isso chama muita atenção seu retorno aos holofotes.

‘A História do Mundo: Parte 1’, um dos sucessos cômicos de Mel Brooks, ganha sequência 42 anos depois na forma de série.

Sim, é verdade que Mel Brooks não havia se aposentado verdadeiramente, digamos como artistas como Gene Hackman e Sean Connery, por exemplo, e entrega trabalhos menores de forma esporádica. Mas o que seus fãs sentiam falta mesmo era de uma produção que levasse o nome do diretor, num produto cem por cento seu. É exatamente isso o que encontramos em A História do Mundo: Parte 2, uma série de TV em 8 episódios, produzida e escrita por Brooks, e que dá sequência a um de seus mais famosos filmes, 42 anos depois de sua estreia. Isso que é saber esperar. A nova série é produção da 20th Century Studios, ex-Fox (onde o cineasta realizou a maioria de seus longas), agora nos domínios da Disney. No Brasil o programa vai ao ar na Star+, o streaming mais adulto da Disney, a partir do dia 6 de março.

O formato não é novidade para lendas do humor. Antes de Mel Brooks, Woody Allen já havia ganhado de sua parceria com a Amazon (Prime Video) uma minissérie para chamar de sua. Crise em Seis Cenas estreou em 2016 e rendeu, como diz o título, seis episódios. Na época, o projeto se tornou badaladíssimo, afinal o nome de Allen ainda estava em alta com os cinéfilos cult (antes de todas as enrascadas que o cineasta viria a se meter) e era a primeira incursão do diretor pela TV – sem dúvidas um marco sem precedentes. O mesmo ocorre aqui, com a primeira assinatura de Mel Brooks nas telinhas. E justo quando achávamos que não veríamos mais uma produção com o nome do cineasta.

Tratamento digno! Mel Brooks vem anunciado propriamente como uma lenda da comédia no trailer de sua série. Justo.

Mel Brooks estreou como diretor de cinema em 1967, com Primavera para Hitler, comédia sagaz e emblemática sobre os bastidores dos espetáculos da Broadway que se mantém até hoje como uma das badaladas do gênero. Sabe aquela história das obras-primas, o termo é muito jogado a torto e a direito hoje em dia, mas poucas são as que merecem verdadeiramente a definição. Não é exagero dizer que Primavera para Hitler é uma delas. E se soa de mau-gosto utilizar o nome de Hitler no título de um filme / espetáculo, essa é justamente a pegada do roteiro. Ou seja, Mel Brooks já demonstrava sua genialidade logo em sua estreia nas telonas, com roteiro criado pelo próprio sobre dois vigaristas com planos de lançar a pior peça de teatro de todos os tempos, ser cancelada logo depois da estreia e embolsar o dinheiro gasto para produzi-la. A ideia então é realizar um musical sobre Hitler. O clássico fez tanto sucesso que viria a se tornar um musical de verdade.

Depois de Primavera para Hitler foram mais cinco filmes até chegar em A História do Mundo: Parte 1 (1981). Nesta trajetória inicial, o diretor se mostrou um verdadeiro cinéfilo de carteirinha e assim como Quentin Tarantino muitos anos depois dele, resolveu homenagear o cinema em si, a cada filme passeando por seus mais diferentes estilos e gêneros, com a euforia de um verdadeiro aficionado. Neste caminho sobraram homenagens ao cinema épico russo (Banzé na Rússia), ao faroeste (Banzé no Oeste), clássicos do terror (O Jovem Frankenstein), a era do cinema mudo (A Última Loucura de Mel Brooks) e até mesmo os grandes clássicos do suspense de Alfred Hitchcock (Alta Ansiedade).

O cineasta e ator Taika Waititi vive Sigmund Freud num dos esquetes da série ‘A História do Mundo: Parte 2’.

Com A História do Mundo: Parte 1 (1981), a proposta foi satirizar / homenagear do modo único de Mel Brooks os filmes bíblicos. Ou seja, a história de nossa humanidade, desde seus primórdios, são o assunto desta obra do cineasta. No filme, voltamos para a evolução do homem, desde sua forma mais primitiva, retratada por Stanley Kubrick em 2001 – Uma Odisseia no Espaço (1968). Assim o filme segue para Moisés e os dez mandamentos (que seriam 15 numa das cenas mais hilárias do longa, quando os outros cinco se esvaem ao Moisés (vivido pelo próprio Brooks) deixar cair e quebrar a primeira pedra; a glória do Império Romano; as catacumbas das temíveis torturas da Inquisição Espanhola na Idade Média; chegando até a Revolução Francesa em 1799. Todo construído no formato de esquetes, A História do Mundo: Parte 1 segue pela linha do que o cinema de Brooks sempre fez, parodiar as narrativas da sétima arte e seus gêneros – aqui cada um dos segmentos é criado dentro de um próprio gênero histórico. É a chance que o diretor tem de trabalhar dentro de um destes famosos tipos de filmes.

O curioso é perceber a piada pronta que o cineasta cria até mesmo em seu título. O filme muito bem poderia se chamar simplesmente A História do Mundo – a “Parte 1” inserida faz parte da gozação, afinal Mel Brooks não tinha a mínima intenção de verdadeiramente criar a Parte 2 de seu filme. Sucesso para tal a produção obteve, já que rendeu três vezes mais nas bilheterias em relação ao seu orçamento; no entanto o diretor tinha outras intenções para sua carreira e seguiu por outros gêneros como a ficção científica espacial em S.O.S. – Tem um Louco Solto no Espaço (1987), paródia de Star Wars, que viria a ser seu projeto seguinte.

Seth Rogen vive Noé em ‘A História do Mundo: Parte 2’, série da Star+ no Brasil e da Hulu nos EUA.

Até o ano passado, a piada de Mel Brooks para o título de A História do Mundo: Parte 1 permaneceu – no total de 42 anos. Agora, aos 96 anos de idade, o veteraníssimo diretor resolve continuar sua ideia, sem que ninguém pudesse prever. A História do Mundo: Parte 2 ganhou um trailer sorrateiro e a promessa de estreia para março. Ao lado dos humoristas Ike Barinholtz, Wanda Sykes e Nick Kroll, que também produzem o longa e participam como atores, Mel Brooks resolve contar sobre o que deixou de lado em sua primeira investida, brincando com outros acontecimentos marcantes da história da humanidade e com figuras históricas.

Não deixe de assistir:

Teremos, por exemplo, Harriet Tubman (vivida por Sykes), figura revolucionária e ainda muito celebrada, uma escrava que escapou de sua plantação e ajudou outros escravos a serem libertados. Jesus Cristo, Alexander Graham Bell, Noé, Sigmund Freud, os Romanovs, Lincoln e outros serão “zoados” pelo lendário comediante em sua nova investida. Em tela, nomes como Seth Rogen, Zazie Beetz, Taika Waititi, Jack Black, Johnny Knoxville, David Duchovny, Danny DeVito, Jake Johnson, Emily Ratajkowski, Sarah Silverman, Kumail Nanjiani, Josh Gad, Jillian Bell, entre outros, agarram a oportunidade de trabalhar com esta verdadeira lenda viva do humor.

A jovem Zazie Beetz vem construindo uma interessante carreira e participa como Maria Madalena na série de Mel Brooks.

Pelo trailer divulgado do programa podemos notar certas diferenças narrativas em relação ao filme original. A quebra da quarta parede quase sempre está presente nos filmes de Mel Brooks, assim como o uso de humor nonsense e pastelão – que abriu portas para comédias como Apertem os Cintos o Piloto Sumiu, Corra que a Polícia Vem Aí e Top Gang. No entanto, o que pudemos notar pela prévia, é que nesta segunda parte, o cineasta optou pela mescla do moderno com o antigo. Por exemplo, Sigmund Freud, vivido por Taika Waititi, dá uma entrevista no estilo documentário para uma equipe de filmagem atual nos dias de hoje. E por aí vai. A intenção é realmente usar o passado para comentar o presente – e notamos também esquetes que chegam até a atualidade. Um diferencial que não deixa de ser interessante.

Veremos como esta tão atrasada continuação, que não sabíamos que queríamos, irá se sair com os novos elementos adicionados. No entanto, o mais importante, independente do resultado e da recepção da crítica, é que os fãs finalmente serão agraciados com um novo projeto de Mel Brooks. Sim, temos uma nova obra de Mel Brooks! E isso é tudo o que importa!

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