sábado, abril 20, 2024

BioShock | Conheça o FAMOSO Game que vai Ganhar Filme na Netflix

Franquia de jogos irá ganhar uma adaptação pela Netflix

Já há algum tempo a Netflix deixou claro que possui uma estratégia de captar o máximo possível de IPs de games como produções para o seu catálogo; talvez em uma tentativa de captar o grande público consumidor insatisfeito dessa indústria ou, prevendo um eventual enfraquecimento da demanda por adaptação de quadrinho, se antever ao que pode ser a próxima “mina de ouro”.

Assim sendo a gigante do streaming já anunciou que irá adaptar nomes e franquias muito conhecidas do público gamer tais como Cuphead; Assassin ‘s Creed; Resident Evil e, mais recentemente, BioShock. O anúncio do último ocorreu após a concretização de um acordo entre a empresa e a desenvolvedora Take-Two Interactive para a produção de um audiovisual sobre o game.

A escolha não é por acaso, uma vez que a desenvolvedora tem um catálogo considerável, com grandes sucessos que se venderiam só com o nome, mas a decisão caiu a favor da trilogia de ficção científica. O primeiro título de BioShock foi lançado em 2007 para PC e Xbox 360, com um eventual lançamento para Playstation 3 também. 

Em 2007 o game chegou para o público

A trama segue Jack que está a bordo de um avião, no ano de 1960, enquanto o veículo sobrevoa o oceano atlântico. Ele então pega um pouco no sono para então ser subitamente despertado pela queda iminente do avião; ele sobrevive à queda no oceano, logo percebendo que mais ninguém parecia ter repetido o feito, e ainda entre os destroços nota que perto do local da queda há um farol.

Esse é o primeiro momento de jogabilidade de fato do jogador até o momento, enquanto ele vai nadando até a pequena formação rochosa em que o farol está estabelecido. Ao adentrar procurando por ajuda ele logo se depara com um gigantesco busto de um homem adornado por uma faixa em que se lê “Sem Deuses ou Reis. Apenas Homens”.

Adentrando mais no local ele se vê diante de uma capsula de submersão; dentro dela há um rádio comunicador no qual ele logo interage com um misterioso homem chamado Atlas. A cápsula, então, se fecha e Jack é transportado abaixo do nível do solo e até mesmo do mar; submerso ele tem um vislumbre inicial do que é certamente uma grande cidade, com direito a todos os seus arranha céus, totalmente submersa.

A frase que se tornou célebre na franquia

Atlas explica que a cidade diante de Jack se chama Rapture e foi fundada por um homem conhecido como Andrew Ryan, um brilhante cientista que se cansara das disputas ideológicas e políticas do mundo, acreditando que as mesmas impediam a raça humana de alcançar seu pleno potencial. Dessa forma ele inicia a produção de Rapture, uma metrópole completamente a parte dos vícios do mundo e que seria conduzida apenas pelas maiores mentes da Terra.

No artigo “BioShock” and the Philosophy of Ayn Rand é traçado pelo autor, Anthony Perrota, um paralelo entre a figura de Andrew Ryan e da ideologia do objetivismo, conceito chave apresentado no romance A Revolta de Atlas da autora Ayn Rand

Não deixe de assistir:

“ A própria teologia política de Ryan é baseada no conceito filosófico de Rand do Objetivismo, o qual é construído ao redor do capitalismo, realidade, razão e interesse próprio. O objetivismo é definido como uma tendência de enfatizar o que é externo ou independente da mente, ou a crença de que certas coisas, especialmente verdades morais, existem independente do conhecimento humano ou percepção delas”.

O game utilizou muito do objetivismo para compor a ideologia que ergueu Rapture

 

Não à toa, a frase mencionada anteriormente resume bem o conceito fundador da cidade; um local onde não há estruturas piramidais ou reféns de temores religiosos, algo constantemente criticado em vida pela mencionada autora. 

Todavia, o ponto de quebra da expectativa criada sobre o jogador é imediatamente quebrada quando Jack se dá conta que a cidade está abandonada, determinados pontos estão com iluminação inconstante; outros com a estrutura para a barragem de água danificada.

Tal apresentação é feita como um contraponto imediato ao estilo arquitetônico escolhido para Rapture, este sendo o Art Déco. Essa estética se popularizou muito ainda nos anos 20 e 30 nos Estados Unidos e Europa, sobretudo quando retratadas em filmes da época com cenários internos. Por instinto ela entrega a sensação de que envolva riqueza de alguma natureza (nesse caso o sonho utópico de Ryan) mas o fato de estar em ruínas já avisa que esse desejo virou um pesadelo.

O senso estético despertado pela Art Deco se choca com o caos da cidade

Enquanto explora o local, Jack se depara com um dos elementos mais marcantes da franquia e potencialmente presente no filme que é a substância ADAM, um composto produzido por peixes do profundo oceano que concede temporariamente habilidades especiais para o usuário. É muito pela pesquisa que se formou em volta do ADAM que Rapture foi formada.

Inclusive o consumo da substância, conforme vai sendo relatado, era comum dentre os habitantes; dessa maneira era cotidiano Rapture ser povoada por super-humanos criados pela ciência. Invariavelmente a reflexão pode pender para outra teoria bastante conhecida que é a do Übermensch (Super-Homem) proposta por Friedrich Nietzsche.

A corrente foi introduzida pelo filósofo em seu livro Assim Falou Zaratustra e, resumidamente, diz respeito a um conceito de homem superior que deve ser almejado e alcançado pela humanidade atual. Assim como o Objetivismo, o Übermensch tende a recusar a incorporação de um pensamento religioso como algo essencial para o ser humano. 

A elevação das capacidades humanas ao nível seguinte é uma das fundações de Rapture

É essa a ideia que o jogador recebe assim que desbloqueia a primeira habilidade com ADAM e, conforme aprende como aquela sociedade se desintegrou quando a população se viciou em poder, vai encontrando inimigos que se tornaram incapazes de largar os dons recebidos. A franquia BioShock ainda recebeu mais dois títulos, com o terceiro sendo o mais ambicioso em termos narrativos por abordar realidades alternativas.

Mesmo carregado com complexas ideologias e teses, o jogo as utiliza não como uma forma de propaganda mas inseridas em seu enredo como um aviso. É a busca de Andrew Ryan pelo ser humano perfeito que desencadeia os maiores horrores em Rapture, desde a insanidade coletiva até testes em crianças para a coleta de mais ADAM; é o pensamento objetivista que, em parte, impediu a criação de empregos civis no local, pois seus habitantes se julgavam melhores do que isso e colocou o gangster Fontaine, homem mais rico da cidade, em rota de colisão com Ryan, líder da comunidade e “Estado” para todos os efeitos.

Ainda que faltem maiores detalhes acerca da futura adaptação pela Netflix, já está evidente que o material fonte carrega conceitos filosóficos e sociais bastante densos. Se o projeto irá dar espaço para essas discussões ou optar pelo caminho seguro de se ater à ação (tal como ocorreu com Ghost in the Shell) ainda resta saber.

 

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