quarta-feira, maio 1, 2024

Cannes 2023 | Conheça TODOS os BRASILEIROS no Festival

Desde o anúncio da Seleção Oficial do Festival de Cannes em meados de abril, o CinePOP aguardou a revelação de todas as mostras paralelas e os curtas-metragens para reunir em um artigo todos os representantes brasileiros da 76º edição do mega evento cinematográfico, realizado de 16 a 27 de maio, na França.

Os primeiros nomes divulgados foram Kleber Mendonça Filho, Karim Aïnouz e Renée Nader Messora, todos já participantes do evento. Por outro lado, outros artistas do nosso país participarão do evento, são eles: Lillah Halla (Levante), Pedro Vargas (Solos), Alice Braga (Hypnotic), Carol Duarte (La Quimera), Aída Marques e Ivelise Ferreira (Nelson Pereira dos Santos – Vida de Cinema).

Vamos dissecar cada um deles abaixo:

Os Diretores(as)

Karim Aïnouz – Firebrand (Competição Oficial)

O único brasileiro com chance de ganhar a Palma de Ouro deste ano é Karim Aïnouz. Caso o prêmio seja concedido ao seu filme, no entanto, a vitória não será do nosso país. Produção britânica, Firebrand é o primeiro projeto completamente internacional do cineasta de Fortaleza. Após o sucesso A Vida Invisível de Eurídice Gusmão na mostra Un Certain Regard 2019 e do documentário intimista O Marinheiro das Montanhas na Cannes Première em 2021, as expectativas são altas. 

Encabeçado por Jude Law e Alicia Vikander, o longa conta a história de Katherine Parr, a sexta e última esposa de Henrique VIII. Nomeada regente durante as campanhas militares do marido, Katherine tenta influenciar os conselheiros do rei em direção a um futuro baseado em crenças protestantes. Paranóico e doente, o rei acusa uma amiga de infância da esposa de traição e a envia para a fogueira. Horrorizada e secretamente em luto, Katherine luta pela sua própria sobrevivência.

Kléber Mendonça Filho – Retratos Fantasmas (Cannes Première)

Desde a grande estreia de Aquarius [e seu polêmico protesto no tapete vermelho contra o impeachment de Dilma Rousseff ] na Seleção Competitiva 2016, Kléber Mendonça Filho é figurinha carimbada na Croisette de quase dois em dois anos. Em 2019, novamente na Competição Oficial, com Bacurau, ele levou o Prêmio do Júri. Em 2021, o cineasta esteve do outro lado da moeda como membro do júri responsável por premiar Titane, de Julia Ducournau, com a Palma de Ouro.

Em Sessão Especial, Kleber apresenta o documentário Retratos Fantasmas, uma homenagem aos grandes cinemas do centro do Recife do século XX. Atualmente, segundo o diretor, esta zona da cidade é um sítio arqueológico que revela aspectos perdidos da vida em sociedade e outras histórias. Este é o segundo documentário do diretor após Crîtico (2008), uma discussão entre críticos e diretores sobre o porvir da sétima arte. 

Não deixe de assistir:

Por coincidência, este ano Kléber Mendonça Filho está presente em um projeto parecido da diretora italiana Lubna Playoust. Em sessão apenas um dia na mostra Cannes Classic, Chambre 999 reúne o depoimento de 30 cineastas contemporâneos da edição de 2022, entre eles: Wim Wenders, James Gray, Rebecca Zlotowski, Claire Denis, Olivier Assayas, Asghar Farhadi e Alice Rohrwacher.

Renée Nader Messora – A Flor de Buriti (Un Certain Regard)

Ao lado do cineasta português João Salaviza, a diretora brasileira Renée Nader Messora ganhou o prêmio do Júri com Chuva é Cantoria na Aldeia dos Mortos, na mostra Un Certain Regard em 2019. Repetindo a parceria vencedora, o casal voltam a debruçar-se sobre a temática da cultura indígena em A Flor de Buriti, novamente na Un Certain Regard

Nesta nova aventura, os cineastas lusófonos mostram o povo indigena Krahô e sua perseverança diante de intermináveis conflitos por meio de seus ritos ancestrais, o amor à natureza e à liberdade. Desse modo, os Krahô inventam constantemente novas formas de resistência frente às dificuldades.

Lillah Halla – Levante (Semaine de la Critique) 

Com seu primeiro longa-metragem, Levante, Lillah Halla apresenta na Semaine de la Critique em Cannes um potente debate sobre o corpo feminino e a sociedade. O tema também esteve presente no seu curta-metragem Menarca (2020), selecionado igualmente na Semana da Crítica daquele ano. Seu segundo longa já está em produção e se chamará Flehmen.

Em Levante, Sofia, uma promissora jogadora de vôlei de 17 anos, descobre que está grávida na véspera de um campeonato que pode selar seu destino. Desse modo, ela busca um aborto ilegal e vê-se alvo de um grupo fundamentalista determinado a impedi-la a todo custo. Qualquer semelhança com a realidade brasileira não é mera coincidência. 

Pedro Vargas – Solos (Cinef – Curta/Estudante)

Numa mistura de ficção científica e crítica social, o aspirante a cineasta Pedro Vargas faz sua estreia em grande estilo em La Cinef, a mostra paralela de filmes universitários durante o Festival. Estudante da FAAP, o jovem paulista é o único latino-americano na competição composta por 16 filmes. 

Projeto de conclusão de curso, Solos acompanha a descoberta de Leonardo (Jorge Neto), um jovem pedreiro no trabalho. Ele começa a escutar um misterioso som vindo do chão durante uma obra. Segundo Vargas, o filme mistura os temas expansão imobiliária e ancestralidade. 

As Atrizes 

Alice Braga – Hypnotic (Sessão da Meia-Noite)

Sob direção de Robert Rodriguez (Planeta Terror), Alice Braga marca presença no Festival de Cannes, na Sessão da Meia-Noite. Ao lado de Ben Affleck, a brasileira mais famosa de Hollywood vive a clarividente Diana Cruz. Com uma mistura de gêneros, como policial, suspense e mistério, o Hypnotic promete quebra-cabeças e reviravoltas. 

Desta vez, a atriz não subirá o Tapete Vermelho da Croisette, mas já esteve nele algumas vezes com Cidade Baixa (2005), Ensaios sobre a Cegueira (2008) e Ardor (2014).

Carol Duarte – La Quimera (Competição Oficial)

Depois do sucesso de A Vida Invisível de Eurídice Gusmão, na mostra Un Certain Regard, Carol Duarte volta ao festival na Mostra Competitiva. Dessa vez, a atriz atua para a câmera da diretora italiana Alice Rohrwacher. No drama, Carol Duarte dá vida à estrangeira Itália ao lado de Isabella Rossellini e Josh O’Connor (da série The Crown). 

Na disputa pela Palma de Ouro, La Quimera retrata o tema da pilhagem arqueológica e a venda ilícita de artefatos históricos. O lema do filme é: “Todo mundo tem sua própria quimera, algo que eles tentam alcançar, mas nunca conseguem encontrar.” Para os protagonistas desta narrativa, ladrões de bens funerários antigos e maravilhas históricas, a “quimera” significa a redenção do trabalho e o sonho de fortuna fácil. 

Homenagem

Nelson Pereira do Santos – Vida de Cinema (Cannes Classics) 

Do lado dos Clássicos do Cinema, o Brasil comparece com o documentário Nelson Pereira dos Santos – Vida de Cinema, das diretoras Aída Marques e Ivelise Ferreira. A obra mostra o homem “precursor do Cinema Novo” por detrás da câmara, os seus pensamentos e os seus sonhos. Vale lembrar que seu legado reflete a riqueza da cultura brasileira no mundo inteiro.

No Festival de Cannes, Nelson Pereira dos Santos concorreu à Palma de Ouro três vezes, com Vidas Secas (1963), O Alienista (1970) e O Amuleto de Ogum (1974), além de Quem é Beta? (1973), Como Era Gostoso o Meu Francês (1971) e Memórias do Cárcere (1984) na Quinzena dos Realizadores. Em 2012, Música Segundo Tom Jobim foi exibido durante uma sessão de homenagem ao cineasta no evento.

Fique de olho na cobertura do CinePOP no Festival de Cannes direto da Croisette a partir de 16 de maio.

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Letícia Alassë
Crítica de Cinema desde 2012, jornalista e pesquisadora sobre comunicação, cultura e psicanálise. Mestre em Cultura e Comunicação pela Universidade Paris VIII, na França e membro da Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine). Nascida no Rio de Janeiro e apaixonada por explorar o mundo tanto geograficamente quanto diante da tela.

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