sexta-feira, abril 26, 2024

Cannes 2023 | Conheça os detalhes da Seleção Oficial do Maior Festival de Cinema

Na última quinta-feira, dia 13 de abril, Thierry Frémaux e Iris Knobloch anunciaram a seleção oficial dos filmes participantes do 76º Festival de Cannes. Com uma grande abertura aos filmes hollywoodianos, a seleção consagra grandes nomes da sétima arte e figurinhas carimbadas do evento ao mesmo tempo que busca apresentar novos cineastas e um recorde de mulheres nomeadas para a competição. 

A quatro semanas da 76ª edição, o CinePOP apresenta os principais elementos de destaque da seleção deste ano. A começar pela presença de três brasileiros na seleção oficial (Kleber Mendonça Filho, Karim Aïnouz e Renée Nader Messora) já conhecidos do festival. Vamos dedicar uma análise especial para todos os brasileiros no festival em outro artigo, aguardamos ainda as seleções das mostras paralelas. 

Os mesmos de sempre na Competição pela Palma de Ouro

Ken Loach esteve 15 vezes na disputa pela Palma de Ouro

O que mais chama atenção na seleção competitiva? Os nomes de diretores já carimbados diversas vezes no festival. Em pole position está o britânico Ken Loach, de 86 anos, o qual já subiu os degraus do tapete vermelho do Palais des Festivals et des Congrès de Cannes 15 vezes. Duplamente premiado com a Palma de Ouro [Ventos da Liberdade, 2006, e Eu, Daniel Blake, 2016], o cineasta compete este ano com The Old Oak contra outros 18 longas-metragens. 

Em sua companhia estão também os veteranos da Croisette: o alemão Wim Wenders (10 vezes selecionado); os italianos Nanni Moretti (9 vezes) e Mario Bellocchio (8 vezes); e o japonês Hirokazu Kore-Eda (6 vezes). Caso Thierry Frémaux, o diretor geral do festival, consiga convencer Martin Scorsese — quatro vezes selecionado entre 1976 e 1985 — a apresentar Killer of the Flower Moon em competição, ele pode entrar nessa lista. 

Killer of the Flower Moon, de Scorsese, ainda é promessa na disputa pela Palma de Ouro

De acordo com o Frémaux durante a coletiva de imprensa: “O pedido foi feito” e, como todos os anos, alguns filmes ainda poderão entrar para a Seleção Oficial até o início do evento em Cannes. Outro nome conhecido do público é Wes Anderson, pela terceira vez em competição com Asteroid City. Após Moonrise Kingdom (2012) e A Crônica Francesa (2021), novamente um elenco estelar acompanha o cineasta: Tilda Swinton, Adrien Brody, Scarlett Johansson e Tom Hanks, entre outros. 

Em meio a mais de 2.000 filmes vistos pelo diretor-geral e a sua equipe, o Festival de Cannes promete uma “seleção renovada, pontuada aqui e ali por grandes autores”, no entanto, é notável a predominância dos cineastas dos Estados Unidos e Europa, vide a pré-estreia de Indiana Jones e a Relíquia do Destino, de James Mangold.

Indiana Jones e a relíquia do destino é a grande estreia do Festival de Cannes 2023

Poucos Novatos na Seleção Oficial

Não é tão usual o lançamento de um(a) diretor(a) iniciante na competição pela Palme d’Or, ainda mais com tantos outros nomes de peso na disputa. Por outro lado, o Festival de Cannes nos presenteia com grandes obras de debutantes, vide Atlantique, de Mati Diop, e Os Miseráveis, de Ladj Ly, ambos premiados pelo júri em 2019. Este ano, o grande efeito é da franco-senegalesa, de 36 anos, Ramata-Toluaye Sy, na disputa pela Palma de Ouro com o longa Banel & Adama. Vinda de uma das renomadas escolas de cinema na França, La Fémis, a novata cineasta já esteve por trás do roteiro de dois projetos e trabalhou na ideia título selecionado durante sete anos.

Longe de ser um novato no cinema, o britânico Jonathan Glazer é outro nome pela primeira vez na Seleção Oficial. Vindo do mundo dos videoclipes, ele é conhecido na sétima arte pelos controversos Sexy Beast (2000), com Ben Kingsley; Reencarnação (2004), com Nicole Kidman; e Sob a Pele (2013), com Scarlett Johansson, Glazer é um diretor peculiar e podemos esperar qualquer coisa do seu quarto longa The Zone of Interest (Zona de Interesse). O filme é a adaptação do romance homônimo de Martin Amis ambientado em Auschwitz. Lançado em 2014, o livro conta a história de um oficial nazista que se apaixonou pela esposa do comandante do campo.

Ramata-Toluaye Sy única estreante na direção em disputa pela Palma de Ouro

Séries em Cannes

Não é de hoje que o Festival de Cannes coloca no seu cardápio o lançamento de séries, mas é curiosa a participação do grande lançamento do ano da HBO, The Idol (O Ídolo), tenha uma pré-estreia durante o evento. Com um festival especial CannesSeries, realizado do 14 ao 19 de abril de 2023, em sua sexta edição, é de se estranhar a seleção de Thierry Frémaux. Como justificativa, o diretor-geral anunciou o título como o “início de um filme…”

Não deixe de assistir:

Em outros anos, Irma Vep, de Olivier Assayas; Top of the Lake, de Jane Campion; Twin Peaks, de David Lynch; e Muito Velho Para Morrer Jovem, de Nicolas Winding Refn; tiveram essa honra. Desta vez, no entanto, não é um grande cineasta na realização, mas Sam Levinson, o criador de produções televisivas como Euphoria (2019-) e Malcolm & Marie (Netflix, 2021), ao lado de The Weeknd

The Idol estreia dia 4 de junho na HBO.

Além da produção, o músico atua ao lado de Lily-Rose Depp. Desde de Game of Thrones (2011-2019), a HBO produz séries com qualidades cinematográficas. Ou seja, esperamos o mesmo de The Idol. Pelo trailer, o seriado tem uma pegada moderna da ideia de Damien Chazelle em Babilônia (2022). Veja o trailer aqui

Recorde de Cineastas Mulheres

Outro destaque deste ano é a nomeação de seis mulheres em competição, ou seja, quase um terço da Seleção Oficial. É um recorde do evento, pois no ano anterior o número foi de cinco diretoras, incluindo um filme co-realizado com um homem. Das seis selecionadas, quatro são reincidentes: as francesas Catherine Breillat (com A Última Amante, 2007) e Justine Triet (com Sibyl, 2019); a italiana Alice Rohrwacher (com As Maravilhas, 2014, e Feliz como Lázaro, 2018); e a austríaca Jessica Hausner (Little Joe, 2019). 

As diretoras Jessica Hausner, Alice Rohrwacher, Kaouther Ben Hani, e Catherine Breillat na Competição Oficial.

A tunisiana Kaouther Ben Hania já recebeu uma nomeação com O Homem que Vendeu Sua Pele na Seleção do Festival de Cannes 2020, em contrapartida, o evento não ocorreu por conta da pandemia da COVID-19. Esta é, portanto, oficialmente sua primeira participação em na corrida pela Palma de Ouro. Vale lembrar que ela esteve na mostra Um Certo Olhar com o ótimo A Bela e os Cães, em 2017. Para fechar a lista, a sexta é a  — já mencionada — franco-senegalesa Ramata-Toluaye Sy

Após 75 edições, o Festival de Cannes conta apenas com duas mulheres ganhadoras do grande prêmio. A primeira foi Jane Campion, com O Piano (1993) e mais de 20 anos depois, Julia Ducournau com Titane (2021). Nas nossas contas, apenas 2,6% do total de edições uma mulher subiu ao palco para receber a Palma de Ouro. Com seis mulheres na disputa, as chances aumentam, mas a batalha vai ser difícil. Vamos aguardar a revelação dos membros do júri ao lado do presidente Ruben Östlund (Triângulo da Tristeza).

Confira abaixo a lista completa da Seleção Oficial de Cannes

Filme de Abertura: Jeanne du Barry, de Maïwenn (Fora da Competição) 

Johnny Depp em Jeanne du Barry na Abertura do Festival de Cannes

Competição pela Palma de Ouro

Club Zero, de Jessica Hausner (Áustria)

The Zone Of Interest, de Jonathan Glazer (Reino Unido)

Fallen Leaves (Kuolleet lehdet), de Aki Kaurismaki (Finlândia)

Les Filles d’olfa, de Kaouther Ben Hania (Tunísia)

Asteroid City, de Wes Anderson (EUA)

Anatomie d’une Chute, de Justine Triet (França)

Monster, de Kore-Eda Hirokazu (Japão)

Il Sol Dell’avvenire, de Nanni Moretti (Itália)

L’été Dernier, de Catherine Breillat (França)

About Dry Grasses (Kuru Otlar Ustune), de Nuri Bilge Ceylan (Turquia)

La Chimera, de Alice Rohrwacher (Itália)

La Passion de Dodin Bouffant, de Tran Anh Hùng (Vietnã)

Rapito, de Marco Bellocchio (Itália)

May December, de Todd Haynes (EUA)

Jeunesse, de Wang Bing (China)

The Old Oak, de Ken Loach (Reino Unido)

Banel & Adama, de Ramata-Toulaye Sy  | Primeiro Filme | (Senegal/França) 

Perfect Days, de Wim Wenders (Alemanha)

Firebrand, de Karim Aïnouz (Reino Unido/Brasil)

Mostra Um Certo Olhar 

Filme de Abertura: Le Règne Animal, de Thomas Cailley 

Romain Duris em Le Règne Animal, na abertura da mostra Um Certo Olhar

Los Delincuentes, de Rodrigo Moreno 

How To Have Sex, de Molly Manning Walker  |  Primeiro Filme 

Goodbye Julia, de Mohamed Kordofani  |  Primeiro Filme  

La Mère De Tous Les Mensonges (Kadib Abyad), de Asmae El Moudir 

Simple Comme Sylvain, de Monia Chokri 

A Flor do Buriti, de João Salaviza, Renée Nader Messora 

Los Colonos, de Felipe Gálvez  |  Primeiro Filme 

Augure, de Baloji  |  Primeiro Filme  

The Breaking Ice, de Anthony Chen 

Rosalie, de Stéphanie Di Giusto 

The New Boy, de Warwick Thornton

If Only I Could Hibernate, de Zoljargal Purevdash  |  Primeiro Filme 

Hopeless, de Kim Chang-Hoon  | Primeiro Filme 

Terrestrial Verses, de Ali Asgari, Alireza Khatami 

Rien à Perdre, de Delphine Deloget  |  Primeiro Filme  

Les Meutes, de Kamal Lazraq  |  Primeiro Filme 

Fora da Competição

Indiana Jones e a Relíquia do Destino, de James Mangold 

Cobweb, de Kim Jee-Woon 

The Idol, de Sam Levinson (série HBO)

Killers Of The Flower Moon, de Martin Scorsese 

Sessões de Meia-Noite 

Kennedy, de Anurag Kashyap 

Omar La Fraise, de Elias Belkeddar

Acide, de Just Philippot 

Cannes Première 

Kubi, de Takeshi Kitano 

Bonnard, Pierre e Marthe, de Martin Provost 

Cerrar Los Ojos, de Victor Erice 

Le Temps d’aimer, de Katell Quillévéré 

Sessões Especiais 

Documentário Retratos Fantasmas, de Kléber Mendonça Filho, estreia em Sessão Especial em Cannes.

Man In Black, de Wang Bing 

Occupied City, de Steve Mcqueen 

Anselm, de Wim Wenders 

Retratos Fantasmas, de Kleber Mendonça Filho

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Letícia Alassë
Crítica de Cinema desde 2012, jornalista e pesquisadora sobre comunicação, cultura e psicanálise. Mestre em Cultura e Comunicação pela Universidade Paris VIII, na França e membro da Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine). Nascida no Rio de Janeiro e apaixonada por explorar o mundo tanto geograficamente quanto diante da tela.

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