Há filmes tão ruins, mas tão ruins que merecem ser visto nem que seja por uma curiosidade, digamos, masoquista. Amor a Toda Prova não chega a isso, mas provoca bocejos e insatisfação do espectador. A atual safra de comédias românticas da pomposa indústria hollywoodiana tem deixado muito a desejar. Tramas bobas e elenco valioso, numa mistura que não funciona adequadamente. Resta ao espectador perguntar onde está o bom senso dos realizadores.
O careta Cal Weaver (Steve Carell) tem quarenta e poucos anos e uma vida perfeita – um bom emprego, uma casa legal, filhos ideais e um casamento com sua namorada do colégio. Mas quando Cal descobre que sua esposa Emily (Julianne Moore) o está traindo e quer o divórcio, sua vida “perfeita” desaba rapidamente. E para piorar, faz décadas que Cal não tem um encontro amoroso e ele é justamente a definição de alguém sem charme.
O intrigante plot point da narrativa é o seu ponto mais interessante. É aquele momento dos roteiros que os roteiristas ainda seguem a lógica de Aristóteles e utilizam uma guinada surpreendente bem próxima ao final, desviando (ou afunilando) os acontecimentos até então apresentados. Até entendermos os motivos que fazem o enredo se dividir em três histórias fragmentadas, ficamos perdidos, doidos para condenar o filme num texto futuro, já pré-fabricado na mente para publicação. No entanto, a linha narrativa é explicada e apresentada de forma coerente nos minutos finais. Mas isso ainda não é suficiente.
Com quase 120 minutos de duração, as tentativas de fazer rir não funcionam bem. É constrangedor ver os atores talentosos como Ryan Gosling (Cálculo Mortal), Juliane Moore (As Horas, estupenda!), Steven Carrel (O Virgem de 40 anos) e Emma Stone (A Mentira) num festival de canastrice. Nada parece funcionar. No que tange a metalinguagem, mais equívocos: o pastiche de Dirty Dancing – Ritmo Quente não surte efeito e a sátira ligeira a Crepúsculo é artificial. Pior que ser sem graça é não se assumir como mais um besteirol americano dos grandes. Muito feio diretor. Muito feio roteirista. Vergonha alheia para os protagonistas.
Enredo frouxo e tecnicamente mais do mesmo. Desperdício total do seu tempo. Assista se tiver paciência. Ademais, boa sorte.
Finalmente, uma comédia de verdade com sabor de originalidade. Depois de sermos mentalmente violentados com algumas baboseiras nacionais do gênero que invadiram o cinema, podemos respirar aliviados com a estréia de Amor a Toda Prova(Crazy, Stupid Love), o novo filme da dupla Glen Ficarra e John Requa.
Calcados em uma premissa até batida – nerd, caretão que foi trocado por outro pela mulher que muda radicalmente de estilo depois de ser “treinado” por um expert em sedução -, os diretores conseguem construir cenas bem originais e realmente engraçadas com o grande suporte dos diálogos criativos do roteirista Dan Fogelman e das atuações perfeitas do elenco estelar que se encaixou como uma luva em seus papéis.
Steve Carrel, excelente como o nerd; Juliane Moore, linda e perfeita como a esposa e Ryan Gosling, soberbo como o professor sedutor, são os alicerces que nos guiam para uma deliciosa equação de risos que ainda conta com participações excelentes deKevin Bacon, Marisa Tomei e Emma Stone.
Assim sendo, nada contra o cinema nacional, pelo contrário, acho apenas que filmes como esse deveriam servir de inspiração para as próximas produções brasileiras não duvidarem da inteligência do espectador e parassem de os lobotomizar devido à preguiça de exercitar mais os neurônios dos donos das carapuças.
Vamos ser francos: quem não gosta de Sandra Bullock?
A atriz geralmente dá um show em seus filmes e tem carisma de sobra.
Em ‘Amor à Segunda Vista’, ao lado de Hugh Grant, ela faz o que a tornou famosa: o papel de uma mocinha tímida e atrapalhada que sempre ganha o galã no fim do filme.
Sandra interpreta uma ativista que consegue um emprego de advogada numa das maiores firmas de advocacia dos EUA – apesar de ser contra suas práticas – porque acha que, se ela tivesse um veículo poderoso, poderia conscientizar mais pessoas.
Ela é contratada por um multimilionário arrogante (Hugh Grant, que apesar de insuportável, ainda assim consegue ser charmoso).
Como toda comédia romantica, eles se odeiam, mas ficam juntos no final. O que acontece com filmes desse gênero é que você ACHA que já vai ao cinema sabendo o que vai ver, mas não se importa, porque no fim vai dar umas boas risadas, certo? ERRADO!!!
Apesar do filme ser bonitinho, não é nem um pouco engraçado, não me pergunte o porque. Se você não se importa em não rir de um filme que se classifica como “comédia”, vai adorar ‘Amor à Segunda Vista’.
Hugh Grant e Bullock são charmosos e sabem o valor de um bom par na tela.
Do contrário, espere sair em vídeo e peça para aquele primo chato alugar, só pra você não ficar com raiva de ter gasto o seu dinheiro à toa.
Sem nenhuma dúvida, a comédia-romântica que mais agradou e surpreendeu o público em 2009 foi “A Proposta”, dos estúdios Walt Disney. Depois de assistir e me decepcionar com “Idas e Vindas do Amor” (Warner) e “Plano B” (Sony), este ano, achava que 2010 teria grandes chances de acabar sem uma boa produção do gênero, que sempre me declarei fã. Grande engano.
“Amor à Distância” (Going the Distance) conta a história de Erin (Drew Barrymore), uma jornalista que passa uma temporada trabalhando num jornal de Nova York e que se apaixona pela franqueza perspicaz e o humor desengonçado do recém-solteiro Garrett (Justin Long). O encontro deles acontece num bar no dia que Garrett termina seu atual namoro. Eles passam a noite juntos, depois de alguns copos de cerveja, conversas e jogos dentro do bar.
Sem eles perceberem, a química rapidamente se tornou um delicioso amor de verão. Depois de algumas semanas juntos, Erin acaba tendo que voltar para sua casa em São Francisco, quando o tempo de seu trabalho acaba. Garrett, que mora e trabalha em Nova York, descobre que o relacionamento de ambos não tem sentido de acabar, assim eles resolvem começar um relacionamento, mesmo que a distância.
O grande problema acaba sendo o fato de ambos morarem em cidades opostas do país, mas eles tenta resolver o problema da distancia com muitas mensagens de texto, recados sensuais e telefonemas até altas madrugadas, mesmo com toda a gozação dos fieis amigos de Garrett, Box (Jason Sudeikis) e Dan (Charlie Day), e do pessimismo da família de Erin, que tem uma irmã (Christina Applegate) casada e superprotetora, que não concorda com esse tipo de amor.
Com um tema atual e uma história simples, sem precisar mostrar apelar para uma comédia nojenta com vômitos e outras coisas, o grande destaque do filme é a excelente trilha sonora, que conta com canções clássicas como a do filme “Top Gun: Ases Indomáveis” (1986), entre outros sucessos, que já embalaram muitos casais românticos da ficção e com certeza da vida real também.
Outro destaque é a química do casal principal. A atriz Drew Barrymore é veterana em filmes do gênero, sendo a queridinha do público depois de estrear filmes como “Ele Não Está Tão a Fim de Você”, “Nunca Fui Beijada” e “Como se Fosse a Primeira Vez”, além dos filmes de ação “As Panteras” e “As Panteras Detonando”. Já o ator Justin Long, pode não ser tão conhecido como Drew, mas ele já trabalhou em filmes de sucesso como “Herbie: Meu Fusca Turbinado” e “Duro de Matar 4.0”, além de ser a voz do Alvin, o esquilo simpático e bagunceiro da franquia “Alvin e os Esquilos”. Ambos formam um casal tão bonito, que é impossível que o público não se envolva e torça para o final feliz do casal, que acaba tendo vários problemas durante o relacionamento.
Com direção de Nanette Burstein (diretora de documentários vencedora do Oscar) e roteiro de Geoff LaTulippe, “Amor à Distância” (Going the Distance) chega aos cinemas com uma história simples de um amor que terá que enfrentar a distancia para dar certo. A história simples, as piadas na medida certa, a lindíssima e envolvente trilha sonora e o carisma e a química dos protagonistas são os ingredientes que conseguem conquistar o público fazendo com que ele se envolva totalmente com o filme.
Sinopse: Erin e Garrett se conhecem em Nova York e, depois de um descompromissado caso amoroso, decidem firmar um namoro quando ele volta a San Francisco para estudar. O desafio do casal é manter o relacionamento apesar da grande distância entre eles.
Drew Barrymore é atualmente um dos nomes fortes quando o assunto é comédia romântica. O que difere Amor à Distância (Going the Distance) dos outros filme do gênero em seu currículo é a espontaneidade do papel que ela defende. Mesmo sem se formar na faculdade depois dos 30 anos de idade, Erin é determinada e não teme mostrar o que quer.
A personalidade da moça pode ser conferida na cena em que Garrett vai para San Francisco visitá-la. Logo que vê o namorado, Erin saca uma piada sexual para deixar claro que romantismo e libido podem conviver em harmonia.
No entanto, esse mesmo grau de autenticidade está em falta em outro ponto do roteiro. Uma questão importante na grande maioria dos namoros à distância é a presença de tentações sexuais geograficamente mais próximas do que a pessoa amada. O tem é abordado muito de leve no enredo, o que poderia acrescer em dramaticidade e emoção se fosse aprofundado.
Como outras boas comédias românticas, Amor à Distância aposta em seus personagens secundários para criar situações cômicas. Mesmo com uma irmã super-protetora e neurótica casada com um sujeito estranho, o núcleo de Erin não consegue se igualar aos bizarros amigos de Garrett. Box ostenta um bigode a la Magnum para conquista mulheres maduras, enquanto Dan é participativo demais na vida pessoal de Garrett.
A cereja no topo do bolo é a escolha das músicas da trilha. Canções românticas e “rock de menininha” embalam a história de amor.
De vez em quando, pode-se levar em conta as intenções de um filme, e não só seus resultados. Em um subgênero de raras e pequenas ambições, digamos, a comédia romântica, é comum esperar pouco. Se o roteirista tem a comédia e a bilheteria em vista, muito pior: as piadas sairão grosseiras e os personagens, caricatos. O desleixo é tão generalizado que, quando alguém mira um pouco mais alto, a simples tentativa já merece menção. E Amor À Distância bem que tenta.
Na mesma noite em que toma um pé na bunda, Garrett (Justin Long) vai beber com os amigos Dan (Jason Sudeikis) e Box (Charlie Day). No bar, conhece Erin (Drew Barrymore), que trabalha temporariamente num jornal em New York. O romance começa, mas tem data de validade: em seis semanas ela tem de voltar para San Francisco, onde mora com a irmã Corinne (Cristina Appegate). O amor é tanto que o casal decide namorar à distância.
Então, o que o roteirista Geoff LaTulippe busca de tão especial? Gente. Não falo dos rascunhos sem vida própria que às vezes recebem a alcunha de “personagens”, e sim de algo que existe além das piadas de sempre. Dizer que isso é simples ou até uma volta à simplicidade é um erro. Como construção narrativa, personagens assim demandam uma complexidade que caricaturas, estereótipos e lugares-comuns frequentemente enterram.
No roteiro, vê-se relances de pessoas que tratam a sexualidade com certa desenvoltura, como se fosse realmente algo presente em suas vidas. A amizade dos três homens também funciona, com um bom equilíbrio entre comentários estereotípicos e outros inesperados. Igualmente, ao apostar num misto de elementos mais e menos comuns, o namoro se torna satisfatoriamente humano. Na singela cena do tortellini, luzes naturais enquadram Barrymore (em atuação tipicamente irregular): é raro ver locações tão vivas.
Outra qualidade está no elenco, que, com a ajuda da diretora Nanette Burstein, consegue construir relações dinâmicas. Os momentos de estranheza até existem (o abraço de Box, o discurso sexual de Corinne), mas se conectam à intimidade dos personagens logo em seguida. É gratificante pelas risadas, que são momentâneas e pela sinceridade, que dura um pouco mais. Pena que não dura tanto quanto poderia.
A comédia aparece com estrondo para destruir algumas dessas bem-vindas surpresas. Por que mostrar o protecionismo afável de Corinne se sua importância logo se resume a piadas de neurose? De que adianta expor a vida sexual com naturalidade para, no momento seguinte, jogar tudo para o alto numa situação de constrangimento? A postura inicial perante o sexo é particularmente afetada por esse apego às mesmices do gênero.
Mesmo quando Garrett vai se bronzear, e não sai “comicamente” laranja, alguma brincadeirinha tem que ser enfiada, no pior dos sentidos, em algum momento. Não por acaso, ela surge em um momento de sexualidade grotesca. Por sorte, a maioria dos personagens sobrevive, resultando em momentos espirituosos, como a cena em que Erin tem a cara pintada. A situação não vira uma bola de neve de erros, mas tem sua graça.
Há ainda outro pequeno problema. Por mais que seja bom problematizar a distância, o futuro e as concessões, não basta abarrotar os diálogos de questionamentos amorosos. Muito já está presente nos próprios conflitos da narrativa, sem a obrigação explicar os obstáculos que aquele (ou qualquer) relacionamento enfrenta. Quanto mais o filme se assume romântico, mais a verbalização das ressalvas fica desconexa e até simplista.
Infelizmente para o gênero e felizmente para Amor À Distância, a busca pela humanidade já conta pontos. Infelizmente para ambos, a empreitada cambaleou e errou a mão. Como a própria Drew Barrymore, a produção é um conjunto de erros e acertos misturados em uma maçaroca.
O filme “Amor” põe em prova toda a fórmula americana de fazer filme. Não que todos sejam iguais, mas, até secretamente, seguem uma mesma linha. “Amor” foge de tudo o que foi visto, afinal, ele não é americano. Dirigido pelo austríaco Michael Haneke, o filme consegue criar um clima duvidoso, mas ainda assim, cheio de certezas.
O primeiro “problema” que é encontrado por quem está acostumado com a antiga fórmula é a dinâmica das cenas. De uma maneira singela, o diretor esquece os movimentos de câmera para que possamos focar nas profundas atuações adiante da tela. O ambiente criado por Michael requer que nós observemos os olhares e suspiros dos personagens. Nisso, o filme leva mérito pela direção que consegue exprimir palavras que não estavam escritas no roteiro. O roteiro, porém, mesmo criando cenas interessantes, não deixa de esticar as ocasiões – quem sabe também não foi decisão da direção?
Mas enfim, isso não pode ser considerado um problema, de fato. Pode ser que você não curta o estilo do filme, assim como eu reagi de primeira, mas, com cautela, ele vai se apossando. Nesse novo estilo não há muita história ou muito que raciocinar durante o filme; tudo está nos movimentos. No geral, o filme fala sobre um casal de velhos que moram sós numa casa relativamente grande. A senhora, Anne, é a que enfrenta mais problemas com a velhice, fazendo seu marido, Georges, botar em prova tudo o que ele confirmou há muitos anos atrás, no altar; “Na alegria, na tristeza, na saúde, na doença…”.
A ideologia de existência do filme, quero dizer, o motivo para que ele tenha sido feito é, como o título já indica, exemplificar até onde existe, de fato, amor. Quais os seus limites? Georges parece bem mais lúcido do que Anne, que sofre duas vezes com uma paralisia corporal. Até onde ele permaneceria cuidando de sua amada? Até que ela morresse? Ele se afetaria com isso? Portanto, o enredo tenta nos provar um ponto de vista pondo um exemplo à mostra. Consegue, de fato, mostrar realidade e fazer-nos pensar sobre o que faríamos. Faz-nos pensar até, eu diria, sobre a nossa própria vida; até onde amaríamos?
E pra completar toda a questão do filme, o elenco arrasador! Emmanuelle Rivaé perfeita na pele de Anne. Algumas horas, quais eu bobeei, fiquei com muita pena da senhora doente que eu assistia deitada em sua cama, incapaz de falar, sussurrando besteiras, enlouquecendo, morrendo… [Espera, isso não está acontecendo! É um filme!] – Digamos que foi uma epifania… É surpreendente! A sua indicação no Oscar não foi à toa e, se ela ganhasse, eu aplaudiria de pé. Jean-Louis Trintignan não fica de fora, interpretando George, o marido, que não sabe mais o que fazer com Anne, mesmo seu personagem estando calmo quase todo o filme. Mérito? Merece, claro; não como Emmanuelle.
Por fim, “Amor” é um filme muito estranho. Quando os créditos finais começaram a subir, eu pensei: Nossa… Que maneira estranha de gostar de um filme… – Apesar de não fazer muito o meu estilo de filme, eu gostei. Ele, de uma maneira brutal, acaba conseguindo ensinar alguma coisa sobre o amor.
É difícil saber o que nos atingiu ao final da projeção de “Amor”, uma obra tão forte e poderosa quanto um soco no estômago. Sucesso no Festival de Cannes de 2012, onde recebeu a honraria máxima, a Palma de Ouro, como o melhor filme do evento, a obra do diretor alemão Michael Haneke foi uma das grandes surpresas no Oscar 2013, recebendo nada menos do que 5 indicações, o que para uma pequena produção passada toda dentro de um apartamento, com basicamente dois atores apenas, sem dúvidas é um grande feito.
“Amor” está indicado nas categorias de melhor diretor para Haneke, melhor filme, melhor filme estrangeiro, melhor roteiro original e melhor atriz para a octogenária Emmanuelle Riva. Na trama do roteiro escrito pelo próprio diretor, Georges e Anne são um casal de idosos franceses apaixonados e ativos. No auge de seus 80 anos os dois ainda saem sozinhos para ir ao teatro ou restaurantes, e se divertem com a volta para casa no ônibus à noite, onde ainda interagem com longas conversas.
Até que num dia, Georges precisa finalmente lidar com a velhice quando sua companheira apresenta sinais de desgaste e severas enfermidades acarretadas pela idade avançada. O cineasta Haneke começou a carreira em seu país de origem dirigindo filmes para a TV ainda na década de 70, mas foi somente em 1997 que chamou verdadeiramente a atenção do mundo da sétima arte ao escrever e dirigir o subversivo “Violência Gratuita”. Exatamente dez anos depois o diretor tentaria sua única incursão no cinema americano refilmando ele mesmo a obra, com a versão americana de “Violência Gratuita”, com Naomi Watts como a protagonista, sem o mesmo impacto e extremamente criticada. Entre o repertório dos filmes mais elogiados do cineasta estão “A Professora de Piano” (sensação no Festival de Cannes de 2001), “Caché” (igualmente um chamariz em Cannes, 2005) e “A Fita Branca” (indicado para os Oscar de melhor fotografia e filme estrangeiro). Tudo isso faz de Haneke um dos cineastas mais prestigiados da atualidade.
Aqui Haneke cria tudo com maestria, seja na precisão dos diálogos mundanos que nos levam instantaneamente a participar da história como se estivéssemos vendo uma fatia da vida, e nunca uma representação dela. Ou na condução de sua direção, ritmo e narrativa. É inconcebível saber que nos EUA críticos de cinema dormiram na projeção dessa impactante obra. Em momento algum é possível se desligar de um filme que possui tamanha urgência como esse. É sufocante, desesperador e completamente emotivo. O casal de protagonistas daria um texto à parte. Emmanuelle Riva, que interpreta a enferma Anne foi lembrada no Oscar merecidamente, e em minha opinião (mesmo sem ter assistido ainda as performances de Jennifer Lawrence e Jessica Chastain) deveria levar o prêmio devido às limitações que sua idade avançada acarreta na interpretação, ela está esplêndida. A injustiça vem na forma do esquecimento de Jean-Louis Trintignant, o veterano ator francês possui um desempenho tão forte, e até mais difícil do que o de sua companheira de elenco. Ele é o receptor, e o que precisa reagir à atuação de Riva.
“Amor” possivelmente é o melhor filme de 2012 que assisti até agora (ainda faltam alguns). Dizem que um filme precisa falar com você, precisa te dizer alguma coisa, penetrar para causar aceitação. E nada faz isso melhor do que o roteiro, a história apresentada na tela, por mais que todos os outros elementos entrem em cena. A história de “Amor” é muito forte, é muito poderosa para ser ignorada. Nos deixa fragilizados, indefesos, sabendo que tal situação é inevitável para todos nós. Nos mostra como a vida é cruel para os seres do planeta, como o arco de nossas vidas naturalmente se desfecha, sem pedir permissão, sempre causando dor. Saber lidar com ela é uma arte quase impossível, que poucos iluminados e esclarecidos dominam. É dentro desse parâmetro que “Amor” é tão importante, não existe fantasia, grandiosidade ou novidade, é apenas real. Um apartamento, duas pessoas, e um grande amor.
Quem disse que uma comédia romântica com uma trama batida e um final super previsível não pode ser divertida? O título já revela, “Amizade Colorida” traz um rapaz e uma moça que decidem adicionar a sua amizade o famoso sexo sem compromisso, mas é claro, os dois se apaixonam, o público no meio do caminho se apaixona por eles, o casal vive feliz para sempre e o espectador volta para casa quase tão feliz quanto eles.
É, é bem isso mesmo, mas o que faz de “Amizade Colorida” acima dos outros do gênero (como “Sexo Sem Compromisso”, com Ashton Kutcher eNatalie Portman, lançado neste ano e muito comentado por ter exatamente a mesma premissa de “Amizade Colorida”) é que neste, o filme tira sarro de si mesmo e do gênero em geral. Os protagonistas interpretados por Mila Kunis e Justin Timbelake (tão lindos e gostosos quanto Kutcher e Portman, porém mais engraçados) apontam e fazem graça de clichês como o tipo de trilha sonora usado em comédias românticas e como sempre tudo acontece perfeitamente certo e o casal revela o amor um pelo outro no final.
Mas como não podia deixar de ser, eles usam de outros clichês do gênero, como o parente ou amigo (no caso a mãe de Jamie) que envergonha e embaraça uma das partes e um drama familiar que “surpreende” o espectador, aqui sendo o Mal de Alzheimer que atinge o pai de Dylan, papel de Richard Jenkins.
Jenkins é um dos nomes na grande lista de participações especiais no longa. Ótimo truque para manter empolgado quem já assistiu esse tipo de história inúmeras vezes, especialmente quem gosta e assiste comédias americanas, pois é daí que saem e se destacam atores como Jenna Elfman, Bryan Greenberg, Emma Stone, Andy Samberg, Jason Segel, Rashida Jones e Woody Harrelson, o patrão de Dylan. Cada um chega em um momento do filme, trazendo frescor para a tela, não que seja muito difícil passar duas horas vendo Kunis e Timberlake.
“Amizade Colorida” é atual, mantém um ritmo acelerado e é a típica comédia romântica com muito mais comédia do que romance, facilitando assim a vida dos casais. O filme pode agradar tanto os homens quanto as mulheres, o risco de levar o namorado ao cinema e ele sair reclamando é bem pequeno.
Você acredita que amigos podem ser parceiros sexuais sem afetar sua amizade?
Essa é a base de Amizade Colorida (Friends with Benefits), onde Dylan (Justin Timberlake) e Jamie (Mila Kunis) apostam que isso pode dar certo.
Ele é um blogueiro de Los Angeles que foi sondado por uma caça-talentos para trabalhar em uma empresa em Nova York. Por insistência de Jamie, acaba aceitando a proposta e se muda para a Big Apple. Juntos, farão uma grande amizade, sendo que ambos acabam de levar um fora de seus namorados.
Por estarem sozinhos e sentindo falta de sexo, propõe uma noitada onde só o que vale é o prazer. Nada de namoro, de cobranças, somente amizade e prazer no final do dia. E assim começa um envolvimento que a gente sabe muito bem onde vai dar…
Se você puxar pela memória, lembrará que em abril deste mesmo ano vimos algo parecido. “Sexo sem Compromisso” (No Strings Attached), com Ashton Kutcher e Natalie Portman, também teve o mesmo enredo, mas a história é um pouco diferente.
Aqui em Amizade Colorida, parece que o casal convence mais, e a história é bem mais realista. Tanto que o filme faz uma comparação com outra película que eles assistem sobre comédia romântica, que aborda beijos inusitados num shopping e final feliz a bordo de uma carruagem. Com eles, a coisa é mais verdadeira.
Lógico que algumas cenas saem do contexto normal, mas ainda assim são válidas. O casal conseguiu uma boa química e deixou o filme bem agradável, sem ser piegas demais.
Se você é chegado numa comédia romântica, acho que vai gostar deAmizade Colorida. Para mim, surpreendeu.