quinta-feira, maio 2, 2024

Crítica | Episódios finais da 3ª temporada de ‘The Witcher’ são simplesmente ESPETACULARES

Quando ‘The Witcher’ estreou na Netflix em 2019, emergiu como uma decepcionante adaptação da saga literária homônima assinada por Andrzej Sapkowski – apresentando um enredo clichê que, apesar da fidedignidade aos romances, se consagrou como um amontoado de tramas e subtramas sem uma coesão necessária para compreender a complexa cronologia dos episódios. Entretanto, a showrunner Lauren S. Hissrich surpreendeu a todos com o lançamento de uma sólida segunda temporada, cuja qualidade foi mantida para o terceiro ciclo e que, agora, consagra a mais recente iteração como uma das melhores do ano, recheada de intrigas políticas, ótimas cenas de ação e uma honestidade narrativa quase impecável.

Como vimos no primeiro volume, as coisas não andam nada bem em Aretuza: depois de descobrirem um plano maligno que se escondia por trás de uma falsa pacificidade, Geralt (Henry Cavill) e Yennefer (Anya Chalotra) percebem que, na verdade, suas pistas os levaram na direção errada – e que Stregobor (Lars Mikkelsen) não é o vilão da história. Na verdade, Vilgefortz (Mahesh Jadu), utilizando a confiança cega de Tissaia (MyAnna Buring), conseguiu arquitetar uma artimanha que daria acesso a Aretuza pelos elfos, liderados por Francesca (Mecia Simson), e garantir que a jovem Princesa Cirilla (Freya Allan) voltasse para o lugar a que pertencia para dar início a uma batalha que mudaria o Continente para sempre. E, fadado à ruína, Geralt faz de tudo para que Ciri não caia nas mãos erradas – mas as coisas não saem como o planejado.

Em um ímpeto de fúria e sem saber como lidar com os próprios poderes, Ciri foge para Tor Lara e coloca as mãos em um monólito instável que destrói Aretuza e que coloca um ponto final em um dos capítulos mais polvorosos da história desse universo fantástico. Levada através de uma fenda no espaço-tempo para Korath, uma terra desértica, Ciri agora está sozinha e deve enfrentar a fome, o calor e o cansaço sem a ajuda de Geralt e de Yennefer. Enquanto isso, o bruxo sofre com as consequências da guerra, auxiliado pelas dríades de Brokilon a se recuperar de graves ferimentos enquanto tenta, a todo custo, sair de seu repouso para encontrar a filha. Todavia, nem Yennefer, nem Jaskier (Joey Batey) acreditam que ele deve fazer isso sem um plano infalível sem muitas casualidades.

É notável o amadurecimento da série desde seu lançamento: agora que todos os personagens já foram apresentados e explorados, o roteiro pode investir esforços em reviravoltas inesperadas e sacrifícios mandatórios que apenas aumentam a complexidade do enredo. Afinal, o lado aventuresco ainda permanece, mas pincelado com reflexões políticas, traições e a iminência de uma guerra catastrófica. Geralt, outrora fechado ao mundo e enclausurado em sua única missão, agora lida com a construção de uma família inesperada, vendo-se rodeado de amor e confiança por aqueles que o enxergam como mentor, ou amante, ou pai. Nesse quesito, Cavill entrega-se a uma performance primorosa e que vai deixar saudades, considerando que o ator dará adeus à produção no próximo ciclo.

O astro divide os holofotes com as comprometidas atuações de Chalotra, encantando os espectadores com uma sagacidade apaixonante, de Allan, que foge, de uma vez por todas, da unidimensionalidade que carregava nas iterações predecessoras, e de Batey, que retorna como um dos personagens favoritos dos fãs. Mas nada disso seria possível sem o talento do time criativo, que não pensa duas vezes antes de nos surpreender com eventos de tirar o fôlego e nos guiar por um cosmos que tem muito a nos contar. A condução técnica dos episódios parte de uma premissa simples e prática, que consegue manter o frenético ritmo e garantir que cada uma das múltiplas subtramas seja desenvolvida com calma e sem deixar muitas pontas soltar (ora, até mesmo personagens que julgamos serem pontuais são relembrados).

A estrutura imagética não traz elementos novos – mas não é como se precisasse: aqui, somos engolfados pelo uso contínuo de um melancólico azul em contraposição às vibrantes cores amareladas e laranjas dos capítulos mais antigos. Percebemos que as batalhas, contra monstros ou contra outros inimigos, já fazem parte da jornada dos personagens de forma intrínseca; agora, existe a letargia e a falta de um prospecto muito promissor.

Os capítulos de encerramento da 3ª temporada de ‘The Witcher’ são os melhores até agora e nos preparam para os aguardados e emocionantes eventos do próximo título da saga de Sapkowski, ‘Batismo de Fogo’, que prenuncia a ascensão e a queda de um novo Continente.

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Thiago Nollahttps://www.editoraviseu.com.br/a-pedra-negra-prod.html
Em contato com as artes em geral desde muito cedo, Thiago Nolla é jornalista, escritor e drag queen nas horas vagas. Trabalha com cultura pop desde 2015 e é uma enciclopédia ambulante sobre divas pop (principalmente sobre suas musas, Lady Gaga e Beyoncé). Ele também é apaixonado por vinho, literatura e jogar conversa fora.

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