segunda-feira , 4 novembro , 2024

Crítica | Falcão e o Soldado Invernal – 6º episódio traz um final perfeito e necessário

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[ANTES DE COMEÇAR A MATÉRIA, FIQUE CIENTE QUE ELA ESTÁ RECHEADA DE POSSÍVEIS SPOILERS] 

Se você ainda não assistiu ao último episódio de Falcão e o Soldado Invernal, não leia esta matéria se não quiser receber spoilers.

Depois de seis semanas, Falcão e o Soldado Invernal chegou ao fim, deixando um legado incrível e estabelecendo novos personagens fantásticos para o futuro do Universo Cinematográfico Marvel. Depois de resolver 90% da trama no quinto episódio, a série chegou ao seu finale com tempo o suficiente para desenvolver as cenas de ação, encerrar os 10% que faltavam e deixar brechas para as próximas produções do estúdio. Por conta dele, podemos esperar novas histórias sobre espionagem no MCU, e, sim, quem apostou que o Mercador do Poder era Sharon Carter (Emily VanCamp) acertou em cheio.

Ainda que o episódio tenha trazido essa virada na trama, é inegável que Sam Wilson (Anthony Mackie) domina os holofotes, se mostrando o verdadeiro herdeiro de Steve Rogers (Chris Evans). Não apenas por conseguir honrar o legado do herói, mas também por poder expandí-lo, criando o seu próprio legado, talvez até se tornando superior ao que foi o Capitão América original nos cinemas. A representação de Sam como um homem negro defendendo as cores de um país que o considera descartável e inferior, utilizando nada menos que seu discurso, esperança e respeito para impor suas ideias de igualdade, justiça e fraternidade adapta com perfeição o cerne do símbolo do Capitão. Pode reparar que ele fala seu novo nome de herói apenas uma vez durante o capítulo. No resto, as pessoas o reconhecem como o Capitão Américo por seus atos. Isso é incrível. É lindo.

E não para por aí. Porque além desse respeito, Sam mostra que seu intenso treinamento deu muito resultado. O Capitão maneja o escudo como ninguém, voa, tem a ajuda do Asa Vermelha e toda a tecnologia disponível de Wakanda em seu novo traje. É muito legal ver os combos que a junção de escudo e asas proporciona. E como falar do Capitão América sem citar o novo uniforme? Parece que saiu diretamente das páginas dos quadrinhos, está perfeito!

Mas o maior destaque é mesmo a personalidade de Sam. Ele se recusa a lutar com Karli Morgenthau (Erin Kellyman) por entender que ela tem pontos válidos em sua crença, apesar de estar perdida e não ter uma crença com mais visão de mundo. Ele tenta oferecer ajuda a ela e convence Bucky a fazer o mesmo. Isso é muito emblemático. Só não é mais do que o momento em que ele enfrenta o senador e autoridades do mundo inteiro e os convence a aceitar a missão de Karli sem violência. E é nesse discurso que sentimos de vez que não tinha como outra pessoa ser o Capitão América que não Sam Wilson. “Sou um homem negro usando a estrela e as listras. O que eu não entendo? Toda vez que pego essa coisa [escudo], tenho certeza que milhões de pessoas vão me odiar por isso. Inclusive, agora mesmo, aqui, eu posso ouví-los. As encaradas, os julgamentos. E não há nada que eu possa fazer para mudar o que eles pensam. Mas ainda assim estou aqui. Sem supersoro, sem cabelo loiro, sem olhos azuis… O único poder que eu tenho é acreditar que nós podemos fazer melhor do que isso”. É um discurso poderoso que foi transmitido para todo o mundo por meio das câmeras de TV. Se o episódio fosse só essa sequência e terminasse exatamente aí, eu já me daria por satisfeito, mas ele vai além.

Incrédulo, Isaiah Bradley (Carl Lumbly) observa o discurso na TV, como se percebesse que o seu próprio legado estivesse sendo reconhecido. Porém, mais pra frente, Sam o leva até o museu do Capitão América para ver que uma nova ala foi inaugurada. Ele parece não entender muito bem, até que se depara com uma estátua sua e informativos sobre sua vida e missões, reconhecendo seus feitos como o de um verdadeiro herói nacional. Maltratado e humilhado durante toda a vida, Isaiah desaba a chorar com a homenagem e abraça Sam, reafirmando que ele pode e deve ser um grande herói para todos os povos.

Outro personagem que se destaca de forma sutil é o próprio Bucky Barnes (Sebastian Stan). Ele foi passando por um processo de humanização muito interessante de ver ao longo dos episódios e chegou ao ápice neste finale. Ele oferecer ajuda a Karli em vez de sair distribuindo sopapo e tiro logo de cara foi surpreendente, é verdade. Mas vê-lo ir até o pai de uma de suas vítimas e contar a verdade sobre a morte do filho dele, por mais que isso destruísse a relação deles, foi de uma honradez impressionante. Assim, ele encerra sua lista de “acerto de contas” e reconhece a relevância do apoio psicológico que recebeu neste processo de autoaceitação e ressocialização. Com a consciência em paz, ele consegue ter momentos de lazer e descanso, coisa que era impossível anteriormente, quando ele vivia atormentado por seus crimes como Soldado Invernal.

E parte importante desse recomeço é ter algo para fazer. Apesar de todas as farpas trocadas, Bucky passa a enxergar Sam como um amigo, um parceiro, o que inclui aconselhá-lo e apoiá-lo assim como ele e Steve fizeram no século XX e no Século XXI. É uma relação de amizade incrível, que mostra que Bucky não está sozinho nessa e pode almejar crescer como ser humano novamente.

Nessa onda de melhorar como pessoa, John Walker (Wyatt Russell) reaparece para ajudar no confronto contra os Apátridas. A princípio, ele surge desejando vingança pessoal, mas vemos ele ter uma “memória de guerra” e usar esse trauma para colocar a cabeça no lugar, pelo menos momentaneamente. Agindo de forma consciente, ele ajuda Bucky e o Capitão América, e parece entender o discurso de Sam Wilson. Entretanto, ao final do episódio, vemos ele se encontrar com a Condessa Valentina Allegra de Fontaine (Julia Louis-Dreyfus), que já parecia esperar por aquele desenrolar da situação, e dá um novo uniforme a John, que assume seu nome das HQs, o Agente Americano. Ainda não sabemos se ela assumirá a identidade de Madame Hidra ou se será uma ex-agente da SHIELD formando os Thunderbolts. Fato é que essa não será a última vez que veremos essa dupla de anti-heróis nas telas.

Agora, quem se mostrou amargurada e indisposta a querer melhorar foi Sharon Carter. Ou melhor, o Mercador do Poder. Ela matou o Batroc (George St. Pierre), matou Karli, apagou todas as provas que a relacionassem ao seu codinome de criminosa, conseguiu seu perdão ante o governo americano, recuperou seu cargo no departamento de defesa e inteligência, e decidiu se infiltrar no governo tal qual a HIDRA fez na SHIELD para traficar armas, aparelhos e munições para criminosos de todo o mundo, jogando na lama todo o legado da família Carter.

Por fim, quem também terminou sorrindo foi o Barão Zemo (Daniel Brühl), que mesmo preso, não foi derrotado. Na verdade, ele foi o único vilão da Marvel que jamais conheceu o gosto da derrota. Em Capitão América: Guerra Civil (2016), seu objetivo era dividir e separar os Vingadores. Ele conseguiu. Na série, sua meta era acabar com um mundo de Supersoldados. Como seu mordomo coloca uma bomba no carro que carrega o resto dos Apátridas, matando os últimos Supersoldados conhecidos, ele descansa tranquilo em sua cela na Balsa, sabendo que seu fim justificou os meios. Zemo realmente se consolidou como um dos vilões mais incríveis do MCU e será bastante divertido se voltarmos a vê-lo em outros projetos.

Agora, com o fim da série, a próxima produção da Marvel vem só em junho, na série do Loki. Foi realmente maravilhoso ver o amadurecimento da Marvel em Falcão e o Soldado Invernal, trazendo uma história muito atual sobre problemas reais do mundo em que vivemos. E colocar Sam Wilson no altíssimo patamar do Capitão América neste último episódio foi algo mais que perfeito, foi necessário. Assim como a série.

Os seis episódios de Falcão e o Soldado Invernal estão disponíveis no Disney+

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Pedro Sobreirohttp://cinepop.com.br/
Jornalista apaixonado por entretenimento, com passagens por sites, revistas e emissoras como repórter, crítico e produtor.

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Depois de seis semanas, Falcão e o Soldado Invernal chegou ao fim, deixando um legado incrível e estabelecendo novos personagens fantásticos para o futuro do Universo Cinematográfico Marvel. Depois de resolver 90% da trama no quinto episódio, a série chegou ao seu finale com tempo o suficiente para desenvolver as cenas de ação, encerrar os 10% que faltavam e deixar brechas para as próximas produções do estúdio. Por conta dele, podemos esperar novas histórias sobre espionagem no MCU, e, sim, quem apostou que o Mercador do Poder era Sharon Carter (Emily VanCamp) acertou em cheio.

Ainda que o episódio tenha trazido essa virada na trama, é inegável que Sam Wilson (Anthony Mackie) domina os holofotes, se mostrando o verdadeiro herdeiro de Steve Rogers (Chris Evans). Não apenas por conseguir honrar o legado do herói, mas também por poder expandí-lo, criando o seu próprio legado, talvez até se tornando superior ao que foi o Capitão América original nos cinemas. A representação de Sam como um homem negro defendendo as cores de um país que o considera descartável e inferior, utilizando nada menos que seu discurso, esperança e respeito para impor suas ideias de igualdade, justiça e fraternidade adapta com perfeição o cerne do símbolo do Capitão. Pode reparar que ele fala seu novo nome de herói apenas uma vez durante o capítulo. No resto, as pessoas o reconhecem como o Capitão Américo por seus atos. Isso é incrível. É lindo.

E não para por aí. Porque além desse respeito, Sam mostra que seu intenso treinamento deu muito resultado. O Capitão maneja o escudo como ninguém, voa, tem a ajuda do Asa Vermelha e toda a tecnologia disponível de Wakanda em seu novo traje. É muito legal ver os combos que a junção de escudo e asas proporciona. E como falar do Capitão América sem citar o novo uniforme? Parece que saiu diretamente das páginas dos quadrinhos, está perfeito!

Mas o maior destaque é mesmo a personalidade de Sam. Ele se recusa a lutar com Karli Morgenthau (Erin Kellyman) por entender que ela tem pontos válidos em sua crença, apesar de estar perdida e não ter uma crença com mais visão de mundo. Ele tenta oferecer ajuda a ela e convence Bucky a fazer o mesmo. Isso é muito emblemático. Só não é mais do que o momento em que ele enfrenta o senador e autoridades do mundo inteiro e os convence a aceitar a missão de Karli sem violência. E é nesse discurso que sentimos de vez que não tinha como outra pessoa ser o Capitão América que não Sam Wilson. “Sou um homem negro usando a estrela e as listras. O que eu não entendo? Toda vez que pego essa coisa [escudo], tenho certeza que milhões de pessoas vão me odiar por isso. Inclusive, agora mesmo, aqui, eu posso ouví-los. As encaradas, os julgamentos. E não há nada que eu possa fazer para mudar o que eles pensam. Mas ainda assim estou aqui. Sem supersoro, sem cabelo loiro, sem olhos azuis… O único poder que eu tenho é acreditar que nós podemos fazer melhor do que isso”. É um discurso poderoso que foi transmitido para todo o mundo por meio das câmeras de TV. Se o episódio fosse só essa sequência e terminasse exatamente aí, eu já me daria por satisfeito, mas ele vai além.

Incrédulo, Isaiah Bradley (Carl Lumbly) observa o discurso na TV, como se percebesse que o seu próprio legado estivesse sendo reconhecido. Porém, mais pra frente, Sam o leva até o museu do Capitão América para ver que uma nova ala foi inaugurada. Ele parece não entender muito bem, até que se depara com uma estátua sua e informativos sobre sua vida e missões, reconhecendo seus feitos como o de um verdadeiro herói nacional. Maltratado e humilhado durante toda a vida, Isaiah desaba a chorar com a homenagem e abraça Sam, reafirmando que ele pode e deve ser um grande herói para todos os povos.

Outro personagem que se destaca de forma sutil é o próprio Bucky Barnes (Sebastian Stan). Ele foi passando por um processo de humanização muito interessante de ver ao longo dos episódios e chegou ao ápice neste finale. Ele oferecer ajuda a Karli em vez de sair distribuindo sopapo e tiro logo de cara foi surpreendente, é verdade. Mas vê-lo ir até o pai de uma de suas vítimas e contar a verdade sobre a morte do filho dele, por mais que isso destruísse a relação deles, foi de uma honradez impressionante. Assim, ele encerra sua lista de “acerto de contas” e reconhece a relevância do apoio psicológico que recebeu neste processo de autoaceitação e ressocialização. Com a consciência em paz, ele consegue ter momentos de lazer e descanso, coisa que era impossível anteriormente, quando ele vivia atormentado por seus crimes como Soldado Invernal.

E parte importante desse recomeço é ter algo para fazer. Apesar de todas as farpas trocadas, Bucky passa a enxergar Sam como um amigo, um parceiro, o que inclui aconselhá-lo e apoiá-lo assim como ele e Steve fizeram no século XX e no Século XXI. É uma relação de amizade incrível, que mostra que Bucky não está sozinho nessa e pode almejar crescer como ser humano novamente.

Nessa onda de melhorar como pessoa, John Walker (Wyatt Russell) reaparece para ajudar no confronto contra os Apátridas. A princípio, ele surge desejando vingança pessoal, mas vemos ele ter uma “memória de guerra” e usar esse trauma para colocar a cabeça no lugar, pelo menos momentaneamente. Agindo de forma consciente, ele ajuda Bucky e o Capitão América, e parece entender o discurso de Sam Wilson. Entretanto, ao final do episódio, vemos ele se encontrar com a Condessa Valentina Allegra de Fontaine (Julia Louis-Dreyfus), que já parecia esperar por aquele desenrolar da situação, e dá um novo uniforme a John, que assume seu nome das HQs, o Agente Americano. Ainda não sabemos se ela assumirá a identidade de Madame Hidra ou se será uma ex-agente da SHIELD formando os Thunderbolts. Fato é que essa não será a última vez que veremos essa dupla de anti-heróis nas telas.

Agora, quem se mostrou amargurada e indisposta a querer melhorar foi Sharon Carter. Ou melhor, o Mercador do Poder. Ela matou o Batroc (George St. Pierre), matou Karli, apagou todas as provas que a relacionassem ao seu codinome de criminosa, conseguiu seu perdão ante o governo americano, recuperou seu cargo no departamento de defesa e inteligência, e decidiu se infiltrar no governo tal qual a HIDRA fez na SHIELD para traficar armas, aparelhos e munições para criminosos de todo o mundo, jogando na lama todo o legado da família Carter.

Por fim, quem também terminou sorrindo foi o Barão Zemo (Daniel Brühl), que mesmo preso, não foi derrotado. Na verdade, ele foi o único vilão da Marvel que jamais conheceu o gosto da derrota. Em Capitão América: Guerra Civil (2016), seu objetivo era dividir e separar os Vingadores. Ele conseguiu. Na série, sua meta era acabar com um mundo de Supersoldados. Como seu mordomo coloca uma bomba no carro que carrega o resto dos Apátridas, matando os últimos Supersoldados conhecidos, ele descansa tranquilo em sua cela na Balsa, sabendo que seu fim justificou os meios. Zemo realmente se consolidou como um dos vilões mais incríveis do MCU e será bastante divertido se voltarmos a vê-lo em outros projetos.

Agora, com o fim da série, a próxima produção da Marvel vem só em junho, na série do Loki. Foi realmente maravilhoso ver o amadurecimento da Marvel em Falcão e o Soldado Invernal, trazendo uma história muito atual sobre problemas reais do mundo em que vivemos. E colocar Sam Wilson no altíssimo patamar do Capitão América neste último episódio foi algo mais que perfeito, foi necessário. Assim como a série.

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Pedro Sobreirohttp://cinepop.com.br/
Jornalista apaixonado por entretenimento, com passagens por sites, revistas e emissoras como repórter, crítico e produtor.

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