quarta-feira, abril 24, 2024

Crítica | Filhos do Ódio – Produção de Spike Lee traz história real sobre luta racial no Mississippi

Spike Lee já se tornou sinônimo de intensas e marcantes produções cinematográficas cujos temas são centrados nas questões da luta racial preta. Responsável por clássico como ‘Faça a Coisa Certa’ e os recentes sucessos ‘Destacamento Blood’ e ‘Infiltrado na Klan’, Spike Lee volta seu trabalho na busca de contar histórias que contribuam para a conscientização do combate ao racismo, de modo que quando ele não está dirigindo filmes com esses temas, ele os está produzindo. É o caso de ‘Filhos do Ódio’, longa de 2020 cuja produção executiva leva seu nome e que chega agora na Netflix.

Bob Zellner (Lucas Till) é um rapaz branco que, junto com três colegas, decidiu fazer um trabalho para a faculdade sobre líderes pretos da comunidade local em Bansfield, Mississippi. Esse simples gesto foi suficiente para atiçar a raiva da comunidade branca extremista local – mais especificamente, os membros da Ku Klux Klan, dentre os quais seu próprio avô (Brian Dennehy). Indignado com o comportamento de seus vizinhos, Bob começa a ter se interessar cada vez mais pelas lutas dos negros, o que vai aos poucos minando seu relacionamento com sua noiva (Lucy Hale). Quando um enorme protesto atravessa sua cidade, Bob entende que precisa tomar uma atitude, porém, sendo um rapaz branco, suas escolhas não serão bem vistas pelos moradores de Bansfield.

Baseado na história de vida de Bob Zellner, ‘Filhos do Ódio’ tem um título péssimo, mas retrata justamente isso: a história de filhos e netos de uma geração que se acostumou a odiar os seres humanos não brancos, e como, através dessas gerações, esses filhos e netos muitas vezes quebram o ciclo racista e buscam construir um mundo mais igualitário para todos.

Com um roteiro elaborado por Barry Alexander Brown, baseado no livro de Bob Zellner com Constance Curry, e dirigido pelo mesmo Barry Alexander Brown, o longa trabalha a pauta da segregação racial no sul dos Estados Unidos centrando sua história em um protagonista branco, e isso é um pouco esquisito. Esbarra ali na construção do branco salvador, e isso gera um pouco de incômodo, bem como também a ingenuidade excessiva do protagonista, que parece totalmente alheio ao que acontece fora do seu mundo privilegiado. Apesar disso, é um filme bem produzido, com boas atuações e uma história infelizmente real.

Passado em 1961, já são sessenta anos dos acontecimentos de ‘Filhos do Ódio’, e, a ver pelo comportamento social de muita gente, infelizmente comprova que os filhos e netos desses que lutaram e desses que odiaram voltam a se enfrentar nos dias de hoje, o que demonstra a pertinência do filme – para nosso próprio lamento. Para que eventos assim nunca mais voltem a acontecer em nenhum lugar, é preciso mais filmes como esse, para que o espectador faça sua própria reflexão crítica sobre o tema. Daí a importância de pessoas como Spike Lee, que, quando não está diretamente envolvido em produções que promovam essa conscientização, está ajudando a produzir filmes assim. Que bom ter filmes assim chegando ao público brasileiro!

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