domingo , 22 dezembro , 2024

Crítica | Han Solo: Uma História Star Wars – Aventura fraca e genérica…

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Reciclagem nas Estrelas

Não tínhamos dúvidas de que ao comprar a LucasFilm, a Disney iria ordenhar sua propriedade até a última gota. Apesar da proposta estar dando certo com a Marvel – graças ao esforço de Kevin Feige (um dos produtores mais proativos da atualidade) – a franquia Star Wars talvez necessite de uma restruturação antes de seguir colocando novos produtos na praça a cada ano.

Independente do resultado de crítica e bilheteria, ou seu apreço pelos três primeiros longas da franquia já debaixo do selo Disney (O Despertar da Força, Rogue One e Os Últimos Jedi), Han Solo: Uma História Star Wars é seguramente a produção mais sem fôlego e descartável da recente leva. E como queríamos estar errados quanto às previsões de apatia. Mas infelizmente Han Solo é um filme única e exclusivamente para os aficionados que consomem qualquer bobagem com a patente da série, prometendo deixar grande parte do público atônico com um blockbuster sem personalidade.



Os problemas de bastidores, demissões de diretores, contratação de um novo às pressas, mudança de tom, resultam em preocupação nos fãs, mas não são o que enterram um filme na realidade, já que ao longo da história tivemos muitas obras “malditas” se consagrando, vide Titanic (1997) e o próprio Rogue One (2016), dentro de tal universo. Agora só poderemos imaginar como seria o Solo planejado pela dupla Phil Lord e Christopher Miller (Anjos da Lei e Uma Aventura Lego). Os cineastas originais que comandariam a aventura terminaram creditados como produtores. Talvez a ideia deles fosse fora da caixinha demais para o estúdio.

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Com a entrada de Ron Howard no projeto o pensamento era o de uma obra mais segura, mais genérica e pouco autoral. E não deu outra. Por mais que Howard seja um cineasta de muitas produções de qualidade em seu cinturão, ele necessita do roteiro certo para fazer funcionar, pois igualmente é dono de escorregadas colossais, vide O Dilema (2011) e a trilogia de Robert Langdon (O Código Da Vinci, Anjos e Demônios e Inferno), baseado nos livros de Dan Brown, protagonizada por Tom Hanks. E essa analogia aqui cabe bem. Imagine o nível de “automático” com que todos os envolvidos entregam tais filmes (atores, direção, roteiro), transfira para o universo Star Wars e teremos Han Solo.

A trama não importa muito, soando mais como aquele fast food requentado do que um jantar cinco estrelas, e mostra o jovem Han Solo (Alden Ehrenreich) saindo das ruas, aonde estava acostumado a viver aplicando golpes, se tornando recruta do Império, e surgindo para sua verdadeira vocação: pirata contrabandista espacial. Não existe muito subtexto aqui também, a única missão de Han Solo: Uma História Star Wars é se tornar uma aventura matinê escapista. Os personagens não tem peso, a trama não possui conflito, e as situações não despertam nosso interesse suficientemente para que nos importemos.

E pensar que o roteiro é creditado à Lawrence Kasdan (responsável pelo texto do melhor filme da série, O Império Contra-Ataca) e seu filho, Jonathan. Para um filme se tornar eficiente ao paladar de quem o percebe é preciso alinhamento em todos ou alguns quesitos da produção cinematográfica. Coisa que não ocorre em Han Solo. O roteiro, a direção e as atuações parecem agir um contra o outro, e não a favor harmoniosamente. Isso causa uma gravíssima falta de profundidade e uma atmosfera muito blasé à sua composição. Conhecemos os personagens, vemos sua interação e mesmo assim isso não significa nada.

Os únicos esboços de reação que conseguimos projetar ao longo das exaustivas 2h15min de projeção dizem respeito ao reconhecimento de referências ou personagens canônicos da franquia, vide Chewbacca (Joonas Suotamo) e Lando Calrissian (Donald Glover) – que mesmo assim são pintados com tintas tão transparentes que desaparecem aos olhos, não deixando qualquer impressão sequer em nossas mentes ou coração. Acontece muita coisa em Han Solo, com muita gente, mas ao mesmo tempo nada acontece. Nada que tenha gravidade ou relevância.

Bons atores como Woody Harrelson, Thandie Newton, Paul Bettany e Emilia Clarke se perdem em estereótipos tão descartáveis, à deriva num oceano de clichês, que nem mesmo seus exuberantes figurinos os destacam. Por outro lado, para quem estava torcendo contra Ehrenreich na pele de Solo, o rapaz se sai bem dentro do possível, aplicando ao máximo o que pode de charme. O problema é que o roteiro e a direção não lhe servem do ar canalha propício do personagem quando interpretado por Harrison Ford. E para quem vai ver só por causa de Donald Glover – pós-fervor de This Is America – saiba que o talentoso jovem ator e seu querido personagem igualmente são despidos dos elementos que fizeram do Lando de Billy Dee Williams um dos mais intrigantes da saga.

Han Solo: Uma História Star Wars é a aventura mais genérica da franquia desde Caravana da Coragem (1984). Com bons efeitos visuais e uma parte técnica impecável, o novo longa de Star Wars é simplesmente desprovido de qualquer emoção – mas como dito acima, promete entreter os que buscam todo título com a marca da criação de George Lucas. Depois de conferirmos o resultado damos ainda mais valor à confecção de certas superproduções, vide Vingadores: Guerra Infinita e Deadpool 2, ao percebermos que cinema pipoca é coisa séria e bem difícil de ser executada.

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Independente do resultado de crítica e bilheteria, ou seu apreço pelos três primeiros longas da franquia já debaixo do selo Disney (O Despertar da Força, Rogue One e Os Últimos Jedi), Han Solo: Uma História Star Wars é seguramente a produção mais sem fôlego e descartável da recente leva. E como queríamos estar errados quanto às previsões de apatia. Mas infelizmente Han Solo é um filme única e exclusivamente para os aficionados que consomem qualquer bobagem com a patente da série, prometendo deixar grande parte do público atônico com um blockbuster sem personalidade.

Os problemas de bastidores, demissões de diretores, contratação de um novo às pressas, mudança de tom, resultam em preocupação nos fãs, mas não são o que enterram um filme na realidade, já que ao longo da história tivemos muitas obras “malditas” se consagrando, vide Titanic (1997) e o próprio Rogue One (2016), dentro de tal universo. Agora só poderemos imaginar como seria o Solo planejado pela dupla Phil Lord e Christopher Miller (Anjos da Lei e Uma Aventura Lego). Os cineastas originais que comandariam a aventura terminaram creditados como produtores. Talvez a ideia deles fosse fora da caixinha demais para o estúdio.

Com a entrada de Ron Howard no projeto o pensamento era o de uma obra mais segura, mais genérica e pouco autoral. E não deu outra. Por mais que Howard seja um cineasta de muitas produções de qualidade em seu cinturão, ele necessita do roteiro certo para fazer funcionar, pois igualmente é dono de escorregadas colossais, vide O Dilema (2011) e a trilogia de Robert Langdon (O Código Da Vinci, Anjos e Demônios e Inferno), baseado nos livros de Dan Brown, protagonizada por Tom Hanks. E essa analogia aqui cabe bem. Imagine o nível de “automático” com que todos os envolvidos entregam tais filmes (atores, direção, roteiro), transfira para o universo Star Wars e teremos Han Solo.

A trama não importa muito, soando mais como aquele fast food requentado do que um jantar cinco estrelas, e mostra o jovem Han Solo (Alden Ehrenreich) saindo das ruas, aonde estava acostumado a viver aplicando golpes, se tornando recruta do Império, e surgindo para sua verdadeira vocação: pirata contrabandista espacial. Não existe muito subtexto aqui também, a única missão de Han Solo: Uma História Star Wars é se tornar uma aventura matinê escapista. Os personagens não tem peso, a trama não possui conflito, e as situações não despertam nosso interesse suficientemente para que nos importemos.

E pensar que o roteiro é creditado à Lawrence Kasdan (responsável pelo texto do melhor filme da série, O Império Contra-Ataca) e seu filho, Jonathan. Para um filme se tornar eficiente ao paladar de quem o percebe é preciso alinhamento em todos ou alguns quesitos da produção cinematográfica. Coisa que não ocorre em Han Solo. O roteiro, a direção e as atuações parecem agir um contra o outro, e não a favor harmoniosamente. Isso causa uma gravíssima falta de profundidade e uma atmosfera muito blasé à sua composição. Conhecemos os personagens, vemos sua interação e mesmo assim isso não significa nada.

Os únicos esboços de reação que conseguimos projetar ao longo das exaustivas 2h15min de projeção dizem respeito ao reconhecimento de referências ou personagens canônicos da franquia, vide Chewbacca (Joonas Suotamo) e Lando Calrissian (Donald Glover) – que mesmo assim são pintados com tintas tão transparentes que desaparecem aos olhos, não deixando qualquer impressão sequer em nossas mentes ou coração. Acontece muita coisa em Han Solo, com muita gente, mas ao mesmo tempo nada acontece. Nada que tenha gravidade ou relevância.

Bons atores como Woody Harrelson, Thandie Newton, Paul Bettany e Emilia Clarke se perdem em estereótipos tão descartáveis, à deriva num oceano de clichês, que nem mesmo seus exuberantes figurinos os destacam. Por outro lado, para quem estava torcendo contra Ehrenreich na pele de Solo, o rapaz se sai bem dentro do possível, aplicando ao máximo o que pode de charme. O problema é que o roteiro e a direção não lhe servem do ar canalha propício do personagem quando interpretado por Harrison Ford. E para quem vai ver só por causa de Donald Glover – pós-fervor de This Is America – saiba que o talentoso jovem ator e seu querido personagem igualmente são despidos dos elementos que fizeram do Lando de Billy Dee Williams um dos mais intrigantes da saga.

Han Solo: Uma História Star Wars é a aventura mais genérica da franquia desde Caravana da Coragem (1984). Com bons efeitos visuais e uma parte técnica impecável, o novo longa de Star Wars é simplesmente desprovido de qualquer emoção – mas como dito acima, promete entreter os que buscam todo título com a marca da criação de George Lucas. Depois de conferirmos o resultado damos ainda mais valor à confecção de certas superproduções, vide Vingadores: Guerra Infinita e Deadpool 2, ao percebermos que cinema pipoca é coisa séria e bem difícil de ser executada.

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