sábado, abril 27, 2024

Crítica | Messiah – E se Jesus voltasse nos dias de hoje?

Messiah’ é uma série que estreou nessa virada de década na Dona Netflix e tem um questionamento muito pertinente: e se o Salvador voltasse nos dias de hoje, será que a gente conseguiria reconhecê-lo? Iríamos tratá-lo bem ou simplesmente iríamos ignorá-lo? Considerando que muitas religiões aguardam a chegada ou o retorno de um Messias, que salvaria a humanidade de seus pecados e das mazelas globais, pegar esse mote como argumento para uma série de ficção é realmente uma ideia genial.

Em Damasco, na Síria, no meio de uma tempestade de areia surge um rapaz que começa a recitar trechos do Al-Corão e, de repente, a tempestade para. Então, rapidamente começa um burburinho de que esse rapaz conseguiu afastar a milícia da ISIS e que derrotou o Estado Islâmico; o rapaz, por sua vez, convida as pessoas a irem com ele até a terra prometida. Em pouco tempo, duas mil pessoas estão seguindo o homem a quem passam a chamar de Al-Masih (Mehdi Dehbi, bastante enigmático e poliglota), que os leva até a fronteira com Israel.

Em seguida, esse Messias aparece numa cidadezinha no interior do Texas e impede um furacão de destruir a única igreja local. Isso imediatamente atrai a atenção da mídia e dos norte-americanos, que passam a seguir o Messias por onde ele vai. Então, o que a princípio poderia ser apenas uma possibilidade de redenção religiosa rapidamente ganha o status midiático de superstar.

O criador Michael Petroni dividiu sua série em três núcleos interessantes: um se passa na Palestina, falado em árabe; o seguinte, em Israel, falado em ídiche; e o último nos Estados Unidos, falado em inglês. O fato de ‘Messiah’ ser falado em três línguas o tempo todo é um atrativo bastante peculiar, além de possuir uma megaprodução com diversas locações e efeitos especiais para recriar algumas passagens bíblicas. Há ainda personagens que transitam pelos três núcleos, como o policial Avi (o brucutu Tomer Sisley) e a agente da CIA Eva Geller (Michelle Monaghan, que fala sussurrando o tempo todo), e as histórias paralelas nesses núcleos, em uma camada teológica, se intercalam em algum momento.

Apesar de ser uma ideia muito boa, fica a sensação de que ela deveria ter sido desenvolvida apenas como uma minissérie, de talvez uns seis episódios, e não como uma série de dez episódios e futuras novas temporadas. Por quê? Primeiramente, porque o ritmo dela é extreeeeemamente lento, e fica bem difícil maratonar; os episódios avançam, mas parece que a história não sai do lugar (afinal, dentre outros motivos, ela fica desenvolvendo esses três núcleos ao mesmo tempo). Em segundo lugar porque enquanto ‘Messiah’ focava apenas na questão do “será que é o Messias de volta?”, ela mantinha o suspense e a curiosidade do espectador; porém, lá pelas tantas a série resolve querer abraçar todas as mazelas mundiais – incluindo a histórica inimizade dos EUA com a Rússia, as tropas norte-americanas nos territórios alheios, os espiões que andaram soltando informações sigilosas do governo dos EUA, etc. – e é aí que a série meio que perde o foco e perde também a atenção do espectador.

Messiah’ é uma série com uma boa ideia, que levanta um relevante questionamento sobre como nos comportaríamos se o aguardado Messias aparecesse na nossa frente. Em uma camada, faz uma boa crítica à idolatria cega dos chamados falsos ídolos e da necessidade da humanidade transformar tudo em espetáculo e gerar fake news, num ciclo sem fim de postar primeiro e verificar a veracidade depois. O fato de ‘Messiah’ sugerir essa autocrítica no espectador é um ponto positivo, porém, o resultado, como um todo, é uma história cansativa e pretensiosa, que busca incluir todos os assuntos e refletir sobre todas as mazelas do mundo ao mesmo tempo, e, justamente por essa soberba, peca.

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