quarta-feira, abril 24, 2024

Crítica ‘Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis’ | O filme de origem mais empolgante da Marvel em muito tempo

Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis já está disponível no Disney+. Lançado nos cinemas em setembro de 2021, muita gente não pôde conferir o filme antes por conta da demora na vacinação ou por não se sentir seguro o bastante para voltar a uma sala de cinema durante a pandemia. Então, com essa chegada ao streaming, o longa está sendo assistido pela primeira vez por muitos fãs da Marvel.

Baseado nos quadrinhos do Mestre do Kung Fu, o filme adapta a história de Shang-Chi, um mestre de artes marciais que é filho de um déspota asiático, mas decide usar seus poderes para o bem em vez de colaborar com os esquemas malignos do pai. A diferença principal é que enquanto o pai, nas HQs, era o lendário e estereotipado Fu Manchu, a versão do filme corrigiu certos preconceitos, fazendo dele o igualmente lendário líder dos Dez Anéis, o verdadeiro Mandarim.

A forma de agir do protagonista também foi adaptada para que ele ganhasse esse aspecto mais jovial e com menos jeito de caricatura. Afinal, sua versão dos quadrinhos era inspirada no Bruce Lee e em seus filmes dos anos 1970, o que por si só já carregava muitas características muito próprias e trejeitos da época, por assim dizer.

Nessa nova abordagem, o Shang-Chi, interpretado com muito carisma por Simu Liu, se tornou um jovem comum em São Francisco, que mantém a tradição do kung fu, mas passas seus dias se divertindo como manobrista com sua amiga Katy (Awkwafina). Juntos, eles fazem uma dupla divertidíssima e que demonstra uma química fora do comum em tela.

A trama então faz com que o passado do rapaz volte para assombrá-lo, levando a dupla em uma viagem cheia de cores e magia para o lar do kung fu divino, Ta Lo. Essa jornada expõe os amigos a diversas provações, permitindo que cada um trabalhe suas próprias questões, como a dificuldade de Shang-Chi em lidar com sua vida na China e a perda da mãe, e a falta de foco de Katy, que não consegue desenvolver suas habilidades, apesar de ser multitalentosa.

E tão importante quanto essa busca por uma identidade da dupla de protagonistas é o uso das artes marciais. Enquanto a maioria dos filmes da Marvel fazem uso de lutas pouco inspiradas, Shang-Chi traz as melhores coreografias de todo o MCU. A maneira como o diretor Destin Daniel Cretton usa o kung fu para contar a história, abordando a luta como um estilo de defesa ou até mesmo uma dança, tem seus momentos poéticos.

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Quanto ao próprio Shang-Chi, suas cenas iniciais de luta fogem do padrão Bruce Lee, mas lembram muito outro ícone chinês das artes marciais: Jackie Chan. A sequência do ônibus traz um kung fu alegre, um kung fu moleque, que parece ter saído diretamente de um longa do Jackie Chan, com direito a sorrisinho depois dos golpes e pedidos de desculpas.

No contexto de universo compartilhado, o longa faz várias correções que valorizam personagens e organizações desperdiçados ou mal utilizados em filmes passados, como o Abominável e o próprio Mandarim, que virou uma piada de mau gosto em Homem de Ferro 3 (2013). Com isso, a Marvel trouxe de volta essa galera para que possa utilizá-los em outras produções que estão vindo por aí.

É muito legal como toda essa galera está bem dosada, aparecendo no tempo certo, seja para acrescentarem à história, para servirem de easter egg ou apenas para alívio cômico. É um mérito do roteiro que sabe para onde quer ir e como fazer o público embarcar nessa trama. O ato final, com um pegada mais grandiosa e mística, poderia destoar do resto do filme, mas tudo que é mostrado ali já havia sido comentado antes, então surge com muita naturalidade, por mais fantasioso e mágico que seja.

Se a trama e a direção merecem elogios, o elenco também é de se aplaudir. Com destaque para o Wenwu de Tony Leung. Leung é um ator chinês consagrado por seu talento absurdo. E no papel do antagonista, ele consegue passar todas as nuances que seu personagem pede, entregando um homem apaixonado, um pai assustado e um déspota milenar que impõe medo apenas com sua presença. Ele tem um porte muito respeitável e fica a torcida para que Hollywood perceba, mesmo que tardiamente, seu talento e o convide para estrelar mais produções.

Quem também rouba a cena é a Katy de Awkwafina. Ela é o grande alívio cômico do filme, mas é uma personagem que realmente acrescenta à trama. Desempenhando o papel de melhor amiga, ela não luta, só que tem suas próprias questões que acabam sendo trabalhadas conforme vai se envolvendo na história familiar do melhor amigo. É uma personagem carismática que faz o público sorrir em cada participação sem soar forçada, é naturalmente engraçada.

E não tinha como falar do elenco desse filme sem citar o próprio Shang-Chi, vivido por Simu Liu. O ator que até pouco tempo fazia fotos para imagens promocionais trouxe uma jovialidade e uma sensação constante de dúvida para seu personagem, que casaram perfeitamente com o que o filme pedia. Ele esbanja carisma e sua química com a Katy, como dito anteriormente, é coisa de outro mundo. É impossível terminar a história sem acreditar que eles não sejam melhores amigos na vida real. E sua figura como super-herói também impõe respeito, sendo uma adição valiosa para o futuro interdimensional do MCU.

Enfim, Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis é uma grande homenagem aos filmes de artes marciais que consegue manter as características Marvel para criar uma aventura cheia de fantasia, diversão e elementos mágicos que vão encantar a criança interior de qualquer um. É um longa perfeito naquilo que se propõe e que consegue guardar surpresas muito interessantes para quem gosta de grandes aventuras.

Nota: 10

Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis está disponível no Disney+.

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Pedro Sobreirohttp://cinepop.com.br/
Jornalista apaixonado por entretenimento, com passagens por sites, revistas e emissoras como repórter, crítico e produtor.

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