quinta-feira , 14 novembro , 2024

‘Diário de uma Camareira’: Entrevistamos a bela Léa Seydoux

O CinePOP entrevistou, com EXCLUSIVIDADE, a bela atriz francesa Léa Seydoux (‘Azul é a Cor mais Quente’). Ela retorna aos cinemas em ‘Diário de uma Camareira‘ (Journal de Une Femme de Chambre), que estreia no Brasil em 3 de Setembro.

No início do século 20, nas províncias francesas, uma jovem camareira muito cobiçada por conta de sua beleza chamada Célestine, acaba de chegar de Paris para trabalhar para a família Lanlaire. Enquanto foge dos avanços de seu senhor, ela deve lidar com a rigorosa personalidade de Madame Lanlaire, que governa o lar com punho de ferro. Ao mesmo tempo, Célestine conhece Joseph, um misterioso jardineiro que exerce fascínio total sobre ela.

 



Depois de “Adeus, Minha Rainha”, “Diário de uma Camareira” marca seu reencontro com Benoît Jacquot…

É um grande prazer apreciar a continuidade com um diretor. Você renova um tipo de cumplicidade, um jeito de trabalhar que, no caso de Benoît, não necessita de palavras. Mas você ainda pode se impressionar ou surpreender. Desde “Adeus, Minha Rainha”, eu trabalhei com outros diretores e tive outras experiências. Eu amadureci.

 

O que a seduziu neste filme?

Sua originalidade, sua modernidade, seu ritmo particular – um contratempo, na verdade, que podia ser sentido mesmo ainda quando o roteiro estava sendo escrito. Eu gosto de filmes que saem do caminho batido.

 

Fale um pouco sobre Célestine.

Ela é pragmática, está sempre tentando sobreviver. Ela não se deixa ser derrotada. Se tem que aceitar um emprego nas províncias, que seja. Célestine não é de fazer papel de vítima, ela tem um certo orgulho, chegando mesmo a ser esnobe. E é um pouco culta também. Ela enxerga através das aparências, detecta a insignificância e os pontos fracos das pessoas ao seu redor, mas não é melhor do que o resto. Não é uma história de uma garota boazinha contra pessoas ruins. Seus empregadores a exploram, mas às vezes ela tem a capacidade de explorá-los ao mesmo tempo. Sua condição a endureceu. Ela é o espelho da brutalidade do ambiente e não tem outra escolha a não ser bruta também: ela não quer mais ter patrões, e partir com Joseph é a única possibilidade disponível para ela.

 

Como você definiria a atração dela por ele?

Ele exerce uma força magnética um tanto mórbida sobre ela. Célestine deseja Joseph, mas não esconde a verdade de si mesma. Ela não compartilha do antissemitismo dele – ela é mais inteligente e evoluída do que ele – e percebe que ele pode ser um criminoso. Mas ela o aceita. Para libertar-se da opressão dos Lanlaires, está disposta a aceitar outro tipo de violência. Tudo o que ela faz tem a ver com sua noção de sobrevivência.

 

É um papel arrasador. Como você se preparou para ele?

Eu queria que Célestine tivesse atitude. Eu sempre tento encontrar uma postura específica para a personagem que estou interpretando. Uma vez que tenho isso resolvido, sinto que possuo todas as chaves. Em seus vestidos apertados por corseletes, Célestine se encontra muito restrita. Eu também usei as dúvidas que estava sentindo na época. Foi um período em que perdi a confiança em minhas habilidades como atriz. Eu trabalhei muito. Pode-se dizer que, com Benoît, redescobri o prazer da atuação.

 

Como você usou suas dúvidas?

Como uma fraqueza que você pode transmutar em força. É sempre de você que você está falando quando interpreta um papel. Você interpreta com suas contradições. É fantástico um ator ter a capacidade de inventar uma pessoa, de dar cores a ela, assim como um pintor cria uma pintura, usando suas próprias emoções e obsessões. Seu desconforto pode provar ser valioso.

 

Você dá à personagem uma dimensão muito física.

Quando Célestine lava o chão, ela lava o chão. Quando ela come, come. Seu corpo está sempre expressando alguma coisa. Isso é ainda mais importante porque ela está constantamente guardando algo. Ela permanentemente contém as emoções de injustiça que a consomem, mas por dentro está borbulhando. O conflito tinha que ser apresentado de uma forma quase fisiológica.

 

Célestine se expressa numa linguagem que não usamos mais, usa roupas que são de outro século, mas você consegue fazê-la parecer muito contemporânea.

Eu queria que ela fosse viva, que fosse natural. Suas palavras e roupas podem não ser mais as mesmas de hoje, mas ela fala e se move da forma como fazemos. Esse é o grande desafio de fazer um filme que se passa em outra época: recusar-se a permanecer limitado a uma representação, respeitando os códigos enquanto se dá uma nova vida, uma modernidade real a eles. A combatividade de Céléstine me ajudou: ela reflete a época que vivemos hoje.

 

Como é trabalhar com Benoît Jacquot?

Ensaiar pouco. Benoît gosta que as coisas aconteçam espontaneamente no set. Isso foi uma vantagem nas minhas cenas com Vincent Lindon. Ele e eu nos conhecíamos bem, mas nunca tivemos a chance de trabalhar juntos e fiquei nervosa com a ideia de filmar uma história de amor com ele. Você dá tanto da sua intimidade, é embaraçoso. O fato de não ensaiarmos criou um efeito de surpresa. Às vezes eu me sentia desequilibrada e isso foi bom para Célestine. O medo é definitivamente uma emoção que eu gosto de usar em minha atuação.

Você parece ter tido uma relação muito próxima com o filme. Benoît Jacquot disse que confiou o filme a você, inclusive a edição.

Benoît Jacquot ouve seus atores. Ele os ama – poucos diretores sentem tanto amor por seus atores. De vez em quando dizia a ele qual era meu ponto de vista, especialmente em relação a cenas que achei que eram verborrágicas demais ou então sequências que, durante a edição, achei que faziam minha personagem perder a intensidade. É importante para um ator ter sua própria subjetividade, sentir que o diretor o ouve. Mas as minhas intervenções foram mínimas. “Diário de uma Camareira” é verdadeiramente um filme de Jacquot, um filme único, que foge do caminho batido.

Confira:

diariodeumacamareira_1

Benoît Jacquot dirige.

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No início do século 20, nas províncias francesas, uma jovem camareira muito cobiçada por conta de sua beleza chamada Célestine, acaba de chegar de Paris para trabalhar para a família Lanlaire. Enquanto foge dos avanços de seu senhor, ela deve lidar com a rigorosa personalidade de Madame Lanlaire, que governa o lar com punho de ferro. Ao mesmo tempo, Célestine conhece Joseph, um misterioso jardineiro que exerce fascínio total sobre ela.

 

Depois de “Adeus, Minha Rainha”, “Diário de uma Camareira” marca seu reencontro com Benoît Jacquot…

É um grande prazer apreciar a continuidade com um diretor. Você renova um tipo de cumplicidade, um jeito de trabalhar que, no caso de Benoît, não necessita de palavras. Mas você ainda pode se impressionar ou surpreender. Desde “Adeus, Minha Rainha”, eu trabalhei com outros diretores e tive outras experiências. Eu amadureci.

 

O que a seduziu neste filme?

Sua originalidade, sua modernidade, seu ritmo particular – um contratempo, na verdade, que podia ser sentido mesmo ainda quando o roteiro estava sendo escrito. Eu gosto de filmes que saem do caminho batido.

 

Fale um pouco sobre Célestine.

Ela é pragmática, está sempre tentando sobreviver. Ela não se deixa ser derrotada. Se tem que aceitar um emprego nas províncias, que seja. Célestine não é de fazer papel de vítima, ela tem um certo orgulho, chegando mesmo a ser esnobe. E é um pouco culta também. Ela enxerga através das aparências, detecta a insignificância e os pontos fracos das pessoas ao seu redor, mas não é melhor do que o resto. Não é uma história de uma garota boazinha contra pessoas ruins. Seus empregadores a exploram, mas às vezes ela tem a capacidade de explorá-los ao mesmo tempo. Sua condição a endureceu. Ela é o espelho da brutalidade do ambiente e não tem outra escolha a não ser bruta também: ela não quer mais ter patrões, e partir com Joseph é a única possibilidade disponível para ela.

 

Como você definiria a atração dela por ele?

Ele exerce uma força magnética um tanto mórbida sobre ela. Célestine deseja Joseph, mas não esconde a verdade de si mesma. Ela não compartilha do antissemitismo dele – ela é mais inteligente e evoluída do que ele – e percebe que ele pode ser um criminoso. Mas ela o aceita. Para libertar-se da opressão dos Lanlaires, está disposta a aceitar outro tipo de violência. Tudo o que ela faz tem a ver com sua noção de sobrevivência.

 

É um papel arrasador. Como você se preparou para ele?

Eu queria que Célestine tivesse atitude. Eu sempre tento encontrar uma postura específica para a personagem que estou interpretando. Uma vez que tenho isso resolvido, sinto que possuo todas as chaves. Em seus vestidos apertados por corseletes, Célestine se encontra muito restrita. Eu também usei as dúvidas que estava sentindo na época. Foi um período em que perdi a confiança em minhas habilidades como atriz. Eu trabalhei muito. Pode-se dizer que, com Benoît, redescobri o prazer da atuação.

 

Como você usou suas dúvidas?

Como uma fraqueza que você pode transmutar em força. É sempre de você que você está falando quando interpreta um papel. Você interpreta com suas contradições. É fantástico um ator ter a capacidade de inventar uma pessoa, de dar cores a ela, assim como um pintor cria uma pintura, usando suas próprias emoções e obsessões. Seu desconforto pode provar ser valioso.

 

Você dá à personagem uma dimensão muito física.

Quando Célestine lava o chão, ela lava o chão. Quando ela come, come. Seu corpo está sempre expressando alguma coisa. Isso é ainda mais importante porque ela está constantamente guardando algo. Ela permanentemente contém as emoções de injustiça que a consomem, mas por dentro está borbulhando. O conflito tinha que ser apresentado de uma forma quase fisiológica.

 

Célestine se expressa numa linguagem que não usamos mais, usa roupas que são de outro século, mas você consegue fazê-la parecer muito contemporânea.

Eu queria que ela fosse viva, que fosse natural. Suas palavras e roupas podem não ser mais as mesmas de hoje, mas ela fala e se move da forma como fazemos. Esse é o grande desafio de fazer um filme que se passa em outra época: recusar-se a permanecer limitado a uma representação, respeitando os códigos enquanto se dá uma nova vida, uma modernidade real a eles. A combatividade de Céléstine me ajudou: ela reflete a época que vivemos hoje.

 

Como é trabalhar com Benoît Jacquot?

Ensaiar pouco. Benoît gosta que as coisas aconteçam espontaneamente no set. Isso foi uma vantagem nas minhas cenas com Vincent Lindon. Ele e eu nos conhecíamos bem, mas nunca tivemos a chance de trabalhar juntos e fiquei nervosa com a ideia de filmar uma história de amor com ele. Você dá tanto da sua intimidade, é embaraçoso. O fato de não ensaiarmos criou um efeito de surpresa. Às vezes eu me sentia desequilibrada e isso foi bom para Célestine. O medo é definitivamente uma emoção que eu gosto de usar em minha atuação.

Você parece ter tido uma relação muito próxima com o filme. Benoît Jacquot disse que confiou o filme a você, inclusive a edição.

Benoît Jacquot ouve seus atores. Ele os ama – poucos diretores sentem tanto amor por seus atores. De vez em quando dizia a ele qual era meu ponto de vista, especialmente em relação a cenas que achei que eram verborrágicas demais ou então sequências que, durante a edição, achei que faziam minha personagem perder a intensidade. É importante para um ator ter sua própria subjetividade, sentir que o diretor o ouve. Mas as minhas intervenções foram mínimas. “Diário de uma Camareira” é verdadeiramente um filme de Jacquot, um filme único, que foge do caminho batido.

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