domingo, abril 28, 2024

Primeiras Impressões | Silo: Apple TV+ entrega ambicioso sci-fi distópico com Rebecca Ferguson

A assustadora realidade de um mundo mergulhado em caos, onde a toxicidade humana e ambiental se entrelaçam em uma coisa só, tem sido a razão de alguns dos devaneios literários mais fascinantes já publicados. De Androides Sonham com Ovelhas Elétricas?, passando por O Homem do Castelo Alto – ambos de Philip K. Dick -, chegando a 1984 de George Orwell, a distopia é hoje mais do que um entretenimento inventivo e hiperbólico. Como um retrato futurista da nossa própria humanidade, o gênero é de fato uma análise intrínseca de um desastre global anunciado. E nunca estivemos tão perto do apogeu apocalíptico, foco central de Silo – nova série original da Apple TV+.

Seguindo o bom e velho molde da dizimação ambiental, Silo se apropria dessa proposta para apenas usá-la como um trampolim para discussões mais densas. Fugindo da literalidade dos debates sobre o meio ambiente, que reduziram a raça humana a escravos de seus próprios erros e escolhas, a produção usa esse alicerce como um ponto de partida para expandir uma reflexão sobre poder, conhecimento e domínio através do medo. Em uma sociedade regida por um rigoroso sistema que data de 140 anos, o restante da população hoje vive debaixo de um regime autoritário, controlado por leis pouco explicadas nascidas após uma rebelião. Usando o gatilho do desconhecido e de histórias antigas que são recontadas quase como assustadoras lendas urbanas, Silo faz do “não pergunte, não fale” seu método para nos arrebatar nas profundezas desse misterioso universo.

Com um elenco de peso, conduzido por Rebecca Ferguson e David Oyelowo, Silo é um sci-fi distópico que flerta com o experimental. Trazendo um design de produção impecável, que faz dos tons terrosos uma linguagem não verbal para emanar a sensação de sujeira, poeira e até mesmo abandono, a série original da Apple TV+ é uma experiência sinestésica para os amantes do subgênero. Um pouco lenta, mas tomada por gatilhos que nos convidam a entrar nesse submundo, ela é adepta à narrativa “slow burn”, se revelando gradativamente como uma pequena chama que cresce a cada novo episódio. E sob a liderança do criador Graham Yost, Silo se apresenta para a audiência como um vasto leque de possibilidades, onde todos os personagens são conectados pelas mesma perguntas jamais respondidas.

E assim como a curiosidade é o fio condutor que carrega os protagonistas, ela também nos mantém atentos, sedentos por respostas que não parecem vir tão cedo. Mas construindo uma atmosfera sombria e pulsante que nos angustia e nos deixa perplexos, Silo consegue romper sua lentidão ao fazer jogos mentais com a audiência. Revelando novas camadas de seu universo conforme caminhamos com a trama, a série é um deleite para quem não tem pressa e um primor para amantes de tramas complexas. Com personagens intrigantes e um elenco de peso que sustenta cada nível de profundidade narrativa mostrado até o momento, a produção é uma tacada certeira da Apple TV+, que sempre foca no “menos é mais”. Com uma direção belíssima, que destaca o tom mais sóbrio e frio dessa nova sociedade, Silo já promete ser uma das grandes surpresas de 2023. Seu sucesso vai depender do quão longe Yost é capaz de nos levar, sem nos frustrar.

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