domingo , 22 dezembro , 2024

Primeiras Impressões | The Great: Humor ácido e performances poderosas marcam a divertida 2ª temporada

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As extremidades do absurdo, com uma pitada de fatos históricos tornam The Great essa inusitada combinação entre a acidez de um humor sem papas, com uma versão caricata do pitoresco submundo das realezas imperiais. E na sua segunda temporada, Tony McNamara retorna com uma trama ainda mais provocativa, distorcendo e retorcendo a história do império russo em meio à anedotas grotescas, cômicas e bastante ousadas.



Retomando a história poucos meses após o fatídico final de sua primeira temporada, The Great explora a profundidade das rachaduras de um império instável, onde Catarina e Pedro se digladiam pelo trono supremo. Entre entraves ideológicos e cheios de barbaridade, a Rússia antiga se transforma em uma grande piada, regada por incontáveis cálices de vodca e personagens agridoces que fazem a audiência torcer o nariz, em uma espécie de relação controversa de amor e ódio. E os novos episódios rapidamente resgatam a acidez e astúcia narrativa que fizeram da produção um sucesso tão grandioso.

Com um humor amargo, que não foi feito para todos os públicos, a série explora ainda mais a psique de seus personagens e em seus três primeiros episódios começa a apresentar uma sagacidade até então escondida em Catarina, brilhantemente interpretada por Elle Fanning. Aqui, logo no início da temporada vemos o caráter da imperatriz se despir, em nuances que revelam uma personalidade talvez mais salgada do que pensávamos.

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Gradativamente, os tons de cinza do casal real também começam a revelar não apenas um nível de profundidade muito maior de suas respectivas personas, mas até mesmo um certo conflito no público. A clássica expressão ninguém é 100% bom ou 100% mau ganha novas cores, desafia as percepções da audiência e se torna num banquete criativo para o elenco, rendendo momentos gloriosos em tela – como tantas vezes vemos Nicholas Hoult nos entregar aqui.

Vez outra desnecessária, mas ainda sim divertida, a série de McNamara – o mesmo responsável pela comédia de época A Favorita – segue como uma evidência clara da qualidade poderosa dos conteúdos da plataforma norte-americana Hulu*. E embora não funcione todas as vezes, é um fôlego de originalidade em meio a tantos revivals, remakes e reboots televisivos que não param de surgir.

*No Brasil, a série é exibida pelo streaming STARZPLAY.

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Thiago Nollahttps://www.editoraviseu.com.br/a-pedra-negra-prod.html
Em contato com as artes em geral desde muito cedo, Thiago Nolla é jornalista, escritor e drag queen nas horas vagas. Trabalha com cultura pop desde 2015 e é uma enciclopédia ambulante sobre divas pop (principalmente sobre suas musas, Lady Gaga e Beyoncé). Ele também é apaixonado por vinho, literatura e jogar conversa fora.

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As extremidades do absurdo, com uma pitada de fatos históricos tornam The Great essa inusitada combinação entre a acidez de um humor sem papas, com uma versão caricata do pitoresco submundo das realezas imperiais. E na sua segunda temporada, Tony McNamara retorna com uma trama ainda mais provocativa, distorcendo e retorcendo a história do império russo em meio à anedotas grotescas, cômicas e bastante ousadas.

Retomando a história poucos meses após o fatídico final de sua primeira temporada, The Great explora a profundidade das rachaduras de um império instável, onde Catarina e Pedro se digladiam pelo trono supremo. Entre entraves ideológicos e cheios de barbaridade, a Rússia antiga se transforma em uma grande piada, regada por incontáveis cálices de vodca e personagens agridoces que fazem a audiência torcer o nariz, em uma espécie de relação controversa de amor e ódio. E os novos episódios rapidamente resgatam a acidez e astúcia narrativa que fizeram da produção um sucesso tão grandioso.

Com um humor amargo, que não foi feito para todos os públicos, a série explora ainda mais a psique de seus personagens e em seus três primeiros episódios começa a apresentar uma sagacidade até então escondida em Catarina, brilhantemente interpretada por Elle Fanning. Aqui, logo no início da temporada vemos o caráter da imperatriz se despir, em nuances que revelam uma personalidade talvez mais salgada do que pensávamos.

Gradativamente, os tons de cinza do casal real também começam a revelar não apenas um nível de profundidade muito maior de suas respectivas personas, mas até mesmo um certo conflito no público. A clássica expressão ninguém é 100% bom ou 100% mau ganha novas cores, desafia as percepções da audiência e se torna num banquete criativo para o elenco, rendendo momentos gloriosos em tela – como tantas vezes vemos Nicholas Hoult nos entregar aqui.

Vez outra desnecessária, mas ainda sim divertida, a série de McNamara – o mesmo responsável pela comédia de época A Favorita – segue como uma evidência clara da qualidade poderosa dos conteúdos da plataforma norte-americana Hulu*. E embora não funcione todas as vezes, é um fôlego de originalidade em meio a tantos revivals, remakes e reboots televisivos que não param de surgir.

*No Brasil, a série é exibida pelo streaming STARZPLAY.

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