quarta-feira , 20 novembro , 2024

Confira 13 Filmes Recentes e Imperdíveis na plataforma MUBI

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Não só de Netflix e HBO Max vive o mercado de streaming. Você já conhece Amazon Prime Video, Disney+ e Apple TV+, no entanto, poucas pessoas estão familiarizadas com a plataforma MUBI

A razão é lógica, o MUBI não possui produções próprias. Ou seja, o seu catálogo são de filmes clássicos, premiados em festivais, produções autorais e experimentais. Se você é cinéfilo de carteirinha, isto é, não perde um lançamento de festival, sabe todos os prêmios do ano e conhece a filmografia completa do seu diretor, roteirista e atores favoritos: esta é a sua casa. 



O MUBI tem um grande trunfo no Brasil. A sua carta na manga é distribuir filmes inéditos no país e aclamado pela crítica ao redor do mundo. Se na sua cidade é difícil encontrar filmes vindos de outros países, fora os Estados Unidos, lá você pode encontrar lançamentos deste ano e ganhadores do Oscar e festivais recentes.

Venha conferir 13 dicas quentes para já começar o mês de outubro com experiências cinematográficas inéditas na sua vida.

1. Vortex, de Gaspar Noé 

Longe das polêmicas e frisson causados por seus últimos filmes, como Clímax (2018), Love (2015) e, o já clássico, Irreversível (2002), Gaspar Noé apresenta em tela bipartida a preparação para a morte. O filme conta com performances reveladoras do ícone francês Françoise Lebrun (estrela de A Mãe e a Puta [1973], clássico da Nouvelle Vague) e do maestro do horror Dario Argento (diretor de Suspiria [1977]).

Vortex é uma audaciosa proposta do diretor franco-argentino em nos colocar como espectadores da angústia, tolerância e das sombras do amor na terceira idade. O enredo nos guia por alguns dias na vida de um casal de idosos em Paris: uma psiquiatra aposentada (Lebrun) e um escritor (Argento) trabalhando em um livro sobre cinema e sonhos. Ou seja, homenagem à sétima arte e reflexão sobre nossa finitude.

2. Paris: 13º Distrito, de Jacques Audiard 

Com ares do moderno e aconchegante Frances Ha (2012), de Noah Baumbach, Jacques Audiard (Um Profeta, 2009) apresenta uma Paris longe da sua fachada histórica e romantizada em um roteiro escrito ao lado de Céline Sciamma e com sua estrela de Retrato de uma Dama em Chamas (2019), Noémie Merlant.

Ganhador da Palma de Ouro por Dheepan (2015), o diretor consagra sua filmografia em escrever personagens em dilemas desafiantes, como De tanto bater, Meu Coração Parou (2005), com Romain Duris, e Ferrugem e Osso (2012), com Marion Cotillard. Dentro dessa perspectiva, ele utiliza o preto e branco para iluminar uma Paris contemporânea de jovens de outros cantos do país e do mundo hiper-conectados, mas ainda perdidos no meio de questões de amizade, trabalho e sexo. Aprecie a capital francesa por um novo viés.

3. Drive My Car, de Ryûsuke Hamaguchi

Ganhando o Oscar, BAFTA e Globo de Ouro de Melhor Filme Internacional, a adaptação do conto de Haruki Murakami é ao mesmo tempo cativante e intimista. Após dois anos da morte de sua esposa, Yusuke Kafuku (Hidetoshi Nishijima) recebe uma oferta para dirigir uma peça em um festival de teatro em Hiroshima. Lá, ele conhece Misaki (Tôko Miura), uma jovem reservada designada para ser sua motorista.

Ao passar o tempo juntos, Kafuku e Misaki afrontam junto os mistérios de seus passados e as razões de suas solitudes. Entre lembranças e experiências, memória e imaginação e, sobretudo, de interconexões culturais, Drive My Car descortina a imensidão de cada indivíduo. Aqui, você encontra uma viagem de 3h para dentro de si.

Leia mais: Oscar 2022 | Drive My Car – Impecável Trabalho que mostra o talento de Ryûsuke Hamaguchi

4.Titane, de Julia Ducournau

Ganhador da Palma de Ouro no Festival de Cannes 2021, Titane apresenta uma estética do horror peculiar, tendo como influência David Cronenberg (Crash – Estranhos Prazeres, 1996) e Ridley Scott (Alien, 1979 e Blade Runner, 1982).

A francesa Julia Ducournau não poupou esforços para trazer um visual e uma fotografia inebriantes. O enredo, no entanto, deixa a desejar em comparação à sua obra inicial Grave (2016), uma verdadeira obra-prima do terror. Vale o deleite de experimentar arrepios no pescoço durante a sessão.

Leia também: Crítica | Titane – Outra vez Julia Ducournau faz a plateia passar mal, mas não seduz

5. A Bela e os Cães, de Kaouther Ben Hania

Recentemente indicada ao Oscar por O Homem Que Vendeu sua Pele (2020), Kaouther Ben Hania, da Tunísia, saltou aos olhos da crítica a partir deste drama arrepiante baseado em eventos reais. Em uma festa, Mariam (Mariam Al Ferjani) encontra o olhar de Youssef. Algumas horas depois, ela vagueia pela rua em estado de choque. O que aconteceu?

Dividido em nove segmentos de tomada única, A Bela e os Cães é uma experiência cinematográfica singular e um olhar penetrante sobre a masculinidade moderna. Em outras palavras, se você assistir é difícil não sentir-se completamente acachapado pela obra.

6. First Cow – A Primeira Vaca da América, de Kelly Reichardt

Que tal um filme de western que moderniza o gênero sem perder a essência? Esta é a proposta da norte-americana Kelly Reichardt ao contar a chegada da primeira vaca no continente na década de 1820, a partir da relação de amizade de um solitário e habilidoso cozinheiro (John Magaro) e um imigrante japonês (Orion Lee).

Aclamado pela crítica dos quatro cantos do mundo, o longa é considerado como um raro relato de uma amizade masculina sincera através de gentileza e compaixão em um território hostil. Juntos, eles conseguem elaborar um perigoso negócio envolvendo a primeira (e única) bovina da região, encomendada por um rico proprietário de terras. O final é de marejar os olhos de qualquer espectador.

Leia também: Crítica | First Cow: A Primeira Vaca da América – Um olhar sensibilizado sobre a corrida pelo ouro nos EUA

7. Devorar, de Carlo Mirabella-Davis

Com uma performance admirável de Haley Bennett (A Garota do Trem, 2016), Devorar (Swallow) é um suspense de empoderamento feminino surreal sobre a luta pela autonomia corporal. Ao lado de  filmes aterrorizantes sobre gravidez, este longa revive o clima de tensão – e estilo – de O Bebê de Rosemary (1968), de Roman Polanski.

Com o casamento dos sonhos e a ocupação de dona de casa, Hunter (Bennett) parece ter tudo até a descoberta da sua gravidez. O acontecimento começa a criar rachaduras na sua felicidade de fachada e descontentamento entre os sogros e o marido. Em um moinho de pressão, a jovem desenvolve um hábito alimentar perigoso, possivelmente ligado a um obscuro segredo do passado. Prepare-se para fortes emoções.

8. Lingüi: Os Laços Sagrados, de Mahamat-Saleh Haroun

Nesta suntuosa narrativa, Mahamat-Saleh Haroun (Abouna – Nosso Pai, 2002) traz vivacidade às ruas de Yamena, capital do Chade, e contesta preconceitos sociais brutais. A trama segue Amina (Achouackh Abakar), uma determinada mãe solteira, que trabalha incansavelmente para sustentar a si e sua filha de 15 anos, Maria (Rihane Khalil Alio).

Quando Amina descobre que Maria está grávida e não quer ter um filho, as duas mulheres começam a procurar um aborto, condenado tanto pela religião quanto pela lei. Esta obra é uma poderosa ode à resiliência das mulheres chadianas diante da crueldade patriarcal. Pelo viés do cineasta Haroun, o drama radical tem o calor de um abraço de mãe.

9. Crimes do Futuro, de David Cronenberg

Amparado no body horror e debates sombrios sobre tempos vindouros, David Cronenberg entrega um futurístico conto de terror e transformação corporal. Estrelado por Viggo Mortensen, Léa Seydoux e Kristen Stewart, Crimes do Futuro é excessivamente  provocativo e desperta um fascínio sensual pela mutilação.

Ao contrário de Crash – Estranhos Prazeres (1996) e A Mosca (1986), a trama do artista-celebridade Saul Tenser (Mortensen) parece monótona e recheada de humor sádico sem o delírio extasiante do cineasta. Com performance de metamorfose e ablação, o filme sugere uma  aterradora próxima fase da evolução humana. Pelo conjunto da obra de Cronenberg, o filme merece ser considerado e garante minutos de reflexão e convulsão.

Leia também: Crítica | Crimes do Futuro – Terror de Cronenberg tem cenas de embrulhar o estômago, que prejudicam a história

10. Memória, de Apichatpong Weerasethakul

Ganhador da Palma de Ouro, por Tio Boonmee, que Pode Recordar suas Vidas Passadas (2010), Apichatpong Weerasethakul se aventurou na Colômbia  para realizar seu primeiro filme longe do seu país, Tailândia. Certa manhã, Jessica Holland (Tilda Swinton), uma escocesa pesquisadora de orquídeas em visita a Bogotá, é acordada por um estrondo alto.

O som assombroso dissipa seu sono por dias e ela passa a questionar sua identidade e parte em busca da fonte do barulho por aldeias isoladas na selva. Vencedor do Prêmio do Júri em Cannes, Memoria é um deslumbrante mistério metafísico cujas veias cósmicas reverberam história, memória e conhecimento.

11. Lamb, de Valdimar Jóhannsson

Com precisão e criatividade para o desenvolvimento de mistério e suspense, o islandês Valdimar Jóhannsson recebeu o Prêmio de Originalidade em Cannes por seu primeiro trabalho na direção. Baseado no folclore nórdico, o roteiro segue o cotidiano de um solitário casal numa fazenda remota na Islândia.

Suas vidas são abaladas pela descoberta de um misterioso recém-nascido entre suas ovelhas. Estupefatos, eles decidem criar a criança como se fosse dele, contudo eles enfrentarão as consequências de desafiar as leis da natureza. Com uma atuação contundente de Noomi Rapace, a fábula desafia os filmes do gênero e propõe reflexões psicológicas sobre a maternidade.

12. Pleasure, de Ninja Thyberg

Centrado na performance da atriz revelação Sofia Kappel, Pleasure é igualmente a estreia de Ninja Thyberg atrás das câmeras de um longa-metragem. Na trama, Bella (Kappel) chega em Los Angeles de sua cidade natal na Suécia, com o sonho de se tornar a próxima grande estrela pornô.

Assim, Bella luta para conciliar seus sonhos de poder com a realidade do lado mais sombrio de sua indústria. Pleasure é um olhar crítico e feminista sobre a exploração da indústria de filmes adultos, ao mesmo tempo que busca quebrar tabus obsoletos sobre trabalho sexual. Filme necessário para todos os espectadores maiores de 16 anos.

13. Babysitter, de Monia Chokri

 

 

Vamos falar sobre misoginia, mas de maneira debochada, com tons de terror e estética poética? Esta é a ideia de Monia Chokri em seu segundo longa-metragem. Com um estilo retrô e uma atmosfera onírica, a diretora e roteirista conta as peripécias do casal Cédric (Patrick Hivon) e Nadine (Monia Chokri) com seu bebê recém-nascido.

No enredo, Cédric é suspenso do trabalho depois de se tornar viral por beijar bêbado um repórter de TV. Ao lado de uma esposa exausta e um bebê chorão, o pai de família embarca em uma jornada terapêutica para se libertar da misoginia. Ele apenas não contava com a presença da “sexy” e imprevisível babá Amy (Nadia Tereszkiewicz). Filmado em 35mm, Babysitter é uma declaração feminista, ousada e divertida da diretora quebequense e estrela dos filmes do jovem cineasta Xavier Dolan.

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Letícia Alassë
Crítica de Cinema desde 2012, jornalista e pesquisadora sobre comunicação, cultura e psicanálise. Mestre em Cultura e Comunicação pela Universidade Paris VIII, na França e membro da Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine). Nascida no Rio de Janeiro e apaixonada por explorar o mundo tanto geograficamente quanto diante da tela.

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A razão é lógica, o MUBI não possui produções próprias. Ou seja, o seu catálogo são de filmes clássicos, premiados em festivais, produções autorais e experimentais. Se você é cinéfilo de carteirinha, isto é, não perde um lançamento de festival, sabe todos os prêmios do ano e conhece a filmografia completa do seu diretor, roteirista e atores favoritos: esta é a sua casa. 

O MUBI tem um grande trunfo no Brasil. A sua carta na manga é distribuir filmes inéditos no país e aclamado pela crítica ao redor do mundo. Se na sua cidade é difícil encontrar filmes vindos de outros países, fora os Estados Unidos, lá você pode encontrar lançamentos deste ano e ganhadores do Oscar e festivais recentes.

Venha conferir 13 dicas quentes para já começar o mês de outubro com experiências cinematográficas inéditas na sua vida.

1. Vortex, de Gaspar Noé 

Longe das polêmicas e frisson causados por seus últimos filmes, como Clímax (2018), Love (2015) e, o já clássico, Irreversível (2002), Gaspar Noé apresenta em tela bipartida a preparação para a morte. O filme conta com performances reveladoras do ícone francês Françoise Lebrun (estrela de A Mãe e a Puta [1973], clássico da Nouvelle Vague) e do maestro do horror Dario Argento (diretor de Suspiria [1977]).

Vortex é uma audaciosa proposta do diretor franco-argentino em nos colocar como espectadores da angústia, tolerância e das sombras do amor na terceira idade. O enredo nos guia por alguns dias na vida de um casal de idosos em Paris: uma psiquiatra aposentada (Lebrun) e um escritor (Argento) trabalhando em um livro sobre cinema e sonhos. Ou seja, homenagem à sétima arte e reflexão sobre nossa finitude.

2. Paris: 13º Distrito, de Jacques Audiard 

Com ares do moderno e aconchegante Frances Ha (2012), de Noah Baumbach, Jacques Audiard (Um Profeta, 2009) apresenta uma Paris longe da sua fachada histórica e romantizada em um roteiro escrito ao lado de Céline Sciamma e com sua estrela de Retrato de uma Dama em Chamas (2019), Noémie Merlant.

Ganhador da Palma de Ouro por Dheepan (2015), o diretor consagra sua filmografia em escrever personagens em dilemas desafiantes, como De tanto bater, Meu Coração Parou (2005), com Romain Duris, e Ferrugem e Osso (2012), com Marion Cotillard. Dentro dessa perspectiva, ele utiliza o preto e branco para iluminar uma Paris contemporânea de jovens de outros cantos do país e do mundo hiper-conectados, mas ainda perdidos no meio de questões de amizade, trabalho e sexo. Aprecie a capital francesa por um novo viés.

3. Drive My Car, de Ryûsuke Hamaguchi

Ganhando o Oscar, BAFTA e Globo de Ouro de Melhor Filme Internacional, a adaptação do conto de Haruki Murakami é ao mesmo tempo cativante e intimista. Após dois anos da morte de sua esposa, Yusuke Kafuku (Hidetoshi Nishijima) recebe uma oferta para dirigir uma peça em um festival de teatro em Hiroshima. Lá, ele conhece Misaki (Tôko Miura), uma jovem reservada designada para ser sua motorista.

Ao passar o tempo juntos, Kafuku e Misaki afrontam junto os mistérios de seus passados e as razões de suas solitudes. Entre lembranças e experiências, memória e imaginação e, sobretudo, de interconexões culturais, Drive My Car descortina a imensidão de cada indivíduo. Aqui, você encontra uma viagem de 3h para dentro de si.

Leia mais: Oscar 2022 | Drive My Car – Impecável Trabalho que mostra o talento de Ryûsuke Hamaguchi

4.Titane, de Julia Ducournau

Ganhador da Palma de Ouro no Festival de Cannes 2021, Titane apresenta uma estética do horror peculiar, tendo como influência David Cronenberg (Crash – Estranhos Prazeres, 1996) e Ridley Scott (Alien, 1979 e Blade Runner, 1982).

A francesa Julia Ducournau não poupou esforços para trazer um visual e uma fotografia inebriantes. O enredo, no entanto, deixa a desejar em comparação à sua obra inicial Grave (2016), uma verdadeira obra-prima do terror. Vale o deleite de experimentar arrepios no pescoço durante a sessão.

Leia também: Crítica | Titane – Outra vez Julia Ducournau faz a plateia passar mal, mas não seduz

5. A Bela e os Cães, de Kaouther Ben Hania

Recentemente indicada ao Oscar por O Homem Que Vendeu sua Pele (2020), Kaouther Ben Hania, da Tunísia, saltou aos olhos da crítica a partir deste drama arrepiante baseado em eventos reais. Em uma festa, Mariam (Mariam Al Ferjani) encontra o olhar de Youssef. Algumas horas depois, ela vagueia pela rua em estado de choque. O que aconteceu?

Dividido em nove segmentos de tomada única, A Bela e os Cães é uma experiência cinematográfica singular e um olhar penetrante sobre a masculinidade moderna. Em outras palavras, se você assistir é difícil não sentir-se completamente acachapado pela obra.

6. First Cow – A Primeira Vaca da América, de Kelly Reichardt

Que tal um filme de western que moderniza o gênero sem perder a essência? Esta é a proposta da norte-americana Kelly Reichardt ao contar a chegada da primeira vaca no continente na década de 1820, a partir da relação de amizade de um solitário e habilidoso cozinheiro (John Magaro) e um imigrante japonês (Orion Lee).

Aclamado pela crítica dos quatro cantos do mundo, o longa é considerado como um raro relato de uma amizade masculina sincera através de gentileza e compaixão em um território hostil. Juntos, eles conseguem elaborar um perigoso negócio envolvendo a primeira (e única) bovina da região, encomendada por um rico proprietário de terras. O final é de marejar os olhos de qualquer espectador.

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7. Devorar, de Carlo Mirabella-Davis

Com uma performance admirável de Haley Bennett (A Garota do Trem, 2016), Devorar (Swallow) é um suspense de empoderamento feminino surreal sobre a luta pela autonomia corporal. Ao lado de  filmes aterrorizantes sobre gravidez, este longa revive o clima de tensão – e estilo – de O Bebê de Rosemary (1968), de Roman Polanski.

Com o casamento dos sonhos e a ocupação de dona de casa, Hunter (Bennett) parece ter tudo até a descoberta da sua gravidez. O acontecimento começa a criar rachaduras na sua felicidade de fachada e descontentamento entre os sogros e o marido. Em um moinho de pressão, a jovem desenvolve um hábito alimentar perigoso, possivelmente ligado a um obscuro segredo do passado. Prepare-se para fortes emoções.

8. Lingüi: Os Laços Sagrados, de Mahamat-Saleh Haroun

Nesta suntuosa narrativa, Mahamat-Saleh Haroun (Abouna – Nosso Pai, 2002) traz vivacidade às ruas de Yamena, capital do Chade, e contesta preconceitos sociais brutais. A trama segue Amina (Achouackh Abakar), uma determinada mãe solteira, que trabalha incansavelmente para sustentar a si e sua filha de 15 anos, Maria (Rihane Khalil Alio).

Quando Amina descobre que Maria está grávida e não quer ter um filho, as duas mulheres começam a procurar um aborto, condenado tanto pela religião quanto pela lei. Esta obra é uma poderosa ode à resiliência das mulheres chadianas diante da crueldade patriarcal. Pelo viés do cineasta Haroun, o drama radical tem o calor de um abraço de mãe.

9. Crimes do Futuro, de David Cronenberg

Amparado no body horror e debates sombrios sobre tempos vindouros, David Cronenberg entrega um futurístico conto de terror e transformação corporal. Estrelado por Viggo Mortensen, Léa Seydoux e Kristen Stewart, Crimes do Futuro é excessivamente  provocativo e desperta um fascínio sensual pela mutilação.

Ao contrário de Crash – Estranhos Prazeres (1996) e A Mosca (1986), a trama do artista-celebridade Saul Tenser (Mortensen) parece monótona e recheada de humor sádico sem o delírio extasiante do cineasta. Com performance de metamorfose e ablação, o filme sugere uma  aterradora próxima fase da evolução humana. Pelo conjunto da obra de Cronenberg, o filme merece ser considerado e garante minutos de reflexão e convulsão.

Leia também: Crítica | Crimes do Futuro – Terror de Cronenberg tem cenas de embrulhar o estômago, que prejudicam a história

10. Memória, de Apichatpong Weerasethakul

Ganhador da Palma de Ouro, por Tio Boonmee, que Pode Recordar suas Vidas Passadas (2010), Apichatpong Weerasethakul se aventurou na Colômbia  para realizar seu primeiro filme longe do seu país, Tailândia. Certa manhã, Jessica Holland (Tilda Swinton), uma escocesa pesquisadora de orquídeas em visita a Bogotá, é acordada por um estrondo alto.

O som assombroso dissipa seu sono por dias e ela passa a questionar sua identidade e parte em busca da fonte do barulho por aldeias isoladas na selva. Vencedor do Prêmio do Júri em Cannes, Memoria é um deslumbrante mistério metafísico cujas veias cósmicas reverberam história, memória e conhecimento.

11. Lamb, de Valdimar Jóhannsson

Com precisão e criatividade para o desenvolvimento de mistério e suspense, o islandês Valdimar Jóhannsson recebeu o Prêmio de Originalidade em Cannes por seu primeiro trabalho na direção. Baseado no folclore nórdico, o roteiro segue o cotidiano de um solitário casal numa fazenda remota na Islândia.

Suas vidas são abaladas pela descoberta de um misterioso recém-nascido entre suas ovelhas. Estupefatos, eles decidem criar a criança como se fosse dele, contudo eles enfrentarão as consequências de desafiar as leis da natureza. Com uma atuação contundente de Noomi Rapace, a fábula desafia os filmes do gênero e propõe reflexões psicológicas sobre a maternidade.

12. Pleasure, de Ninja Thyberg

Centrado na performance da atriz revelação Sofia Kappel, Pleasure é igualmente a estreia de Ninja Thyberg atrás das câmeras de um longa-metragem. Na trama, Bella (Kappel) chega em Los Angeles de sua cidade natal na Suécia, com o sonho de se tornar a próxima grande estrela pornô.

Assim, Bella luta para conciliar seus sonhos de poder com a realidade do lado mais sombrio de sua indústria. Pleasure é um olhar crítico e feminista sobre a exploração da indústria de filmes adultos, ao mesmo tempo que busca quebrar tabus obsoletos sobre trabalho sexual. Filme necessário para todos os espectadores maiores de 16 anos.

13. Babysitter, de Monia Chokri

 

 

Vamos falar sobre misoginia, mas de maneira debochada, com tons de terror e estética poética? Esta é a ideia de Monia Chokri em seu segundo longa-metragem. Com um estilo retrô e uma atmosfera onírica, a diretora e roteirista conta as peripécias do casal Cédric (Patrick Hivon) e Nadine (Monia Chokri) com seu bebê recém-nascido.

No enredo, Cédric é suspenso do trabalho depois de se tornar viral por beijar bêbado um repórter de TV. Ao lado de uma esposa exausta e um bebê chorão, o pai de família embarca em uma jornada terapêutica para se libertar da misoginia. Ele apenas não contava com a presença da “sexy” e imprevisível babá Amy (Nadia Tereszkiewicz). Filmado em 35mm, Babysitter é uma declaração feminista, ousada e divertida da diretora quebequense e estrela dos filmes do jovem cineasta Xavier Dolan.

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Crítica de Cinema desde 2012, jornalista e pesquisadora sobre comunicação, cultura e psicanálise. Mestre em Cultura e Comunicação pela Universidade Paris VIII, na França e membro da Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine). Nascida no Rio de Janeiro e apaixonada por explorar o mundo tanto geograficamente quanto diante da tela.

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