domingo, abril 28, 2024

Crítica | ‘A Concierge Pokémon’ mostra o mundo além das batalhas com stop-motion espetacular

Houve uma grande expectativa dos fãs no começo de 2023, quando a The Pokémon Company anunciou uma parceria inédita com a Netflix para fazer uma série animada ambientada no mundo dos monstrinhos de bolso diferente de tudo que já foi feito com a franquia até agora. Com um teaser de poucos segundos, A Concierge Pokémon conquistou a atenção de milhões ao mostrar um simpático Psyduck caminhando na praia de um resort voltado para os Pokémon.

No Brasil, a mídia não deu muita atenção para a série, que estava prometida apenas para o final do ano. Porém, no Japão, foi uma das produções mais aguardadas do ano, com direito a vários vídeos da Netflix mostrando os bastidores enquanto não chegava a data da estreia. No finalzinho de 2023, a produção chegou ao Brasil e estreou no Top 10 da Netflix. E não tinha como ser diferente. A Concierge Pokémon é a primeira série da franquia feita por meio de uma das técnicas de animação mais amadas do planeta: o stop-motion.

E não tem como não se encantar com as criaturinhas da saga sendo retratadas dessa maneira. Os que já eram fofos ficaram ainda mais fofos, enquanto os mais esquisitinhos ficaram uma graça como bonecos animados. É uma produção muito trabalhosa, mas que perpassa o amor dos envolvidos no projeto por meio de uma série tecnicamente impecável e contada por uma ótica carregada de inocência ao se distanciar do mundo das batalhas entre os Pokémon, focando numa rotina mais comum.

A história é contada pela perspectiva de Haru (Non), uma jovem que está passando por uma fase complicadíssima na vida. Tudo que ela tenta parece dar errado. Então, para tentar virar a maré, a garota se inscreve para trabalhar em um resort dedicados aos Pokémon e seus mestres. Por lá, Haru fica encarregada de lidar diretamente com as criaturinhas, proporcionando a melhor experiência de descanso e diversão para eles.

Aí que entra o diferencial dessa animação. Essencialmente falando, a franquia Pokémon é meritocracia purinha. Seja nos jogos, nos mangás ou nas animações, o protagonista começa de baixo e precisa trabalhar duro, treinar incessantemente e se sacrificar se quiser ganhar. Praticamente o Cristiano Ronaldo em forma de franquia. Essa ideia segue adaptada em A Concierge Pokémon, mas não é o foco da série. Haru quer ir bem no emprego novo, mas a forma como a história é contada mostra que há muito mais na vida do que trabalhar e tentar ser a melhor o tempo todo. É preciso curtir, é preciso se compreender.

Não por acaso, o primeiro trabalho dado a Haru é tirar um dia para curtir seu ‘Spa Pokémon’. A ‘missão’ deixa a menina em choque, porque ela quer agradar, ela quer ser a melhor. Dentro dessa ideia ‘meritocrática’ da saga e da própria protagonista, é impossível que isso seja uma ordem séria. Ela acredita ser um teste, mas conforme os episódios vão passando, a jovem vai entendendo a importância de aproveitar esse mundo perfeito em que vive. Afinal, não são todos que podem dizer que ganham a vida brincando com criaturas fofíssimas em uma praia paradisíaca, vivendo aventuras.

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Em meio a essa proposta de aproveitar o momento, a série cria uma breve jornada de autoconhecimento da protagonista, que deixa a ‘fase ruim’ para trás e termina a temporada com uma lição singela, mas representativa de se entender como indivíduo e não se deixar tombar ante as expectativas que os outros supostamente impõe sobre você. E o mais legal disso tudo é que eles constroem isso em apenas quatro episódios de pouco menos de 20 minutos, cada.

O último episódio sintetiza bastante o que é a série. Nele, o resort recebe nada menos que 12 Pikachu, o Pokémon favorito de Haru, de uma só vez. Ela fica escalada para ajudar um garotinho animado, cujo Pikachu é extremamente introvertido. O coitado é tímido a ponto de não conseguir nem fazer o icônico grito do personagem. Então, eles passam o capítulo inteiro tentando levar o monstrinho para atividades que teoricamente o forçariam a perder a timidez. Ao fim do dia, Haru se enxerga na criaturinha e vê toda a pressão a que se submeteu para tentar se encaixar, percebendo que não era forçando o Pikachu que ele iria se soltar.

É uma graça de história e ajudou a promover mais uma vez a cara da franquia pelo mundo. As icônicas bochechas vermelhas do ratinho amarelo conseguiram ficar ainda mais fofas nesse formato de stop-motion e o Pikachu introvertido certamente já ganhou o coração dos fãs. A força do carisma desse bicho é um negócio impressionante.

Por fim, vale a pena destacar novamente o trabalho impecável da equipe de animação. A direção apostou num humor mais inocente, usando enquadramentos que remontam a séries como The Office, dando ênfase às expressões de Haru, que foram baseadas nas expressões faciais de Non, a atriz que deu vida a ela no Japão.

E não importa quantas técnicas de animação inventem, nada parece ser tão puro quanto o stop-motion. É até difícil de explicar em palavras, mas ver esses bonecos sendo animados quadro a quadro, com tanto esmero, parece exalar um amor maior ao cinema do que as animações 3D. Pode ser uma dose extraordinária de saudosismo falando, é que fica uma sensação maior de envolvimento humano no projeto, é algo menos frio. Enfim, é um espetáculo visual.

A Concierge Pokémon está disponível na Netflix.

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Pedro Sobreirohttp://cinepop.com.br/
Jornalista apaixonado por entretenimento, com passagens por sites, revistas e emissoras como repórter, crítico e produtor.

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