Encontro Marcado
Os fãs de Black Mirror sabem bem do que toda temporada da série precisa. São elementos que já se mostram canônicos nesta mitologia e que não podem faltar. Primeiro, uma tecnologia avançada, complexa e fictícia, que talvez não faça muito sentido agora, mas serve de forte espelho para o nosso presente. Segundo, personagens psicologicamente abalados, que transformam o intuito de tal tecnologia, originalmente criada para ajudar, em algo extremamente negativo. Bem, para resumir, porque esta lista de itens pode se estender muito, não pode faltar também uma premissa sobre relacionamentos amorosos e como funcionarão no futuro.
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Hang the DJ é o único episódio nesta nova temporada que supre tal necessidade. É o episódio mais “bonitinho” e romântico do lote, além de ser o mais positivo também, chegando diretamente na esteira de San Junipero, episódio da terceira temporada, que é um dos favoritos e mais comentados do grande público, e o preferido deste que vos fala. Hang the DJ, no entanto, se mantém abaixo do proposto no citado episódio, que inclusive ganhou dois prêmios no Emmy deste ano, se confirmando como episódio mais prestigiado da série.
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Na trama, um aplicativo de relacionamentos superavançado – pense em Tinder elevado à décima potência – dita a forma como vivemos no futuro. Imagine o que ocorre em O Lagosta (2015), de Yorgos Lanthimos, com Colin Farrell, no qual existe uma imposição social que nos obriga a achar uma parceira imediatamente ou seremos exilados. Em Hang the DJ, a imposição é outra, e precisamos obedecer os mandos e desmandos desta tecnologia, igualmente regida de forma ditatorial. Os pares formados por obrigação de terceiros soa como pastores evangélicos futurísticos de certas vertentes da religião.
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Neste que é meu segundo episódio favorito da temporada, uma tecnologia intrigante e complexa se faz presente, preenchendo tal requisito muito esperado, ao qual estamos acostumados em Black Mirror. Este “aplicativo” seleciona seu parceiro, e diz quanto tempo o relacionamento irá durar – pode ser horas ou até mesmo anos. As trocas podem ser constantes, até que este computador analise seu parceiro final, com quem você permanecerá casado.
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Como num conto moderno de Romeu e Julieta, Frank (Joe Cole) e Amy (Georgina Campbell) irão se rebelar contra o sistema, após dois encontros nos quais terminam perdidamente apaixonados um pelo outro. Existe até uma reviravolta na qual o sujeito quase põe tudo a perder, em nome da curiosidade humana – o teor agridoce sempre presente também. Um dos chamarizes aqui é a química do casal, em especial o irresistível charme e carisma da bela Campbell. Por outro lado, este é mais um episódio cujo desfecho parece não fazer muito sentido. Mesmo assim não afeta a experiência. A direção é de Timothy Van Patten, veterano de séries como (Game of Thrones e Boardwalk Empire).
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