terça-feira, abril 30, 2024

Expresso do Amanhã: Série é complementar a filme e HQ, garante showrunner

Muitos anos em produção com direito a troca de showrunner, de diretores e de orientação criativa depois, está entre nós ‘Expresso do Amanhã’, a série. Trata-se da mesma história do filme homônimo do agora oscarizado Bong Joon Ho, diretor de ‘Parasita’, mas com outra roupagem, personagens inéditos — nem os do filme, nem os da graphic novel, mas novas composições especialmente feitas para as telinhas, que já podem ser conferidas na Netflix.

O showrunner Graeme Manson, mais conhecido por ter sido uma das cabeças por trás de ‘Orphan Black’, descreve ‘Snowpiercer’ como cli-fi: como se fosse um subgênero da ficção científica sobre mudanças climáticas:

“O apocalipse na Graphic Novel era mais nuclear, houve uma guerra misteriosa e um apocalipse nuclear”, contou durante palestra na edição virtual do Festival BANFF Media. “Bong mudou para o clima [no longa], e essa pareceu ser a escolha certa para nós. Eu queria usar isso para fazer comentários sobre a nossa própria sociedade. É difícil dramatizar mudança climática, mas não é difícil dramatizar o trauma das mudanças climáticas, de tudo o que perdemos e da emoção em si. Era importante que esses personagens sentissem um pouco da culpa que sentimos, em senso de inefetividade ao tentar lutar contra a mudança climática”, explicou, estendendo-se sobre as eventuais comparações com as demais versões da história:

“Nas HQs, há 2 ou 3 trens, mais sociedades, pessoas e lugares para ir. Então, quando olhei para aquilo tudo e para o filme de Bong, achei que houvesse uma série que pudesse existir junto àquilo tudo, lado a lado mas capaz de se equilibrar sozinha. No fim, o que segura ‘Snowpiercer’ é a ideia de que não podemos esquecer que é uma aventura e que estamos falando sobre sobrevivência de uma sociedade.”

Em frente às câmeras

Para Jennifer Connelly, que assume seu primeiro papel na TV interpretando a misteriosa Melanie Cavill, um dos principais atrativos para a série tem relação com os discursos  sociais por trás de sua personagem:

“Existem ótimos trabalhos sendo feitos na TV agora”, ponderou. “Gosto da ideia de um papel com o qual posso ficar por muito tempo, e minha personagem tem desenvolvimentos interessantes e misteriosos. E, além de tudo isso, eu gosto de ter uma mulher no comando de toda essa maquinaria.”

Na série, Melanie é a princípio a voz que faz os anúncios do trem, mas guarda um grande segredo, revelado sem grandes cerimônias logo nos primeiros episódios sobre sua identidade. 

“Melanie tem uma evolução de personalidade, ela não é a pessoa que imaginamos quando a conhecemos”, ponderou. “Em um certo ponto, ela percebe que não é quem ela mesma sempre achou que era. E isso acontece por causa das interações com Layton, ele é um catalisador para que ela confronte a sua personalidade.”

Não deixe de assistir:

Layton é a outra parte desta balança. Andre Layton, personagem de Daveed Diggs, ex investigador da polícia que é um dos moradores do Fundo do trem que luta por uma vida melhor para ele e seus companheiros, chamado por Melanie para investigar um assassinato na Terceira Classe.

“Andre está lidando com muitas coisas, e quanto mais eu vivo com ele, mais camadas encontro nele”, confessou o ator, que ganhou notoriedade com o musical sensação Hamilton. “Ele é tão focado no futuro para o Fundo e está preocupado em construir um futuro melhor para a próxima geração de Fundistas. E ele também é muito despreocupado com a própria história, ele nem sempre é um herói muito bom. Ele é inteligente e intuitivo, mas também não é sempre o melhor planejador, e eu adoro pessoas que são falhas desta forma. Gosto do desafio, às vezes é aliado e às vezes inimigo de Melanie, o que é divertido. O que ele acha que sabe sobre si mesmo também é questionado constantemente.”

Um pouco de Tilda Swinton, mas nem tanto

A atriz Alison Wright, que interpreta a ora sarcástica e bastante amedrontadora Ruth Wardell destaca que “sua personagem é o lado genocida de Melanie”. Ela explica que se empolgou quando Graeme Manson falou com ela sobre a personagem e perguntou se ela conhecia a personagem interpretada por Tilda Swinton no longa de Bong Joon Ho, Mason. 

“Em me encantei na hora, mas ele logo disse que a personagem não era a mesma, já que as funções [de Mason] está espalhada entre várias partes do elenco. Mas eu abraço essa personalidade para mim ao longo da série.”

Sets megalomaníacos e os tempos de pandemia

Já renovada para a 2ª temporada antes mesmo da estreia — algo que, segundo o produtor e idealizador do projeto Marty Adelstein definitivamente ajudou a pavimentar com mais clareza os caminhos da primeira temporada —, ‘Snowpiercer’ é uma produção distribuída originalmente no canal TNT, nos Estados Unidos, e ganha distribuição global pela Netflix, com episódios inéditos chegando à plataforma todas as segundas-feiras, imediatamente após a primeira exibição. Antes de a epidemia do coronavírus tornar necessário o fechamento dos sets, a série estava finalizando as filmagens do segundo ano, e Manson garante que ficaram na agenda somente os episódios 9 e 10. 

Mas o seu maior desafio, no entanto, é a logística dos sets. A série é filmada em Vancouver, no Canadá, e o showrunner conta o que visualizava:

“Era importante que o trem se tornasse um personagem. “Eu queria a claustrofobia do trem, que isso fosse sentido. Pode não parecer a coisa mais intuitiva na TV, mas parecia importante a sensação de jamais sabermos o que está atrás da próxima porta, queríamos manter essa ideia do filme de Bong. Então trabalhamos com os diretores de arte da temporada para construir os carros desta forma, para que os atores tenham essa mesma sensação durante as filmagens.”

Portanto, se na série o Snowpiercer Trem conta com 1001 vagões (“vamos ficar sem dinheiro antes de ficar sem ideias para o que acontece em cada vagão”, brinca Adelstein), nos sets é possível colocar cinco deles encarrilhados, e tá três sets diferentes com variadas locações e setores, com entradas específicas para a montagem das câmeras de forma a não tirar a sensação de claustrofobia. “O mais desafiador era me localizar no set”, revelou Connelly. “Era gigantesco, havia tantos carros, tantos cenários, eu confundia o que era o trem e o que era o carrinho da maquiagem.”

Sobre o futuro

Ainda há uma grande jornada a ser traçada por Layton e companhia, mas Diggs adianta o que o público pode esperar dos próximos episódios:

“Observem que a bússola moral sempre muda de acordo com a quantidade de informações que temos. É mais fácil ter certeza quando sabemos menos, e Andre está passando por um momento de receber muitas informações. Ele e Melanie são extremos diferentes da história, então as ações são opostas. É este o conflito que ele enfrenta, ter mais contato com pessoas de diferentes setores enquanto recebe informações científicas sobre o funcionamento daquele mundo.”

 

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Laysa Zanettihttps://cinepop.com.br
Repórter, Crítica de Cinema e TV formada em Twin Peaks, Fringe, The Leftovers e The Americans. Já vi Laranja Mecânica mais vezes que você e defendo o final de Lost.

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