sexta-feira , 10 janeiro , 2025
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American Pie – O Reencontro

 

A franquia adolescente American Pie teve seu inicío em 1999, seguida de American Pie – A segunda vez é ainda melhor (2001) e American Pie – O Casamento (2003) – sem contar em quatro filmes lançados em DVD , sem o elenco original. Quase 10 anos depois, os produtores lançam mais um longa mostrando as aventuras de Jim e seus amigos. American Pie – O Reencontro conta com o elenco original e o humor que fez sucesso no final dos anos 90.
Na trama, os amigos de Jim decidem se reunir no reencontro dos formandos da turma de 1999. Mas o presente dos amigos não parece tão interessante como eles imaginavam que seria quando jovens. Jim, está casado com Michelle e com filho, sua vida sexual não é tão ativa quando era jovem; já o casal Heather e Oz estão separados; Kevin também está casado e com uma vida um tanto domesticada; Finch é o grande aventureiro e Stifler continua o mesmo.

O retorno à pequena cidade de East Great Falls, mostra o choque entre duas gerações e o quanto os 13 anos depois da formatura transformaram os jovens amigos em adultos responsáveis. O conflito entre duas gerações é mostrado através de festas e encontros. Daí surge o humor que tornou a franquia tão poderosa e que não é facilmente encontrado em comédias adolescentes ultimamente.

De humor fácil, ágil e típico da juventude noventista o longa não se perde por ser uma continuação. Seu roteiro possui a mesma agilidade cômica dos demais, tendo o sexo ainda como a problemática dos amigos de Jim. O timming dos atores continua afinado. Destaque para Sean William Scott e seu famoso Stifler – continua o mesmo e mais engraçado. A comicidade de suas piadas continuam vivas, podendo atingir os jovens dos anos 2000 que não vivenciaram as aventuras de Jim e seus amigos.

O contrataste entre a geração dos anos 90 e dos anos 2000 são o alvo não apenas das piadas, mas também a justificativa da trama. Além disto, seu final promete mais continuações. American Pie – O Reencontro resgata um humor que fez sucesso no final da década de 90 , aposta na nostalgia e no choque cultural entre os adolescentes. Que as continuações mantenham o frescor desta quarta sequência.

 


Crítica por:
Thais Nepomuceno (Blog)

 

 

American Pie – O Reencontro

 

Com um ar de nostalgia, as boas e velhas piadas do grupo comandado por Jim Levenstein estão de volta.

Dirigido pela dupla Jon Hurwitz e Hayden Schlossberg, ‘American Pie – O Reencontro‘ é talvez, o grande reencontro de um elenco em uma sequência que deu certo.

Amores do passado, confusões envolvendo sexo, sentimentos antigos (assim como canções antigas) ressurgem nesse retorno da turma original. Muitas outras produções tentaram imitar os personagens de Jason Biggs e companhia, porém, raramente surgirá algo melhor que o original.

É um bom presente ao fãs da ‘série’, que estavam totalmente decepcionados com os últimos quatro filmes inexpressivos (após “American Pie: O Casamento”) lançados direto em DVD e sem os astros principais.

Na trama, o famoso grupo de amigos se reúne para uma festa de comemoração, um reencontro entre os formandos do “High School” de anos atrás.

Um está com problemas sexuais no casamento (Jim), o outro virou celebridade de um programa esportivo (Oz), o arranjador de confusões Stifler virou um temporário em uma empresa, um viajou pelo mundo (Finch) e o outro é praticamente um ‘dono de casa’ (Kevin).

Entre uma confusão e outra, muitas menções ao Facebook (provando que eles estão em um novo século), reflexões sobre a vida e reencontros que marcarão para sempre esses jovens que estavam sumidos da telona.

O pai de Jim, sempre interpretado pelo hilário Eugene Levy, ganha bastante evidência nesse reencontro e tem cenas ótimas com o restante do elenco. O bom roteiro, com diálogos competentes para o gênero, é um dos pontos altos da produção. A piada com Ricky Martin, além de genial, leva o espectador às gargalhadas de maneira contagiante. O impagável Stifler é o grande personagem destaque, novamente. Seann William Scott nasceu para interpretar esse cômico papel.

A cena da panela transparente onde aparece o dito cujo de um dos atores é totalmente desnecessária e realmente não acrescenta nada à sequência, os exageros nesse tipo de comédia são compreensíveis, mas nessa cena específica houve um exagero tremendo.

O contraponto do longa fica por conta da dúvida sobre o que fizeram com suas vidas adultas até aquele momento.

Relacionamentos, profissões e muitas outras questões são levantadas e até certo ponto dão um ar de drama em meio à comédia propriamente dita.

 


Crítica por:
Raphael Camacho (Blog)

 

 

American Pie – O Casamento

 

 
American Pie’ pode não ser um filme amado por todos, mas o sucesso do filme deu início a safra de comédias sacanas, que teve filhotes como ‘Tudo Para Ficar com Ele’ e ‘Recém-Casados’, filmes no mesmo estilo, e que agradaram a muitos jovens à procura de diversão.

O segundo filme pode não ter inovado em nada mostrando a mesma turma de amigos após a festa de formatura em que eles deveriam perder a virgindade, mas conseguiu ser ainda mais engraçado que o primeiro, mesmo tendo os mesmos elementos e quase as mesmas piadinhas.

Se o segundo filme não teve muitas inovações, o terceiro está repleto delas. Pelo menos metade da turma dos dois primeiros filmes ficaram de fora da terceira sequência, mas o melhor de tudo é que eles não fizeram diferença alguma.

O ator responsável por quase todas as piadinhas desta vez é Seann William Scott, que interpreta com gosto o desmiolado Stifler, uma das razões para o filme ser tão engraçado.

Com o elenco mais adulto e o fim da faculdade, desta vez o filme centra no casamento de Michelle e Jim. A história já se inicia com uma cena memorável.

Jim leva Michelle para um restaurante chique tentando pedi-la em casamento. É claro que ela não entende seu pedido e acha que ele está querendo um sexo oral em meio ao restaurante. Mas isto só piora quando o pai de Jim chega com as alianças e o faz pagar o primeiro mico do filme.

Após esta cena somos bombardeados com cenas e mais cenas constrangedoras: algo como pelos pubianos no bolo de casamento, sexo com cachorros e até comer cocô achando que é trufa de chocolate, mas contar mais que isto é estragar as piadas do filme.

American Pie – O Casamento’ pode não ser o melhor filme da trilogia, mas com certeza é divertimento garantido!


Crítica por:
Renato Marafon

 

 

Americano

 

Como superar a perda de uma pessoa que marcou a sua vida? Dirigido e escritor por Mathieu Demy (que também interpreta o papel principal na trama), “O Americano” fala sobre a dor de uma perda e as conturbações que ocorrem com a mente de um homem viajando atrás de respostas. O argumento era muito interessante mas a história é arrastada e se distancia do espectador a todo segundo.
O filme foi exibido no último Festival de Cinema do Rio, o diretor é filho dos grandes diretores franceses, Jacques Demy e Agnès Varda.

O filme tende ao depressivo. Na trama, um homem fica abalado ao saber da morte da mãe que mora nos EUA, quando voltas à sua antiga casa para resolver toda a burocracia dos bens de sua mãe, descobre que ela deixou um apartamento para uma outra mulher muito ligada a ela. Nesse retorno à América, flashbacks envolvem a mente do personagem, quando o mesmo chega na casa da mãe se depara com momentos de sua infância americana: roupas, desenhos, fotos… é um momento tenso na trama, o personagem tem um espécie de surto que leva dali pra frente até o desfecho da história.

É um longa que demora a envolver o público, muito por conta de não sabermos o porquê daquele grande sofrimento que o protagonista despeja na tela. A relação que Martin (protagonista) teve com sua mãe é contada apenas com lembranças. É tudo muito superficial, o que caracteriza uma tristeza que não dá para entender sua origem. O personagem, assim como o filme, andam sem rumo, viajando por Tijuana (México) sem dinheiro, sem carro e sem história. Quando a personagem Lola (Salma Hayek) entra na trama, o longa parece que pegará no tranco mas não é isso que acontece.

Alguns personagens coadjuvantes não são bem aproveitados e conseguiriam, talvez, dar o ritmo que a trama precisava para se tornar interessante. Linda (Geraldine Chaplin) e Claire (Chiara Mastroianni) deveriam ter papéis mais preponderantes na história, isso poderia enriquecer o espectador com informações necessárias para entendermos melhor o porquê daquela dor.

É difícil ficar acordado vendo esse filme, o olho parece querer sair correndo do cinema a todo instante. É quase um alívio quando a fita acaba. Mathieu Demy tenta, mas não consegue dirigir, roteirizar e atuar bem.

Crítica por: Raphael Camacho (Blog)

 

 

Amelia

 

Sinopse: A vida da aviadora Amelia Earhart desde seu primeiro voo sobre o Atlântico, como passageira. Ela teve sua chance no ramo graças a George Putman, com quem depois se casou.

Quando o assunto não é a Grande Depressão, o período entre-guerras normalmente é retratado no cinema com muita elegância. Em Amelia, a situação não é diferente tanto no figurino quanto na fotografia. Especial atenção deve ser reservada para as cenas em que se mostra como a imagem dela era usada para vender produtos. Nessas passagens, há um belo colorido preenchendo a tela.

Assim como em Coco antes de Chanel, o filme gira em torno de uma importante figura feminina do século XX. Diferente da produção francesa, a cinebiografia da piloto foca-se no que interessa: os aviões e longos voos da protagonista.

Se não há amarras para mostrar tudo que há de bonito e tudo que há de condenável nos primórdios da aviação, há um certo melindre nas cenas em que a viada privada de Earhart é colocada na berlinda.

Um exemplo disso está na relação íntima de Amelia e George. Há um primeiro beijo, mas algumas sequências anteriores sugerem que eles já tinham encontros amorosos antes. Amelia tinha ideias bem liberais no campo dos relacionamentos amorosos e um pouco mais de precisão poderia ser aplicada nessa questão.

Quando um filme traz personagens reais, o maior desafio é tornar uma história pública e conhecida em um roteiro animador. Quebrando a linha do tempo, Amelia ganha unidade e ainda consegue criar um bom clímax no desfecho.

 


Crítica por:
Edu Fernandes (CineDude)

 

 

Amarelo Manga

 

 

Amarelo Manga vem fazendo barulho por onde passa,e não é para menos, é uma obra chocante que não deixa ninguém indiferente. Até agora arrebatou todos os prêmios de longa-metragem do Cine Ceará realizado na semana passada, foi o vencedor do Festival de Brasília em 2002 e foi premiado como melhor filme na mostra paralela Forúm de Cinema em Berlim deste ano.

Independentemente das premiações, merece ser visto com cuidado, pode chocar e repugnar os mais sensíveis, não é um filme para ser visto com a familia. Ele é forte sim temos que nos munir de coragem para acompanhá-lo até o fim. Amarelo Manga fala sobre personagens marginalizados da periferia do Recife. A exemplo de outros recentes filmes brasileiros, não há protagonistas e nem uma história muita definada, apenas a vida destes seres que de vez em quando se entrecruzam.

Canibal (Chico Diaz) trabalha num abatedouro de bois, tudo é mostrado muito detalhadamente, sente-se o cheiro de sangue que transpira através de tela. Ele é casado com uma crente que não suportaria a idéia de ser traída. Dunga é uma bichinha (Matheus Nachtergaele) apaixonado por Canibal e que trabalha como cozinheiro numa espelunca fedorenta onde vários outros personagens se encontram como o fanático religioso que tem como fiéis cachorros vagabundos e o personagem de Jonas Bloch, um pervertido que sente
prazer em atirar em pessoas já mortas. Tudo é muito forte e visceral, mostrado com todas as cores, todos os ângulos.O diretor, Cláudio Assis não quer facilitar nada para a gente, e assume isso sem pudores. Tanto é que numa parte, a cor é citada como exemplo de tudo o que há de ruim, feridas purulentas, hepatite, dentes podres, etc..


Este é o típico filme que se odeia ou se adora, não há meio termo, mas uma coisa te garanto, você não vai sair da sala do cinema da mesma maneira que entrou.


Crítica por:
Andrea Don

 

 

Amantes

 

 


Sinopse: Leonard ficou muito devastado depois do fim de seu noivado. Dois anos depois, morando novamente com seus pais, ele se vê dividido entre duas mulheres. Sandra, filha de amigos da família, é a certeza de um futuro. Michelle, sua nova vizinha, é muito volátil e fascinante.

Sempre que uma distribuidora nacional altera muito o título de um filme e o resultado é desastroso, faço questão de ressaltar esses tristes acontecimentos em meus textos. Nada mais justo do que parabenizar quando o oposto acontece. Esse é o caso de Amantes (Two Lovers), que poderia ser traduzido como “Dois Amantes”, mas que recebeu por aqui um nome mais apropriado já que vários de seus personagens entregam-se totalmente ao amor.

A forma intensa como eles se atiram a esse sentimento acaba fazendo com que atitudes estúpidas sejam tomadas. O que poderia ser uma falha que afastaria os espectadores acaba sendo um aspecto positivo do filme, uma vez que dessa forma seus personagens parecem-se mais com pessoas reais, que cometem erros e tomam decisões equivocadas.

Tratando de sentimentos e relacionamentos entre pessoas, o papel dos atores é essencial. Joaquin Phoenix – reprisando a parceria com o diretor James Gray de Os Donos da Noite – consegue transmitir os problemas e conflitos que acontecem na mente do protagonista. O elenco feminino também merece elogios, mas o fato de Amantes ser (a princípio) a última atuação de Joaquin acaba fazendo com que prestemos mais atenção nele.

Mesmo com tantos aspectos positivos, uma pequena falha recorrente no cinema estadunidense pode ser apontada no roteiro dessa produção: tentar explicar demais e fechar todas as questões. Infelizmente o deslize está bem no final do filme, quando há uma cena a mais, passando do que seria o ponto ótimo para acabar essa história cheia de coração.

 


Crítica por:
Edu Fernandes (HomemNerd)

 

 

O Amante da Rainha

 

Indicado ao Oscar na categoria filme estrangeiro, o dinamarquês O Amante da Rainha é um típico filme de época, com bela direção de arte, figurino impecável e boas atuações. Mesmo assim, o filme passou despercebido durante o Festival de Berlim 2012 – e causou surpresa sua dupla premiação no festival, como melhor roteiro e ator para Mikkel Boe Følsgaard. Exibido na Mostra de São Paulo do ano passado, agora o filme chega aos cinemas brasileiros.
A trama se passa no século 18, quando a jovem britânica Carolina Matilde (Alicia Ikander), da Grã-Bretanha, se casa com o insano rei Christiano VII (Mikkel Boe Følsgaard), tornando-se rainha da Dinamarca. Quando Johann Struensee (Mads Mikkelsen), um intelectual alemão, se torna médico da corte, Christiano faz dele seu confidente e posteriormente ministro-chefe. Carolina também começa a se aproximar de Struensee. e logo os dois iniciam um romance. Idealistas e corajosos, o casal de amantes arrisca tudo em busca da liberdade do povo, e começam a propor reformas que acabam mudando a Dinamarca.

Como toda história de bastidores de família real, o filme é recheado de puxadas-de-tapetes, traições, loucuras e rancores. Tudo filmado corretamente, sem grandes surpresas e com destaques para as interpretações do trio protagonista Mikkel Boe Følsgaard, Mads Mikkelsen e Alicia Ikander.

O Amante da Rainha é um filme que não inova em seu formato, mas ainda assim não deixa de ser uma boa produção de época.

 

 

 

Crítica por: Janaina Pereira (Cinemmarte)

 

 

Amanhecer Violento

 

Refilmagem de uma produção cult de 1984 escrita por Kevin Reynolds e John Milius, dirigida por Milus (de “Conan, o Bárbaro”, 1982), e estrelada por jovens promissores do cinema da época como Patrick SwayzeC. Thomas HowellCharlie SheenJennifer Grey e Lea Thompson. Na trama do original, os russos invadiam os EUA da maneira mais improvável possível, ou seja, caindo literalmente de paraquedas nos quintais dos tranquilos subúrbios, e tomando as ruas com seus tanques.
O latente medo da Guerra Fria ainda era um fator na década de 1980, que influenciavam desde os filmes de James Bond do período, até o retrato da era Reagan, “Rambo”. Além disso, os anos 1980 entraram para a história como década “farofeira”, de gostos duvidosos nos mais variados quesitos, e no cinema não foi diferente. O que talvez torne o “Amanhecer Violento” original perdoável, mesmo que para a época o filme não fosse visto assim. Chegamos até 2012, na verdade 2011, já que o filme foi adiado por um ano (nunca um bom sinal) possuindo inclusive diversos cartazes que estampavam a data original.

Para nós brasileiros o remake aparece no início de 2013 nos cinemas, quando um lançamento para vídeo seria mais adequado. O filme foi ignorado solenemente nos EUA, de forma merecida. O roteiro é de Carl Ellsworth, dos eficientes “Paranoia”, “Voo Noturno” e “A Última Casa”, e a direção ficou com Dan Bradley, diretor de segunda unidade de diversas superproduções, em sua estreia no comando de uma obra.

A essência da trama é a mesma, e no lugar dos atores originais temos Chris Hemsworth (“Thor”), Josh Hutcherson (“Jogos Vorazes”), Adrianne Palicki (“G.I. Joe 2 – Retaliação”), Isabel Lucas (“Imortais”) e o canastrão Josh Peck (o ex-gordinho da série de TV da Nickelodeon, “Drake & Josh”), como os jovens de uma pequena cidade americana, que torcem para o time “Wolverines” (apelido que irão ganhar dos inimigos) e representam toda a resistência quando tropas da Coreia do Norte (e não mais os russos) caem novamente de paraquedas em seu quintal.

Os jovens treinam seu próprio pelotão, já que o personagem de Hemsworth é um militar que serviu na Guerra do Iraque. Dentre os recrutas está o filho adotivo de Tom Cruise e Nicole Kidman, Connor Cruise, numa pequena participação. Obviamente, a única forma em que “Amanhecer Violento” irá funcionar é como escapismo de ação, o tipo de filme em que se deve deixar o cérebro do lado de fora do cinema, se isso é o que se pode chamar de diversão.

E o único quesito em que podemos dizer que é superior ao seu original é justamente nas cenas de ação frenéticas, tiroteios, explosões e perseguições de carro, em que o diretor se sai bem, justamente por seu currículo. De certa forma o novo “Amanhecer Violento” se assemelha ao novo “Duro de Matar”, dois produtos cujos originais datam dos anos 1980, cuja nova roupagem merecia muito mais conteúdo.

 

 

Crítica por: Pablo Bazarello (Blog)

 

 

Amanhã Nunca Mais

 

Esta comédia estrelada pelo competente Lázaro Ramos é o exemplo fiel da repetição exaustiva: a mesma piada é retomada durante o filme todo, uma avalanche de clichês invade a tela e enche a paciência do espectador. O que fazer com as recentes comédias do cinema nacional? Acredito que seja válido apostar em comédias despreocupadas com críticas sociais incisivas, despreocupadas com o perfil monotemático do cinema nacional de alguns anos atrás: sertão, pobreza, favela.
Mas focar em novos estilos sem o mínimo de cuidado e decência é algo complicado. Amanhã nunca mais não chega a ser um Cilada.com, mas correu o risco de ganhar o troféu da maior bobagem do ano.

Amanhã Nunca Mais explana a aventura de Walter, um anestesista de 35 anos, numa noite de sexta-feira, cheio de complicações no trabalho e com a incumbência de buscar o bolo de aniversário da sua filha. Não é preciso muito esforço do roteiro para nos mostrar que Walter é um fracassado, de estima muito baixa, frustrado com o emprego e colecionador de mancadas no casamento com a sua bela esposa Solange (a ótima Fernanda Machado, de Tropa de Elite).

No que tange à edição e montagem, Amanhã Nunca Mais não apresenta problemas, assim como a eficiente direção de arte e performance dos protagonistas, que tentam dar dignidade ao péssimo roteiro. Outro ângulo a iluminar é a participação dos coadjuvantes: estereotipados em excesso, não ajudam na fluência da narrativa. Geraldo (Milhem Cortaz) é o colega de trabalho de Walter, mulherengo e antipático. Dulce (Imara Reis) é a doceira responsável pelo bolo da festa da filha de Walter e Miriam (Maria Luiza Mendonça) é um antigo caso de amor do anestesista, que surge para atravancar seu caminho. A travesti e a filha da doceira são outras coadjuvantes que não dizem muita coisa.

A direção assinada pelo iniciante Tadeu Jungle é eficiente. Já a música tema, nem tanto: Arnaldo Antunes pode ser um ótimo compositor, mas desafina demais e irrita os ouvidos dos mais preocupados com os rumos sonoros do filme. Há mais um detalhe importante nesta análise: a tendência contemporânea de mais de uma pessoa assinando roteiros cinematográficos tem se mostrado uma experiência frustrante. No caso de Amanhã Nunca Mais, temos três roteiristas responsáveis por um fiapo de roteiro. Há poucas situações exploradas e mesmo não sendo originais, deveriam capitalizar em cima de boas ideias, o que nem de longe acontece. São gags das frequentes comédias hollywoodianas, sem alguma inovação que venha fazer de Amanhã Nunca Mais um filme diferenciado. O argumento do filme é assinado por Victor Knijick, Maurício Arruda e pelo diretor Tadeu Jungle. Já o roteiro, tem Marcelo Muller incluído, excluindo Victor Knijick, que só ficou no argumento. Três profissionais para o argumento, três para o roteiro. E o resultado? Sem dúvida, frustrante.

Curioso é ler o press book do filme e perceber que Lázaro Ramos esconde a sete chaves suas origens. O material que nos apresenta o enredo, aspectos do roteiro e outros detalhes importantes para a composição da análise fílmica alega que Ramos estreou no cinema em Sabor da Paixão (2000), mas ganhou destaque como o protagonista de Madame Satã (2003). Será que ele esqueceu que largou o seu emprego de técnico de laboratório no Hospital Santa Isabel em Salvador, para se dedicar ao personagem Chico, do tosco e clássico Cinderela Baiana (1998)? Muito feia essa atitude do Lázaro Ramos, que merece outro puxão de orelha: depois de tantos papeis mais interessantes na cinematografia nacional, por que achar que os espectadores são pessoas que não pensam e dialogam com o filme, tentando empurrar estes subprodutos de qualidade questionável? Acredito que hajam projetos mais interessantes esperando ganhar as telas do cinema nacional.


Crítica por:
Leonardo Campos