sexta-feira , 31 janeiro , 2025
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Almoço em Agosto

 

Sinopse: Giovanni é um homem de meia-idade que vive com sua mãe idosa. Ele não pode trabalhar por causa da dedicação que sua genitora lhe demanda e, por isso, está afundando em dívidas. O síndico do prédio onde mora lhe propõe que cuide de outra velhinha por dois dias, em troca ele lhe concederá o perdão de alguns débitos.

Um dos encantos do cinema está em nos permitir conhecer outras realidades e culturas. Almoço em Agosto (Pranzo di Ferragosto) traz uma dessas oportunidades que não podem ser desperdiçadas por quem gosta ou tem interesse em conhecer a cultura italiana. Além de o protagonista passar o filme inteiro bebendo vinho e cozinhando pratos típicos, ele está preparando o almoço de Ferragosto, um feriado que muitos não conhecem. Tudo surgiu de uma festividade romana pela fertilidade, mas com a adoção do Cristianismo a festa foi convertida em uma celebração que relembra a ascensão de Virgem Maria, comemorada em 15 de agosto.

A inversão de papéis entre pais e filhos que acontece na terceira idade é muito bem retratada pela produção. Sempre se tem a impressão que os idosos podem por vezes comportarem-se como crianças que precisam ser controladas. Comendo o que não deve, retrucando às sugestões das pessoas mais novas e outras travessuras e manhas são mostradas pelo filme de forma leve, sensível e cômica. Entre uma risada e outra, não se surpreenda se bater aquela vontade súbita de visitar a vovó.

Quem acompanha meus textos sobre cinema, sabe da minha indisposição com uma certa tendência contemporânea do cinema europeu de produzir filmes que não se focam muito no conflito e preferem fazer o retrato de uma situação, como o recente Horas de Verão. Almoço em Agosto segue essa linha que pejorativamente e deliberadamente apelidei de “filmes sobre nada”.

Fico muito feliz e não tenho medo de afirmar que a fita italiana é a primeira que eu realmente gosto e até tenho vontade de rever nesse novo gênero. As razões de minha afeição são a grande simpatia que os personagens apresentam e a comicidade leve desse singelo filme.


Crítica por:
Edu Fernandes (HomemNerd)

 

 

Almas à Venda

 

 


Sinopse: Paul Giamatti esta decepcionado com seu desempenho durante os ensaios da peça Tio Vânia. Para se sentir mais leve, recorre a uma clínica que retira a alma de seus clientes. Ficha Técnica Almas à Venda (Cold Souls)
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O roteirista Charlie Kaufman é reconhecido por sua grande criatividade, que chega a testar o limite da sanidade mental. A diretor/roteirista francesa Sophie Barthes quis homenagear Kaufman em sua estreia na direção de longas-metragens,com similaridades gritantes em seu roteiro com de seu inspirador.

No elenco de Almas à Venda (Cold Souls), Paul Giamatti interpreta a si mesmo. De maneira semelhante, John Malkovich – outro ator muito talentoso, embora seu nome sozinho também não seja capaz de comover massas às salas decinema – interpreta a si mesmo em Quero Ser John Malkovich (1999). A atuação de Paul é soberba e, graças a seu trabalho, muitos diálogos engraçados e enlouquecidos ganham um colorido muito especial.

Pois bem, Paul Giamatti está em crise em seu trabalho, da mesma forma que o personagem de Nicolas Cage tem um bloqueio criativo em Adaptação (2002). Dessa vez, Cage não interpreta a si mesmo, mas ao próprio Charlie Kaufman e seu irmão gêmeo totalmente fictício – embora Donald Kaufman também assine o roteiro.

Para tentar resolver seu problema, Giamatti se dirige a uma esquisita clínica médica que promete remover sua alma, para que ele possa ficar mais tranquilo. Esse mesmo movimento pode ser visto pelo personagem defendido por Jim Carrey em Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças (2004). É claro que, nas duas jornadas, os protagonistas se arrependem dos procedimentos médicos e decidem voltar atrás e recuperar sua alma, ou as memórias de um relacionamento amoroso fracassado.

Fãs de Charlie Kaufman, amantes de filmes ousados em seus roteiros e amantes do bom cinema podem ver Almas à Venda na certeza de uma experiência cinematográfica no mínimo curiosa.

 

Crítica por: Edu Fernandes (CineDude)

 

 

Almas à Venda

 

 


A megalomania e a esquizofrenia que assolam Hollywood acabam de fazer mais uma vítima: Paul Giamatti. Sujeito de bons filmes no currículo, ele topou viver ele mesmo, neste filme em que mais vale a insanidade do que um bom roteiro.

Paul está em crise consigo mesmo e não consegue mais separar seu próximo personagem teatral de si mesmo. Numa tentativa desesperada de livrar-se dos problemas, resolve extrair sua alma e guardá-la num depósito de almas.

Depois de nada de interessante acontecer, começa então um tal de emprestar alma para cá, alugar alma para lá, um dar, vender e trocar sem pé, cabeça e muito menos fim. Um claro investimento em bizarrice e surrealismo, que não chega aos pés da genialidade de Quero Ser John Malkovich.

A confusão não se limita à história e aos quesitos técnicos. Ela se estende ao espectador – pelo menos a mim –, que por muitas vezes não saberá se a atuação é séria, quando o ator é o ator ou quando ele é o personagem. Por outro lado, isso pode ser considerado um mérito do Paul Giamatti, que mesmo não sendo genial, entrega uma ótima interpretação.

A metalinguagem vem por meio de referências a outros artistas e pela exibição de algumas cenas de outros filmes de Giamatti. À parte alguns poucos momentos engraçados, o resto é filosofia barata sobre almas, citações a Tchékov, muitos surtos, furos de roteiro e argumento mal desenvolvido.

Depois de determinado momento, a problemática em torno da peça que o ator ensaiava é esquecida e nunca mais toca-se no assunto. Fora os personagens, que vão sendo deixados pelo caminho, sem que haja algo que os amarre ou cenas que lhes dêem alguma resolução.

Completamente insano e perdido, Almas à Venda almeja ser fundo como um panelaço, mas não tem mais que a profundidade de um pires.

Depois, Giamatti (o personagem) ainda se arrisca a perguntar à sua esposa: “e se eu fosse um outro eu, no mesmo corpo, ainda assim você me amaria?”. Como ele, depois que “emprestou” a alma de outro, continuou agindo da mesma forma neurótica de antes, ela, obviamente, não entende nada. Nem eu.

 


Crítica por:
Fred Burle (Fred Burle no Cinema)

 

 

Alma Perdida

 

 

Sinopse: Casey tem sonhos estranhos envolvendo um menino de olhos azuis e um bebê em formol. Quando seu vizinho de 4 anos começa a agir de forma estranha, ela sente que está sendo perseguida por um fantasma.

No Oriente, algumas produções de terror são voltadas para o público feminino – quem lê alguns títulos de mangás sabe do que se trata. Por outro lado, no Ocidente a esmagadora maioria dos filmes do gênero é totalmente dedicada a agradar os olhos masculinos. Alma Perdida (Unborn) não foge à regra, como o pôster que exalta a derrière de Odette Yustman (Cloverfield) não deixa suspeitas.

Aliás, o filme não foge à quase nenhuma regra do gênero. Para falar a verdade, não passa de um desfile interminável de clichês. A causa do espanto é um menino macabro, como em O Grito (2004); os eventos sobrenaturais são desencadeados depois que a protagonista boazuda sofre alguma alteração nos olhos, como em O Olho do Mal; o mistério espreita através de reflexos em espelhos, como em Espelhos do Medo; para descobrir detalhes usa-se um tenebroso filme, como em O Chamado (2002); como último esforço, tenta-se um exorcismo, como em O Exorcista (1973)… Já deu para entender.

Se a falta de originalidade do roteiro não for suficiente, há tantos flashbacks que deixariam Benedito Ruy Barbosa com inveja, e muitas situações assustadoras só são possíveis porque a heroína é estupidamente curiosa. Quando se suspeita de estar sendo perseguida por espíritos malignos, uma pessoa de bom senso nunca ficaria bisbilhotando por buracos e frestas misteriosos.

Se há algo que salva Alma Perdida de ser totalmente ignorado é o tratamento visual do filme, sua única ousadia. Normalmente, no gênero terror, as cenas são escuras e quando se precisa ressaltar alguma cor escolhe-se o vermelho, por razões óbvias. A produção faz então uma opção diferenciada que funciona e destaca o azul-claro.

Quem for totalmente fanático por terrores cheios de sustos pode ir assistir Alma Perdida na certeza de encontrar o que está procurando, mas se quiser algo diferente do que já foi visto é melhor procurar outro filme.

Dica nerd: Espíritos 2 é outro terror que traz gêmeas misteriosas.

 


Crítica por:
Edu Fernandes
Site: www.homemnerd.com

 

 

Alien Vs. Predador 2

 

 

Desastre. Total. Assim podemos definir, em curtas palavras, o medonho ‘Alien Vs. Predador 2’. O projeto já havia sido recusada pelo diretor do fraco – mas divertido – primeiro filme da franquia, Paul W.S. Anderson. O diretor, responsável por verdadeiros filmes pipoca, como ‘Mortal Kombat’ e ‘Resident Evil’ não havia aprovado o roteiro. Ao invés dos produtores pedirem a um roteirista para reescrever o longa, contrataram um diretor ainda mais fraco. E a mistureba deu nisso: ‘Alien Vs. Predador 2’ assusta, de tão ruim!

Nesta seqüência de ‘Alien Vs. Predador’, os famosos monstros de duas das mais assustadoras franquias do cinema de todos os tempos travam uma guerra em uma pacata cidade norte-americana. Um jovem xerife, seu melhor amigo e uma mulher soldado lideram um grupo de habitantes desesperados quando Aliens, um “eliminador” de Predadores, e uma nova ameaça mortal resolvem lutar entre si.

Utilizando, abusando e desfrutando de todos os clichês de filmes adolescentes (sexo seguido de morte e etc…), o filme consegue pecar do começo ao fim, e rir é a única coisa que resta para quem pagou para assistir a este filme. O elenco (elenco?) dá um show de má interpretação, e os aliens e predadores acabam sendo os melhores atores do filme. Sem contar do (samambaia) Predalien, uma criaturazinha tão divertida quanto os Gremlins.

A direção, que fica por conta dos técnicos de efeitos visuais e irmãos Strause, é escura e confusa. Em muitos momentos não conseguimos destinguir nada do que vemos na tela.
Ao invés de assistir à sequência, corra nas locadoras e reveja o primeiro filme – que já não era uma obra-prima – mais uma vez. É, no mínimo, mais divertido.


Crítica por:
Renato Marafon
Site Oficial : —

 

 

Alice no País das Maravilhas

 

 


Sinopse: Treze anos depois de sua primeira visita, Alice volta para o País das Maravilhas. Sua missão é acabar com o reinado cruel da Rainha Vermelha.

Apenas pela idade da pouco conhecida atriz Mia Wasikowska fica claro que Alice no País das Maravilhas (Alice in Wonderland) não é uma adaptação totalmente fiel do livro homônimo. Na verdade, elementos desse e de Através do Espelho foram usados no roteiro do filme.

Originalmente as aventuras de Alice eram apenas passeios pontilhados por encontros com criaturas absurdas que não tinha necessariamente relação entre si. O roteiro de Linda Woolverton (O Rei Leão) tenta dar mais unidade para o universo criado por Lewis Carroll, com personagens que antes estavam separados em capítulos diferentes interagindo e até colaborando uns aos outros. Com isso, a relação entre Alice e o Chapeleiro ficou mais parecida com a de Dorothy e Espantalho em O Mágico de Oz.

Essa é a sétima vez que o diretor Tim Burton trabalha com Johnny Depp e a sexta com sua esposa, Helena Bonham Carter (todos estavam juntos em Sweeney Todd). O visual sombrio não chega a ser novidade para os fãs do cineasta, já apreciado desde Os Fantasmas se Divertem (1988). A fantasia também se faz presente na filmografia de Burton, com especial destaque para Peixe Grande (2003). Colocando tudo isso em consideração, não há novidades em Alice.

Para não dizer que o novo filme é apenas uma repetição sem fim, trata-se da primeira vez que Tim Burton usa a tecnologia de captação em 3D. Esse talvez seja uma dos maiores ganhos da produção, com efeitos interessantes e a integração dos elementos reais com os criados por computação gráfica em harmonia perfeita.

Vale a pena assistir a Alice no País das Maravilhas por se tratar de uma história nova e pelos efeitos bem posicionados. As vozes de atores talentosos nos personagens animados é mais um atrativo que merece ser reparado.

 


Crítica por:
Edu Fernandes (CineDude)

 

 

Alice no País das Maravilhas

 

 


Subversivo diretor de histórias conhecidas (Planeta dos Macacos; A Fantástica Fábrica de Chocolate), Tim Burton traz às telas, desta vez, uma fusão dos livros de Lewis Carroll – “As Aventuras de Alice no País das Maravilhas” e “Através do Espelho e o Que Alice Encontrou Por Lá” – roteirizada por Linda Woolverton (O Rei Leão; A Bela e a Fera).

No filme, Alice retorna ao mundo subterrâneo que visitou há treze anos, quando ainda era uma criança. Lá, reencontrará personagens como o Chapeleiro Maluco (Johnny Depp), o Coelho Branco e a Rainha Vermelha (Helena Bonham Carter).

É sabido que Tim Burton não gosta de apenas refilmar histórias. Ele conta a sua versão. Geralmente, o resultado é uma versão mais “apimentada”, sombria. Neste caso, isso não acontece.

O novo “Alice…” continua com o aspecto macabro das histórias originais, seus personagens mantém a essência alucinógena de noção entre o que é realidade ou o que é imaginação, mas o dedo que imperou nesta produção foi o dedo Disney e não o dedo Burton, ou seja, o programa a ser encontrado nos cinemas será muito divertido, mas nada corajoso e com o máximo de lições de moral possível.

A versão em 3D continua com os problemas de sempre: a nitidez ainda não é a mesma que a de uma projeção digital, por exemplo, e o brilho ainda não atinge sua melhor regulagem, pois os óculos 3D tornam a imagem mais escura do que o normal. Mas nada que atrapalhe a sensação ótima de imersão que o formato proporciona, com planos excelentes de plateia da festa de noivado de Alice, destacando cada fileira de pessoas, num imenso corredor de gente cercado de plantas. A sequência em que Alice caiu no buraco da árvore para encontrar a portinha de entrada para Wonderland é vertiginosa e arrisco a advertir os espectadores de estômago mais frágil. Eis um dos poucos momentos em que percebe-se o mão criativa de Tim Burton.

Outra fato que sempre ocorre entre as parcerias Tim Burton X Johnny Depp é o destaque absoluto para o ator, que rouba a cena com talento que impressiona. Depp sai-se muito bem como o Chapeleiro Maluco – exceto por protagonizar uma cena de dança patética, de dar vergonha alheia –, mas finalmente chegou a vez de Helena Bonham Carter (esposa e atriz constante nos filme de Tim Burton) ter os olhos do público voltados para ela. Sua versão para cabeçuda Rainha Vermelha (ou Rainha de Copas) é a típica vilã empática: é sarcástica e engraçada, com a patetice e o deprimente jeito desconjuntado escondidos na perversidade de seus atos desesperados e sua histeria sem fim.

A qualidade da produção, os cenários computadorizados, os figurinos maravilhosos (reparem na quantidade de trocas de roupa de Alice) e o cuidado com os efeitos 3D ressaltam e fazem deste um programa bem divertido e que fará os adultos reviverem a imaginação – e o medo dos personagens – da época em que leram os livros de Lewis Carroll.

Só isso já vale o ingresso, mas só isso não fazem de Alice no País das Maravilhas um filme “maravilhoso”.

 


Crítica por:
Fred Burle (Fred Burle no Cinema)

 

 

Alice no País das Maravilhas

 

 
Tim Burton é um daqueles diretores com estilo próprio, que tem uma marca registrada em todas as sua produções. Dono de uma criatividade peculiar, ele é o responsável por algumas obras-primas do cinema, como Edward Mãos de Tesoura, Peixe Grande, Ed Wood e A Lenda do Cavalheiro sem Cabeça. Mesmo os fãs de Batman que torcem o nariz para o primeiro longa do homem morcego, dirigido por Burton em 1989, precisam admitir que o cineasta fez uma Gothan City impecável e transformou o Coringa de Jack Nicholson em pergonagem célebre.

Pouco baladado em premiações de cinema, Burton ganhou fama mundo afora por seu jeito colorido e folclórico de contar histórias, além de ter transformado o galã Johnny Depp no mais performático ator americano. A dupla volta às telas com um projeto ousado: levar Alice – a personagem imortalizada nos livros de Lewis Carroll – de volta ao País das Maravilhas 13 anos depois de sua primeira aventura por lá.

Fazendo boa bilheteria nos EUA e chegando ao Brasil no feriado de 21 de abril, Alice no País das Maravilhas (Alice in Wonderland) é um dos filmes mais esperados do ano. Em versão 3D e com visual pop, o longa deve ser encarado como uma respeitosa homenagem ao clássico de Carrol, nada além disso.

A primeira hora do filme é chata pra caramba, daquelas chatices que fazem você bocejar e até dormir no cinema. Alice (a pálida e insossa Mia Wasikowska), agora uma jovem que vai ser pedida em casamento, não se lembra do País das Maravilhas, mas é visitada pelo coelho e acaba sendo levada para lá novamente.

Em Wonderland reencontra velhos amigos como o Chapeleiro Louco (Johnny Depp em atuação pouca expressiva) e descobre que a malvada Rainha Vermelha (a ótima Helena Bonhan-Carter) está dominando o lugar.

Visualmente o filme é bacana, com direção de arte e fotografia impecáveis. Aliás, a parte técnica é um luxo, dando ao longa um status de grande produção que fez valer cada centavo investido. Alice usa vestidos deslumbrantes, o que torna o figurino da personagem um dos mais originais já vistos no cinema.

O roteiro demora a engrenar, mas quando acontece não faz de Johnny Depp o protagonista, mantendo o foco em Mia, que mesmo não sendo lá essas coisas até fica bonitinha diante de tantos personagens feios. Mas o grande momento do longa é mesmo a Rainha de Helena Bonham-Carter. A ‘cabeçuda’ literalmente salva o filme, com as melhores cenas e diálogos excelentes.

O 3D dá uma noção de profundidade interessante em algumas cenas, mas não chega a ser fundamental como em Avatar. E, ao contrário do filme de James Cameron, Burton trabalha com o visual, mas sabe contar uma história.

Porém, é preciso admitir que o Tim Burton dos anos 1990 era bem mais legal que o dos anos 2000. Nesta década ele fez filmes como os remakes de Planeta dos Macacos e A Fantástica Fábrica de Chocolate, ambos sem brilho o suficiente para fazer parte da cinebiografia memorável do cineasta.

Se você não tem muita expectativa, Alice no País das Maravilhas vai divertir na medida certa. Para os que acham que este é o filme do ano, no entanto, a decepção pode ser enorme. De qualquer forma o filme cumpre o que Burton sempre faz em suas produções: é uma ode ao cinema esteticamente perfeito. Em outros tempos, em se tratando de Tim Burton, isso também significava um cinema inesquecível e encantador. Mas dessa vez ficou só na estética mesmo.

 

Crítica por: Janaina Pereira (Cinemmarte)

 

 

Alguém Tem Que Ceder

 

 

O estúdio de ‘Alguém Tem Que Ceder’, a Warner Bros, não botava muita fé no seu sucesso, já que é muito difícil uma comédia romântica com seus protagonistas quase na terceira idade agradar aos adolescentes, que é o público que vai mais ao cinema. Mas como, graças a Deus, na sétima arte a lógica não funciona ao pé da letra, o filme fez bastante sucesso.

A direção ficou por conta de Nancy Meyers que tem boa mão para comédias leves (O Pai da Noiva e Do que as Mulheres Gostam). A ela se somaram dois grandes atores que transitam muito bem entre comédia e drama, Jack Nicholson e Diane Keaton.

O roteiro é bastante simples mas por outro lado não é desagradável nem escatológico, não apela a coisas nojentas como quase todas as comédias que circulam por ai atualmente.

Nicholson faz um executivo do mundo da música que apesar dos seus mais de 60 anos nunca teve uma relação estável com nenhuma mulher, sendo um dos maiores mulherengos de todos os tempos. Ele está de namorico com uma jovem garota que poderia ser a neta, eles decidem passar o fim de semana na casa de praia da mãe dela, que é Diane Keaton. Já no primeiro dia ele tem um ataque cardíaco e Diane, mesmo a contra gosto, aceita que ele fique se recuperando em sua casa por algum tempo. Sim, internauta, vai pintar um clima, e as brigas do começo vão dando lugar ao romance, e é ai justamente que a fita perde um pouco da graça. A partir de meio mais ou menos torna-se um romance e há poucas piadas.

Keanu Reeves faz um papel que chama a atenção, está muito diferente do seu padrão de interpretativo, ou seja, cara de “nada”. Aqui ele está encantador e charmoso, realmente uma surpresa.

Alguém tem que Ceder vai agradar em cheio aos casais com mais de 35 anos de idade.


Crítica por:
Andrea Don

 

 

Água Negra

Os remakes orientais estão tomando conta de Hollywood. Após ‘O Chamado’, ‘O Grito’ e ‘The Eye – A Herança’, ‘Água Negra’ seria inevitável. Quando o filme original já é meio fraco, a refilmagem geralmente não consegue ser pior. Mas Walter Salles conseguiu segurar a barra e criou um filme bastante interessante.

O problema deste remake é que, enquanto os marketeiros tentavam vendê-lo como mais um horror assustador, o filme pendia para o lado ‘drama-horror-psicológico’, estilo de filme não tão comercial. Ou seja: ao assistirmos ao filme, por melhor que ele seja, nos sentimos enganados e lesados. Exemplo? É a mesma coisa que pedir ao garçom uma coca-cola e receber uma água (analise barata, mas ainda comparativa).

‘Água Negra’ é uma viajem ao submundo dos problemas familiares e psicológicos, esquecendo a tão falada garotinha que supostamente deveria assustar, mas apenas inferniza. E neste quesito ele se torna um ótimo e bem estruturado drama familiar, com direito à um suspense psicológico que incomoda, mas não assusta.

Jennifer Connelly tem uma ótima interpretação, assim como em ‘A Casa de Areia e Névoa’, ela consegue transmitir o que se passa apenas com os olhares. E isto é ser uma atriz de talento. E a novata Ariel Gade (que interpreta a filha de Connelly), promete ser uma das mais talentosas atrizes da nova geração. Salles também consegue levar uma direção interessante e bem feita, aproveitando um roteiro bem estruturado.

No filme, uma mulher recém-divorciada passando por uma penosa disputa pela custódia da filha acaba procurando um novo lar para viver. Para não ser encontrada pelo ex-marido, ela se esconde em um prédio antigo e passa a ser atormentada por outro problema: o fantasma de uma antiga moradora do lugar.

Um filme bastante complexo e interessante de se ver, mas lembre-se: leve em consideração que o filme não é um terror baratos com fantasmas voando, e sim um drama intenso com uma história fantasmagórica como plano de fundo.