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Festival do Rio 2013: Blue Jasmine

O DECLÍNIO DO IMPÉRIO AMERICANO

Com quase 50 filmes dirigidos no currículo, e já embarcando num próximo projeto para 2014, filme ainda sem título já em fase de pós-produção, com Emma Stone e Colin Firth no elenco, Woody Allen é um tesouro mundial da sétima arte. O lendário cineasta de 77 anos bate ponto todo ano, entregando uma nova obra. Seus fãs se acendem a cada lançamento. Seus detratores o acusam de se repetir. Quem conhece seus filmes de perto sabe que Allen, assim como todo diretor autoral, usa os mesmos elementos repetidas vezes, afinal tudo sai da mente da mesma pessoa. E para Allen, um trabalhador constante, não se repetir momentaneamente se torna ainda mais difícil.

No entanto, mesmo os autointitulados não fãs do diretor, mas sim da sétima arte, reconhecem como primorosos seus trabalhos em obras como Match Point, Vicky Cristina Barcelona e Meia Noite em Paris, isso só para citar os dos últimos anos (particularmente ainda incluiria Tudo Pode dar Certo). E é com muita alegria que digo que Blue Jasmine, o novo filme do diretor, se encaixa ao lado dessas obras celebradas, num top 5 dos últimos anos, e quem sabe no top 10 de toda a carreira do diretor. Blue Jasmine é sem dúvidas um dos trabalhos inspirados do diretor, desses que conseguem destaque entre produções menores como Para Roma, Com Amor, O Sonho de Cassandra e Melinda & Melinda.

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Mesmo fazendo uso de muitas cenas de humor, Blue Jasmine é em seu núcleo um forte drama estarrecedor, que remete a Interiores (seu primeiro drama, e um de meus favoritos em sua filmografia). A ótima Cate Blanchett vive a personagem título, uma mulher que nunca se preocupou em ser nada na vida, além da rica esposa de um magnata, vivido por Alec Baldwin (Rock of Ages – O Filme), e usufruir da boa vida por ele dada. A dondoca de Manhattan sofre um grande golpe do destino, quando o governo confisca todos os bens ilegais de seu marido, fazendo assim com que a protagonista seja forçada a procurar abrigo na casa da irmã, vivida pela britânica Sally Hawkins (Simplesmente Feliz).

Ginger (Hawkins) é caixa de um supermercado, vive em San Francisco, e parece feliz com sua vida, divorciada, com dois filhos pequenos para criar, e se metendo em relacionamentos consecutivos com perdedores de pouca aspiração. Apesar de Hawkins ser uma boa atriz, aqui além do sotaque, ela força também a atuação. O mesmo não acontece com Blanchett, exibindo a maior beleza física de sua carreira, a atriz de 44 anos a equipara como uma performance primorosa. Será verdadeiramente uma grande decepção se Blanchett não for indicada ao Oscar, coisa que não deve deixar de acontecer. Jasmine, ou Jeanette, é uma das melhores personagens já personificadas pela atriz.

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Deixe para um gênio criar uma história, e personagens, tão estimulante e devastadora. A narrativa acontece com flashbacks intercalando o tempo presente, dessa forma vamos catando as informações deixadas por Allen, e as montando em nossas cabeças. O talentoso veterano vai revelando aos poucos toda intrincada trama, a personalidade de nossa heroína, e tudo o que ela é capaz. Quando achamos que já recebemos todas as informações, Allen cria o gran finale com a última reviravolta. Esse não é o típico filme acolhedor e simpático do diretor, é uma tragédia, recheada de momentos chocantes, como seu desfecho pra lá de impactante.

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Aqui ainda temos espaço para as eficientes participações de Andrew Dice Clay (figuraça da década de 1980 e 1990) no papel do primeiro marido de Hawkins, Peter Sarsgaard (Lovelace), do comediante Louis C.K. (da série Louie), e principalmente de Bobby Cannavale (O Agente da Estação), o segundo melhor em cena depois de Blanchett, no papel do noivo atual da personagem de Hawkins. Ele é um sujeito truculento e sem sofisticação alguma, que serve de contraponto perfeito para a protagonista, e forte colaborador para a sua ruína. Não faltam elogios para Blue Jasmine, um filme no qual somos convidados a assistir um desastre de trem que está prestes a acontecer, mas que não conseguimos desviar o olhar.

Festival do Rio 2013: The Zero Theorem

A REDE ANTI-SOCIAL

De todos os filmes loucos do diretor Terry Gilliam (O Mundo Imaginário do Doutor Parnassus), The Zero Theorem pode muito bem ser considerado o mais louco de todos. Gilliam começou a carreira como parte da trupe britânica do Monty Python, e chegou inclusive a dirigir Em Busca do Cálice Sagrado (1975) e parte de O Sentido da Vida (1983), filmes do grupo. O diretor se tornou também o talento mais proeminente dos amigos de Python, atrás das câmeras. Em seu currículo estão obras cultuadas como Brazil – O Filme, Os Doze Macacos e Medo e Delírio. Estreando no Festival de Veneza, o novo trabalho de Gilliam chega ao Festival do Rio 2013, sem passar por muitos lugares antes.

Na trama, passada no futuro, temos o protagonista vivido por Christoph Waltz (vencedor do Oscar passado por Django Livre), um sujeito recluso, que mora numa igreja abandonada. Ele trabalha para uma grande empresa, como uma espécie de analista. Sua função é conseguir achar o tal teorema zero do título, para isso o protagonista passa os seus dias alinhando fórmulas matemáticas em seu computador, no trabalho e em casa. Para operar o programa o personagem usa um joystick de vídeo game (um dos adereços que parecem deslocados e forçados dentro da direção de arte do filme).

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O visual chamativo e fantástico é uma das marcas registradas do diretor, e seu futuro distópico e totalitário, de filmes como Doze Macacos e Brazil, marca presença aqui também. De todos os filmes do cineasta, Zero Theorem mais se assemelha ao citado Brazil – O Filme, que trazia o homem comum, burocrata de plantão, vivido por Jonathan Pryce (G.I. Joe 2 – Retaliação), envolvido na teia do sistema de um mundo no qual não achava que pertencia. O mesmo ocorre com Qohen Leth (Waltz). Mas enquanto Pryce era um apático sujeito ordinário, Waltz é por si só tão desequilibrado e excêntrico quanto o seu admirável mundo novo.

O sujeito sem nenhum pelo no corpo, o que inclui cabelo e sobrancelha, acredita que está morrendo, sem nenhum motivo aparente. Ele vive esperando por uma ligação que irá revelar seu verdadeiro propósito no mundo, além de sempre se referir a si mesmo no plural. Todas essas esquisitices em sua personalidade soam como artifício não genuíno, já que são esquecidas durante o percurso, como uma ideia abandonada. O protagonista possui um chefe inconveniente, vivido por David Thewlis (Red 2), que cisma de trocar seu nome, e insistir em uma socialização chamando-o para festas e jantares. Leth também conhece uma prostituta interpretada pela francesa Mélanie Thierry (Missão Babilônia), o brilho da obra.

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Matt Damon (Terra Prometida) aparece de cabelos brancos como uma figura oracular, dono da grande empresa para a qual o protagonista trabalha. Zero Theorem, além de todas as entrelinhas filosóficas colocadas por Gilliam para serem esmiuçadas pelos interessados, fala sobre o distanciamento e anti-socialização real providos pela modernidade e informatização. Um tema um tanto quanto passado, aqui retratado de forma inusitada, visual, e como de costume, alucinógena pelo diretor. O que o novo trabalho de Gilliam carece em relação aos seus outros projetos futuristas caóticos é a diversão, e um senso de entretenimento.

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A melancolia está lá. E tudo o que diz respeito ao medo de seu próprio mundo. No entanto, os poucos momentos de descontração são incluídos apenas com a presença de Thierry, que demonstra muito talento e aptidão para encarar tudo o que Gilliam joga em direção a ela. A jovem de 32 anos se revela à altura do desafio desse tour de force. Já o protagonista Waltz parece, na maioria de suas cenas, desconfortável e perdido. É como se, assim como alguns trejeitos característicos de seu personagem, o ator tivesse perdido a empolgação pelo trabalho durante o percurso da produção.

Aposta Máxima (2)

QUEBRANDO A BANCA VIRTUAL

Aposta Máxima (Runner, Runner no original) é um suspense relativamente interessante, que mesmo sem ter sido esse o seu propósito de existir inicialmente, após o resultado soa como um produto para capitalizar em cima do potencial do músico (e agora ator) Justin Timberlake (O Preço do Amanhã) como protagonista. No filme, o astro pop vive Richie Furst, um jovem apostador virtual buscando lucrar um pouquinho. Ao ser trapaceado num site, o sujeito resolve ir reclamar pessoalmente com o dono da empresa, Ivan Block, personagem do ator, e agora diretor de mão cheia, Ben Affleck (Argo).

O empresário e aspirante a magnata vê no protagonista potencial, e resolve alistá-lo como funcionário, e eventualmente seu braço direito nos negócios. O que o personagem principal não contava, é que nesse ramo as coisas não parecem o que são, e mais de uma vez sua vida correrá risco. Desde agentes do FBI fechando o cerco até corruptos surrando-o, o personagem de Timberlake percebe que definitivamente esse não é um emprego de nove as cinco. Por essa premissa já podemos perceber que Aposta Máxima não é das produções mais originais, e remete desde A Firma (1993), até filmes mais recentes como Quebrando a Banca (2008).

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Aposta Máxima não é um filme ruim. Entretém e diverte enquanto você está assistindo, e com apenas 91 minutos de exibição, não chega a incomodar nem um pouco. O grande problema é que a obra é o que o grande crítico Roger Ebert chamava de chiclete para o cérebro, uma vez que seu gosto tenha passado, realmente não conseguimos lembrar uma cena sequer. Esse é um filme extremamente genérico e esquecível. Não existe um único momento de grande diferencial para as inúmeras outras obras semelhantes e ela. Nada aqui gruda. Embora Affleck (em especial, vivendo seu primeiro vilão) e Timbelake estejam bem em cena, todo o resto não os ajuda muito.

A britânica Gemma Arterton (João e Maria – Caçadores de Bruxas), a terceira em destaque na trama, personifica a síndrome do belo objeto de cena, um dos clichês mais irritantes de produções hollywoodianas desse tipo, nas quais belas mulheres servem apenas para viver romances descartáveis com os protagonistas, parecerem lindas, e mais nada. Se até mesmo James Bond já deu espaço para suas coadjuvantes brilharem em sua nova fase, vide Cassino Royale. Personagens assim são um grande retrocesso para atrizes. Fato que chama a atenção negativamente para o roteiro da dupla Brian Koppelman e David Levien (Cartas na Mesa, O Júri e Confissões de uma Garota de Programa).

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Fora isso, um momento chave na trama não bate. A cena envolve um grande investidor, que Affleck e Timberlake desejam chantagear para que trabalhe com eles. O sujeito é um notório mulherengo, mas casado. E com um plano digno da mente mais infantil, o sujeito é levado ao mar num iate ao lado de beldades treinadas para seduzi-lo. Ao cair em tentação, chegam as fotos do ocorrido, com os papéis para que o sujeito irredutível faça o acordo. Simples não? Aposta Máxima é dirigido pelo jovem Brad Furman, cujo trabalho anterior foi o vastamente superior O Poder e a Lei (2011), com Matthew McConaughey.

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A produção é de Leonardo DiCaprio, um astro que não se envolve em qualquer tipo de projeto. Por todos esses nomes, esperava-se que Aposta Máxima fosse muito mais afiado, inteligente e diferenciado. O resultado final soa como uma obra passageira e despretensiosa, dessas que não recomendamos de verdade aos amigos. Justin Timberlake veio ao Brasil para o Rock in Rio, e em sua passagem por terras cariocas tirou tempo para promover o filme, e louvar cineastas como David Fincher e os irmãos Coen. No fundo Timberlake entende as regras do jogo, e sabe que infelizmente nem só de cineastas desse porte vive um ator.

Aposta Máxima

Mesmo blefando, a partida foi perdida.

Num mundo onde apostar online no pôquer é a grande onda dos últimos tempos, o talentoso estudante Richie Furst (Justin Timberlake), que tem dificuldades em pagar sua universidade, entra nesse negócio e vê sua conta bancaria aumentar significativamente, em pouco tempo. Em uma dessas jogatinas, o rapaz investe e perde todo seu dinheiro. Surpreendido, descobre que estava sendo roubado por uma empresa que mantinha um esquema quase que imperceptível, por fazer blefes aparentemente tolos, mas pontuais.

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Inconformado, Furst vai atrás da filial, em Porto Rico, no intuito de conversar com o dono desta firma, presidiada pelo lendário empresário Ivan Block (Ben Affleck). Lá ele recebe uma proposta irrecusável do próprio Block, que, cinicamente, pede desculpas pelo crime, e afirma não saber o que estava ocorrendo. Que sua companhia era enorme e passível de sofrer golpes como esses. Obviamente uma conversa fiada, mas que aos ouvidos de Richie, tornou-se esclarecedora e conveniente. Assim, ele se tornaria funcionário da tal empresa e teria uma vida luxuosa, fazendo o que gosta, sem mesmo precisar pensar no futuro. Porém, com o passar do tempo, e de situações extremas, que colocam sua vida em risco, ele descobre que o problema é bem maior do que imaginava.

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Novamente, com um desempenho convincente, Justin Timberlake segura, até certo ponto, a barra desta nova empreitada do diretor Brad Furman, que vinha do regular O Poder e a Lei. Porém, aqui, com o fraco roteiro assinado pela dupla Brian Koppelman e David Levien, Furman realiza um trabalho bastante indigesto. Não criando uma linha narrativa constante, que mantivesse o ritmo eletrizante que o longa exigia. Mesmo com um Timberlake envolvido – que já tinha provado ser bom ator em títulos como A Rede SocialO Preço do Amanhã Alpha Dog –, um Ben Affleck que, sim, está bastante caricato, mas parece se divertir em tela, como uma espécie de rei do crime, ou ainda de uma Gemma Arterton (Byzantium) extramente sensual, a fita não obtém êxito no que se refere a prender atenção da plateia.

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Pedestre desde o seu argumento inicial e repleto de buracos – quando alguém com milhões ainda se preocupa em terminar a faculdade; ou do chefão do crime organizado saber que está sendo investigado e traído (em todos os sentidos) embaixo do seu nariz, não faz nada a respeito; e de uma biscate que sempre gostou do luxo e esteve envolvida com bandidos, se apaixonar perdidamente por um adolescente que é capacho de seu antigo, bonito e rico companheiro –, nem mesmo em aspectos mais técnicos como a trilha sonora, que se mostra sem identidade, ou nas tomadas de ação, rápidas e cheias de cortes sem sentido, a obra surte efeito.

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Talvez consiga distrair o espectador médio pelo fato de Furman tentar criar certa tensão sobre a conclusão da história – que curiosamente aborda o tema de pirâmide financeira. Um assunto pungente e que merecia ser levado um pouco mais a sério. Em todo caso, esse é mais um daqueles blockbusters sem grandes pretensões artísticas, recheado de astros e que mira somente numa direção: a bilheteria. O troço é assumidamente escapista, estando muito aquém até de filmes medianos como o semelhante Quebrando a Banca, que em vez de pôquer, tinha como jogo citado, o 21.

Festival do Rio 2013: O Verão da Minha Vida

FÉRIAS FRUSTRADAS DE VERÃO

Primeira incursão na direção da dupla Jim Rash e Nat Faxon, responsáveis pelo roteiro do sucesso Os Descendentes (2011). O Verão da Minha Vida mistura elementos de filmes como Pequena Miss Sunshine e Adventureland – Férias Frustradas de Verão. Do primeiro tira o clima, uma mistura de comédia e drama, e dois de seus atores, Steve Carell (O Incrível Mágico Burt Wonderstone) e Toni Collette (Hitchcock). E do segundo tira quase toda a trama de forma xerocada. Troque apenas um parque de diversões por um parque aquático, e as idades dos protagonistas, aqui ele é mais jovem.

O menino Liam James (2012) foi escolhido como o protagonista introspectivo Duncan, um menino de quatorze anos de idade, numa performance, bem, introspectiva. O personagem principal, muito identificável para a maioria dos meninos que passaram por essa fase, é levado para passar as férias de verão na casa de praia de seu padrasto (Carell), ao lado da mãe (Collette), e da filha do padrasto (Zoe Levin), uma patricinha. O jovem estaria renegado a um verão de vergonhas consecutivas ao lado da família (emprestada), não fosse pela descoberta de seu refúgio, o parque aquático Water Wiz, gerenciado pelo amalucado Owen, papel do sempre ótimo Sam Rockwell (Sete Psicopatas e um Shih Tzu).

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O sujeito de bom coração e sem grande compromisso com a seriedade e responsabilidade, é pura diversão, e se torna a tábua de salvação para o protagonista. A amizade entre os dois é realmente emocionante, e o grande ponto alto do filme. Sem nunca parecer forçado, mas honesto o tempo todo, Rockwell dispara seus diálogos como uma metralhadora, fazendo a maioria soar como grande improviso. Não que ele não estivesse sendo escoltado, afinal os roteiristas e diretores da obra estavam bem ao seu lado, também trabalhando como atores de seu núcleo. Nat Faxon é Roddy, o festeiro amigo do personagem de Rockwell, e é o vigia do tobogã que possui uma certa técnica na hora de liberar as meninas.

E Jim Rash vive o excêntrico e infeliz Lewis, personagem de quem todos tiram um sarro, e vive prometendo se demitir do local, e arranjar algo melhor. Fechando a equipe do parque temos Maya Rudolph, esposa na vida real do cineasta Paul Thomas Anderson, que vive o interesse amoroso do personagem de Rockwell. Embora faça uso de uma trama reciclada de produções melhores, como o citado Adventureland, O Verão da Minha Vida tem tudo para agradar. É honesto ao expor os sentimentos de jovens nessa fase da vida, e o faz com certa classe, sem precisar apelar. Esse sem dúvidas é um ponto a favor da dupla de diretores estreantes.

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Os atores estão em sua melhor forma. Além do grande brilho citado de Sam Rockwell, e do desempenho satisfatório em um personagem difícil do marinheiro de primeira viagem James; temos ainda os destaques de Allison Janney (Histórias Cruzadas), como uma vizinha com forte paixão pela bebida e pouco instinto materno, Toni Collette num papel também difícil e sofrido, e a gracinha AnnaSophia Robb, de 19 anos, que tem tudo para se tornar uma das atrizes mais belas de sua geração. De todos, no entanto, o trabalho que mais vale mencionar, é o desempenho inusitado do comediante Steve Carell.

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Em sua performance mais contida, e sem nenhum pingo de humor, Carell é de certa forma o antagonista do filme, ao menos para o protagonista. Um sujeito egocêntrico e cheio de si, disposto a ditar muitas regras, em nome de uma hipócrita tentativa de uma família perfeita. Facilmente, a maioria irá apontar a cena do grande confronto durante um churrasco noturno, como um dos momentos de maior destaque e emoção, dentro dessa agradável história de amadurecimento.

Festival do Rio 2013: Obsessão

DELÍRIOS DE DIAS DO VERÃO

O diretor Lee Daniels tomou o mundo cinéfilo de assalto em 2009 ao entregar Preciosa, drama devastador indicado para seis prêmios no Oscar (incluindo melhor filme), e vencedor de dois. Num curto espaço de tempo, o ocupado cineasta lança mais dois novos projetos. Seus dois novos filmes fazem parte da programação do Festival do Rio 2013. O Mordomo da Casa Branca (o último a ser lançado) é o mais prestigiado. Extremamente elogiado, o filme tem grandes chances no Oscar 2014. É o mais correto também, e certo de agradar a gregos e troianos.

The Paperboy, que no Brasil recebeu o título genérico Obsessão, é um filme mais subversivo, exibido em Festivais, e para quem gosta de filmes estranhos e diferentes. Baseado no livro de Peter Dexter, e com o roteiro adaptado pelo próprio Daniels, em parceria com o autor do livro, a história traz o jovem Zac Efron como o protagonista Jack. Na flórida da década de 1960, no fervor da segregação racial que tomava o mundo, a trama foca no caso de um condenado a morte, que pode ser inocente da acusação de ter assassinado um oficial de polícia. Hillary, o condenado, é interpretado de forma insana por John Cusack.

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No local chega Ward, papel de Matthew McConaughey (em mais um de seus papéis de retorno à boa forma), e seu colega jornalista Yardley, vivido por David Oyelowo (destaque em O Mordomo da Casa Branca), um britânico pomposo. Jack (Efron) é o irmão caçula do repórter vivido por McConaughey, e ele serve como nossos olhos para tudo o que acontece na tela. Ele é o narrador, e o ponto de vista da história. O rapaz perdido, sem um foco na vida, sente grande orgulho do irmão, e começa a ajudar a equipe jornalística servindo como motorista. Entra em cena a personagem mais chamativa da obra, Charlotte, a mulher espevitada vivida por Nicole Kidman.

De cabelos loiros platinados, e usando um figurino revelador durante toda a projeção, Kidman tem um desempenho impressionante, que faz Suzanne Stone Maretto, sua personagem em Um Sonho Sem Limites, parecer uma freira num convento. Alguns dos momentos mais insanos da carreira de Kidman estão aqui, a maioria fazendo uso de uma sexualidade vulcânica. Ela vive a chamada “White trash”, uma pobretona local, sem refinamento algum, que se corresponde por cartas com o personagem de Cusack, e com ele desenvolveu um relacionamento platônico. Os dois estão prometidos como noivos, quando, e se, o sujeito sair da prisão.

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Coisa que o determinado personagem de McConaughey está disposto a fazer. Ele acredita piamente que o sujeito não é culpado, e como um bom jornalista sai em busca pela verdade. Custe o que custar. Em sua maioria, Obsessão é um thriller investigativo, que tem em suas entrelinhas material louco o suficiente para fazer dele um grande entretenimento camp. O jovem personagem de Efron apaixona-se perdidamente pela sensual personagem de Kidman, e no percurso cria uma espécie de incomum triângulo amoroso. Como todos os filmes do diretor Daniels, Obsessão tem um forte teor racial, implícito ou explícito, e aqui ele vem em sua maioria envolvendo a personagem da cantora Macy Gray.

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Gray vive a empregada na casa de Efron, e grande amiga do rapaz. Obsessão mostra como as pessoas lidavam com a situação racial latente, mesmo as que queriam se manter imparciais ou afastadas do conflito e polêmica. Obsessão caminha em dois mundos. Em seus momentos mais sóbrios é um justo suspense de investigação, com o fantasma do auge da segregação racial como pano de fundo; já em seus momentos mais alucinados é um filme de terror com cenas violentas, chocantes e explícitas, e faz uso de um material sexual acelerado que envolve uma das cenas de masturbação mais alucinadas da história do cinema. Como se isso não bastasse, no momento mais non sense a personagem de Kidman tem justamente a cura ideal para a queimadura de águas vivas.

Numa Fria

(Thin Ice)

 

Elenco:

Alan Arkin, Billy Crudup, David Harbour, Greg Kinnear, Jennifer Edwards-Hughes, John Paul Gamoke.

Direção: Jill Sprecher

Gênero: Comédia Dramática

Duração: 93 min.

Distribuidora: Universal Pictures

Orçamento: US$ — milhões

Estreia: Nas Locadoras – Janeiro de 2014

Sinopse:

O indicado ao Oscar®, Greg Kinnear*, o ganhador do Oscar®, Alan Arkin**, e Billy Crudup lideram um estrelado elenco, na comédia mais aclamada do ano. Mickey Prohaska (Kinnear) é um modesto vendedor de seguros procurando ganhar um bom dinheiro para escapar do gélido estado de Wiscosin. Mas o golpe esperto de Mickey fica fora de controle, quando um imprevisível ex-presidiário (Crudup) vira a mesa e torna o negócio mais arriscado do que ele poderia imaginar.

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Fotos:

Depois dos 30

(A Few Best Men)

 

Elenco:

Laura Brent, Xavier Samuel, Rebel Wilson, Tim Draxl, Kris Marshall, Kevin Bishop, Olivia Newton-John, Phillip Scott, Rachel Strickland, Shane Bennett, Solveig Walking, Stephan Elliott.

Direção: Stephan Elliott

Gênero: Comédia

Duração: 97 min.

Distribuidora: Imagem Filmes

Orçamento: US$ — milhões

Estreia: Nas Locadoras – Outubro de 2013

Sinopse:

O trintão David, resolveu tomar jeito na vida. Irá sair de Londres e viajará até a Austrália, onde vai casar com Mia, a mulher de sua vida.
Em uma demonstração de solidariedade masculina seus três melhores amigos resolvem acompanhá-lo para sua alegria e desespero.

Curiosidades:

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Fotos:

Peixonauta – Agente Secreto da O.S.T.R.A.

(Peixonauta – Agente Secreto da OSTRA)

 

Elenco: Vozes de: Fábio Lucindo, Fernanda Bullara, Celso Alves.

Direção: Célia Catunda e Kiko Mistrorigo

Gênero: Animação

Duração: 95 min.

Distribuidora: Polifilmes

Orçamento: US$ — milhões

Estreia: 9 de Novembro de 2012

Sinopse: Peixonauta prepara-se para uma nova aventura, agora para ser agente especial O.S.T.R.A. (Organização Secreta Para Total Recuperação Ambiental). Para conquistar a insígnia, ele terá de cumprir sete missões com a ajuda de seus amigos Marina e Zico e toda a turma do Parque das Árvores Felizes.

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Os Croods

(The Croods)

 

Elenco:
Vozes no original de: Nicolas Cage, Ryan Reynolds, Emma Stone, Catherine Keener, Clark Duke, Cloris Leachman.

Direção:
Kirk De Micco e Chris Sanders

Gênero:
Animação

Duração:
98 min.

Distribuidora:
DreamWorks

Orçamento:
US$ 120 milhões

Estreia:
22 de Março de 2013

Sinopse:
A comédia pré-histórica ‘Os Croods‘ acompanha a família Crood, que tem sua caverna destruída. O clã se vê obrigado a partir em busca de uma nova casa. Liderados por Grug, só não imaginavam que sair das cavernas ia render a maior aventura de suas vidas.

Cage emprestará sua voz a Crug, que cautelosamente guia sua família em busca de um lugar seguro, depois que um terremoto destrói sua casa. Ao tentar encontrar um caminho em ambiente perigoso e hostil, ele encontra o personagem de Reynolds, um nômade que encanta o clã de Crug com seus modos modernos – especialmente sua filha mais velha.

 

Curiosidades:

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Fotos:

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