sexta-feira, abril 26, 2024

Crítica | Dois Lados do Amor

Dois Lados de uma Mesma Moeda

Planejado como três filmes, Dois Lados do Amor (The Disappearence of Eleanor Rigby) possui uma produção curiosa. O diretor e roteirista Ned Benson criou sua ode ao amor amargo e no percurso resolveu montar três filmes diferentes: Him, Her e Them. O primeiro diz respeito ao olhar do homem, num relacionamento que chegou ao fim; o segundo, da mulher; e por fim, o terceiro apresenta uma visão mesclada, intercalando as duas anteriores. É justamente esta a mais honesta, e a que recebemos durante o Festival do Rio passado. E é esta também que estreia amanhã nos cinemas do Brasil.

Jessica Chastain (Interestelar) – que também produz o filme –  e James McAvoy (X-Men: Dias de um Futuro Esquecido), dois dos jovens atores mais proeminentes em Hollywood na atualidade, vivem um casal cujo relacionamento chegou ao fim por motivo de uma tragédia. Ao contrário de O Amor é Estranho, outra pequena obra-prima sobre relacionamentos amorosos, que estreia neste fim de semana, e foca na superação de barreiras, Dois Lados do Amor pode ser considerado seu extremo oposto, perguntando como seguir em frente depois do fim. A primeira cena abre com a tentativa de suicídio de Eleanor Rigby (Chastain), e dali em diante seguimos para entender seu comportamento.

CinePop 3

A ruiva busca abrigo na casa dos pais, interpretados por Willam Hurt e a pela musa francesa Isabelle Huppert. Ele é o fiel escudeiro da filha, dando apoio de todas as formas. Já a mãe, se comporta mais como figura ausente e pouco afetiva. A presença da francesa enaltece a obra, e cria com Chastain o duelo das ruivas mais talentosas de dois continentes e gerações. Do outro lado temos Conor Ludlow (McAvoy), o sujeito que não deu a luta como vencida, e tentará constantemente recuperar o passado, ou ao menos o amor de sua parceira. O sujeito é dono de um bar, e seus “ombros confidentes” são o amigo Stuart (Bill Hader) e o pai rico (Ciarán Hinds), com quem não tem o melhor dos relacionamentos.

CinePop 2

Dois Lados do Amor é honesto na sua proposta de discussão sobre relacionamentos amorosos despedaçados. Fala de obsessão e superação, sobre a perda da esperança, renovação e o desejo por uma nova vida versus a restauração da antiga. Chastain e McAvoy (além de todo o elenco) entregam performances comprometidas e desgastantes. O apelo dramático aqui é muito forte. Aliás, o título original se refere justamente a isso. O Desaparecimento de Eleanor Rigby é o desaparecimento da protagonista de sua própria vida, uma forma de fugir de uma tragédia sem realmente precisar encará-la.

Esse aspecto de certa forma é quase como criar outra personalidade, que sirva como uma fuga da realidade. Nesse percurso, Eleanor começa um curso e cria amizade com a professora, interpretada pela duas vezes indicada ao Oscar (assim como a própria Chastain) Viola Davis, a qual servirá estrategicamente como sua conselheira. Os percalços da vida nunca foram mais definidores. Dois Lados do Amor é extremamente identificável, e não apenas para os que enfrentaram tragédias, porque isso é apenas uma grande analogia. O principal tema é o ganho e a perda do amor, o se apaixonar e se desapaixonar. O desfecho confeccionado por Benson é ao mesmo tempo enigmático, poético e esperançoso.

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