sábado , 14 dezembro , 2024

Crítica | Coisa Mais Linda – 2ª Temporada é uma Ode ao Empoderamento Feminino

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A segunda temporada de ‘Coisa Mais Linda’ começa um pouco depois de quando terminou a primeira, dando a resolução do que aconteceu à Malu (Maria Casadevall) e Lígia (Fernanda Vasconcellos). Há ainda o retorno de personagens fundamentais na trama, que chegam para desestabilizar a gerência da casa de música ‘Coisa Mais Linda’ e a amizade entre as mulheres. Com uma nova dinâmica em suas vidas pessoais e afetivas, Malu, Adélia (Pathy Dejesus), Thereza (Mel Lisboa) e Ivone (Larissa Nunes) têm que repensar seus lugares no mundo enquanto mulheres e a necessidade de trilharem seus próprios caminhos de acordo com suas próprias ambições.



Duas grandes diferenças se destacam no argumento da transição da série para essa segunda temporada. A primeira é o giro do protagonismo, menos centrado em Malu e mais aberto às outras mulheres, em especial no desenvolvimento do núcleo de Adélia; em outras palavras, o protagonismo da série recai sobre as vivências de uma mulher negra (oba!). O segundo destaque é o maior enfoque na questão do trabalho, no quanto isso engrandece as mulheres e no quanto é importante pensar numa carreira em qualquer campo que se queira seguir – e no quanto o exercício do trabalho (para além do doméstico) engrandece, liberta e empodera a mulher.

O roteiro de Luna Grimberg com a colaboração de Giuliano Cedroni, Heather Roth, Patricia Corso e Leonardo Moreira intercala bem todos os núcleos das personagens e consegue trabalhar muitos dos temas encontrados na vida de cada uma dessas mulheres: assédio e desvalorização no âmbito do trabalho, o apagamento do nome das mulheres na história, racismo, os contrastes na perspectiva de uma criança negra crescendo em uma família branca, as leis (que foram escritas para favorecer o homem), dentre muitos outros. Sem contar os diálogos profundos, que nos fazem querer anotar tudo num caderninho, como “Cuidado! Não há nada mais perigoso para uma mulher do que a comodidade”, ou “Todo dia parece um pesadelo, mas é na verdade a minha vida” ou o diálogo que pergunta “Você é feliz?”, ao que a mulher responde “Não é a história que eu teria escrito, mas sou feliz sim.” É preciso refletir sobre a potência dessas frases dentro do contexto em que aparecem.

A direção de arte continua impecável e primorosa, com uma cuidadosa recriação estética do figurino, do cenário, do cabelo e dos objetos dos anos 1950/60. É simplesmente de encher os olhos. Mérito também para a equipe de efeitos especiais, que transpuseram um ar lúdico a um saudosos Rio de Janeiro de outrora.

O elenco super em sintonia manteve o nível alto da superprodução e não deixou a peteca cair nessa continuação. Destaque para Pathy Dejesus e Larissa Nunes, que conduziram suas jornadas com bastante firmeza, superação e sorriso no rosto.

A segunda temporada de ‘Coisa Mais Linda’ levanta um questionamento recorrente às mulheres a quem não era dado o poder de escolha: o que faríamos caso pudéssemos ter uma segunda chance na vida? Continuaríamos com o que temos ou faríamos diferente? ‘Coisa Mais Linda’ é um trabalho dedicado de pesquisa, que passa uma mensagem urgente da construção de uma narrativa de sororidade entre as mulheres, não de competição. Mantem-se como uma das séries mais relevantes e bem-feitas dos últimos tempos, que precisa ser vista por todos.

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Janda Montenegrohttp://cinepop.com.br
Escritora, autora de 6 livros, roteirista, assistente de direção. Doutora em Literatura Brasileira Indígena UFRJ.

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A segunda temporada de ‘Coisa Mais Linda’ começa um pouco depois de quando terminou a primeira, dando a resolução do que aconteceu à Malu (Maria Casadevall) e Lígia (Fernanda Vasconcellos). Há ainda o retorno de personagens fundamentais na trama, que chegam para desestabilizar a gerência da casa de música ‘Coisa Mais Linda’ e a amizade entre as mulheres. Com uma nova dinâmica em suas vidas pessoais e afetivas, Malu, Adélia (Pathy Dejesus), Thereza (Mel Lisboa) e Ivone (Larissa Nunes) têm que repensar seus lugares no mundo enquanto mulheres e a necessidade de trilharem seus próprios caminhos de acordo com suas próprias ambições.

Duas grandes diferenças se destacam no argumento da transição da série para essa segunda temporada. A primeira é o giro do protagonismo, menos centrado em Malu e mais aberto às outras mulheres, em especial no desenvolvimento do núcleo de Adélia; em outras palavras, o protagonismo da série recai sobre as vivências de uma mulher negra (oba!). O segundo destaque é o maior enfoque na questão do trabalho, no quanto isso engrandece as mulheres e no quanto é importante pensar numa carreira em qualquer campo que se queira seguir – e no quanto o exercício do trabalho (para além do doméstico) engrandece, liberta e empodera a mulher.

O roteiro de Luna Grimberg com a colaboração de Giuliano Cedroni, Heather Roth, Patricia Corso e Leonardo Moreira intercala bem todos os núcleos das personagens e consegue trabalhar muitos dos temas encontrados na vida de cada uma dessas mulheres: assédio e desvalorização no âmbito do trabalho, o apagamento do nome das mulheres na história, racismo, os contrastes na perspectiva de uma criança negra crescendo em uma família branca, as leis (que foram escritas para favorecer o homem), dentre muitos outros. Sem contar os diálogos profundos, que nos fazem querer anotar tudo num caderninho, como “Cuidado! Não há nada mais perigoso para uma mulher do que a comodidade”, ou “Todo dia parece um pesadelo, mas é na verdade a minha vida” ou o diálogo que pergunta “Você é feliz?”, ao que a mulher responde “Não é a história que eu teria escrito, mas sou feliz sim.” É preciso refletir sobre a potência dessas frases dentro do contexto em que aparecem.

A direção de arte continua impecável e primorosa, com uma cuidadosa recriação estética do figurino, do cenário, do cabelo e dos objetos dos anos 1950/60. É simplesmente de encher os olhos. Mérito também para a equipe de efeitos especiais, que transpuseram um ar lúdico a um saudosos Rio de Janeiro de outrora.

O elenco super em sintonia manteve o nível alto da superprodução e não deixou a peteca cair nessa continuação. Destaque para Pathy Dejesus e Larissa Nunes, que conduziram suas jornadas com bastante firmeza, superação e sorriso no rosto.

A segunda temporada de ‘Coisa Mais Linda’ levanta um questionamento recorrente às mulheres a quem não era dado o poder de escolha: o que faríamos caso pudéssemos ter uma segunda chance na vida? Continuaríamos com o que temos ou faríamos diferente? ‘Coisa Mais Linda’ é um trabalho dedicado de pesquisa, que passa uma mensagem urgente da construção de uma narrativa de sororidade entre as mulheres, não de competição. Mantem-se como uma das séries mais relevantes e bem-feitas dos últimos tempos, que precisa ser vista por todos.

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Janda Montenegrohttp://cinepop.com.br
Escritora, autora de 6 livros, roteirista, assistente de direção. Doutora em Literatura Brasileira Indígena UFRJ.

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