terça-feira, março 19, 2024

Crítica | Mundo Mistério – Felipe Castanhari em ótima série Educacional estilo ‘O Mundo de Beakman’

Desde o início da reclusão social as pessoas têm sentido muita dificuldade de concentração, especialmente aqueles que estão trabalhando ou estudando em casa. Tá realmente complicado focar, e, quando nos colocamos no lugar das crianças, essa dificuldade de acentua, pois elas, acostumadas a interagir com os coleguinhas e ter atividades diferentes de aprendizado, da noite para o dia se viram sozinhas diante de uma tela fria de computador. Como recurso para voltar a despertar o interessa da garotada, chega essa semana à Netflix a série ‘Mundo Mistério’, que certamente irá despertar o interesse do público alvo.

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O sucesso de Castanhari está bastante fundamentado no fato de ele ter atentado para um formato de programa para crianças muito comum nos anos 1980 e 1990, mas que sumiu nas gerações 2000 e 2010. Ao resgatar o formato de programa de curiosidades com bases científicas e histórica + experimentos de laboratório, demonstrações físicas do conceito teórico e/ou instrução estilo DIY para as crianças reproduzirem o conteúdo aprendido em casa, Castanhari acertadamente apresenta um conteúdo relevante e instrutivo para uma geração que foi privada de crescer aprendendo se divertindo com os programas de televisão, tais como o quadro do “Por quê” no Castelo Rá-Tim-Bum , e até mesmo o Telecurso 2000 (mencionado na própria série).

Estrelada e dirigida pelo youtuber e apresentador Felipe Castanhari, a série possui oito episódios de vinte e sete minutos de duração, mas cada um deles não tem necessariamente a ver com o outro, de modo que o espectador pode assistir na ordem que desejar. Inclusive, uma boa sugestão seria não maratonar a série – uma vez que cada capítulo contém muita informação, seria muito mais produtivo assistir a um capítulo e, em seguida, pesquisar por conta própria se os dados são mesmo da forma como foram apresentados. É assim que se estuda e se aprende.

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O roteiro dos episódios segue o mesmo padrão em todos os oito capítulos, o que facilita na identificação do formato para os mais jovens. Observa-se, porém, que a narrativa desse roteiro é eurocentrada: Castanhari parte de um fato X, traz suas referências e cientistas lá da Europa/Estados Unidos e, quando cabe espaço, traz o referencial equivalente para o Brasil. É uma escolha narrativa, e tá tudo bem. Mas sugere que ‘Mundo Mistério’ é uma série que quer ser mais bem recebida nos países em que a Netflix está disponível, e não só localmente.

Cheios de referências ao universo pop e à filmes conhecidos da galera, não passa despercebido, porém, o tom apocalíptico que os episódios possuem. Para além dos temas, com exceção do primeiro episódio (que trata do mistério no Triângulo das Bermudas) todos os outros de um jeito ou de outro abordam o fim da humanidade, a morte (ou possibilidade de) de milhões de pessoas, a extinção do planeta e por aí vai. Isso deixa um gosto meio amargo na boca, especialmente quando o público alvo é a garotada na faixa dos 10-12 anos.

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Felipe Castanhari está muito bem fazendo exatamente o mesmo papel que o consagrou no Youtube e que o levou a ter um programa semelhante no History Channel, ‘Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil’. Felipe deve ter refletido sobre o formato como a coisa foi feita em 2017 e optado dessa vez por abordar temas gerais da humanidade. Como comunicador, Castanhari dialoga precisamente com seu público, com uma voz cadenciada e as palavras muito bem pronunciadas. Como ator, talvez precise se soltar um pouco mais. O mesmo vale para Bruno Miranda, cujo personagem Betinho não deveria precisar ser lembrado o tempo todo da sua condição de estudante de supletivo. No mais, o destaque vai à boa interpretação de Lilian Regina, como a Dra. Thayane, o querido dublador Guilherme Briggs (como a IA Brigss) e a participação especial de outro dublador querido, Wendel Bezerra, no episódio final.

Não deixe de assistir:

Destaca-se também a maravilhosa edição de ‘Mundo Mistério’, que realmente faz tooooodo o diferencial para fazer a garotada prestar atenção no conteúdo. Enquanto Castanhari vai narrando o episódio, o espectador é visualmente convidado a assistir a narrativa em formato de HQ, em recuperação de imagens de outras produções da Netflix, em ilustrações 3D, etc. Sério, a edição dessa série é um espetáculo à parte. O mesmo vale à direção de arte, que cuidou da construção do cenário milimetricamente pensado em ser facilmente recebido pela geração que cresceu assistindo o conteúdo no youtube.

Mundo Mistério’ é uma boa série instrutiva para a molecada ociosa em casa. Tomara que com mais produções assim, Castanhari ajude a formar uma geração de crianças mais respeitosas e interessadas em ciência e pesquisa.

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