sábado, abril 27, 2024

Especial Jogos Vorazes | Relembrando ‘A Esperança – Parte 1’, o princípio do fim da ICÔNICA saga

Em meados de 2010, a indústria cinematográfica passava por uma remodelagem em relação a blockbusters jovem-adultos, como ‘Harry Potter’ e ‘Crepúsculo’ – que funcionava como uma extensão inesperada das sagas literárias em conclusões divididas em duas partes. E, considerando o gigantesco sucesso financeiro que ambas as franquias supracitadas haviam alcançado com a decisão dos estúdios e da equipe criativa, coube à Lionsgate também apostar fichas em algo semelhante com o último capítulo de ‘Jogos Vorazes’, intitulado ‘A Esperança’ – que foi uma escolha um tanto quanto inesperada, ponderando o breve romance assinado por Suzanne Collins. Não é surpresa que, apesar das sólidas performances, o lançamento de ‘Jogos Vorazes: A Esperança – Parte 1’ causou uma sensação frustrante pela atmosfera mais sombria e menos exaltada em comparação aos outros capítulos.

É um fato dizer que o filme, mesmo recheado de obstáculos rítmicos, consagra-se como uma das entradas mais importantes desse cosmos por antecipar os aguardados eventos do finale e por apresentar ramificações políticas que são tratadas com mais seriedade e mais profundidade. Dito isso, o primeiro e o segundo longas obviamente discorrem sobre esses temas, mas são permeados por embates alucinantes e reviravoltas inesperadas que nos deixam à beira dos assentos. Aqui, a ideia é reduzir as incursões frenéticas em prol de uma análise beligerante que ditará o futuro de Panem e de todos os personagens – ou, pelo menos, daqueles que sobreviveram à inevitável guerra entre a Capital e os Distritos.

Para aqueles que não se recordam, ‘Em Chamas’ terminou com um enorme cliffhanger que nos propulsionou a aguardar em êxtase e ansiedade a nova adaptação: após destruir o domo em que estava confinada ao lado dos outros tributos, Katniss (Jennifer Lawrence) é resgatada por Haymitch (Woody Harrelson), Finnick (Sam Claflin) e Heavensbee (Philip Seymour Hoffman) apenas para descobrir que seu lar, o Distrito 12, foi destruído pelas forças da Capital. Apesar de alguns sobreviventes, o massacre foi completo e levou o Presidente Snow (Donald Sutherland) a colocar um preço na cabeça de Katniss e de seus aliados, jurando fazer o que fosse possível para impedir que os rebeldes se levantassem mais uma vez e se tornassem leais ao Tordo e ao sistema de combate contra o autoritarismo de seu governo. Por causa disso, Katniss é levada ao encontro da Presidente Alma Coin (Julianne Moore), líder da resistência que se esconde em um abrigo subterrâneo fundado como o Distrito 13.

Como já mencionado, o objetivo principal é reduzir o ritmo frenético dos capítulos e focar nas atribulações político-sociais que antecedem mais uma guerra civil. Dessa forma, os jogos são deixados de lado para focar na crescente relação entre Alma e Katniss e de que forma a nossa protagonista percebe que a suposta aliada esconde desejos vingativos que são, ao mesmo tempo, condenáveis e compreensíveis: afinal, a presidente do Distrito 13 levou anos para reunir as forças necessárias e encontrar um símbolo de resistência que moveria céus e montanhas para um futuro melhor e para longe das garras de Snow e sua corja.

Aqui, as máximas filosóficas sobre a diegese entre o opressor e o oprimido ganham mais uma camada – mais materializada e regada ao melhor do sci-fi. Atreladas às reflexões sobre o poder da mídia na mobilização social. Através de um aparato quase espetacular – no sentido etimológico do termo -, a equipe fílmica de Alma arquiteta peças comerciais para serem exibidas nos outros Distritos, discorrendo sobre a aliança que deve ser forjada para destruir a Capital e que tem como ponto-chave Katniss (cujo desconforto em se tornar símbolo logo se transforma numa crescente raiva frente aos ataques promovidos por Snow). E, dentro dessa complexa trama, esse é o ponto de maior destaque em conjunção a poderosas atuações que fazem nossos olhos brilharem.

De qualquer maneira, é impossível desviar a atenção dos deslizes de montagem que atrapalharam a fluidez narrativa e cênica. O erro do time criativo foi ter escolhido dividir o romance em duas partes que poderiam facilmente ser condensadas em apenas uma – afinal, o próprio diretor Francis Lawrence comentou sobre seu arrependimento de ter optado por isso. Mas, no final das contas, devemos focar nas ótimas intenções mencionadas nos parágrafos acima em preparar o terreno e garantir que sejamos transportados para o grand finale de forma sólida e que merece ser apreciada dentro de suas restrições autoimpostas.

Lembrando que o filme está disponível na Netflix e no Prime Video.

Não deixe de assistir:

Mais notícias...

Thiago Nollahttps://www.editoraviseu.com.br/a-pedra-negra-prod.html
Em contato com as artes em geral desde muito cedo, Thiago Nolla é jornalista, escritor e drag queen nas horas vagas. Trabalha com cultura pop desde 2015 e é uma enciclopédia ambulante sobre divas pop (principalmente sobre suas musas, Lady Gaga e Beyoncé). Ele também é apaixonado por vinho, literatura e jogar conversa fora.

Siga-nos!

2,000,000FãsCurtir
370,000SeguidoresSeguir
1,500,000SeguidoresSeguir
183,000SeguidoresSeguir
158,000InscritosInscrever

ÚLTIMAS NOTÍCIAS

MATÉRIAS

CRÍTICAS