domingo , 8 dezembro , 2024

Crítica | Falcão e o Soldado Invernal – Quinto episódio respeita o passado e abraça o futuro

[ANTES DE COMEÇAR A MATÉRIA, FIQUE CIENTE QUE ELA ESTÁ RECHEADA DE POSSÍVEIS SPOILERS] 

Se você ainda não assistiu ao quinto episódio de Falcão e o Soldado Invernal, não leia esta matéria se não quiser receber spoilers.



 

Com apenas um episódio para concluir a passagem de manto de Steve Rogers (Chris Evans) para Sam Wilson (Anthony Mackie), o quinto capítulo de Falcão e o Soldado Invernal amarrou todos os personagens apresentados na trama para a tão aguardada conclusão da semana que vem. Na verdade, se o quinto episódio já fosse a season finale, acredito que ninguém ficaria insatisfeito, porque ele conclui alguns arcos e deixa o gancho para a continuação. Só que, como a Marvel não pretende fazer segundas temporadas de suas séries – até o momento -, é provável que não tenhamos um continuação no Disney+, então o último episódio será mesmo o fim da série. Mas comecemos logo a análise desta semana. Tivemos duas passagens de manto em um único dia e, muito provavelmente, uma pequena prévia de um supergrupo bastante popular dos quadrinhos.

É bom iniciar esse texto falando de uma das almas desta produção: Isaiah Bradley (Carl Lumbly). O Capitão América Negro foi introduzido logo nos primeiros capítulos como um supersoldado abandonado e torturado pelo governo que põe o mundo de Sam Wilson em conflito ao descobrir esse apagamento governamental de um herói negro que sofreu e deu a vida pelo país. É ele que acende a chama no Falcão para o legado do escudo que ele deveria estar portando. Neste episódio, Sam está resolvendo suas pendências pessoais após derrotar John Walker e retomar o escudo, sendo uma delas essa visita a Isaiah. Na casa do herói, Sam consegue enfim ouvir a história do veterano sobre o abuso que ele sofreu e como o Legado do Capitão América acabou sendo usado pelo racismo estrutural americano para legitimar esse apagamento de herói negros. “Eles nunca aceitarão um Capitão América negro, e nenhum negro consciente aceitaria esse papel”, diz um choroso Bradley, enquanto Sam fala em resgatar sua história e legado. Isaiah foi vítima do racismo e sentiu literalmente na pele o desprezo de seu próprio país em relação a sua vida.

A cena de Sam desolado limpando o sangue da materialização do Legado do Capitão América é muito emblemática.

Sam, obviamente, fica em choque com a declaração e deixa o recinto em reflexão. Ele sabe que não pode e nem deve invalidar o sofrimento de Isaiah Bradley. Mas, como o próprio Falcão diz posteriormente para Bucky Barnes (Sebastian Stan), não para para buscar o significado de sua vida nas vivências alheias, seja Isaiah ou Steve. Cada um tem sua história e os caminhos que você pode escolher devem partir de suas próprias atitudes e experiências na vida. Com esse conselho, Sam treina para assumir o manto de Capitão América. Porque ele não pode mudar o apagamento histórico que fizeram a Isaiah, mas ele pode impedir que outros heróis negros, incluindo ele mesmo, sejam descartados pela podridão racista americana. Esse momento do treino especial para se tornar o novo Capitão é incrível, principalmente porque é mostrado como o escudo é pesado. Quando Steve arremessava ele por aí, parecia ser leve como uma folha, mas quando não é um supersoldado jogando e pegando ele por aí, dá para ver que o impacto é maior. E o tão esperado momento de Sam usando o novo uniforme, agora todo feito de Vibranium, vai ficar para o episódio final. E a curiosidade para ver como ficou a nova roupa está enorme.

Ainda nesse núcleo dos heróis protagonistas, Bucky foi outro personagem a ganhar mais desenvolvimento no episódio desta sexta. Apesar de esperarmos que ele resolvesse seu conflito com o Barão Zemo (Daniel Brühl) na boa e velha pancadaria, o personagem agiu com calma, solucionando o caso com palavras e sensatez. Ele chama as Dora Milaje para que elas o levem preso, porque entende o peso que a ação dele de soltar o assassino do antigo Rei tinha para o povo que o acolheu por anos. E foi a primeira vez que vimos Bucky ter uma boa noite de sono. Anteriormente, ele só aparecia acordando assustado ou dormindo no chão. Vê-lo acordar em paz no sofá da casa da irmã de Sam é um grande avanço para esse personagem, que enfim voltou a ganhar uma abordagem mais humana, quase como se ele tivesse se perdoado pelos tormentos do passado.

E a dinâmica da dupla de protagonistas é maravilhosa. Os dois tem muita química em cena, fazendo aquela dinâmica clássica de “Buddy Cop”, mas com mais humanidade do que costumamos ver em filmes policiais. Os momentos em que a série coloca os “companheiros de trabalho” para consertar o barco dos Wilson é simplesmente fantástico. Não só pelo significado que isso tem para a série, mas também para mostrá-los como pessoas comuns envolvidas em um mundo de deuses e aliens. É muito legal ver esses personagens agindo como gente normal, com direito ao Bucky flertando com a irmã de Sam e tudo mais. Falando no barco dos Wilson, Sam demonstra uma característica típica do Capitão América. Quando a irmã já havia desistido de consertar o legado da família, o Falcão usa o respeito e a influência para conseguir ajuda da comunidade, que responde. Esse respeito, essa vontade de ajudar e ser ajudado foi uma das características mais marcantes de Steve ao longo do Universo Cinematográfico Marvel.

Se o Sam parece ter enfim aceitado o manto do Capitão América, tivemos outro herói que provavelmente ganhará participações futuras com um novo nome. Isso porque Joaquín Torres (Danny Ramirez), o parceiro do “Capitão Sam” nos quadrinhos, já vem demonstrando ter uma dinâmica legal com Sam Wilson e, depois do confronto contra Walker, acaba ganhando as asas do Falcão. Não vemos o jovem aceitar o cargo, mas é bem provável que ele assuma o traje e o nome do herói, já que o governo pode facilmente consertar as asas e o a turbina. É uma forma legal de trazer o herói ao MCU sem precisar apelar para sua origem dos quadrinhos, em que literalmente transformam ele num homem-pássaro após ser sequestrado e usado como cobaia pela Sociedade da Serpente.

Tivemos também a introdução da Condessa Valentina Allegra de Fontaine. Interpretada pelo ícone do humor americano, Julia Louis-Dreyfus, a personagem estava programada para estrear no filme solo da Viúva Negra, que será lançado ainda neste ano. Nos quadrinhos, ela é uma agente da Shield que se envolve com Nick Fury e tem alguns casos com ele. Ela também assume o título de Madame Hidra depois de ter problemas com a Shield, e passa a chefiar a organização nazista. Na série, ela aparece para avisar a John Walker que um supersoldado como ele não pode ser desperdiçado e que entrará em contato com ele posteriormente. Ou seja, ela está montando um grupo de mercenários para atuar em missões secretas. Essa ideia de ter um grupo de personagens violentos com poderes que podem ser descartados é temática clássico de Esquadrão Suicida Thunderbolts, uma equipe amada pelos fãs que tem anti-heróis como o Hulk Vermelho, o Justiceiro e a Elektra. Lembrando que o o Hulk Vermelho é o General Ross, que já existe no MCU, é interpretado pelo William Hurt e provavelmente também terá uma participação em Viúva Negra.

Por fim, precisamos falar sobre John Walker (Wyatt Russell) e os outros antagonistas da série. John nega a ajuda oferecida por Sam e, num surto, quase acaba com os dois protagonistas. Derrotado, ele é julgado e exonerado pelo governo americano, que tenta relegá-lo ao esquecimento, chegando até a negar os auxílios para ele, assim como fizeram com inúmeros veteranos de guerra na vida real. Abandonado, John Walker se nega a entender onde foi que errou e se sente traído pela própria nação. Ao final do episódio, na cena pós-créditos, vemos ele construindo sua própria versão do escudo. Ele é um personagem traumatizado, superpoderoso e disposto a seguir agindo sob seu senso corrompido de heroísmo. Não dá para cravar que ele será tratado como vilão ou anti-herói, mas é necessário ressaltar como a construção deste personagem foi bem feita. Para o capítulo final, teremos o embate do Capitão América (Sam Wilson), agora um novo símbolo de esperança, contra os Apátridas. E como já vimos, Sam acredita que poderá resolver esse caso sem violência, até mesmo por concordar com parte do ideal que rege o movimento. O problema é que eles se uniram ao Batroc (George St. Pierre). Além deles, devemos descobrir quem é o Mercador do Poder. Alguns fãs alimentam a teoria de que Sharon Carter (Emily VanCamp) possa ser esse grande vilão oculto. Pela participação dela nesse episódio, não parece mais algo tão impossível assim. Vamos ver.

Ansiosos?

O Series Finale de Falcão e o Soldado Invernal estreia no Disney+ na próxima sexta-feira

Pedro Sobreirohttp://cinepop.com.br/
Jornalista apaixonado por entretenimento, com passagens por sites, revistas e emissoras como repórter, crítico e produtor.

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Com apenas um episódio para concluir a passagem de manto de Steve Rogers (Chris Evans) para Sam Wilson (Anthony Mackie), o quinto capítulo de Falcão e o Soldado Invernal amarrou todos os personagens apresentados na trama para a tão aguardada conclusão da semana que vem. Na verdade, se o quinto episódio já fosse a season finale, acredito que ninguém ficaria insatisfeito, porque ele conclui alguns arcos e deixa o gancho para a continuação. Só que, como a Marvel não pretende fazer segundas temporadas de suas séries – até o momento -, é provável que não tenhamos um continuação no Disney+, então o último episódio será mesmo o fim da série. Mas comecemos logo a análise desta semana. Tivemos duas passagens de manto em um único dia e, muito provavelmente, uma pequena prévia de um supergrupo bastante popular dos quadrinhos.

É bom iniciar esse texto falando de uma das almas desta produção: Isaiah Bradley (Carl Lumbly). O Capitão América Negro foi introduzido logo nos primeiros capítulos como um supersoldado abandonado e torturado pelo governo que põe o mundo de Sam Wilson em conflito ao descobrir esse apagamento governamental de um herói negro que sofreu e deu a vida pelo país. É ele que acende a chama no Falcão para o legado do escudo que ele deveria estar portando. Neste episódio, Sam está resolvendo suas pendências pessoais após derrotar John Walker e retomar o escudo, sendo uma delas essa visita a Isaiah. Na casa do herói, Sam consegue enfim ouvir a história do veterano sobre o abuso que ele sofreu e como o Legado do Capitão América acabou sendo usado pelo racismo estrutural americano para legitimar esse apagamento de herói negros. “Eles nunca aceitarão um Capitão América negro, e nenhum negro consciente aceitaria esse papel”, diz um choroso Bradley, enquanto Sam fala em resgatar sua história e legado. Isaiah foi vítima do racismo e sentiu literalmente na pele o desprezo de seu próprio país em relação a sua vida.

A cena de Sam desolado limpando o sangue da materialização do Legado do Capitão América é muito emblemática.

Sam, obviamente, fica em choque com a declaração e deixa o recinto em reflexão. Ele sabe que não pode e nem deve invalidar o sofrimento de Isaiah Bradley. Mas, como o próprio Falcão diz posteriormente para Bucky Barnes (Sebastian Stan), não para para buscar o significado de sua vida nas vivências alheias, seja Isaiah ou Steve. Cada um tem sua história e os caminhos que você pode escolher devem partir de suas próprias atitudes e experiências na vida. Com esse conselho, Sam treina para assumir o manto de Capitão América. Porque ele não pode mudar o apagamento histórico que fizeram a Isaiah, mas ele pode impedir que outros heróis negros, incluindo ele mesmo, sejam descartados pela podridão racista americana. Esse momento do treino especial para se tornar o novo Capitão é incrível, principalmente porque é mostrado como o escudo é pesado. Quando Steve arremessava ele por aí, parecia ser leve como uma folha, mas quando não é um supersoldado jogando e pegando ele por aí, dá para ver que o impacto é maior. E o tão esperado momento de Sam usando o novo uniforme, agora todo feito de Vibranium, vai ficar para o episódio final. E a curiosidade para ver como ficou a nova roupa está enorme.

Ainda nesse núcleo dos heróis protagonistas, Bucky foi outro personagem a ganhar mais desenvolvimento no episódio desta sexta. Apesar de esperarmos que ele resolvesse seu conflito com o Barão Zemo (Daniel Brühl) na boa e velha pancadaria, o personagem agiu com calma, solucionando o caso com palavras e sensatez. Ele chama as Dora Milaje para que elas o levem preso, porque entende o peso que a ação dele de soltar o assassino do antigo Rei tinha para o povo que o acolheu por anos. E foi a primeira vez que vimos Bucky ter uma boa noite de sono. Anteriormente, ele só aparecia acordando assustado ou dormindo no chão. Vê-lo acordar em paz no sofá da casa da irmã de Sam é um grande avanço para esse personagem, que enfim voltou a ganhar uma abordagem mais humana, quase como se ele tivesse se perdoado pelos tormentos do passado.

E a dinâmica da dupla de protagonistas é maravilhosa. Os dois tem muita química em cena, fazendo aquela dinâmica clássica de “Buddy Cop”, mas com mais humanidade do que costumamos ver em filmes policiais. Os momentos em que a série coloca os “companheiros de trabalho” para consertar o barco dos Wilson é simplesmente fantástico. Não só pelo significado que isso tem para a série, mas também para mostrá-los como pessoas comuns envolvidas em um mundo de deuses e aliens. É muito legal ver esses personagens agindo como gente normal, com direito ao Bucky flertando com a irmã de Sam e tudo mais. Falando no barco dos Wilson, Sam demonstra uma característica típica do Capitão América. Quando a irmã já havia desistido de consertar o legado da família, o Falcão usa o respeito e a influência para conseguir ajuda da comunidade, que responde. Esse respeito, essa vontade de ajudar e ser ajudado foi uma das características mais marcantes de Steve ao longo do Universo Cinematográfico Marvel.

Se o Sam parece ter enfim aceitado o manto do Capitão América, tivemos outro herói que provavelmente ganhará participações futuras com um novo nome. Isso porque Joaquín Torres (Danny Ramirez), o parceiro do “Capitão Sam” nos quadrinhos, já vem demonstrando ter uma dinâmica legal com Sam Wilson e, depois do confronto contra Walker, acaba ganhando as asas do Falcão. Não vemos o jovem aceitar o cargo, mas é bem provável que ele assuma o traje e o nome do herói, já que o governo pode facilmente consertar as asas e o a turbina. É uma forma legal de trazer o herói ao MCU sem precisar apelar para sua origem dos quadrinhos, em que literalmente transformam ele num homem-pássaro após ser sequestrado e usado como cobaia pela Sociedade da Serpente.

Tivemos também a introdução da Condessa Valentina Allegra de Fontaine. Interpretada pelo ícone do humor americano, Julia Louis-Dreyfus, a personagem estava programada para estrear no filme solo da Viúva Negra, que será lançado ainda neste ano. Nos quadrinhos, ela é uma agente da Shield que se envolve com Nick Fury e tem alguns casos com ele. Ela também assume o título de Madame Hidra depois de ter problemas com a Shield, e passa a chefiar a organização nazista. Na série, ela aparece para avisar a John Walker que um supersoldado como ele não pode ser desperdiçado e que entrará em contato com ele posteriormente. Ou seja, ela está montando um grupo de mercenários para atuar em missões secretas. Essa ideia de ter um grupo de personagens violentos com poderes que podem ser descartados é temática clássico de Esquadrão Suicida Thunderbolts, uma equipe amada pelos fãs que tem anti-heróis como o Hulk Vermelho, o Justiceiro e a Elektra. Lembrando que o o Hulk Vermelho é o General Ross, que já existe no MCU, é interpretado pelo William Hurt e provavelmente também terá uma participação em Viúva Negra.

Por fim, precisamos falar sobre John Walker (Wyatt Russell) e os outros antagonistas da série. John nega a ajuda oferecida por Sam e, num surto, quase acaba com os dois protagonistas. Derrotado, ele é julgado e exonerado pelo governo americano, que tenta relegá-lo ao esquecimento, chegando até a negar os auxílios para ele, assim como fizeram com inúmeros veteranos de guerra na vida real. Abandonado, John Walker se nega a entender onde foi que errou e se sente traído pela própria nação. Ao final do episódio, na cena pós-créditos, vemos ele construindo sua própria versão do escudo. Ele é um personagem traumatizado, superpoderoso e disposto a seguir agindo sob seu senso corrompido de heroísmo. Não dá para cravar que ele será tratado como vilão ou anti-herói, mas é necessário ressaltar como a construção deste personagem foi bem feita. Para o capítulo final, teremos o embate do Capitão América (Sam Wilson), agora um novo símbolo de esperança, contra os Apátridas. E como já vimos, Sam acredita que poderá resolver esse caso sem violência, até mesmo por concordar com parte do ideal que rege o movimento. O problema é que eles se uniram ao Batroc (George St. Pierre). Além deles, devemos descobrir quem é o Mercador do Poder. Alguns fãs alimentam a teoria de que Sharon Carter (Emily VanCamp) possa ser esse grande vilão oculto. Pela participação dela nesse episódio, não parece mais algo tão impossível assim. Vamos ver.

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Pedro Sobreirohttp://cinepop.com.br/
Jornalista apaixonado por entretenimento, com passagens por sites, revistas e emissoras como repórter, crítico e produtor.

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