sábado, abril 27, 2024

O Brasil na visão das animações internacionais

Ontem, o mundo foi pego de surpresa com a notícia de que a Disney estaria produzindo Encanto, uma animação idealizada pelos diretores de Zootopia, que será ambientada no Brasil. Isso deixou os fãs brasileiros super ansiosos, fazendo com que eles usassem as redes sociais para sugerir o que deveria ser incluído na trama. Apesar de ser bastante animador ter um desenho da Disney no Brasil, não será a primeira vez que o país terá representantes nos grandes estúdios de animações internacionais. Por isso, o CinePOP separou algumas outras aparições do país tupiniquim nos desenhos animados. Confira!

Alô, Amigos! (1942)

Pato Donald enchendo a cara de cachaça com o amigo Zé Carioca.

Nos anos 40, o planeta vivia o drama da Segunda Guerra Mundial. Na época, o Brasil de Getúlio Vargas flertava com o fascismo, o que poderia acabar transformando o maior país da América Latina em base do eixo. Tentando evitar que o Brasil fechasse com o Eixo, os EUA intensificaram a Política da Boa Vizinhança, que consistia em estreitar laços culturais com a América Latina para promover o “American Way of Life” e poder expandir a indústria americana em outros países e, consequentemente, convencê-los a fechar com os Aliados. Um dos resultados mais famosos da Política da Boa Vizinhança foi a vinda de ninguém menos que Walt Disney e sua equipe de animadores para o Rio de Janeiro em 1941.

Walt Disney batendo um P.F. era tudo que você precisava ver hoje. Foto: Reprodução/ LIFE.

A viagem foi bancada pelo empresário John Rockfeller, visando o lucro que a parceria entre os dois países poderia render. Hospedado no extinto Hotel Glória, Walt fez tudo que um turista poderia fazer no Rio. Passou horas e horas maravilhado com as areias e as crianças da praia de Copacabana, foi ao Pão de Açúcar, encheu a cara de caipirinha e cachaça, conheceu a cinelândia, foi a festas no Copacabana Palace, apostou no extinto cassino da Urca, se encantou com o samba das passistas… Sempre com a câmera a tiracolo. Dessa paixão, nasceu o papagaio Zé Carioca. Típico malandro carioca, o personagem fez sua estreia no clássico imortal Alô, Amigos!, que traz diversos personagens sul-americanos, como Pedro, um aviãozinho do Chile, e o Pato Donald fazendo um tour pela Cidade Maravilhosa com seu camarada Zé Carioca ao som de Aquarela do Brasil. A representação do Rio pelos artistas da Disney é uma das mais bonitas que a cidade já recebeu, ficando marcada pela cena clássica do Papagaio Carioca levando o amigo americano para tomar um golinho de cachaça em Copacabana.

Entre um autógrafo e outro, Walt Disney fotografava nas areias de Copacabana. Foto: Reprodução.

Você Já Foi à Bahia? (1944)

O filme ficou marcado pelo beijo de Aurora Miranda no Pato Donald.

Ainda sob efeito da Política da Boa Vizinhança, a Disney lançou mais uma animação focada na América Latina. Narrado por Ary Barroso, o filme traz mais uma vez o Pato Donald assistindo a um filme sobre as Aves Raras da América do Sul. Então, começa uma viagem por alguns países do continente. Em certo momento, o Zé Carioca – sempre ele – leva o amigo para conhecer Salvador, na Bahia. Em solo baiano, o Pato Donald dança, arruma briga e se apaixona por Aurora Miranda, irmã da lendária Carmen Miranda, enquanto ela canta “Os Quindins de Iaiá”.

Super Campeões (1983)

Tsubasa com a camisa do São Paulo virou uma imagem querida dos torcedores do Tricolor Paulista

O anime que conta a história de Oliver Tsubasa em sua trajetória para se tornar o maior jogador de futebol da história do Japão fez muito sucesso no Brasil nos anos 90. E como a paixão pelo futebol no Japão tem muito a ver com a ida de Zico para o Kashima Antlers, diversas versões de astros brasileiros aparecem ao longo do desenho, como o ídolo da Democracia Corintiana, Sócrates; Rivaldo, o camisa 10 do Penta; Além de um brasuca próprio, Carlos Santana. Conforme as temporadas vão passando, há inclusive um jogo entre São Paulo X Flamengo. Na versão mais recente do mangá, a Seleção conta com Soga Yuji, um lateral que joga no Vasco.

O lateral Soga Yuji joga em São Januário pelo Vasco. Ele quer se provar digno do futebol brasileiro.

Duelo Shaolin (2003)

Não deixe de assistir:

A jornada pessoal de Raimundo Pedrosa (meio) é um dos pontos mais legais da série.

Duelo Shaolin é um dos desenhos animados mais legais e criativos dos anos 2000. Ao longo de 52 episódios, a série animado mistura elementos da cultura oriental com a ocidental, fazendo dela uma série com conteúdo, filosofia, artes marciais e bastante humor. A trama acompanha quatro pequenos monges de diferentes partes da Terra, Omi, Kimiko, Raimundo e Clay, que precisam se unir no templo Xiaolin para defendê-lo e impedir que Wuya e o atrapalhado Jack Spicer consigam os Shen Gong Wu. A série é cheia de misticismo, golpes de luta e viradas na trama. A maior delas envolve Raimundo, o monge do Rio de Janeiro, que passa vários episódios sendo “descolado” e irritadinho, até o momento em que ele não consegue mais controlar sua personalidade impulsiva e se une a Wuya para ajudá-la a recuperar seu corpo. Raimundo Pedrosa é um dos personagens mais legais justamente por ser impulsivo e viver cheio de dúvidas. Tem até um episódio que mostra um flashback dele treinando seus golpes no alto do Pão de Açúcar.

Tá Dando Onda (2007)

Os famosos ataques de tubarão do nordeste foram citados de forma bem humorada em “Tá Dando Onda”.

Conhecido pela dublagem maravilhosa que abrasileirou praticamente todas as falas dos personagens, Tá Dando Onda é um mockumentary sobre o pinguim surfista, Cadu Maverick. Ele deixa de lado sua cidade natal, o Frio de Janeiro (Ou Shiverpool, no original), para realizar seu sonho de disputar o campeonato de surf do Big-Z. Além do Frio de Janeiro, o Kentucky, de onde vem o João Frango, virou o Pantanal. Fora outras várias referências ao Brasil feitas pela maravilhosa equipe de dublagem. No entanto, na versão original já havia um personagem brasileiro. Um dos pinguins surfistas selecionados para o torneio vem da Bahia. A cena de apresentação dele mostra ele com um tubarão preso no “popô”.

“Ai papai, apaixonei” é apenas um dos exemplos das expressões abrasileiradas da dublagem dessa animação divertidíssima.

Super Onze (2008)

Os melhores jogadores da Copa do Mundo de Super Onze.

Seguindo uma premissa bastante parecida com a de Super Campeões, Super Onze é outro anime sobre futebol que começa falando sobre um time de colégio que usa golpes especiais para jogar bola e vencer o torneio. No entanto, as coisas vão evoluindo e os Super Onze acabam enfrentando equipes alienígenas, versões maléficas deles mesmos até serem convocados para defender a Seleção do Japão na Copa do Mundo juvenil de futebol. No caminho dos alunos da escola Reymond estão as melhores equipes do mundo, incluindo a temida Seleção Brasileira do astro internacional Mac Roniejo. Mac, o camisa 10 do time, foi inspirado no Ronaldinho Gaúcho, então ele joga pra caramba e comemora dando a famosa sambadinha do ex-craque do Barcelona e Atlético Mineiro. Todas as jogadas da Seleção Brasileira tem alguma coisa relacionada a samba, praia, carnaval e aves exóticas. É engraçado, mas completamente estereotipado.

A Seleção Brasileira comandada por Mac Roniejo. Spoiler: o desempenho é tão decepcionante quanto o da Copa de 2006.

Up – Altas Aventuras (2009)

O Paraíso das Cachoeiras foi baseado em um monte brasileiro.

Up é um dos clássicos imortais da Pixar. A história do velhinho que decide viajar para a América do Sul em sua casa com balões de gás hélio é extremamente criativa e sensível, principalmente quando ele vai fazendo amigos pelo caminho e descobre que a vida não é feita de apenas uma única aventura. No filme, o destino de Carl (Chico Anysio) é o Paraíso das Cachoeiras, que foi baseado no Monte Roraima, um monte que faz fronteira com Brasil, Venezuela e Guiana. A própria “Kevin” é baseada na Narceja, uma ave nativa do sertão brasileiro.

O Monte Roraima faz fronteira com três países sul-americanos.

Rio (2011)

Roteiro fofo, visual incrível, personagens carismáticos e trilha sonora fantástica. Tem como não gostar desse filme?

Falar de animações que mostram o Brasil e não citar Rio seria um pecado. Dirigida pelo brasileiro Carlos Saldanha, Rio traz a história de Blu (Jesse Eisenberg), uma ararinha azul que é traficada ainda filhote para os EUA. Anos mais tarde, ele se torna a última ararinha macho da espécie e precisa voltar ao Rio de Janeiro para procriar com Jade (Anne Hathaway) e impedir que as ararinhas azuis sejam extintas de uma vez por todas. Porém, ao chegar na Cidade Maravilhosa, traficantes invadem o jardim zoológico e roubam o casal, que precisa encontrar um jeito de voltar para casa com um agravante: Blu não sabe voar. O filme é lindo e mostra alguns dos principais cartões postais da cidade, como o Cristo Redentor, a Vista Chinesa, o Pão de Açúcar, o antigo Maracanã, os Arcos da Lapa, a praia de São Conrado, o sambódromo e por aí vai. Ao mesmo tempo, alguns problemas sociais são mostrados, como o tráfico, os meninos de rua e o jeitinho brasileiro. Além do visual fantástico da antiga capital do Brasil, o longa conta ainda com uma trilha sonora bem envolvente produzida por Carlinhos Brown.

Mickey Mouse (2014)

Na nova série animada do Mickey, o camundongo favorito de todos vem para o Brasil em duas ocasiões. Ele assiste a um jogo da Seleção Brasileira no Maracanã, contando com um um Zé Carioca narrador. Na outra oportunidade, Minnie vem para o Rio aprender a sambar. Enquanto ela cai na dança, o Mickey se envolve em confusões e acaba sendo salvo pelo mágico poder do samba voador da namorada. São fofos demais e o estilo de animação dessa série fazem desses episódios verdadeiras maravilhas.

O rebolado voador de Minnie salva a pele do simpático camundongo no curta.

Rio 2 (2014)

Apesar do nome, a sequência se passa na região Norte do país.

Com o sucesso do anterior, uma sequência foi aprovada para estrear em ano de Copa do Mundo no Brasil. Com os olhos do mundo virados para cá, até que não foi uma má ideia utilizar a sequência para explorar novas paisagens do Brasil. Dessa vez, Blu e Jade vão para a Amazônia conhecer uma colônia de ararinhas azuis sobreviventes. Com sua nova família, o casal precisa enfrentar um grupo de madeireiros ilegais antes que eles destruam o novo lar. A trama da sequência não é tão boa quanto a do primeiro filme, mas a amostra da cultura e das atrações da região Norte do país dão um grande charme pro longa.

Qual o seu favorito? Comente!

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Pedro Sobreirohttp://cinepop.com.br/
Jornalista apaixonado por entretenimento, com passagens por sites, revistas e emissoras como repórter, crítico e produtor.

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