sábado, maio 4, 2024

Percy Jackson e os Olimpianos | Quem é Procusto, o assassino de heróis?

O sétimo episódio de ‘Percy Jackson e os Olimpianos’ introduziu mais um personagem inédito na trama – Procusto, o matador de heróis.

A deidade aparece logo na primeira cena, em que Percy (Walker Scobell), Annabeth (Leah Sava Jeffries) e Grover (Aryan Simhadri) adentram uma loja de camas d’água e se deparam com a criatura – aqui, em uma forma humana e interpretada por Julian Richings (curiosamente, ator que viveu Caronte na adaptação fílmica de 2010). Mas será que a obra, baseada nos livros de Rick Riordan, fez uma boa releitura desse mitológico ser?

Procusto é filho de Poseidon, o rei dos oceanos, e de Sylea – o que faz sentido dentro da narrativa, considerando que ele, dessa forma, se torna meio-irmão de Percy. Descrito como um bandido de Ática, ele possuía uma fortaleza no Monte Korydallos, em Erineus, na via sacra entre Atenas e Elêusis. A qualquer passante que atravessava sua morada, Procusto convidava a se deitar sobre uma cama de ferro – enganando suas vítimas e trabalhando com um martelo de ferreiro para fazê-las “caber” na cama. Em diversas recontagens, caso o convidado se mostrasse muito alto, ele amputava o excesso; caso fosse muito baixo, ele o esticava até a morte – em outras palavras, ninguém conseguia ter o tamanho necessário da cama.

Entretanto, seu reino de caos e de morte acabaria quando cruzasse caminho com Teseu, o mesmo herói que enfrentou o Minotauro no Labirinto de Dédalo. De acordo com Plutarco, Teseu matou Procusto ao convencê-lo a fazer o próprio corpo caber na cama, visto que era compelido a fazer aquilo com estranhos – emulando Héracles, um outro herói da mitologia grega que oferecia a mesma violência que tramavam contra ele.

Mas isso não é tudo: o próprio nome do personagem marcou a história da humanidade através de uma metáfora, sendo utilizado até os dias de hoje como uma analogia para descrever situações em que padrões arbitrários são determinados para medir o sucesso – sem se valer dos óbvios perjúrios resultantes de um esforço descomunal. Temos, por exemplo, a incorporação do termo em diversas tiras satíricas de meados do século XIX que comparavam a implementação de uma jornada de oito horas laborais na Inglaterra, afirmando que era “impossível estabelecer uma uniformidade universal de horas sem infligir injúrias graves aos trabalhadores”, como afirmara a revista Punch à época.

O termo também foi incorporado em diversas outras ocasiões, fosse pelo lendário contista e poeta Edgar Allan Poe na novela ‘A Carta Roubada’, ao referir-se ao trabalho rígido da polícia parisiense na busca por pistas de crimes; pelo filósofo francês Jacques Derrida, que aplicou a metáfora à análise estrutural dos textos; pelo montador Walter Murch ao mencionar o processo de edição de longas-metragens (não de forma negativa, e sim para refletir sobre o excesso de filmagens que precisa ser removido do produto final); e por vários outros.

Procusto também era conhecido por diversos outros nomes, incluindo Damastes e Polipémon – e sua concepção foi até mesmo incorporada no campo da psicologia, referindo-se a pessoas que não pensam duas vezes antes de menosprezar ou humilhar outras, fazendo-as se sentirem ameaçadas e rebaixadas.

Lembrando que o próximo episódio será exibido em 30 de janeiro.

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Thiago Nollahttps://www.editoraviseu.com.br/a-pedra-negra-prod.html
Em contato com as artes em geral desde muito cedo, Thiago Nolla é jornalista, escritor e drag queen nas horas vagas. Trabalha com cultura pop desde 2015 e é uma enciclopédia ambulante sobre divas pop (principalmente sobre suas musas, Lady Gaga e Beyoncé). Ele também é apaixonado por vinho, literatura e jogar conversa fora.

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